sexta-feira, 10 de março de 2023

DE ONDE VIEMOS E PARA ONDE VAMOS...


Criado em 1980 para fazer política sem roubar nem deixar roubar, o Partido dos Trabalhadores não inventou a corrupção, mas institucionalizou-a com o mensalão e o petrolão. O julgamento da ação penal 470 encarcerou petistas de alto coturno, mas passou longe do "chefe", que, segundo Antonio Palocci revelou em delação premida, "não só sabia de tudo como se empenhou em abastecer o caixa do partido para bancar as campanhas faraônicas de Dilma".
 
O impeachment da nefelibata da mandioca pôs termo a 13 anos e fumaça de lulopetismo, mas o ministério de notáveis prometido por Temer revelou-se uma notável confraria de corruptos, transformando sua "ponte para o futuro" numa patética pinguela
A prisão de Lula exacerbou o sentimento antipetista, o que deu azo à vitória do mau militar e parlamentar medíocre que transformou a Presidência num misto de parque de diversões e palanque para a reeleição.
 
Ao longo de seu nefasto mandato, Bolsonaro flertou com o golpe 24/7; cercou-se de negacionistas tão incompetentes quanto ele; transformou ministérios em cabides de farda; jantou pizza na calçada como um indigente; contribuiu para a morte de centenas de milhares de infectados pelo Sars-Cov-2, fez do Brasil um pária internacional; aparelhou PF para evitar que "fodessem sua família e seus amigos"; nomeou (e reconduziu) Augusto Aras para a PGR; acabou com a Lava-Jato — porque, segundo ele, "não tinha mais corrupção no governo" —, transformou a Presidência na única repartição pública privatizada durante sua gestão, e a si próprio num símbolo de todos os privilégios abjetos que o déficit público pode pagar.
 
Como que para comprovar que o mundo dá muitas voltas (ou que a história sempre se repete, seja como tragédia, seja como farsa), o pior governo desde Tomé de Souza fez com Lula o que Jesus fez com Lázaro. Nem o descomunal exército de lunáticos fantasiados de militantes e comandados por um sociopata fantasiado de presidente conseguiu impedir a volta dos que não foram. Sem apoio das FFAA para o tão sonhado autogolpe, Bolsonaro se tornou o único presidente da nova república que chegou até o final do mandato, tentou se reeleger e não conseguiu. 
 
Diante do resultado das urnas, o "mito" se encastelou no Alvorada até a antevéspera da transferência do cargo, quando então viajou para Flórida (a expensas do dinheiro dos contribuintes), onde permanece homiziado na cueca do Pateta. Aliás, ele tem ao menos 160 bons motivos para ficar lá por mais algum tempo, e o episódio das joias pode ser um estímulo adicional. 

O inquérito instaurado pela PF pode acrescentar à capivara (jargão policial para folha corrida) de Bolsonaro os crimes de descaminho, peculato e lavagem de dinheiro. Mas não é só. De acordo com o ex-ministro Bento Albuquerque, um segundo pacote entregue pelo governo saudita, que incluía relógio, caneta, abotoaduras, anel e um tipo de rosário — todos da marca suíça de diamantes Chopard —, não foi interceptado pela Receita Federal

Os itens foram entregues no Palácio do Planalto um mês antes de Bolsonaro encerrar o mandato (a demora seria decorrente de uma série de tratativas para definir qual seria o destino desse material).
 
Continua...