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segunda-feira, 22 de novembro de 2021

DIVIDIR PARA NÃO CONQUISTAR

 

"Dividir para conquistar" é uma estratégia (utilizada por Júlio César, Felipe da Macedônia e Napoleão Bonaparte, entre outros) que consiste em fragmentar as forças inimigas para então derrotá-las. No Brasil contemporâneo, esse precioso ensinamento vem sendo desprezado pela assim chamada "terceira via", que parece incapaz (pelo menos até o presente momento) de se unir em torno de um nome que possa despachar para o quinto dos infernos as ambições da desprezível parelha Lula/Bolsonaro.

O PSDB ficou de ir "às urnas" neste domingo (o fato de eu ter escrito esta postagem na manhã ontem explica o tempo verbal) para decidir se será João Doria, Eduardo Leite ou Arthur Virgílio o tucano que pegará em lanças para derrotar a execrável dupla retromencionada. Para piorar, nada garante que os derrotados apoiarão o vencedor, e um racha no partido dificultará ainda mais a missão do emplumado que vencer disputa interna.

Os govenadores de SP e do RS se digladiaram numa campanha acirrada e com alguns ensaios de golpes abaixo da cintura, ao passo que o ex-senador, ex-prefeito de Manaus figurou como azarão — só o ego inflado e o fato de ser um dos caciques da sigla explicam sua participação na disputa. Com orçamento estimado em quase R$ 5 milhões — financiado pelo partido com recursos do Fundo Partidário (dinheiro público, em última análise) — essas avis rara percorreram todos os Estados em busca de apoio dos eleitores (pessoas que se filiaram ao PSDB até maio deste ano e se cadastraram para a votação até o último dia 15). Doria e Leite recorreram também a disparos em massa de mensagens.

ATUALIZAÇÃO: Problemas de instabilidade no aplicativo levaram o PSDB a suspender a votação eletrônica. Ainda não foi definida uma nova data para reabertura do processo para que todos os filiados que não puderam votar no pleito de ontem possam fazê-lo oportunamente. Para o grupo de Doria, o ideal seria abandonar de vez o aplicativo e ampliar o uso das urnas eletrônicas (cedidas pela Justiça Eleitoral e instaladas em Brasília, neste domingo, para as demais capitais e cidades com, no mínimo, 200 mil habitantes. Aliados de Leite, por sua vez, pregam usar cédulas de papel. Como se vê, tomar decisões é um grave problema para o tucanato. Sempre que houver mais de um banheiro no imóvel, tucano que é tucano mija no corredor!

Segundo a revista Veja, é a primeira vez que um partido faz prévias nacionais para a escolha do candidato. Tradicionalmente, as legendas escolhem a chapa por aclamação, em uma decisão dos presidentes e demais dirigentes de cada sigla. O PSDB, sempre em cima do muro (dizem que os tucanos são tão indecisos que mijam no corredor casa haja mais de um banheiro na casa) optou por um modelo em que todos os filiados puderam se inscrever para a votação, mas com votos tendo um peso diferente na apuração final. A adesão foi baixa: dos mais de 1,3 milhão de filiadas, apenas 39 mil fizeram o cadastramento.

E inegável que a disputa interna exacerbe as divergências pré-existentes na sigla, mas espera-se que os postulantes preteridos ponham de lado suas diferenças e apoiem o vencedor em prol do objetivo em comum, que é derrotar o verdugo do Planalto ou o pontífice da seita do inferno. Comenta-se à boca pequena que Leite e Virgílio são mais maleáveis do que Doria, que não abrirá mão de disputar a Presidência.

Oficialmente, o circo eleitoral começa em 16 de agosto do ano que vem, dez dias antes do purgativo "horário político gratuito" no rádio e na tv — gratuito no nome, pois quem paga a fatura desse anacronismo somos nós. Bolsonaro e Lula estão em campanha desde sempre. O capetão-cloroquina — que prometeu acabar com o instituto da reeleição e afirmou que não nasceu para ser presidente, mas, sim, para ser militar — fez da reeleição seu projeto de governo (ou de poder, melhor dizendo; governar que é bom, néris de pitibiriba). Já o ex-presidiário de Curitiba pulou do xilindró para o palanque, na certeza de que a suprema banda podre lavaria sua ficha imunda e transformá-lo-ia em "ex-corrupto", permitindo-lhe dispensar o bonifrate em 2022.

Não se sabe ao certo quantos serão os candidatos à Presidência no ano que vem, mas sabe-se que o único sem partido é o atual inquilino do Planalto. Nossa legislação eleitoral veda candidaturas avulsas, mas não faltam siglas para todos os gostos (são 33 partidos registrados no TSE e mais de 70 em "fase de formação").

Devido a de$entendimento$ com o laranjal de Luciano Bivar, Bolsonaro deixou o PSL em novembro de 2019 e vem buscando desde então um partido para chamar de seu. Depois que o "Aliança pelo Brasil" foi para a cucuia, o capitão passou a buscar uma quadrilha, digo, uma agremiação que o aceite e lhe dê a chave do cofre. O senador Flávio Rachadinha, príncipe herdeiro do sultão do bananistão, e que já passou pelo PP (duas vezes), PFL, PSC, PSL e Republicanos, migrou para o Patriota em maio com o objetivo de organizar a mudança do papai — que acabou não acontecendo.

Bolsonaro já arrastou a asa para o PP do senador Ciro Nogueira e do deputado-réu Arthur Lira e flertou com o Republicanos, sempre com Valdemar Costa Neto, babalorixá do PL, atuando nos bastidores. Ao final, o charme do mensaleiro e ex-presidiário conquistou seu coração, mas a troca de gentilizas ocorrida durante o feriadão da proclamação da República — com direito a "vá pra puta que pariu" e "vá tomar no cu, você e seus filhos" (gente fina é outra coisa) — resultou na suspensão do enlace.

Tudo indica que o casamento ocorrerá de um jeito ou de outro. Segundo o Messias que não miracula, suas chances de ingressar no PL eram de 99,9%. Trata-se não de uma paixão avassaladora, mas de simples pragmatismo: o noivo precisa formalizar a união para "governar" até 2022 e, eventualmente, evitar a cadeia, e portanto deve engolir o xingamento e aceitar as puladas de cerca de Valdemar com Lula — desde que, para manter as aparências, seu consorte evite traí-lo em público.

O affair de Bolsonaro com o Centrão soa como uma velha canção aos nosso ouvidos. Desde que foi expelido do quartel, em 1987, o capitão insurreto perambulou por oito legendas, todas de aluguel. Meses atrás, deu a chave do reino ao senador pepista Ciro Nogueira — que foi nomeado ministro-chefe da Casa Civil — e colocou o próprio destino nas mãos do também pepista deputado Artur Lira — o réu que preside a Câmara e mantém trancados a sete chaves cerca de 140 pedidos de impeachment. Assim, a intenção de se amancebar com a agremiação do mensaleiro e ex-presidiário Costa Neto um dos expoentes do Centrão, com atuação fisiológica ao longo de vários governos — não causa estranheza; pelo contrário: sua alteza irreal deve se sentir em casa entre as marafonas do PL

Com a terceira maior bancada da Câmara, o partido do ex-desafeto (a quem Bolsonaro chamou de corrupto e presidiário durante a campanha de 2018) abocanha fatias consideráveis de fundo eleitoral e tempo de TV, bem como tem razoável capilaridade: em 2020, elegeu 345 prefeitos, ficando em 6° lugar no ranking das legendas que mais elegeram representantes nas prefeituras. Assim, tudo leva a crer que o adiamento do “casamento” não passou de mero acidente de percurso.

Na última quarta-feira, Costa Neto "recebeu carta branca" de seus cupinchas para negociar a devolução do anel de noivado ao dedo do nubente. O problema (ou um dos problemas) é que o ingresso do capetão no partido impedirá (ou pelo menos dificultará) que lideranças do PL apoiem adversários do governo nas próximas eleições, e alguns caciques da sigla são unha-e-carne com Lula e administrações petistas no nordeste.

A récua de muares descerebrados que por alguma razão ainda levam fé na lisura do "mito" podem achar constrangedor ver seu amado líder dividindo espaço na legenda com notórios investigados e suspeitos de envolvimento em escândalos — como o próprio cacique da tribo, que foi condenado e preso no mensalão. Mas Bolsonaro sempre foi adepto das práticas da baixa política e amigo de milicianos. E ainda que assim não fosse, o que é um peido para quem está cagado? Noves fora os inquéritos a que o mandatário de fancaria responde (e que já o teriam apeado do cargo se esta banânia fosse um país sério), quatro de seus cinco filhos (a exceção é a caçula, que tem apenas 11 anos) são alvo de investigações.

A filiação ao PL não será um seguro contra traições, já que o partido sempre se notabilizou pela atuação fisiológica no Congresso e por gravitar no entorno de quem tem mais chances de vencer eleições. Suas carpideiras acompanham o caixão até a beira da cova, mas não pulam dentro dela junto com o defunto. Se Costa Netto resolver não lançar candidato próprio à Presidência no ano que vem, e essa decisão for tomada a partir de abril, quando o prazo de filiação partidária já tiver expirado, o verdugo do Planalto estará fora do pleito.

Receber Bolsonaro interessa ao mensaleiro porque anaboliza as chances do partido de aumentar a bancada no Congresso — que conta atualmente com 43 deputados e 4 senadores. O tamanho da bancada na Câmara é determinante na distribuição dos recursos dos fundos eleitoral e partidário, e se a escumalha que segue o capetão acompanhá-lo na mudança de sigla, Costa Neto será o morubixaba de uma das maiores tribos da nação tupiniquim. Mas é bom lembrar que, se Bolsonaro for derrotado nas urnas — possibilidade que se torna mais provável a cada dia —, o poder de negociação do partido com o futuro inquilino do Planalto ficará fragilizado.

Eleições presidenciais no Brasil costumam guardar semelhanças com os pleitos anteriores, mas, paradoxalmente, são as diferenças que acabam pautando os resultados. Para além disso, o imprevisto sempre pode ter voto decisivo na assembleia dos acontecimentos. Cito como exemplo a facada que o então candidato do PSL à Presidência levou em Juiz de Fora, a um mês do primeiro turno do pleito de 2018. Não fosse esse lamentável incidente, Bolsonaro não teria escapado de ser feito picadinho pela grandiloquência de Ciro Gomes nos debates televisivos (pode-se simpatizar ou não com o cearense de Pindamonhangaba, mas jamais menosprezar sua oratória.

Segundo o cientista político Murillo de Aragão, desde a volta das eleições diretas que algum grande tema vem prevalecendo, ora vindo do establishment político, ora como uma surpresa. Collor e Bolsonaro, ainda que solidamente incrustados no sistema, surgiram como surpresas para o eleitorado. FHC se viabilizou com o sucesso do Plano Real e foi eleito em 1994 e 1998, ambas as vezes no primeiro turno, graças ao poder que conquistou com o desempenho econômico e a fragilidade da narrativa de Lula, então seu maior adversário.

Em 2002, o picareta dos picaretas se firmou como “surpresa”, mesmo tendo mais de vinte anos de vida pública, e se elegeu na esteira dos equívocos dos barões do Tucanistão e de sua maneira desgastada de fazer política. A era lulopetista se estendeu por mais de 13 anos graças a uma combinação de fatores — entre os quais o desempenho econômico, que então avançava por águas mansas, com as velas enfunadas pelos ventos benfazejos soporados do exterior — que dificilmente se repetirá no médio prazo.

O capital político acumulado pelo petralha lhe assegurou a reeleição em 2006, a despeito do mensalão, e a eleição de sua nefasta sucessora em 2010 e 2014, a despeito da notável incompetência da desinfeliz. Mas então Bolsonaro surgiu do nada, como um rebento bastardo da Lava-Jato e da "descorrupção" que a força-tarefa de Curitiba produziu no establishment político. E a adesão do juiz Sergio Moro à campanha fez com que uma parcela considerável dos brasileiros apoiasse o "mito" — que, como não tardariam a descobrir, tinha pés de barro, calcanhares de vidro e culpa no cartório.

A incompatibilidade chapada entre bolsonarismo e o lavajatismo favorece o ex-presidiário convertido a "ex-corrupto", mas diz um velho ditado que toda araruta tem seu dia de mingau. As denúncias de corrupção endêmica que marcaram as gestões petistas certamente voltarão à baila durante a campanha, e poderão atrapalhar os planos do demiurgo eneadáctilo.

Como dito, todos os pleitos presidenciais desde a redemocratização foram abrilhantados por algum evento inesperado, que acabou afetando as campanhas. A pergunta que se coloca é: o que nos reserva a próxima eleição? The answer, my friend, is blowing in the wind. Mas isso não nos impede de fazer algumas conjecturas.

Até onde a vista alcança, o que se vislumbra é um "trisal" formado pela conjuntura econômica, pela pandemia e pelos índices de rejeição (repulsa?) aos dois primeiros colocados nas pesquisas de intenção de voto, mas a questão do combate à corrução poderá ser relevante para certos setores do eleitorado, podendo converter esse trisal num "ménage a quatre".

A economia estará atrelada ao consumo, renda, retomada das atividades e comportamento da inflação; a pandemia terá seu papel reforçado pelos "equívocos" do governo e o espantoso número cadáveres — potencializado pelo negacionismo de um mandatário psicopata.

Um cálculo mostra que, para cada vítima do vírus maldito (falo do SARS-CoV-2, não do negacionista), pelo menos 100 pessoas são afetadas emocionalmente, o que perfaz mais de 60 milhões de eleitores passíveis de ser influenciados por essa tragédia na hora de votar, ainda que a vacinação continue avançando e o número de mortes diminuindo.

A julgar pelas pesquisas, a substantiva rejeição reduziria a pó as chances de o atual inquilino do Planalto ter o contrato renovado, mas há que levar em conta que no Brasil até o passado é incerto. Por enquanto, o sumo pontífice da seita do inferno é beneficiado pelo recall positivo, mas, quando a campanha esquentar, todos os equívocos e as denúncias que marcaram as gestões do PT aflorarão como a merda que transborda de uma privada entupida quando um incauto aciona a descarga.

Ao fim e ao cabo, os três temas poderão servir de ponte para que um candidato alternativo transite com sucesso em meio à polarização, sobretudo se ele trouxer uma boa abordagem para o quarto tópico: o combate à corrupção. O que nos leva a Sergio Moro, cuja pré-candidatura já foi objeto de postagens recentes e voltará a sê-lo em meus próximos textos, já que este se estendeu mais do que eu pretendia.

sábado, 20 de novembro de 2021

PARA MIM ESTÁ DE BOM TAMANHO


Faz parte do "American Dream" ver um filho presidente, daí as famílias americanas de classe média hipotecarem a casa e as cuecas para mandar os filhos para Harvard, Columbia, Stanford, Princeton, enfim, para universidades que lhes assegurem melhores oportunidades profissionais. 

Tanto lá como cá o contrato de locação da residência oficial da Presidência é de quatro anos, prorrogáveis por mais quatro, mas aqui as exigências são low profile. Aqui, cinco inquilinos foram avalizados pelas urnas desde a redemocratização. 

O primeiro se formou em Ciências Econômicas, estagiou no Jornal do Brasil e dirigiu a empresa da família antes de ingressar na vida pública e, mais adiante, mudar-se de mala cuia para o Planalto. O segundo era um sociólogo e cientista político com mestrado e reeleição; o terceiro, o desaculturado exótico que, 8 anos e um mensalão depois, se fez suceder por uma pseudogerentona de araque, dona de um currículo anabolizado que deixaria certo ex-ministro da Educação verde de inveja; e o inquilino da vez...

... O inquilino da vez é o dublê de mau militar e deputado medíocre que, na definição lapidar do senador Omar Aziz, "por onde passa espalha fezes". Um lunático sem condições de presidir coisa alguma — nem carrinho de pipoca em porta de cinema —, mas que, graças à inércia dos brasileiros, não só continua no Palácio (onde raramente é encontrado, mas enfim...) como pugna pela prorrogação do contrato por mais quatro anos (que Deus nos livre e guarde dessa desgraça).   

Diz um ditado português que "em casa onde falta o pão todos gritam e ninguém tem razão". Outra pérola da sabedoria popular ensina que dar voz a burros implica aturar os zurros. E o que não falta ao Brasil, além de governo e agentes públicos sérios, é espaço para a discussão de bobagens. No contexto atual, repercutir as falas do pajé da cloroquina, como a mídia tem feito dia sim outro também, é desperdiçar boa vela com mau defunto.

Governar esta banânia talvez não seja um bicho-de-sete-cabeças. Tanto que o desaculturado retrocitado e sua deplorável cria e sucessora somaram 13 anos, 4 meses e 12 dias no Planalto. Mas requer um mínimo de bom senso, coisa que o mandatário de turno não tem. Aliás, ele próprio reconheceu que não nasceu para ser presidente, mas, sim, para ser militar. 

Fosse o Brasil uma democracia consolidada, a pergunta que se colocaria seria: por que diabos Bolsonaro não desce do palanque, pega o boné e vai passear de motocicleta em outra freguesia? Como vivemos num arremedo de republiqueta de bananas, a resposta é: porque isto aqui não passa de uma republiqueta de bananas.

A esta altura, já cumprimos 32 meses e meio da pena de 48 meses que nos foi imposta pelas urnas em 2018. A despeito de quase 140 pedidos de impeachment, o carcereiro continua na porta da cela, ensinando-nos da pior maneira que suas promessas de campanha eram meras falácias de palanque. 

Menos de um mês depois e assumir a Presidência, o "mito" foi questionado acerca das estripulias de Zero Um/Fabrício Queiroz. Sua resposta foi: "se ele errou e isso ficar provado, eu lamento como pai, mas ele vai ter que pagar." E foi então que a Velhinha de Taubaté se revirou na tumba.     

De novo: se vivêssemos num país sério, há muito que Bolsonaro seria uma página virada da desditosa história de Pindorama. Mas, como vivemos no país do futuro que nunca chega e onde passado é incerto, periga termos de escolher novamente, daqui a 11 meses, se continuamos a fritar na frigideira do bolsonarismo boçal ou pulamos no fogo do lulopetismo ladrão. 

Até onde a vista alcança, nossa única esperança  é a consolidação da tão falada terceira via — até porque a falta de candidatos que empolguem o eleitorado "nem-nem" (nem Bolsonaro nem Lula) é tão prejudicial quanto sua pluralidade.

Gente incompetente, ímproba e mal-intencionada vem alardeando o descabimento da candidatura de Sergio Moro. O cara tem voz de pato, dizem uns. Falta-lhe experiência política, afirmam outros. As esquerdas o acusam de parcialidade no julgamento do redentor dos pobres (e tiveram seus queixumes agasalhados pela banda podre do STF), sustentam que ele mandou prender a "alma viva mais honesta desta galáxia" para impedir o povo de ser feliz de novo, e por aí vai. Já os bolsomínions e convertidos acusam-no de ter "traído" o imbrochável, incomível e imorrível que lhe deu um ministério para chamar de seu, dizem que o ex-juiz entrou para a política de olho numa suprema toga, e por aí segue a procissão de asneiras.

Raciocinar nunca foi o esporte nacional dos brasileiros. Isso resulta em más escolhas nas urnas. Como bem disse o último general-presidente da ditadura militar, "um povo que não sabe escovar os dentes não está preparado para votar". 

Na última quarta-feira, em entrevista a Pedro Bial, o ex-juiz da Lava-Jato disse que, para levar seu projeto adiante, ele depende apenas da confiança do povo, e que está preparado para presidir o país. Moro ainda está escolhendo sua equipe, mas adiantou na entrevista que Affonso Celso Pastore deverá cuidar da área econômica, e que seu plano de governo vai muito além do combate à corrupção. Que assim seja!

No final de 2018, a promessa de uma vaga no STF foi decisiva para o então juiz abandonar 22 anos de magistratura. Mas a pergunta é: quem do ramo do Direito não sonha com a suprema toga? Isso não muda o fato de que, como ministro da Justiça, Moro teria melhores condições de combater a corrupção e a criminalidade. Demais disso, ao aceitar o convite do então presidente eleito, nem ele nem ninguém fazia ideia do antro de corrupção que seria a gestão do "mito" dos bolsomínions.

Bolsonaro obrigou Moro a engolir todos os sapos e beber toda a água da lagoa. Quando finalmente conseguiu a demissão do auxiliar, sua alteza irreal "acabou com a Lava-Jato" porque, "não havia mais corrupção no governo". Esse pronunciamento do lunático levou a récua de bolsomínions a bater os cascos até perderem a ferradura, indiferentes ao fato de que, dos cinco rebentos que o Messias teve em três casamentos, somente a filha de 11 anos não é alvo de investigações.

Mais malfeitos de Bolsonaro et caterva foram trazidos à luz pela CPI do Genocídio, cujas sessões televisionadas e transmitidas ao vivo e em cores deixaram evidente que o ministério da Saúde foi cooptado por negacionistas, oportunistas, corruptos e vendilhões da pátria. Mesmo assim, o general Pesadello vai muito bem, agora exercendo o cargo de "aspone". Embora o fardado fosse passível de punição à luz do Código Penal Militar por sua participação em atos políticos, a investigação deu em nada e os detalhes envolvendo a farsa foram sepultados sob 100 anos de sigilo.

Observação: No auge da pandemia, o capitão-caverna demitiu Luiz Henrique Mandetta (porque o médico “estava se achando estrela”). Quando se deu conta de que seu substituto — o oncologista Nelson Teich — não se converteria ao negacionismo, sua alteza fritou o ministro e nomeou o general "um manda e o outro obedece". O expert em logística que não sabia amarrar os próprios coturnos militarizou a pasta, transformou-a em cabide de farda para os "amigos do rei" e lambeu as botas do suserano durante dez meses. Quando sua permanência no cargo se tornou insustentável, o capitão o substitui pelo cardiologista Marcelo Queiroga, que hoje segue alegremente os passos do esbirro que o antecedeu. 

O candidato que apoiamos para evitar a volta da roubalheira lulopetista ora envergonha, dia sim outro também, localmente e no exterior. A falta de compostura do capetão transformou-o em pária aos olhos do mundo — condição vexatória que o povo brasileiro é forçado a compartilhar. Inobstante a péssima qualidade de seu eleitorado, o Brasil não merece um mandatário desequilibrado, que profere discursos golpistas, regurgita aleivosias na ONU e no G20 e conspurca a imagem do país no exterior, como fez no passeio turístico pela Europa — que teve até agressão física a jornalistas — e em sua viagem a Dubai, onde despejou uma narrativa ficcional sobre os investidores árabes, e ao Catar, onde promoveu mais uma de suas ridículas motociatas. Vá se catar!

Moro não terá dificuldade em administrar a massa falida herdada da pior gestão de todos os tempos (incluindo a de Dilma) se compuser um ministério competente e probo. Como cachorro picado por cobra tem medo de linguiça, não custa relembrar que o vampiro do Jaburu prometeu um ministério de notáveis e entregou uma notável confraria de corruptos, transformando sua "ponte para o futuro" numa patética pinguela e pavimentando o caminho para a vitória do motoqueiro fantasma.

Oportuno relembrar também que a campanha do capitão-demagogo à Presidência se equilibrou em três pilares: 

1) Para provar que era amigo do mercado e obter o apoio dos empresários, o estatista que acreditava em Estado grande e intervencionista, que sempre lutou por privilégios para corporações que se locupletam do Estado há décadas, foi buscar Paulo Guedes, que embarcou em uma canoa que deveria saber furada; 

2) para provar que era inimigo da corrupção e obter o apoio da classe média, o deputado que, em sete mandatos, pertenceu a oito partidos diferentes, todos de aluguel, e sempre foi adepto das práticas da baixa política e amigo de milicianos, foi buscar Sergio Moro, que embarcou em uma canoa que deveria saber furada; 

3) para obter o apoio das Forças Armadas, o oficial de baixa patente despreparado, agressivo e falastrão, condenado por insubordinação e indisciplina e enxotado da corporação, foi buscar legitimidade em uma fieira de generais, que embarcaram em uma canoa que deveriam saber furada.

A esse festival de horrores soma-se a conversão do pajé de Chicago ao negacionismo tresloucado do chefe despirocado. Ao invés de ensinar noções de liberalismo ao presidente, o superministro de festim absorveu como uma esponja o que há de pior no bolsonarismo-raiz. 

Tivesse um mínimo de autoestima, o cheerleader do governo Bolsonaro enfiaria o ego no saco, pegaria o boné e iria se catar nas Ilhas Virgens Britânicas, onde mantém sua offshore. Em vez disso, o luminar da economia continua insultando nossa inteligência ao afirmar que o PIB brasileiro "está crescendo acima da média mundial" e que quem não vê isso está "maquiando os números com variáveis 'fictícias'".

Contaminado pelo sumo pontífice da nova seita do inferno, o Posto Ipiranga sem combustível insiste na potoca da recuperação em "V". Para este ano, a estimativa do ministro sonhador para o crescimento do PIB é de 5,1% — um pouco menos que os 5,3% divulgados em setembro, mas ainda acima dos 4,88% previstos pelo mercado financeiro —, e de 2,1% para o ano que vem — o mercado ainda fala de 0,93%, mas já há quem preveja recessão.

Entrementes, a corja de ladrões que tomou de assalto (sem trocadilho) o Congresso Nacional busca novas maneiras de assaltar o erário. A despeito de o STF ter barrado as famigeradas "emendas de relator", o governo continua liberando verbas para parlamentares afinados com o general da banda. 

Nos dias que antecederam a votação da PEC do CALOTE, foram gastos R$ 1,3 bilhão com as tais emendas. No despacho que suspendeu a maracutaia, a ministra Rosa Weber anotou: “Causa perplexidade a descoberta de que parcela significativa do Orçamento da União Federal esteja sendo ofertada a grupo de parlamentares, mediante distribuição arbitrária entabulada entre coalizões políticas. Triste Brasil.

Enquanto Bolsonaro gargalha de suas piadas homofóbicas (sua marca registrada), a obstinação do Planalto em gastar por antecipação (com propósitos nitidamente eleitoreiros) derrubou o Ibovespa por quatro dias consecutivos. Na quarta-feira 17, a B3 fechou aos 102.498 pontos — a última vez que o índice ficou abaixo dos 103 mil pontos foi em novembro do ano passado, e na quinta, aos 102.426 pontos).

Observação: Alguns senadores contrários à farra do deputado-réu que preside a Câmara querem canalizar para programas sociais os bilhões resultantes da PEC do Calote, fechando de vez a porta para a promessa feita pelo capitão-falastrão — que deixou o mercado em polvorosa — de reajustar os salários de todos os servidores.  

Questionado por Bial sobre declarações que jamais seria candidato, Sergio Moro ponderou que o contexto mudou completamente depois que Bolsonaro boicotou o projeto de combate à corrupção no país. 

Em 2018, eu vi a oportunidade de me tornar ministro da Justiça e levar essa reforma que estava sendo feita nos casos judiciais para Brasília, para consolidar leis e avanços e principalmente impedir esses retrocessos. Eu encarava como missão por um propósito maior. Quando, depois, o governo boicotou o projeto de combate à corrupção, não deu o apoio necessário para que fossem aprovadas as reformas no Congresso, passou a adotar um comportamento de, ao invés de coibir a corrupção, praticamente abandonar essa agenda, inclusive interferir em órgãos de controle, saí do governo. Tenho visto desde que saí do governo um progressivo desmantelamento do combate à corrupção. Estamos perdendo aquilo que construímos a duras penas durante a Operação Lava Jato”, disse o ex-ministro.

Para mim está de bom tamanho. E para você?

sexta-feira, 24 de outubro de 2025

MENTIRAS QUE SOAM VERDADEIRAS

É MELHOR UM FIM HORROROSO DO QUE UM HORROR SEM FIM.  

A maioria de nós já ouviu dizer que avestruzes enterram a cabeça na areia quando estão assustados, que preguiças são preguiçosas, que porcos são sujos, que golfinhos estão sempre sorrindo, que elefantes nunca esquecem, que Lula foi absolvido e que Bolsonaro foi condenado injustamente. Só que nada disso é verdade. 


No que tange aos avestruzes, as fêmeas colocam a cabeça no buraco que usam como ninho para virar os ovos várias vezes durante o dia — se realmente enterrassem a cabeça para não ver o perigo, como diz a lenda, as pobres aves morreriam asfixiadas. 


As preguiças se movem devagar porque seu metabolismo as obriga a economizar energia, e como não andam sobre as solas dos pés, mas se arrastam com suas longas garras, sua locomoção nas árvores e no solo é lenta e desajeitada. Por outro lado, elas se movem velozmente na água e dormem cerca de 10 horas por dia — bem menos que os gatos e outros animais domésticos.


Os porcos são animais naturalmente asseados. Eles defecam longe de onde comem, dormem e acasalam, mas, como não conseguem suar, refrescam-se chafurdando na lama — o que lhes dá a aparência de sujos. Por outro lado, é impossível manter-se limpo quando se vive confinado num chiqueiro pequeno, superlotado e imundo.


Os golfinhos são brincalhões e parecem sorrir porque o formato de suas mandíbulas cria essa ilusão. Mas são incapazes de mudar de expressão, e podem ser surpreendentemente desagradáveis e traiçoeiros, chegando a atacar outros mamíferos marinhos e até pessoas quando se sentem ameaçados.


Os elefantes possuem o maior cérebro entre os mamíferos terrestres. Seu lobo temporal — extremamente desenvolvido — permite memorizar cheiros, vozes, lugares, hierarquias, vínculos familiares e comandos de voz. Eles são capazes de reconhecer outros elefantes — e até humanos — após décadas de separação, bem como de manter relações complexas dentro da manada, que a matriarca conduz por rotas migratórias antigas, guiada por lembranças de locais com água e comida.


Assim como afirmar que “os elefantes não esquecem” é uma simplificação poética embasada na ciência, dizer que os eleitores brasileiros fazem, a cada dois anos, por ignorância, o que Pandora fez uma única vez por curiosidade, é uma simplificação poética embasada na mitologia grega.


Celebrizada pelo jornalista Ivan Lessa, a máxima segundo a qual os brasileiros esquecem, a cada 15 anos, o que aconteceu nos últimos 15, ilustra a quintessência da falta de memória — ou de preparo — do nosso eleitorado. Aliás, em momentos distintos da ditadura, Pelé e o ex-presidente João Figueiredo alertaram para o risco de misturar brasileiros e urnas em eleições presidenciais. Ambos foram muito criticados, mas como contestá-los, se lutamos tanto pelo direito de votar para presidente e elegemos gente como Lula, Dilma e Bolsonaro?


Em 135 anos de história republicana, 35 brasileiros foram alçados à Presidência pelo voto popular, eleição indireta, linha sucessória ou golpe de Estado. Em agosto de 1961, a renúncia de Jânio Quadros ladrilhou o caminho para o golpe de 1964, que depôs João “Jango” Goulart do Palácio do Planalto e deu início a duas décadas de ditadura militar.


Em 1989, depois de 29 anos sem votar para presidente e podendo escolher entre Ulysses Guimarães, Mário Covas e Leonel Brizola — de um cardápio com mais de 20 postulantes — a plebe ignara preferiu despachar Collor e Lula para o segundo turno. O caçador de marajás de mentirinha derrotou o desempregado que deu certo por 683.920 a 215.177 votos válidos, provando que memória histórica e senso crítico não são pré-requisitos para exercer o direito de voto.


Collor foi empossado em março de 1990 e penabundado em dezembro de 1992. Em 1994, graças ao bem-sucedido Plano Real, Fernando Henrique Cardoso, então ministro da Fazenda de Itamar Franco, elegeu-se presidente no primeiro turno. Picado pela “mosca azul”, comprou a PEC da Reeleição.


Como quem parte, reparte e não fica com a melhor parte é burro ou não tem arte, o tucano de plumas vistosas renovou seu mandato no ano seguinte — novamente no primeiro turno. Mas não há nada como o tempo para passar. Em 2002, sem novos coelhos para tirar da velha cartola, não conseguiu eleger seu sucessor: Lula derrotou José Serra por 61,27% a 38,73% dos votos válidos.


Em 2006, apesar do escândalo do mensalão, o petista venceu Geraldo Alckmin por 60,83% a 39,17% dos votos válidos. Em 2010, visando manter aquecida a poltrona que tencionava disputar dali a quatro anos, fez eleger um “poste” — Dilma Rousseff —, que pegou gosto pelo poder, fez o diabo para se reeleger, entrou em curto-circuito e foi desligada em 2016, pondo fim a 13 anos e fumaça de lulopetismo corrupto.


Com o impeachment da mulher sapiens, Michel Temer passou de vice a titular do cargo. Num primeiro momento, a troca de comando pareceu alvissareira. Depois de mais de uma década ouvindo garranchos verbais de um semianalfabeto e frases desconexas de uma destrambelhada que não sabia juntar sujeito e predicado, ter um presidente que sabia falar — até usando mesóclises — foi como uma lufada de ar fresco numa catacumba. Mas há males que vêm para o bem e bens que vêm para pior.


O prometido “ministério de notáveis” revelou-se uma notável agremiação de corruptos, e a “ponte para o futuro”, uma patética pinguela. Depois que sua conversa de alcova com Joesley Batista veio a lume, Temer pensou em renunciar, mas foi demovido por sua tropa de choque.


Escudado das flechadas de Janot pelas marafonas da Câmara, o nosferatu que tem medo de fantasma concluiu seu mandato-tampão como pato manco e transferiu a faixa para um mix de mau militar e parlamentar medíocre travestido de outsider antissistema, que se tornou o pior mandatário tupiniquim desde Tomé de Souza.


Para provar que era amigo do mercado e obter o apoio dos empresários, o estadista que sempre acreditou em Estado grande e intervencionista e lutou por privilégios para corporações que se locupletam do Estado há décadas, foi buscar Paulo Guedes..


Para provar que era inimigo da corrupção e obter o apoio da classe média, o deputado adepto das práticas da baixa política, amigo de milicianos, que em sete mandatos aprovou apenas dois projetos e passou por oito partidos diferentes, todos de aluguel, foi buscar Sérgio Moro. 


Para obter o apoio das Forças Armadas, o oficial de baixa patente, despreparado, agressivo e falastrão, condenado por insubordinação e indisciplina e enxotado da corporação, foi buscar legitimidade numa penca de generais saudosos da ditadura.


Bolsonaro obrigou Moro a reverter uma nomeação, tomou-lhe o Coaf, forçou-o a substituir um superintendente da PF e esnobou seu projeto contra a corrupção. O ex-juiz fingiu que não viu, tentou negociar e, por fim, desembarcou do governo para tentar salvar o pouco prestígio que lhe restava.


Bolsonaro desautorizou Guedes, interferiu em seu ministério, sabotou seus projetos e, com o Centrão, enterrou de vez a agenda econômica. A maneira como gerenciou a pandemia de Covid foi catastrófica. Os crimes comuns e de responsabilidade cometidos pelo aspirante a genocida só ficaram impunes graças à leniência de Rodrigo Maia e Arthur Lira, que presidiram a Câmara durante sua gestão, e à cumplicidade de Augusto Aras, seu antiprocurador-geral.


Bolsonaro jamais escondeu a admiração pela ditadura militar e a vocação para o autoritarismo. Em 2019, poucos meses após a posse, reconheceu que não nasceu para ser presidente, mas para ser militar, embora tenha passado menos anos no Exército do que na política e, ao longo de 27 anos no baixo clero da Câmara, tenha apresentado 172 projetos, relatado 73 e aprovado apenas dois.


Na eleição de 2014, ao ver o poste de Lula derrotar o neto corrupto de Tancredo, Bolsonaro resolveu disputar a Presidência “com a cara da direita”. Ignorado pelo PP, que apoiou a campanha de Dilma, lançou seu ultimato: “Ou o partido sai da latrina ou afunda de vez”. Graças à Lava-Jato, a sigla afundou de vez. Graças à sua pregação antipetista, Bolsonaro renovou seu mandato como deputado mais votado do Rio de Janeiro, saltando de 120,6 mil votos em 2010 para 464,5 mil em 2014.


Derrotado em 2022 graças à sua nefasta gestão, Bolsonaro pôs em marcha a tentativa de golpe que lhe rendeu a condenação a 27 anos e 3 meses de prisão, além do pagamento de multa e indenização. O acórdão publicado na terça-feira (22) abriu o prazo de cinco dias para a interposição de embargos de declaração e de 15 dias para embargos infringentes.


Os embargos de declaração servem apenas para pedir esclarecimentos sobre o texto do acórdão — nada de rediscutir o mérito. Já os embargos infringentes permitiriam um novo julgamento no plenário, mas o Supremo já decidiu em outros casos que eles só são admissíveis quando há pelo menos dois votos favoráveis à absolvição — condição que, adivinhe, não se aplica à condenação do ex-presidente. Ele cumpre prisão domiciliar desde agosto e pode ser enviado ao Complexo Penitenciário da Papuda antes do final do ano.


Há males que o tempo cura, males que vêm para pior e males que pioram com o passar dos anos. Lula 3.0 é uma reedição piorada das versões 1 e 2 e, como nada é tão ruim que não possa piorar, o macróbio quer, porque quer, disputar a reeleição em 2026 — para nossa alegria (risos nervosos).


Vale lembrar que o ministro Fachin tomou a decisão teratológica de anular as condenações de Lula em caráter eminentemente processual. Como o mérito não foi analisado, o ex-presidiário não foi absolvido. Em outras palavras, o ministro agiu como um delegado que manda soltar um criminoso porque ele foi preso em flagrante pela Guarda Civil Metropolitana, e não pela Polícia Militar. Mesmo assim, o macróbio eneadáctilo alega que foi inocentado — e sua claque amestrada acredita.


As consequências da inconsequência do eleitorado tupiniquim são lamentadas todos os dias, inclusive por quem abriu a Caixa de Pandora achando que estava escolhendo o menor de dois males — o que só se justificaria se não houvesse outra opção. Tanto em 2018 quanto em 2022 havia alternativas; só não viu quem não quis ou não conseguiu, porque sofre do pior tipo de cegueira, que é a mental.

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Reza uma velha (e filosófica) anedota que quando Deus estava distribuindo benesses e catástrofes naturais pelo mundo recém-criado, um anjo apontou para o que seria futuramente o Brasil e perguntou: Senhor, por que brindas essa porção de terra com clima ameno, praias e florestas deslumbrantes, grandes rios e belos lagos, mas não desertos, geleiras, vulcões, furacões ou terremotos? E o Criador respondeu: Espera para ver o povinho filho da puta que vou colocar lá.


Resumo da ópera:


Bolsonaro foi eleito em 2018 graças ao antipetismo, mas a emenda ficou pior que o soneto. Sua nefasta passagem pelo Planalto resultou na “descondenação” de Lula e culminou com seu terceiro mandato, que vem se revelando pior do que os anteriores. E a possibilidade de ele se reeleger é assustadoramente real, mesmo porque, ironicamente, seu maior cabo eleitoral é Bolsonaro — e seus filhos despirocados, claro.


Se Sérgio Moro não tivesse trocado a magistratura pelo ministério da Justiça no desgoverno do capetão, é possível que a Lava-Jato ainda estivesse ativa e operante, e Lula ainda estivesse cumprindo pena em Curitiba, na Papuda ou no diabo que o carregue. Tanto ele quanto Bolsonaro são cânceres que evoluíram para metástases e, portanto, se tornaram inoperáveis. Mais cedo ou mais tarde, a Ceifadora livrará o Brasil desse mal. Até lá, a abjeta polarização seguirá a todo vapor — a menos que uma “terceira via” surja e se consolide ao longo do ano que vem.


Políticos incompetentes e/ou corruptos que ocupam cargos eletivos não brotam nos gabinetes por geração espontânea; se estão lá, é porque foram eleitos por ignorantes polarizados, que brigam entre si enquanto a alcateia de chacais se banqueteia e ri da cara deles — e dos nossos, de brinde.


Einstein teria dito que o Universo e a estupidez humana são infinitos, mas salientou que, no tocante ao Universo, ele ainda não tinha 100% de certeza. Alguns aspectos de suas famosas teorias não sobreviveram à passagem do tempo, mas sua percepção da infinitude da estupidez humana deveria ser bordada com fios de ouro nas asas de uma borboleta e pendurada no hall de entrada do Congresso.


Não há provas de que boas ações produzam bons resultados. A lei do retorno é mera cantilena para dormitar bovinos, mas insistir no mesmo erro esperando produzir um acerto é a melhor definição de imbecilidade que conheço, e más escolhas inevitavelmente geram péssimas consequências — como temos visto a cada eleição presidencial desde 2002.


Triste Brasil.


sábado, 21 de junho de 2025

MICROSOFT WORD X GOOGLE DOCS

SE CADA VEZ QUE ERRO FICO MAIS SÁBIO, QUANDO MORRER EU SEREI UM GÊNIO.

Lançado na década de 1980, quando o Windows ainda era uma interface gráfica que rodava no MS-DOS, o MS Word se tornou o processador de texto mais popular do planeta e ganhou recentemente um brilho extra com a integração da IA Copilot.

Já o Google Docs, lançado em 2006 como parte do Google Workspace, conquistou muitos usuários pela interface limpa e intuitiva, por incluir ferramentas como Google Planilhas e Google Apresentações, e pela gratuidade.

Ambas as suítes permitem criar, armazenar, compartilhar e imprimir documentos de forma simples e eficiente. A escolha certa, porém, depende das necessidades e preferências do usuário: o Google Docs é ideal para quem busca um editor prático, com recursos básicos de edição e revisão, enquanto o Word, mais complexo e robusto, atende melhor a quem precisa elaborar trabalhos acadêmicos ou projetos em empresas que adotam o Pacote Office como padrão.

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA


Lula semeou a polarização, Bolsonaro a estrumou, e ambos se aproveitam dela para simular um embate entre "o bem e o mal", cada qual no papel que mais lhe convém. O "mito" foi o grande responsável (mas não o único) pela soltura do petista e pela própria derrota em 2022, quando não perdeu para o rival, mas para si mesmo. O problema é que penabundar o capetão custou caro demais: acabamos entregues a um ex-presidiário cuja missão era nos livrar do ora futuro presidiário, e não reencenar uma versão atualizada e piorada dos 13 anos, 4 meses e 12 dias de pesadelo petista. 

Como ações geram reações e as consequências vêm sempre depois, o pontifex maximus da seita do inferno amarga a maior rejeição popular de seu papado. E a situação é ainda mais humilhante porque, noves fora a inflação e o déficit fiscal, os indicadores econômicos estão longe dos piores dias do passado recente. Se essa tendência de queda não se reverter, qualquer outsider que aparecer nas cartelas de pesquisa terá chances reais de despachar o macróbio para casa, para o asilo ou para a ponte que partiu. 

Enterrar a cabeça na areia — como supostamente fazem os avestruzes — desdenhar das pesquisas — como fizeram Bolsonaro et caterva em 2022 — e atribuir o fiasco a "falhas de comunicação”, fake news e algoritmos manipulados não resolve o problema.

Lula e o PT se tornaram um produto político anacrônico, pouco aderente às demandas da sociedade atual. Os cansativos discursos nos quais o autoproclamado parteiro do "Brasil Maravilha" anda de um lado para o outro, com ar messiânico e dedo em riste, dizendo-se predestinado e culpando o antecessor por suas mazelas. É fato que ele escapou do mensalão, tropeçou no petrolão e se safou de situações muito complicadas, mas fato é que não há nada como o tempo para passar. E "o tempo passou na janela, só Carolina não viu".

O Histórico de Versões permite consultar e desfazer todas as alterações feitas em um documento, recurso especialmente útil no ambiente corporativo, pois facilita o controle das edições e eventuais reversões. Além disso, os arquivos do Docs podem ser enviados facilmente para outras ferramentas — como Gmail, Apresentações e Planilhas —, sem falar no Google Tradutor integrado, que possibilita traduzir textos em diversos idiomas diretamente na plataforma.

Apesar da popularização da suíte do Google, o MS Word continua sendo o queridinho de 9 entre 10 usuários, pois oferece ampla variedade de opções de formatação, diagramação e edição, além de uma galeria com modelos prontos para diferentes tipos de documentos, como relatórios, currículos e folhetos. Para o texto, ferramentas complexas permitem editar estilos de parágrafo, fontes, espaçamento entre linhas, recursos avançados de formatação e funções eficazes de correção gramatical e ortográfica. Isso sem mencionar que o software se integra facilmente a outros serviços da Microsoft, permitindo importar planilhas do Excel e slides do PowerPoint, enviar textos diretamente para o Outlook e salvar arquivos no OneDrive.

Com a integração ao Microsoft Copilot, os usuários podem solicitar ao assistente de IA o aprimoramento da redação, um resumo do conteúdo ou até mesmo a criação de um documento do zero a partir de comandos simples. Também é possível acessar e editar arquivos compartilhados, inserir comentários e sugestões, escolher o tipo de citação ou bibliografia e adicionar referências formatadas automaticamente conforme as regras exigidas.

Além dos recursos já citados, o Word conta com ferramentas como o Teste de Legibilidade — que fornece estatísticas para indicar se o texto está claro e fácil de ler — e a Leitura Avançada, que reproduz o conteúdo em voz alta e oferece opções para tornar a leitura mais confortável. Um de seus principais atributos, aliás, é a ampla possibilidade de customização, que permite criar atalhos, layouts, formatações e regras personalizadas conforme as necessidades do usuário.

A escolha é sua.