quarta-feira, 14 de maio de 2025

O BRASIL DA CORRUPÇÃO — 4ª PARTE: A DEMOCRACIA DOS IDIOTAS

OS INTELIGENTES APRENDEM COM A PRÓPRIA EXPERIÊNCIA; OS SÁBIOS APRENDEM COM A EXPERIÊNCIA DOS OUTROS, E OS IDIOTAS... OS IDIOTAS NUNCA APRENDEM.

Umberto Eco ensinou que a Internet promoveu os idiotas da aldeia a portadores da verdade; Tiago Paiva observou que só existem influencers porque existem "idioters"; e Nelson Rodrigues profetizou que os idiotas vão dominar o mundo — não pela capacidade, mas pela quantidade. 

Na Grécia Antiga, a palavra ηλίθιος designava os cidadãos que não se interessavam por assuntos públicos. Como ficar à margem da vida pública erva visto como sinal de ignorância, o termo ganhou a conotação negativa que nossos dicionários registram.
 
No início do século 20, os psicólogos franceses Alfred Binet e Theodore Simon calculavam o QI com base na capacidade das crianças de realizar tarefas como apontar para o nariz e contar moedas. Pessoas com QI abaixo de 70 eram consideradas "idiotas", e assim a palavra passou a ser usada em contextos jurídicos e psiquiátricos.
 
Em tese, os "idiotas" que não se interessam por política são governados por quem se interessa. Na prática, porém, existe o perigo de o idiota levar sua idiotice para a esfera pública e fazer como os eleitores brasileiros, que repetem a cada dois anos, por ignorância, o erro que a curiosidade levou Pandora a cometer uma única vez. 
 
A idiotice clássica consistia em ignorar a vida pública, mas a contemporânea é participar dela com tribalismo irracional e fé dogmática. José Saramago alertou que a pior cegueira é a mental, dos cegos que veem mas não enxergam. Nas redes, a polarização virou espetáculo: tanto à esquerda como à direita há mais briga de torcida do que debate, e essa polarização transformou o Brasil pós-ditadura num bestiário político. Senão vejamos:
 
Sarneyícone da oligarquia e da política de cabresto nordestina — deu início à farra da governabilidade fisiológica. 

Collor embrulhado no papel vistoso de "caçador de marajás" — revelou-se um farsante narcisista. 

Itamar é lembrado mais pelo topete — e pela foto icônica ao lado de uma modelo sem calcinha — do que por sua contribuição para o Plano Real. 

Fernando Henrique destoou, mas sucumbiu à vaidade do poder e vendeu a alma ao demônio da reeleição

Lula, o desempregado que deu certo, inaugurou a era da "narrativa acima dos fatos". 

Dilma, a gerentona de araque, lavou o país ao colapso econômico com frases tão herméticas quanto sua gestão.

Temer, o vampiro do Jaburu que encerrou a fase dos garranchos verbais, manteve a política no mesmo pântano de sempre.

Bolsonaro, o mix de mau militar e parlamentar medíocre, fez do negacionismo e do golpismo sua marca registrada.
 
Mancomunada com a cegueira mental, a polarização transformou esse desfile de desqualificados em santos de pés de barro (ou bandidos de estimação, como queiram) para suas torcidas. 

Os idiotas de direita gritam "volta, mito"; os idiotas de esquerda respondem com "viva, companheiro". Todos cegos. Cegos que veem, mas não enxergam.

Continua...