— Doutora, eu sou dono do sítio
ou não?
— Quem tem de responder isso é
o senhor e eu não estou sendo
interrogada.
O Ministério Público não denunciou Lula por ocultação de patrimônio. O ex-presidente sabe disso e
insistiu em debater a propriedade do sítio porque tem a tara incurável de achar
que sua inteligência só é inferior à imbecilidade que atribui aos demais
habitantes do planeta. Ele foi denunciado por ser beneficiário — como usuário contumaz do sítio — das melhorias feitas lá pela OAS na forma de propina oriunda de
contratos com o Poder Público.
A concepção de governo e Estado do populista o leva a
considerar-se destinatário natural de favores de empresários. A mistura
perversa entre público e privado não é exclusividade de Lula, claro; em maior ou menor grau, ela coloniza a alma de quase
todos os nossos políticos; em Lula,
a coisa culminou em patologia. Me comove, admito, a figura abatida de alguém
nessa idade, mas logo me lembro de que se trata de um bandido cujo abatimento
não alcançou a convicção de que é superior à lei; de um bandido que, num abraço
completo com as elites que passou a integrar, se fingia de homem do povo. No
fim, revelou-se nem elite, nem povo ─
apenas escória.
Deve ser condenado nesse caso do sítio e é pequena a chance
de conseguir um habeas corpus. Talvez
sua esperança de sair da prisão esteja na eventual mudança do STF quanto à prisão depois de
condenação em segunda instância a ser decidida no julgamento das Ações Diretas
de Constitucionalidade. O assunto divide o mundo jurídico e não serei eu, que
não pertenço a essa enfermaria, que saberei dizer o certo a se fazer. Seguir a
Constituição é a única coisa certa a fazer, mas a pobre trintona é referência
distante e customizada para a Corte que deveria defendê-la. O que sei é que,
depois de receber de FHC o país
pronto para continuar as reformas e implementar outras que modernizariam o
país, Lula preferiu arcaizá-lo ainda
mais para se garantir imperador do Brasil. Na voz de uma jovem juíza, ele foi
lembrado qual o lugar do imperador das ruínas de si mesmo.
Com Augusto
Nunes/Valentina de Botas
EM TEMPO: Em aditamento ao que eu publiquei ontem
sobre o projeto do senador Dalirio Beber,
que fragiliza a Lei da Ficha-Limpa,
o parlamentar catarinense voltou atrás: “Decido, então, portanto, retirar o PLS 396/2017. Certo que jamais quis
criar tamanha celeuma nem tampouco causar constrangimento aos meus pares. Não
havendo o desejo desta Casa, da sociedade e, especialmente, da população do
estado de Santa Catarina na apreciação desta matéria, peço o apoio dos nobres
colegas para que retiremos essa proposta.” Menos mal.