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terça-feira, 4 de junho de 2019

O PICOLÉ DE CHUCHU FALA, O SUPREMO IMPLODE E BOLSONARO QUER UM MINISTRO EVANGÉLICO



Geraldo Alckmin afirmou recentemente que há no Brasil duas mentiras: o petismo e o bolsonarismo

Ex-governador de São Paulo e ex-candidato à presidente da República, o eterno picolé de chuchu pediu a seu partido que tenha a “coragem de criticar” o governo de Jair Bolsonaro, “pôr o dedo na ferida” e “não bajular os poderosos”, além de prestar solidariedade a Rodrigo Maia.

Na visão do tucano, o presidente da Câmara vem sendo alvo “desses oportunistas políticos por 30 anos, ele e a família inteira, que, numa deslealdade, vem atacar a vida dos homens públicos, jogando a sociedade contra suas instituições”. Disse ele: “Nós não temos duas verdades, a extrema-direita e a extrema-esquerda. Nós temos duas grandes mentiras: o petismo e o bolsonarismo. Duas mentiras que precisam ser enfrentadas.” E ainda acusou o atual governo de não ter projeto de reforma tributária nem agenda de competitividade, e criticou a possibilidade de volta de um tributo sobre transações financeiras, como foi a CPMF. Por fim, afirmou que “distribuir armas é uma irresponsabilidade” e que o governo deveria reforçar a polícia de fronteira para evitar a entrada delas.

Se tivesse sido tão enfático durante a campanha presidencial, Alckmin certamente teria granjeado mais do que os míseros 4,7% dos votos válidos em outubro passado. Aliás, se ele não fosse tão turrão, teria reconhecido sua insignificância como candidato à presidência e cedido a vez a João Doria, que pode não ser a panaceia para todos os males do Brasil, mas tinha bem mais chances reais de disputar (e até vencer) o segundo turno. Enfim, não adianta chorar o leite derramado.

Mudando de pato para ganso, dias atrás o presidente Jair Bolsonaro se desmanchou em elogios ao ministro Dias Toffoli — que, nunca é demais lembrar, foi reprovado por duas vezes consecutivas em concursos para juiz de Direito, mas acabou promovido a ministro supremo pelo presidiário de Curitiba quando este ainda estava solto e conspurcava com seu rabo sujo a poltrona do gabinete mais cobiçado do Palácio do Planalto. O caminho que Toffoli à mais alta Corte de Justiça desta Banânia foi entremeado por alertas vermelhos, a começar por sua pouca idade e total inexpressividade no meio jurídico. A rigor, as credenciais do indicado eram ter sido advogado do PT, assessor da Casa Civil de José Dirceu e advogado-geral da União no governo do comandante máximo da ORCRIM (clique aqui e aqui para mais detalhes), e sua nomeação, mais uma demonstração cabal da falta de noção do molusco abjeto sobre a dimensão do cargo de ministro. Mas sigamos adiante.

Ainda sobre o Supremo, disse Josias de Souza:

Com a supremacia já bastante combalida, o STF sofre um ataque inusitado. O ministro Dias Toffoli decidiu transformar sua autocombustão num processo de carbonização de toda a Corte. O cérebro de um magistrado começa a funcionar no instante em que ele nasce. E não para até que o dono da toga se mete em conchavos políticos. Toffoli virou arroz de festa nos salões do Poder Executivo. Na última quinta-feira, participou de café da manhã oferecido por Jair Bolsonaro à bancada feminina do Congresso. Ao discursar, o capitão sentiu-se à vontade para dizer o seguinte: "É muito bom nós termos aqui a Justiça ao nosso lado, ao lado do que é certo, ao lado do que é razoável e ao lado do que é bom para o nosso Brasil."

Mesmo quem não entende de política é capaz de compreender os lances da politicagem. No início da semana, noutro café da manhã, Toffoli comprometera-se com os termos de um pacto a ser celebrado entre os três Poderes. No embrulho do pacto, há temas que podem resultar em demandas judiciais com potencial para escalar a pauta do Supremo — reformas previdenciária e tributária, por exemplo.

Ao dizer que a Justiça está "ao nosso lado", Bolsonaro usa Toffoli (9% da composição do Supremo) para desmoralizar os outros dez ministros (91% da Corte). É como se o chefe do Executivo enxergasse no Pretório Excelso, do outro lado da Praça dos Três Poderes, um puxadinho do Palácio do Planalto. Uma instância da qual o governo espera ouvir apenas "amém", pois a Bic do capitão só assina "o que é bom para o nosso Brasil." Nesse enredo, não parece haver espaço para meio-termo. Ou o Supremo segura Toffoli, ou Toffoli transforma em carvão o que restou do Supremo.

Para encerrar: Bolsonaro, que já se comprometeu a oferecer a Sérgio Moro a próxima cadeira que vagar no Supremo, disse há alguns dias que “está na hora de termos um ministro evangélico. A meu ver, o Tribunal precisa de juízes competentes, e não de pastores ou de proselitistas religiosos. Indicar um evangélico que tenha reputação ilibada e notável saber jurídico é uma coisa; indicá-lo por ser evangélico é outra bem diferente. Ademais, somos um Estado laico. Por uma simples questão de isonomia, teríamos de vestir com a toga suprema representantes dos judeus, dos espíritas, dos, protestantes, dos budistas, dos umbandistas, de testemunhas de Jeová, e por aí segue esse bizarro circo de horrores. 

Das entrelinhas da fala do capitão é possível inferir que ele poderá indicar também o juiz federal Marcelo Bretas, de quem se tornou bastante próximo. O magistrado, que é responsável pelos processos da Lava-Jato no Rio de Janeiro, membro da Comunidade Evangélica Internacional da Zona Sul e originário da Assembleia de Deus, foi convidado para o coquetel de Jair Bolsonaro e já se manifestou diversas vezes nas redes em apoio ao presidente.