Esta é para começar bem o final de semana: Deu na Folha de ontem que uma das signatárias
do requerimento para criar uma comissão parlamentar de inquérito para
investigar integrantes do STF, a
senadora Juíza Selma (PSL-MT), disse
que foi procurada pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre, e pelo senador Flávio Bolsonaro, o enroladíssimo Zero Um, para retirar sua assinatura e inviabilizar a CPI da Lava-Toga.
Isso mostra como
estamos "bem representados", politicamente falando, e, por extensão, como o presidente da vez, que elegemos para evitar a volta do abjeto molusco de Garanhuns — representado
pelo bonifrate de plantão, o ex-prefeito de um só mandato e um dos mais mal
avaliados alcaides da história de Sampa — prioriza os interesses próprios, de seus filhos e apaniguados. Sob esse prisma, a política é sempre a mesma merda, mudam apenas as moscas, e olhe lá.
Não se trata de estar arrependido de ter votado contra o PT — ou de ter votado em Bolsonaro — já que o esclarecidíssimo eleitorado tupiniquim não deixou outra opção ao fulminar, no primeiro turno, juntamente com quase uma dezena de lunáticos, fanáticos e delirantes, umas duas alternativas que poderíamos ter experimentado. Agora é tarde, Inês é morta e não adianta chorar sobre o leite derramado.
A questão é que, até não muito tempo atrás, com o Legislativo mergulhado até os chifres na lama da corrupção, ainda podíamos contar com o Judiciário. Mas isso mudou depois que a cizânia do "nós contra eles" contaminou o STF, onde togados posam de garantistas para — em troca sabe Deus de quê
— garantir que políticos de alto coturno e empresários
poderosos, representados por
criminalistas estrelados que cobram seu peso em ouro, tenham acesso a toda sorte de chicanas para empurrar para as calendas sua condenação e consequente cumprimento da pena. Até hoje, um mísero parlamentar com foro
privilegiado foi condenado no STF, e continua livre, leve e solto, já que ninguém se dignou
de determinar a expedição do competente mandado de prisão.
Adicione-se a esse banquete — já difícil de deglutir — mais
um acepipe repugnante: apesar de ter ligações com a esquerda no passado, o
indicado para comandar a PGR o foi, de acordo com a versão palaciana, por "ser católico e de perfil conservador". Mas basta ler as
letrinhas miúdas para ver que a escolha se deveu à propensão do subprocurador à
subserviência e sua disposição para rezar pelo catecismo bolsonariano, do qual o pontífice
da seita suprimiu o capítulo e todos os versículos que tratavam da cruzada
anticorrupção quando o Ministério Público começou a apertar o laço em torno do pescoço rechonchudo de seus rebentos.
Observação: Como medida de
cautela, o capitão mandou substituir o papel higiênico (que anda em falta no palácio
devido à penúria que se abateu sobre os cofres públicos) por cópias do projeto anticrime e anticorrupção do superministro da Justiça, que só continua no cargo porque sua popularidade sustenta, em grande medida, esse deplorável castelo de cartas bolsonariano.
O slogan deste governo pode até ser "Brasil acima de tudo e Deus acima de todos",
mas basta ler nas entrelinhas para ver como a coisa, no mundo real, é a família (do presidente) que paira sobranceira. Não bastasse o imbróglio envolvendo Flávio Bolsonaro e seu ex-motorista e assessor parlamentar, emergem, agora, do mesmo mar de podridão indícios de que também no
gabinete de Carluxo, na Câmara Municipal
do Rio, a "rachadinha" campeava solta.
Pelo visto, Zero Um foi um excelente professor e Zero Dois, um aluno mais que exemplar.