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sexta-feira, 8 de junho de 2018

BRETAS E SUA TIETAGEM A LULA ― PEGOU MAL, EXCELÊNCIA.


Lula depôs na última terça-feira ao juiz Marcelo Bretas, na condição de testemunha de defesa do ex-governador criminoso do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral. Durante o depoimento ― que durou cerca de 50 minutos ―, juiz e testemunha trocaram piadas. Bretas chegou mesmo a se dizer um “ex-apoiador” do ex-presidente presidiário.

Ao final da audiência, o magistrado carioca afirmou: “É uma figura importante no nosso país, é relevante sua história para todos nós. Para mim inclusive, que, aos 18 anos, estava aqui num comício com um milhão de pessoas e usando um boné e a camiseta com seu nome.” Ao que o petralha respondeu: Pode usar agora. Quando eu fizer um comício agora vou chamar o senhor para participar.”

A fala foi seguida de risos de quem acompanhava o depoimento na sala de audiências da 7ª Vara, mas não dos membros do MPF, que mantiveram a compostura durante todo o tempo (confira a íntegra do depoimento de Lula neste vídeo neste vídeo).

Já com o ex-comparsa Sérgio Cabral, Lula não fez piadas. Durante a única interação entre os dois, o flagicioso vermelho limitou-se a um lacônico “obrigado” quando ex-governador corrupto lhe apresentou condolências pela morte de Marisa Letícia.

Tivesse a audiência sido presencial e não virtual (por vídeo conferência), talvez o conspícuo magistrado pedisse um autógrafo ao depoente. Pegou mal, excelência, essa sua tietagem. Aliás, em nenhum país civilizado deste planeta é concedido a um presidiário, falando em rede, o direito de dissertar sobre olimpíadas, corrupção, enfim, de transformar a audiência em comício. Só faltou Lula subir na mesa para discursar e o juiz Bretas aplaudir. Triste Brasil!

Para não ficar só na minha opinião, o advogado criminalista Alexandre Salomão disse ao Estadão que a cordialidade em uma audiência pode ser até mesmo estratégica, a fim de obter, da testemunha, um depoimento mais profícuo. “O que houve ali, no entanto, ultrapassou os limites da cordialidade. O juiz, em uma audiência, representa o Estado, e o Estado não tem passado de militância. Não há ilegalidade, mas é extremamente inconveniente para a magistratura”, completou. “Tratar testemunhas, réus e advogados com urbanidade é próprio do Código de Ética da Magistratura, deve ser feito”, disse o advogado Luiz Flávio Gomes, mestre em Direito Penal e criador do movimento Quero Um Brasil Ético. “No entanto, viola esse mesmo Código de Ética um magistrado ficar dizendo que votou em tal sentido, ou militou em determinada causa. Nesse momento, a postura deixa de ser adequada”, completa.

Em tempo: O STF iniciou na tarde de ontem o julgamento de duas ações, uma do PT e outra do Conselho Federal da OAB, contra a condução coercitiva de investigados para a realização de interrogatórios ― procedimento que vinha sendo largamente utilizado em investigações da Polícia Federal até o final do ano passado, quando Gilmar Mendes ― e quem mais poderia ser? ― concedeu uma liminar proibindo essa prática, alegando que ela afronta a Constituição ao impor restrições tanto ao direito de ir e vir quanto ao princípio da presunção de inocência (voltaremos a falar dessa aberração em forma de jurista numa próxima oportunidade). Segundo levantamento publicado pelo Estadão, as prisões temporárias cresceram 31,75% nos primeiros quatro meses de 2018 em relação ao mesmo período do ano anterior, como consequência da decisão da liminar do ministro retro citado. 

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domingo, 30 de abril de 2017

O ADIAMENTO DO DEPOIMENTO DE LULA EM CURITIBA

O adiamento do depoimento de Lula ao juiz Moro tem a ver com as manifestações que a petralhada tenciona realizar em Curitiba ou sinaliza que o molusco pode ser preso a qualquer momento? Eis aí uma boa pergunta. Oficialmente, a audiência foi remarcada para o próximo dia 10 porque o final de semana prolongado pelo feriado do dia do trabalhador contribuiria para que mais arruaceiros atendessem à convocação dos líderes vermelhos, o que dificultaria o trabalho dos agentes da PF e da SSP encarregados de garantir a segurança do evento. Por outro lado, há quem veja nisso uma maneira de ganhar tempo para coletar mais provas contra o réu.

Considerando que a audiência foi marcada em meados de março, não há que se falar em falta de tempo para a adoção das medidas preventivas por parte das autoridades policiais. E a despeito de a tigrada de sinapse estreita afirmar que Moro amarelou e até comemorar a desmoralização da Lava-Jato, qualquer um que tenha olhos, ouvidos e um par de neurônios funcionais percebe que a situação do molusco abjeto se agrava a cada dia que passa ― basta rever os depoimentos dos marqueteiros João Santana e Monica Moura e do empreiteiro Leo Pinheiro, que foram ouvidos pelo juiz Sergio Moro na semana passada.

Assim como os demais delatados pelos 77 da Odebrecht, o ex-presidente protesta inocência e nega as acusações com um fervor que beira ao fanatismo. Diz que o testemunho de Leo Pinheiro não merece crédito, pois o empreiteiro está negociando um acordo de colaboração com a Justiça. Por alguma razão não muito clara, o molusco desconsidera o fato de que o colaborador perde os benefícios avençados no acordo de delação se restar comprovado que mentiu em seu depoimento. Aliás, segundo o procurador Deltan Dallagnol, pode até ter havido omissões nas da Lava-Jato, mas jamais se registrou um único caso em que o colaborador tenha mentido.

O fato de Leo Pinheiro ter sido instruído por Lula a eliminar as provas que o ligassem ao pagamento de propinas envolvendo o tríplex do Guarujá foi narrado pelo depoente com todas as letras, mas não constitui prova suficiente para justificar a prisão do molusco abjeto no próximo dia 10. A menos que Lula perca o controle e afronte o magistrado ― ou que surjam provas robustas, Lula deve ser preso somente depois que a sentença de Moro for confirmada pelo TRF da 4ª Região, o que, pelo andar da carruagem, deve ocorrer entre o final deste ano e o início do próximo.

Moro tem mantido a fleuma, mesmo quando a defesa do molusco tenta tirá-lo do sério. Aliás, arrolar nada menos que 87 testemunhas é um acinte, mais uma chicana com fins eminentemente protelatórios. Em contrapartida, exigir que Lula compareça a cada um dos interrogatórios foi uma resposta à altura ― só não sei até que ponto isso têm amparo legal; se o magistrado insistir nessa condição, será acusado de perseguir o ex-presidente, como seus defensores vêm dizendo sempre que a oportunidade se lhes apresenta.

Para o sapo barbudo, ser condenado em segunda instância no ano que vem, a tempo de ser impedido de concorrer à presidência, seria sopa no mel para posar de vítima e evitar correr o risco de ser derrotado. Segundo Merval Pereira, ninguém sério leva a sério as pesquisas pra lá de tendenciosas da CUT/Vox Populi, que apontam o petralha como vencedor em primeiro turno. Isso não passa de pressão política contra sua prisão, e ainda que assim não fosse, é preciso ser muito ingênuo para acreditar que Lula, com todas essas acusações, especialmente depois das delações dos executivos da Odebrecht, conseguirá manter essa pretensa popularidade numa campanha presidencial acirrada como a que se aproxima. O que é grave é o ambiente de confronto que está sendo armado para o dia do interrogatório. Afinal, Lula é intocável? Está acima das leis?   

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