O interrogatório de Lula,
na tarde da última quarta-feira, durou quase três horas. Foi a primeira vez que
o ex-presidente deixou sua suíte máster na sede da PF em Curitiba
desde que foi preso, no começo de abril. Também foi a primeira vez que ele
depôs para a juíza substituta Gabriela
Hardt, que, com o afastamento de Moro, assumiu interinamente os processos da Lava-Jato na 13ª Vara Federal
do Paraná.
Se o criminoso de Garanhuns esperava moleza, caiu do jegue.
Logo de início a magistrada perguntou se ele sabia do
que era acusado. Com a cara de pau que lhe é peculiar, ele disse que não, e
que gostaria que ela explicasse. Gabriela
citou as acusações pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro por
suposto recebimento de propinas de empreiteiras por meio de obras na
propriedade do interior paulista. Lula
perguntou: “Eu sou dono do sítio ou não?”. A juíza respondeu: “Isso é o senhor
que tem que responder, não eu, que não estou sendo interrogada nesse momento.
Senhor ex-presidente, esse é um interrogatório, e se o senhor começar nesse tom
comigo a gente vai ter problema. Então vamos começar de novo, eu sou a juíza do
caso e vou fazer as perguntas que eu preciso para que o caso seja esclarecido
para que eu possa sentenciá-lo ou algum colega possa sentenciá-lo”.
O advogado do molusco, Roberto Batochio — que, aliás, foi arrolado como testemunha pela
defesa e já havia deposto na última segunda-feira —, interrompeu a altercação e
alegou que o ex-presidente poderia se manifestar como quisesse. A magistrada
rebateu: “ele responde respondendo e não fazendo perguntas ao juízo ou à
acusação.
“Pelo que eu sei é meu tempo de falar”, afirmou Lula, que ouviu de Gabriela que “é o tempo de responder minhas perguntas, não vou responder interrogatório nem questionamentos aqui, está claro? Está claro que não vou ser interrogada?”. O petista disse ainda que “não imaginou” que seria assim. A juíza replicou: “eu também não imaginava, então vamos começar com as perguntas, eu já fiz um resumo da acusação e vou fazer perguntas, o senhor fica em silêncio ou o senhor responde”.
“Pelo que eu sei é meu tempo de falar”, afirmou Lula, que ouviu de Gabriela que “é o tempo de responder minhas perguntas, não vou responder interrogatório nem questionamentos aqui, está claro? Está claro que não vou ser interrogada?”. O petista disse ainda que “não imaginou” que seria assim. A juíza replicou: “eu também não imaginava, então vamos começar com as perguntas, eu já fiz um resumo da acusação e vou fazer perguntas, o senhor fica em silêncio ou o senhor responde”.
Aqui cabe transcrever (mais) um texto magistral de Augusto Nunes:
Em qualquer país que
saiba tratar como se deve delinquentes irrecuperáveis, o advogado Roberto Teixeira só frequentaria
audiências judiciais no papel de réu — e delas sairia condenado a
uma temporada na prisão. O Brasil modernizado
pela Lava-Jato já deixou de ser o paraíso
da bandidagem cinco estrelas, mas os avanços das
operações anticorrupção ainda não
foram tão longe a ponto de impedir aparições
em tribunais de um Roberto Teixeira
fantasiado de testemunha. Foi o que aconteceu mais uma vez na última segunda-feira.
Arrolado pelo genro Cristiano Zanin
como testemunha de defesa no caso do sítio de Atibaia, o amigo íntimo do
ex-presidente garantiu, sem ficar ruborizado, que o dono da propriedade rural
de Lula não é Lula, mas sim Fernando
Bittar. Para atestar a veracidade da fantasia, o depoente confirmou que foi
ele quem cuidou da papelada forjada para transformar a negociata numa transação
legal. Incompatibilizado com a verdade desde o berçário, Teixeira mente mais do que respira. Ao afirmar que Lula é inocente, confirmou que é
culpado. Com testemunhas assim, o mais famoso presidiário do país viverá em 31
de dezembro apenas a primeira de muitas viradas de ano na cadeia. Vem aí a
segunda condenação. Não será a última.
Petistas do quilate de José Dirceu, Gilberto Carvalho e Gleisi Hoffmann veem pela frente um trabalho duro reconstrução política, enquanto os mais pessimistas temem uma tentativa de asfixia da legenda nos próximos anos. Não nos iludamos”, alertou Dirceu, que presidiu o PT nos anos que antecederam a eleição de Lula. Na última segunda-feira, no lançamento de suas memórias, o guerrilheiro de araque disse que Bolsonaro tem uma base social forte que deve mantê-lo no poder por anos. Parece que Dirceu finalmente entendeu que o PT perdeu as eleições por ter virado um “ajuntamento de criminosos inocentes”.
Dirceu deveria
voltar para a cadeia e ficar lá até descobrir por que um vigarista
promovido por militantes do PT a “guerreiro do povo brasileiro” só
combateu os valores morais, as normas éticas, os bons costumes e, sobretudo, o
Código Penal. Posto em liberdade pela desfaçatez da 2ª Turma do STF, o sacripanta exerce o direito de ir e vir para repetir o mantra recitado pelos devotos desde
que o deus da seita foi para o xilindró: “O PT tem que retomar a
campanha pela anulação da condenação de Lula”. Em seu mais recente
palavrório, o sacripanta revelou que agora anda errando previsões até sobre o
passado. “Sabemos que Lula venceria a eleição no primeiro turno, isso é
um fato”, declamou o adivinho de galinheiro.
Fato coisa nenhuma.
Se tivesse trocado a cela pelo palanque, Lula sofreria a mesma surra imposta a Haddad
pelo Brasil que presta. Hoje, o antigo fabricante de postes só consegue tapear
habitantes dos grotões nordestinos garroteados pela ignorância. Mesmo antes de a
Lava-Jato revelar que o Pai dos Pobres era a fantasia preferida de um ladrão
compulsivo, o molusco eneadáctilo nunca venceu uma eleição no primeiro
turno. Agora que o Brasil sabe que ele é o chefe do maior esquema corrupto de
todos os tempos, só terá chances de se eleger em primeiro turno se for candidato
a xerife de alguma ala de cadeia.
O fato é que o PT tem medo do que acontecerá
quando Bolsonaro tomar posse, pois tudo que ele fala é no sentido de que Lula apodreça na cadeia. Na sua avaliação, é preciso enfrentar os
erros e apagar as manchas de corrupção que devastaram o PT. Com a escolha de Sergio
Moro para o Ministério da Justiça,
a manutenção do discurso anticorrupção com as cores do partido e a possibilidade
de a Justiça Eleitoral obrigar o PT a devolver R$ 20 milhões gastos com a candidatura de Lula ou reabrir processos que pedem a cassação do registro da sigla,
alguns petistas já arrumam as malas para uma temporada nas trevas.