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quinta-feira, 20 de setembro de 2018

HADDAD NEGA QUE DARÁ INDULTO A LULA SE FOR ELEITO




Conforme eu comentei en passant no post anterior, o alter ego do deus pai da Petelândia afirmou pela primeira vez, durante uma entrevista concedida ao G1 na última terça-feira, que não dará indulto a Lula se for eleito presidente.

Questionado pelos jornalistas da bancada, que citaram uma declaração do petralha Fernando Pimentel (governador de Minas Gerais e candidato à reeleição, que disse ter certeza que Haddad assinará o indulto no primeiro dia de mandato), o “laranjão” respondeu que “Lula está trabalhando para provar que é inocente e que não quer favor, quer que os tribunais brasileiros e os fóruns internacionais (?!) reconheçam que ele foi vítima de um erro judiciário”.

Questionado se isso, então, significava que ele não daria o indulto, Haddad afirmou que “isso não está em pauta”, que “Lula tem sido considerado, desde o primeiro julgamento, como condenado, mas que acredita na absolvição”. “E se não for?”, insistiram os jornalistas, lembrando que há apenas duas hipóteses, ser ou não inocentado. Haddad: “Eu, como cidadão, vou me manter na campanha pela liberdade do presidente. Porque, eu li o processo, eu considero...” Milton Jung, jornalista da CBN: “Isso o senhor disse claramente. A pergunta objetiva é o seguinte...” Haddad: “Não. Não. A resposta é não.” Jung: “Não ao quê?” Haddad: “Não ao indulto.”

Perguntado sobre o motivo de Dilma não aparecer na campanha, o capacho vermelho disse que “o Lula era o nosso candidato a presidente.” A jornalista Débora Freitas pergunta então por que o programa eleitoral passa direto da época do Lula para a do Temer. “Porque houve um golpe… Ninguém vai poder me acusar de esconder aliado, porque nunca fiz isso. Nunca escondi apoiador, por mais problemático que seja… Isso é prática de político tradicional. Eu faço tudo às claras. Quando vou a Minas, ando com a Dilma para cima e para baixo. Tenho um milhão de fotos e vídeos com a Dilma.”

Lula, sempre é bom lembrar, além da ação já julgada, sobre o tríplex no Guarujá, que originou sua condenação a 12 anos e 1 mês de prisão, é réu em mais 6 processos, dois dos quais sob a pena do juiz Sérgio Moro, que determinou, na última sexta-feira, a abertura de prazo para as manifestações finais no caso que trata do suposto esquema de corrupção envolvendo contratos entre a Odebrecht e a Petrobras. Tudo somado e subtraído, estima-se que sentença só será proferida em novembro — ou seja, após o segundo turno das eleições, até porque condenar Lula agora, em plena disputa eleitoral, acirraria ainda mais os ânimos e daria ainda mais munição para a petralhada vitimizar seu bandido favorito.

No processo do tríplex, Moro deu a sentença 22 dias após as alegações finais, mas não existe um prazo a ser respeitado, ficando a critério do juiz o julgamento e a publicação do decisum. Além dos processos do tríplex e do terreno comprado pela Odebrecht para instalar um uma nova sede do Instituto, há ainda a ação referente ao folclórico sítio em Atibaia (SP), que se encontra em fase de instrução (devido ao período eleitoral, o depoimento do molusco foi remarcado para 14 de novembro).

Sem a promessa do indulto (a não ser que Ciro Gomes se eleja, o que não é provável), as chances de Lula ser solto se concentram em Dias Toffoli. O PT acredita que o ministro-cumpanhêro conseguirá, sem grande alarde, construir uma “solução intermediária” para, finalmente, reverter a decisão da corte que autoriza a prisão de condenados em segunda instância. Toffoli, que já advogou para o PT e trabalhou no governo Lula, tem dito que pretende tratar do assunto apenas no ano que vem, mas defende que a prisão ocorra depois da confirmação da condenação pelo STJ.

Falando no STJ, ministro João Otávio de Noronha, que assumiu a presidência da Corte no final do mês passado, disse em entrevista ao Estado que vê com ressalvas uma eventual mudança de entendimento do STF sobre a possibilidade de prisão após condenação em segunda instância. “A jurisprudência está pacificada, não pode o Supremo mudar isso todo mês”, afirmou o magistrado. 

Noronha disse ainda que: “o STJ não faz mera revisão das decisões”, que “não basta perder para recorrer, é preciso demonstrar violação da lei federal” e — mais importante — que “no recurso especial não há reexame da prova”. Destaco esse ponto porque o STJ deve julgar daqui a algumas semanas o recurso especial interposto pela defesa de Lula contra a decisão do TRF-4 no caso do tríplex. Em junho passado, a vice-presidente do TRF-4, desembargadora Maria de Fátima Freitas Labarrère, denegou seguimento ao recurso extraordinário de Lula (ao STF), mas liberou a subida do recurso especial (ao STJ). 

No último dia 14, a PGR pediu ao STJ que rejeite o apelo. Em seu parecer, a subprocuradora-geral da República Áurea Pierre contesta a argumentação da defesa e diz que o recurso não deveria sequer ser julgado, já que a decisão que manteve a condenação não contrariou lei federal nem deu interpretação diversa de qualquer outro tribunal sobre o tema, sendo descabida sua revisão.

Vamos esperar para ver que bicho dá.
  
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