Embora o presidente do STF, ministro Dias Toffoli, tivesse
marcado para o dia de 10 abril de 2019 o julgamento de duas ações declaratórias
de constitucionalidade que tratam da prisão após condenação em segunda
instância, o relator das ditas-cujas, ministro Marco Aurélio, cansou de esperar. Na tarde desta quarta-feira, véspera do
recesso do Supremo, sua insolência, decidindo monocraticamente sobre um pedido apresentado pelo PC do B, mandou soltar todos os presos que têm recursos sub judice nos
tribunais superiores.
Observação: De certa forma, tivemos um repeteco do episódio ocorrido em julho passado, quando o desembargador-cumpanhêro Rogério Favreto, então plantonista do TRF-4, acolheu um pedido de habeas corpus de três deputados petistas e mandou soltar o presidiário Lula.
Em sua estapafúrdia decisão, o magistrado inconsequente reclamou de ter liberado as ADCs há meses, mas nem Cármen Lucia, ex-presidente da Corte, nem Toffoli, que assumiu o posto em setembro passado, pautaram seu julgamento. A defesa de Lula entrou prontamente (menos de uma hora depois da concessão da liminar) com um pedido de soltura à juíza Carolina Moura Lebbos, da 12ª Vara Federal em Curitiba, responsável pela Execução Penal. Mas a festa durou pouco.
Observação: De certa forma, tivemos um repeteco do episódio ocorrido em julho passado, quando o desembargador-cumpanhêro Rogério Favreto, então plantonista do TRF-4, acolheu um pedido de habeas corpus de três deputados petistas e mandou soltar o presidiário Lula.
Em sua estapafúrdia decisão, o magistrado inconsequente reclamou de ter liberado as ADCs há meses, mas nem Cármen Lucia, ex-presidente da Corte, nem Toffoli, que assumiu o posto em setembro passado, pautaram seu julgamento. A defesa de Lula entrou prontamente (menos de uma hora depois da concessão da liminar) com um pedido de soltura à juíza Carolina Moura Lebbos, da 12ª Vara Federal em Curitiba, responsável pela Execução Penal. Mas a festa durou pouco.
“É um escárnio!”, escreveu Rodrigo Constantino na Gazeta
do Povo. “O STF é uma vergonha!
Estão incitando uma revolução, uma guerra civil. É simplesmente inacreditável.
São uns irresponsáveis! Melhor nem continuar comentando, pois se o advogado
naquele voo teve problemas com a reação autoritária de Lewandowski, acho que eu acabaria preso se dissesse tudo o que
realmente penso sobre esses ministros…”
Em seu recurso, a procuradora-geral Raquel Dodge destacou que "o início do cumprimento da pena após decisões de cortes recursais é
compatível com a Constituição Federal, além de garantir efetividade ao Direito
Penal e contribuir para o fim da impunidade e para assegurar a credibilidade
das instituições, conforme já sustentou no STF", e ingressou com recurso contra a decisão do lacto-purga de toga.
Devido ao recesso do Judiciário (iniciado às 15h00 de ontem), todos os
recursos protocolados no STF são dirigidos diretamente ao ministro Dias Toffoli, presidente da Corte e responsável, como plantonista, por tomar
decisões em caráter de urgência. Ministros ouvidos reservadamente avaliavam que havia grandes chances de a liminar cair, primeiro por ser “muito abrangente”, segundo porque o julgamento das ADCs no plenário já tem data marcada.
Por volta das 19h40, Toffoli acolheu recurso da PGR, suspendendo a liminar de Marco Aurélio até que o assunto seja apreciado pelo pleno da Corte, e assim pôs água no chope da petralhada e frustrou a lunática a presidente nacional do partido, "Crazy" Hoffmann, segundo a qual Lula passaria as festas de fim de ano em casa. É fato que ele quase conseguiu, mas, felizmente, ainda não foi desta vez.Respiremos mais aliviados, pois — pelo menos até o próximo sobressalto.
Por volta das 19h40, Toffoli acolheu recurso da PGR, suspendendo a liminar de Marco Aurélio até que o assunto seja apreciado pelo pleno da Corte, e assim pôs água no chope da petralhada e frustrou a lunática a presidente nacional do partido, "Crazy" Hoffmann, segundo a qual Lula passaria as festas de fim de ano em casa. É fato que ele quase conseguiu, mas, felizmente, ainda não foi desta vez.Respiremos mais aliviados, pois — pelo menos até o próximo sobressalto.
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Enquanto isto, o senador Eunício
Oliveira — que não conseguiu se reeleger em outubro passado —
classificou de “oportunista” o pedido do colega Lasier Martins, que defende o voto aberto na próxima eleição para a
presidência do Senado. O presidente do Senado diz
que não defende o voto secreto, mas o regimento da Casa e a Constituição Federal.
Martins afirma que a Constituição
não faz referência ao voto secreto nas votações do Legislativo, e por isso impetrou
um mandado de segurança com pedido de liminar, que será relatado pelo ministro Marco Aurélio Mello, mas receia que o
Supremo não se posicione sobre a questão antes do recesso de final de ano.
O voto aberto é visto como uma estratégia para evitar a vitória do senador Renan Calheiros, o cangaceiro das Alagoas, que se articula nos bastidores para vencer mais uma eleição à Presidência do Senado. A avaliação dos parlamentares é que, se o voto não for secreto, poucos senadores irão bancar o voto nesse obelisco da velha política.
O voto aberto é visto como uma estratégia para evitar a vitória do senador Renan Calheiros, o cangaceiro das Alagoas, que se articula nos bastidores para vencer mais uma eleição à Presidência do Senado. A avaliação dos parlamentares é que, se o voto não for secreto, poucos senadores irão bancar o voto nesse obelisco da velha política.
Falando nesse arremedo de Parlamento, deputados se
preparam para, no apagar das luzes desta legislatura, encher de apadrinhados os
gabinetes das lideranças dos partidos. Segundo O Antagonista, o líder do PT
na Câmara propôs à Mesa Diretora uma resolução para redistribuir livremente
cargos e funções. Na prática, o deputado Paulo
Pimenta — que em julho passado, durante o recesso do Judiciário, tramou com
os também deputados petistas Wadih
Damous e Paulo Teixeira, mais o desembargador-cumpanhêro-plantonista
Rogério Favreto, uma maracutaia para soltar Lula — quer mais liberdade para que ele e outros líderes possam
empregar sua turma sem serem incomodados. A indecorosa proposta precisará ser
aprovada no plenário.
E falando na petralhada, parece piada, mas é a mais pura
verdade: o guerrilheiro de festim José
Dirceu, condenado a 41 anos de reclusão, mas que aguarda em liberdade o
julgamento de seus recursos às Cortes superiores graças à generosidade da 2ª Turma do STF, resolveu palpitar
sobre o caso envolvendo Flávio Bolsonaro:
“Em matéria de corrupção, temos que esperar para ver o que vai acontecer com o Bolsonaro e os filhos dele. Eles não
têm mais nenhuma autoridade para falar sobre isso. Nem Sérgio Moro tem, da maneira que cobraram dos outros. Não que sejam
culpados, precisa investigar. Mas o comportamento já revela algo quase
inacreditável.”
Em entrevista à BBC
Brasil, o ex-chefe da Casa Civil de Lula
— que está viajando o país para divulgar sua autobiografia e curtindo a
liberdade enquanto não é preso mais uma vez — se refere ao relatório do Conselho de Controle de Atividades
Financeiras (COAF), que identificou movimentações suspeitas na conta de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro na ALERJ. Ressalte-se que o órgão ainda
não encontrou algo que ligue as movimentações atípicas na conta de Fabrício a atos ilícitos; o caso está
com o MPRJ, que decidirá se
investiga ou não mais esse imbróglio.
Ainda sobre o nauseabundo de Garanhuns, a Justiça aceitou uma
nova denúncia do MP por crime de
lavagem de dinheiro em negociatas com a Guiné Equatorial. Infelizmente a prescrição
fulminou a pretensão punitiva pelo crime de tráfico de influência, mas o fato é
que o até ontem hepta virou octarréu... Ainda não é um Sérgio Cabral, cujas penas já
somam 200 anos, mas está bem encaminhado. Só relembrando: dispõe o artigo 115 do
Código Penal
que são reduzidos de metade os prazos de prescrição quando o criminoso era, ao tempo
do crime, menor de 21 (vinte e um) anos, ou, na data da sentença, maior
de 70 (setenta) anos.
Corta de volta para o “guerreiro do povo brasileiro”: em
1968, quando era presidente da União Estadual dos Estudantes de São Paulo, Dirceu resolveu que o congresso
clandestino da UNE, com mais de mil participantes, seria realizado em
Ibiúna, com menos de 10.000 moradores. Até os cegos do lugarejo estranharam o
tamanho da procissão de forasteiros. No primeiro dia, o aprendiz de “Che” Guevara mandou encomendar 1.200 pães por manhã ao padeiro que
nunca passara dos 300 por dia. O comerciante procurou o delegado, o
doutor ligou para seus chefes e a turma toda acabou na cadeia.
Em 1969, incluído no grupo resgatado pelos sequestradores do
embaixador americano Charles Elbrick,
Dirceu foi descansar na França.
Empunhou taças de vinho nos bistrôs de Paris até trocar a Rive Gauche pelo cursinho de guerrilheiro em Cuba.
Em Havana, com o codinome Daniel,
aprendeu a fazer barulho com fuzis de segunda mão e balas de festim,
submeteu-se a uma cirurgia para ficar com o nariz adunco, declarou-se
pronto para derrubar a bala o regime militar e, na primeira metade dos anos
70, voltou ao Brasil para combater numa guerrilha rural. Em vez de trocar
chumbo no campo, achou mais prudente trocar alianças em Cruzeiro do Oeste, no
interior do Paraná. Disfarçado de Carlos
Henrique Gouveia de Mello, negociante de gado, baixou em Cruzeiro do Oeste,
casou-se com a dona da melhor butique do lugar e entrincheirou-se no balcão do Magazine do Homem. Só saía do refúgio
para dar pancadas em bolas de sinuca no bar da esquina, onde ficou conhecido
como Pedro Caroço.
Em 1979, quando a anistia foi decretada, Dirceu abandonou a cidade, o filho de
cinco anos e a mulher, que só então descobriu que vivera ao lado do
revolucionário comunista menos combativo de todos os tempos. Livre de perigos,
afilou o nariz com outra cirurgia plástica, ajudou a fundar o PT e não demorou a virar dirigente. Em
2003, depois da vitória do partido na eleição presidencial, virou chefe da Casa
Civil e logo foi promovido a capitão do time de Lula. Mandou e desmandou até a explosão do escândalo protagonizado
por Valdomiro Diniz, o amigo
vigarista com quem dividiu um apartamento em Brasília antes de nomeá-lo
Assessor para Assuntos Parlamentares da Casa Civil. Em 2005, afundado no
escândalo do mensalão, conseguiu ser cassado por uma Câmara dos
Deputados que não pune sequer integrantes da bancada do PCC. Desempregado, descobriu que
nascera para prosperar como traficante de influência e facilitador de negócios
feitos por capitalistas selvagens. Em 2012, foi para a cadeia pelo que fez no
bando do mensalão. Saiu da cela preparado para retomar a vida bandida como
oficial graduado da tropa de assaltantes que agiu no Petrolão. Engaiolado outra
vez, recuperou o direito de ir e vir graças à usina de habeas corpus gerenciada
pelo ministro Gilmar Mendes.
“Tenho uma biografia a preservar”, vive recitando o
guerreiro de araque. O que tem é um prontuário a esconder. Por tudo isso e
muito mais, não percam tempo com o livro de memórias que ele acabou de lançar.
O papelório omite todas as derrotas sofridas por um perdedor vocacional e todos
os crimes cometidos pelo delinquente sem remédio. Vale tanto quanto o autor:
nada.
Com Augusto Nunes.