A TOLERÂNCIA É
A MELHOR DAS RELIGIÕES.
Quando desembarcaram aqui por estas bandas, no final do século
passado, os telefones celulares eram trambolhos caríssimos e de utilidade
prática próxima de zero. Mas não há nada como o tempo para passar, e não
demorou para que a privatização do nauseabundo Sistema Telebras transformasse
os telefones portáteis em dispositivos verdadeiramente úteis e utilizáveis. Eles
se tornaram úteis quando a cobertura das operadoras nos desobrigou de fazer
malabarismos para preservar sinal durante uma ligação, e utilizáveis quando a
saudável concorrência propiciou o barateou as tarifas e a oferta de promoções
que vão de chamadas ilimitadas por um preço fixo palatável a pacotes de dados
que são verdadeiros latifúndios.
Some-se a isso a evolução tecnológica dos diligentes
telefoninhos — que Steve Jobs transformou
em verdadeiros computadores de bolso ao lançar o iPhone — e obtenha-se como
resultado aparelhos que substituem com vantagens os telefones fixos, já que os
podemos levar conosco a toda parte, e, em grande medida, os PC convencionais, já
que basta um plano de dados camarada para que possamos gerenciar emails, trocar
mensagens instantâneas e fazer mais uma miríade de coisas em trânsito ou
praticamente em qualquer lugar.
Como todo computador, o smartphone — que é um computador de dimensões
reduzidas — utiliza memórias de diversas tecnologias, e a RAM precisa ser totalmente esvaziada de tempos em tempos, sob pena de o
sistema operacional (seja ele o Android ou o iOS) ficar exageradamente lento, ou até
mesmo travar. Isso sem mencionar que alguns apps malcomportados podem travar (e comprometer a estabilidade e/ ou a performance do próprio sistema operacional), e nem
sempre fechá-los e reabri-lo basta para para resolver o problema. No
entanto, por considerarem o smartphone como “dispositivo de primeiríssima
necessidade”, a maioria dos usuários não só não desgruda do aparelho como tampouco
o desliga ou reinicia, a não ser numa situação “in extremis”, quando a lentidão
se torna penosa ou o sistema simplesmente deixa de responder.
Observação: Reiniciar um dispositivo computacional
consiste basicamente em desligá-lo e tornar a ligar logo em seguida. O termo reinicializar não significa exatamente
a mesma coisa, mas o uso consagra a regra e eu não vou encompridar este texto discutindo
questões semânticas. Mas tenha em mente que desligar o PC, o tablet ou o smartphone interrompe o fornecimento
da energia que alimenta os circuitos e capacitores da placa-mãe e demais
componentes, propiciando o "esvaziamento" das memórias voláteis. Na
reinicialização, o intervalo entre o encerramento do sistema e o boot
subsequente é de apenas uma fração de segundo, podendo não ser suficiente para permitir
que as reservas de energia se esgotem completamente e, consequentemente, que as
memórias voláteis sejam totalmente esvaziadas. Portanto, prefira desligar o aparelho e tornar a ligar
depois de alguns minutos ao invés de se valer do comando reiniciar.
Se você não cultiva o saudável hábito de desligar o aparelho enquanto recarrega a bateria, sugiro que o adquira. Na impossibilidade — ou se tiver receio de não receber prontamente uma “mensagem importantíssima” de alguém que, na falta de coisa melhor para fazer durante uma madrugada insone, resolve compartilhar bobagens com seus grupos no WhatsApp —, reserve ao menos cinco minutos do seu dia (ou da sua noite) para dar um descanso ao seu amiguinho cibernético. Desligue o aparelho, vá tomar um café ou esvaziar a bexiga, e pronto, já pode ligá-lo novamente. Não doeu nada, doeu?