Desta vez a virada do ano foi bem mais que uma simples "virada de página" no calendário. No primeiro dia de 2019, a cerimônia de posse jogou
a derradeira pá de terra sobre o esquife dos governos petistas, dos quais a
gestão de Temer foi uma espécie de
terceiro tempo. A efeméride transcorreu sem problemas, felizmente, o que não surpreende: foi montado o maior esquema de segurança de toda a história desta Banânia, e não sem razão: no último dia de 2018, uma operação
contra um grupo que ameaçava um atentado apreendeu um manual para
fabricar explosivos em um dos endereços que foram vasculhados.
Por tabela, a passagem da faixa presidencial possibilita à Justiça dar andamento aos (pelo menos 7) inquéritos que investigam Michel Temer por atos pouco ou nada republicanos. E falando no já ex-presidente, de se aplaudir sua decisão de não conceder o insulto de Natal versão 2018 — já basta a polêmica edição anterior, que ainda está “pendurada no Supremo” (o julgamento foi suspenso por um pedido de vista do ministro Luiz Fux, no final de novembro passado).
O indulto natalino foi reinstituído em 1988 pela Constituição Cidadã (na qual a palavra “direito” é mencionada 76 vezes, enquanto “dever” aparece em apenas 4 oportunidades), mas esta é a primeira vez que um presidente decide não o conceder o benefício. É bom a bandidagem “já ir” se acostumando: Jair Bolsonaro avisou que não haverá indulto natalino durante seu governo (o que deixou o laxante supremo Marco Aurélio inconformado, mas isso já é outra conversa).
Por tabela, a passagem da faixa presidencial possibilita à Justiça dar andamento aos (pelo menos 7) inquéritos que investigam Michel Temer por atos pouco ou nada republicanos. E falando no já ex-presidente, de se aplaudir sua decisão de não conceder o insulto de Natal versão 2018 — já basta a polêmica edição anterior, que ainda está “pendurada no Supremo” (o julgamento foi suspenso por um pedido de vista do ministro Luiz Fux, no final de novembro passado).
O indulto natalino foi reinstituído em 1988 pela Constituição Cidadã (na qual a palavra “direito” é mencionada 76 vezes, enquanto “dever” aparece em apenas 4 oportunidades), mas esta é a primeira vez que um presidente decide não o conceder o benefício. É bom a bandidagem “já ir” se acostumando: Jair Bolsonaro avisou que não haverá indulto natalino durante seu governo (o que deixou o laxante supremo Marco Aurélio inconformado, mas isso já é outra conversa).
Falando em Bolsonaro,
circulam pelas redes sociais posts e vídeos segundo os quais ele sofre de um câncer no estômago e o
atentado de que ele foi vítima em 6 de setembro, durante um ato de
campanha no município mineiro de Juiz de Fora, teria sido uma simulação com o
objetivo de esconder a cirurgia a que tinha de ser submetido para tratar a
doença. Tudo isso não passa de “teoria
da conspiração” (ou fake news, para quem preferir), embora um desses vídeos (muito bem editado,
diga-se) venha sendo levado a sério, e não só pelos esquerdopatas habituais.
Observação: Considerando que mais de 40 milhões de eleitores
manifestaram nas urnas o desejo de ser presididos por um presidiário
representado por um desqualificado que se sujeitou a fazer o papel de “boneco
de ventríloquo”, a crença nessas bobagens, vinda de quem vem, não chega a
surpreender. Aliás, sempre tem alguém pronto para ser convencido do que a Terra
é oca (ou mesmo plana), que o homem jamais pisou na Lua, que JFK, Elvis Presley e Michel Jackson
estão vivinhos da silva, que Shakespeare
nunca existiu, que a morte da princesa Diana
foi planejada, que Lula foi
condenado sem provas, e por aí segue a procissão.
Enquanto as versões sussurram, os fatos gritam: O médico Antonio Luiz de Vasconcellos Macedo, que atendeu Bolsonaro, afirma
que ele não tem câncer nenhum, que sofreu uma facada, uma tentativa de assassinato, e que quem diz o contrário é completamente
ignorante. Em entrevista ao G1, o médico explicou que não é
oncologista, como assevera o falso texto que circula na internet, e sim
cirurgião-geral do aparelho digestivo. Disse também que faz mais de 600 cirurgias por ano, e que, por conta dessa experiência, foi escolhido pela família para atender o então candidato.
Em setembro, depois de operar a barriga de Bolsonaro por completo, Macedo elogiou o trabalho dos colegas que atenderam o então candidato em Juiz de Fora e afirmou que facada provocou derramamento de fezes e sangue, causando inflamação e aderência de áreas afetadas pelos ferimentos, e que para liberar essas aderências foi preciso fazer a cirurgia em São Paulo.
Em setembro, depois de operar a barriga de Bolsonaro por completo, Macedo elogiou o trabalho dos colegas que atenderam o então candidato em Juiz de Fora e afirmou que facada provocou derramamento de fezes e sangue, causando inflamação e aderência de áreas afetadas pelos ferimentos, e que para liberar essas aderências foi preciso fazer a cirurgia em São Paulo.
A ausência de sangue na camiseta de Bolsonaro no
momento do ataque levantou suspeitas de que ele não teria sido atingido, ou,
ao menos, não com gravidade. No entanto, médicos
ouvidos pelo R7 informaram que, em perfurações como aquela, o sangue jorra
para a cavidade abdominal e só vaza quando ela está muito cheia. A foto em que ele aparece entrando num hospital com a mesma camiseta de quando
foi atacado também induziu alguns a achar que algo estaria errado, mas o registro
foi feito na manhã do dia 06/09, e o atentado ocorreu às 15h40.
Teorias conspiratórias são comuns, mas algumas são
lamentáveis. Antes que ficasse evidente a gravidade do ferimento, esquerdistas
expressavam a certeza de uma ação à moda do prefeito de Sucupira “Odorico Paraguaçu”, na novela “O Bem-Amado”, que praticava atos de
sabotagem contra a própria gestão para pôr a culpa da oposição. Não havia qualquer indício disso, a não ser o puro desejo de maldizer um adversário.
A extrema-direita, representada com muita propriedade pelos admiradores e partidários de Bolsonaro, faziam o contrário: o ataque seria, na verdade, uma urdidura de esquerdistas para impedir a vitória certa do mito. Tudo ficou pior quando veio à luz a, vamos dizer, “ficha partidária” do agressor, que foi filiado ao PSOL de Uberaba de 2007 a 2014.
A extrema-direita, representada com muita propriedade pelos admiradores e partidários de Bolsonaro, faziam o contrário: o ataque seria, na verdade, uma urdidura de esquerdistas para impedir a vitória certa do mito. Tudo ficou pior quando veio à luz a, vamos dizer, “ficha partidária” do agressor, que foi filiado ao PSOL de Uberaba de 2007 a 2014.
Segundo o jornalista Reinaldo
Azevedo, uma agressão cometida naquelas circunstâncias, em meio a uma
multidão, não teria como ser “controlada”. Ainda que a intenção fosse “machucar
pouco”, o risco seria, por si, gigantesco. As imagens que vieram a público
desautorizam qualquer possibilidade de uma tramoia. Tivesse havido, certamente
não teria contado com a anuência do agredido.
Adélio Bispo de
Oliveira, o agressor que alguns querem ver como um perigoso esquerdista, está mais para um desequilibrado. Ele
recitava mantras de esquerda, associava o presidenciável a um asno e afirmava
que sua popularidade era maior entre os menos estudados, embora o grosso do eleitorado do deputado-capitão fosse composto
de pessoas com curso superior e mais endinheiradas. Não se sabe ao certo quais foram as motivações desse desqualificado, mas sabe-se que ele foi filiado
ao PSOL entre 2007 e 2014, embora
não haja provas de que tenha sido militante. São falsas, porém, as
informações de que ele teria sido ligado ao PT.
Quanto a quem está bancando sua defesa, bem, essa é a pergunta de um milhão.
Sem embargo de voltar com mais detalhes numa próxima oportunidade, adianto que, no dia 21 de dezembro, a PF cumpriu um mandado de busca e apreensão no escritório de Zanone Manuel de Oliveira Júnior, um dos advogados que defendem Adélio. O propósito da "visita" era apreender documentos, celulares e computadores para descobrir quem está pagando a conta — segundo o delegado responsável pelo caso, a polícia trabalha com a hipótese de que o advogado poderia estar sendo financiado por uma organização criminosa ligada ao tráfico de drogas ou por um grupo político.
Sem embargo de voltar com mais detalhes numa próxima oportunidade, adianto que, no dia 21 de dezembro, a PF cumpriu um mandado de busca e apreensão no escritório de Zanone Manuel de Oliveira Júnior, um dos advogados que defendem Adélio. O propósito da "visita" era apreender documentos, celulares e computadores para descobrir quem está pagando a conta — segundo o delegado responsável pelo caso, a polícia trabalha com a hipótese de que o advogado poderia estar sendo financiado por uma organização criminosa ligada ao tráfico de drogas ou por um grupo político.
O juiz federal Bruno
Savino declarou haver "materialidade delitiva" na denúncia oferecida pelo MPF contra Bispo. O documento atesta que houve
prisão em flagrante "por [Bispo]
ter desferido uma facada no abdômen [de Bolsonaro]". Mas muitas perguntas permanecem sem resposta.
Haveria ainda muito a dizer, mas todos nós temos mais o que
fazer. Portanto, tomo a liberdade de mudar o foco e encerrar este texto com uma pérola de Augusto Nunes:
A chegada de Jair Bolsonaro ao Palácio do Planalto
será para sempre associada à expressão “pela primeira vez”. Pela primeira vez,
um candidato à Presidência da República sofreu um atentado durante a campanha.
Em consequência disso, pela primeira vez o vitorioso passou no hospital a maior
parte da temporada oficial de caça ao voto. Pela primeira vez, um concorrente à
chefia do Executivo não participou da maioria dos debates. Pela primeira vez, o
vencedor mostrou a crescente irrelevância das entrevistas na Rede Globo e no
horário eleitoral. Pela primeira vez, um candidato não precisou apoiar-se numa
forte aliança partidária para se eleger. Tomara que, pela primeira vez em
muitos anos, o Brasil tenha um bom governo.