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quarta-feira, 4 de setembro de 2019

PONTOS A PONDERAR NESTA REPUBLIQUETA DE BANANAS

No Brasil, a exemplo de produtos perecíveis e promessas de campanha de políticos desavergonhados, as notícias também têm prazo de validade.

Cito como exemplo a promessa de campanha do nosso presidente, de que travaria uma cruzada contra a corrupção e os corruptos. Venceu. Azedou. Apodreceu. O capitão virou a casaca assim que o ex-Coaf levantou suspeitas de podridão nas entranhas do seu clã.

Não só por isso, mas também por isso, a estratégia que Bolsonaro vem adotando para afastar as investigações do cangote da primeira-família azedaram suas relações com Sérgio Moro, fiador da quimérica cruzada que, para o capitão, só vale quando é contra seus adversários.

As rusgas (tanto reais quanto fictícias) entre o Bolsonaro e seu ministro têm sido exploradas ad nauseam, a exemplo de todo tipo de desgraça que a mídia nos despeja gola abaixo — ou ouvidos adentro — dia sim, outro também. O assunto já deu no saco, mas parece que ninguém ainda se deu conta.

Ganha um Fusca quem flagrar um âncora de telejornal noticiando algo alvissareiro (futebol não vale, porque a vitória do time "x" é má notícia para o torcedor do time "y"). Quando não é rompimento de barreira, é queimada na Amazônia; quando não é rebelião em presídio, é gente inocente morta por bala perdida; quando não é terremoto, furação ou tsunami em alguma parte do planeta, é a guerra comercial entre EUA e China. E entre uma coisa e outra, dá-lhe violência!

Observação: Por falar mais do que deve sobre o que não deveria, Bolsonaro, sempre disposto a interferir em tudo para não se tornar um presidente-banana, promove questiúnculas irrelevantes à condição de problemas de dimensões siderais — e depois reclama da queda sistemática dos seus índices de aprovação popular. Se mantiver sua imensa boca fechada durante os dez dias em que ficará afastado por conta de uma quarta cirurgia no abdome — desta feita para corrigir uma hérnia incisional resultante das intervenções anteriores —, talvez as coisas avancem sem grandes sobressaltos.

A diarreia da vaza-jato perdeu o "encanto" inicial, mas ainda produz gases putrefactos. Na noite da última segunda-feira, Glenn Verdevaldo Greenwald cagou regras no Roda Viva da TV Cultura, ensinando a um bando de boçais o que é ser patriota. Vale a pena não assistir — eu, particularmente, não tive estômago para tanto, mas se você tomar uma dose cavalar de Plasil...

Ao sabor da última golfada expelida pelo site The Interpret, veículos de comunicação ditos isentos exploraram à saciedade uma troca de mensagens na qual procuradores da Lava-Jato teriam sido "desrespeitosos" em relação à morte da ex-primeira-dama, do irmão e do neto de Lula. Vale lembrar (mais uma vez) que o material hackeado e não autenticado carece de credibilidade, mas Verdevaldo das Couves e seus repetidores oficiais tratam-no como se fosse a quintessência da verdade.

Observação: Em relatório parcial da Spoofing, divulgado no fim de semana, a PF cita uma troca de mensagens entre Walter Delgatti Neto, o Vermelho, e Danilo Marques, outro preso na operação, que indica que ele pode ter vendido o material que roubou dos celulares das autoridades. No texto, Vermelho diz que “acabou a tempestade” e “veio a bonança”. A PF afirma ainda ter encontrado indícios de lavagem de dinheiro mediante uma transação de R$ 1,5 milhão em criptomoedas, o que eu até compreendo. Mas como é que dá para concluir que os cibercriminosos foram pagos pelo "serviço" ou pela venda do material roubado a partir de frases como "acabou a tempestade" e "veio a bonança"? Enfim, não vá o sapateiro além das chinelas; vai ver eu sou muito burro...

Não faz o menor sentido dar a uma conversa privada entre os membros da força-tarefa o mesmo destaque que teria um pronunciamento em rede nacional de rádio e televisão, por exemplo. Atire a primeira pedra quem, também por exemplo, nunca desancou o chefe numa conversa de alcova com a patroa, ou não se queixou da sogra numa conversa de boteco com um amigo. O que é dito em circunstâncias que tais morre ali, como o que acontece em Vegas fica em Vegas.

Mas não no Brasil, onde boa parte da imprensa — e, por que não dizer, a banda podre do Judiciário — tem verdadeira veneração pelo criminoso de Garanhuns. Curiosamente, porque disso ninguém fala, foi justamente Lula quem primeiro desrespeitou a memória da falecida esposa, transformando seu velório em comício e seu esquife em palanque — sobre o qual ele só faltou sapatear.

Dias atrás, em mais uma entrevista concedida a partir de sua cela VIP na Superintendência da PF em Curitiba, o picareta dos picaretas tornou a pôr em dúvida o atentado que quase matou o então candidato Jair Bolsonaro.

É nisso que dá medir os outros pela própria régua: duvidosa, mesmo, é a autoria dos tiros desfechados contra a caravana de Lula no Paraná, em março do ano passado, ou dos ataques à sede nacional do PT, em junho de 2016.

Observação: A Folha de S. Paulo perguntou ao Dr. Luiz Henrique Borsato, que operou Bolsonaro em Juiz de Fora, por que não houve sangramento abundante quando o político levou a facada. O esculápio explicou que, quando penetrou o abdome da vítima, a peixeira abriu uma ferida pequena, de mais ou menos 3 cm. Como não era uma grande lesão circunferencial, mas retilínea, a musculatura se contraiu e bloqueou a hemorragia externa. Havia sangue, claro, mas no interior da cavidade abdominal, e o volume pode ter chegado a dois litros. Entendeu, Lula?

Não bastasse a insegurança jurídica produzida por mais uma decisão absurda da segunda turma do STF — falo da condenação do ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobrás, Aldemir Bendine, que já estimulou outros condenados a pleitear isonomia de tratamento e levou uma banca de advocacia do RJ a retirar cinco propostas de delação da mesa de negociações com a Lava-Jato (um sinal inequívoco de que os causídicos querem esperar para ver que bicho vai dar) —, as incertezas resultantes da aprovação, no Congresso, da Lei de Abuso de Autoridade levaram a Promotoria de São Paulo a suspender por seis meses uma investigação sobre Rosemary Noronha, ex-chefe de gabinete da Presidência da República em Sampa e amiga íntima de... Lula.

Bolsonaro tem até amanhã para vetar essa excrescência, e já antecipou que o fará em relação a 19 ou 20 itens, dez dos quais sugeridos pelo ministro Sérgio Moro.

Antes de dedicar mais algumas linhas à Rose Noronha, transcrevo um texto que o jurista Modesto Carvalhosa postou em sua página no Facebook, sob o título O ENCADEAMENTO PERVERSO DA LEI SOBRE ABUSO DE AUTORIDADE:

O “instrumento legal” elaborado por Renan Calheiros para amedrontar, inibir e paralisar os agentes públicos no combate à corrupção e ao crime organizado é diabólico. Assim, a chamada Lei de Abuso de Autoridade, aprovada na calada da noite por “votação simbólica” sob a presidência do infame Rodrigo Maia, determina, no sinistro artigo 30, que será punido com prisão de até 4 anos, multa e perda do cargo qualquer agente público que der “inicio ou proceder à persecução penal, civil ou administrativa SEM JUSTA CAUSA FUNDAMENTADA OU CONTRA QUEM SABE INOCENTE“. Consequência dessa “norma legal”: Se o delegado de polícia INDICIAR um corrupto e a promotoria ARQUIVAR o processo, o delegado pega 4 anos de cadeia, paga multa e perde o emprego público. Indiciou um inocente, sem justa causa. Mas se o promotor acolher o indiciamento e DENUNCIAR o corrupto e o juiz o ABSOLVER é a vez do promotor ir preso, pagar multa e ser expulso da promotoria. Denunciou um inocente, sem justa causa. Mas se o juiz CONDENAR o corrupto e o Tribunal de Justiça do seu Estado o ABSOLVER, será a vez do Juiz ficar encarcerado por 4 anos, pagar multa e ser demitido a bem do serviço público. Condenou um inocente, sem justa causa. E se os desembargadores CONFIRMAREM a sentença do juiz e o Superior Tribunal de Justiça, lá de Brasília, ABSOLVER o corrupto, serão agora os 3 ou 5 desembargadores da Turma Julgadora que serão presos, multados e excluídos da magistratura. Condenaram colegiadamente um inocente, sem justa causa. 
Toda essa cadeia de terror, que visa inibir qualquer indiciamento, denúncia ou condenação, beneficia não somente os corruptos, mas também as organizações criminosas, os traficantes, e todo e qualquer delinquente. Todo esse encadeamento inibitório de qualquer providência legal contra os criminosos vai ser regido pelo onipresente Supremo Tribunal Federal, cujos ministros “garantistas da impunidade”, que dominam aquela Corte, por decisão monocrática em cada caso, ou por votação do seu plenário, com repercussão geral, irá PUNIR os delegados, promotores e magistrados que OUSAREM indiciar, denunciar ou condenar qualquer corrupto ou membros das organizações criminosas. Esse é o sórdido “instrumento legal” construído por Renan Calheiros, para, finalmente, levar o Brasil ao domínio da corrupção e do crime organizado. Cabe ao Presidente Bolsonaro VETAR INTEGRALMENTE, ATÉ O PRÓXIMO DIA 7, essa criminosa lei de proteção dos bandidos. O povo brasileiro assim espera.

Sobre a  amiguinha de LulaAugusto Nunes publicou em 2013 um texto lapidar, do qual eu extraí o excerto a seguir: 

"A discrição nunca foi uma característica da personalidade de Rosemary Noronha. Quando servia ao ex-presidente em Brasília, ela era temida. Em nome da intimidade com o “chefe”, fazia valer suas vontades mesmo que isso significasse afrontar superiores ou humilhar subordinados. Nos eventos palacianos, a assessora dos cabelos vermelhos e dos vestidos e óculos sempre exuberantes colecionou tantos inimigos — a primeira-da­ma não a suportava — que acabou sendo transferida para São Paulo. Mas caiu para cima. Encarregada de comandar o gabinete de Lula de 2009 a 2012, Rose viveu dias de soberana e reinou até ser apanhada pela Polícia Federal ajudando uma quadrilha que vendia facilidades no governo. Ela usava a intimidade que tinha com Lula para abrir as portas de gabinetes restritos na Esplanada. Em troca, recebia pequenos agrados, inclusive em dinheiro. Foi demitida, banida do serviço público e indiciada por crimes de formação de quadrilha e corrupção. Um ano e meio após esse turbilhão de desgraças, no entanto, a fase ruim parece ter ficado no passado. Para que isso acontecesse, porém, Rosemary chegou ao extremo de ameaçar envolver o governo no escândalo."

Sem mais comentários!

segunda-feira, 11 de março de 2019

QUEM ESTÁ BANCANDO A DEFESA DE BISPO ESTÁ POR TRÁS DO ATENTADO CONTRA BOLSONARO — RESTA SABER QUEM É, JÁ QUE O VATICANO CERTAMENTE NÃO É!



Adélio Bispo de Oliveira esfaqueou Jair Bolsonaro em setembro do ano passado, durante um ato de campanha em Juiz de Fora. Preso e interrogado, disse ter agido por “não simpatizar com o candidato” e negou ligação com qualquer partido político. 

O inquérito concluído semanas após o crime não identificou patrocínio ou patrocinador; para a polícia, Bispo agiu sozinho, no melhor estilo “lobo solitário”, e motivado por “inconformismo político”. Cinco dias antes do atentado, ele publicou uma ameaça numa página de apoiadores de Bolsonaro, chamando o candidato de “marionete do capitalismo” e afirmando que ele merecia um tiro na cabeça — mas recorreu à faca porque comprar uma arma de fogo seria caro e burocrático demais. 

Não restaram dúvidas, porém, de que o crime foi premeditado: Bispo (que morava em Montes Claros) viajou para Juiz de Fora com duas semanas de antecedência, fotografou previamente os locais por onde Bolsonaro passaria e o acompanhou durante todo o dia 6 de setembro, tendo acesso até mesmo ao hotel em que o candidato almoçaria com empresários mineiros.  

Para chegar a essas conclusões, 50 policiais federais analisaram 150 horas de vídeos, 600 documentos e 1.200 fotos, além de 2 terabytes de informações encontradas com Bispo e de quebras de sigilo telefônico, bancários e telemático. Mas o segundo inquérito, que apura quem está bancando a defesa o criminoso — e, portanto, teria interesse no atentado —, foi paralisado pelo desembargador Néviton Guedes, do TRF-1, a pedido do Conselho Federal da OAB, depois que o advogado Zanone Manuel de Oliveira, que coordena a defesa de Bispo, foi alvo de uma operação de busca e apreensão em casa, num hotel e numa locadora de veículos de sua propriedade.

Há um departamento dentro do nosso psiquismo que adora teorias conspiratórias, que está sempre em busca de alguém que trama, que intriga, que busca atrapalhar a vida de outro ou até a nossa própria. Longe de mim querer transformar esse caso em usina de teorias conspiratórias, mas há que jogar luz sobre alguns detalhes, digamos, escabrosos:

1) O atual presidente nacional da OAB tem fortes laços com o PT;

2) O desembargador retrocitado foi nomeado por Dilma, que é crítico figadal da Lei da Ficha-Limpa, já suspendeu os interrogatórios de Lula e Luleco na Operação Zelotes e uma decisão que impedia o funcionamento do Instituto Lula, vem acrescentar à lista a suspensão da investigação que realizou buscas no escritório do advogado Zanone Manuel de Oliveira Júnior, principal coordenador da defesa de Bispo.

3) Bispo foi filiado ao PSOL de 2007 até 2014 — a sigla confirma isso, mas diz que ele nunca foi dirigente partidário e que desconhece o motivo da desfiliação. 

4) Bispo trabalhava como servente de pedreiro e estava desempregado, mas possuía 4 smartphones e um computador portátil (notebook)

5) Dois meses antes do crime, Bispo teria gasto centenas de reais (em dinheiro vivo) num clube de tiro frequentado por dois dos filhos de sua vítima em potencial. Mais adiante, pagou adiantado — também em dinheiro vivo — por duas semanas de hospedagem numa pensão em Juiz de Fora.

6) Nas semanas subsequentes à do atentado, a dona da pensão e outro hóspede (com quem Bispo tivera contato nos dias anteriores ao do crime) empacotaram, esticaram as canelas, foram para a chácara do vigário (segundo a versão oficial, a mulher sofria de câncer terminal e o sujeito era usuário de drogas e tinha problemas de saúde).

7) No dia 6 de agosto de 2013, quando ainda era filiado ao PSOL, Bispo esteve no anexo 4 da Câmara dos Deputados, como ficou registrado no sistema. No dia do atentado, alguém simulou sua entrada na Câmara — que fica a 1.000 quilômetros de distância de Juiz de Fora —, produzindo um álibi perfeito se o esfaqueador presidencial tivesse conseguido fugir (uma sindicância feita na Câmara afirmou tratar-se de “um engano”, e eu não consegui apurar o que resultou da investigação feita pelo Instituto Nacional de Criminalística de Brasília).

8) Cinco horas após a prisão de Bispo, o advogado Pedro Possa, convocado pelo colega Zanone, estava a postos, na delegacia da PF em Juiz de Fora, para blindar o cliente. Zanone disse que aceitou o caso após receber um email (ou uma mensagem de WhatsApp) de um contratante misterioso ligado à Igreja do Evangelho Quadrangular de Montes Claros, e que escalou o colega porque ele mora perto. No dia seguinte, 7 de setembro, o próprio Zanone voou de BH para Juiz de Fora em seu avião particular, acompanhado do colega Fernando Magalhães.

Bispo está preso numa ala do presídio federal de Campo Grande (MS), onde tem direito a seis refeições diárias e duas horas de banho de sol — o resto do tempo, ele passa lendo a Bíblia, pensando, talvez, numa futura promoção a Cardeal. Segundo o laudo da perícia médica, ele sofre de transtorno delirante permanente paranoide — o que tecnicamente o torna inimputável; quando muito, ele pode ser internado num manicômio judiciário e reavaliado a cada dois anos. Aos médicos e psicólogos, o dublê de carola e Jack, o Estripador, avisou que, se for solto, voltará a atentar contra a vida do presidente. Diz um velho ditado que "de médico e de louco todos nós temos um pouco". Até onde se sabe, Bispo não come merda nem rasga dinheiro.


Todos são iguais perante a Lei, mas os que têm bons advogados são mais iguais que os outros. Lula  acreditou nisso e acabou na cadeia. Voltando aos nobres defensores de Bispo, relembro a máxima eternizada por Mario Puzo em sua obra prima (O Chefão): “um advogado pode roubar mais com sua pasta do que 100 homens armados com metralhadoras”. Mas a pergunta de 1 milhão é: quem está bancando a defesa? Bispo é que não é. E muito menos o Vaticano.

quarta-feira, 6 de março de 2019

CONSIDERAÇÕES E LUCUBRAÇÕES DE QUARTA-FEIRA DE CINZAS



O atentado contra o então candidato Jair Bolsonaro completa hoje seis meses, e até o momento não há evidência da participação de outras pessoas além de Adélio Bispo de Oliveira, o esfaqueador misterioso. 

Depois que o ministro Sérgio Moro, a cúpula da PF e o delegado responsável pela investigação se reuniram com o presidente, divulgou-se que o próximo passo seria seguir o dinheiro, já que quem quer que esteja bancando os honorários do batalhão de advogados que defendem o criminoso deve ter tido interesse direto no atentado. Surpreendentemente, o desembargador Néviton Guedes, do TRF-1, atendendo um pleito da OAB, determinou a suspensão da investigação que realizou buscas no escritório do advogado Zanone Manuel de Oliveira Júnior, o principal coordenador da defesa de Bispo, paralisando, consequentemente, a investigação.

Longe de mim fomentar teorias conspiratórias, mas me chama a atenção o fato de OAB ser presidida atualmente por Felipe Santa Cruz, que tem fortes laços com políticos do PT, de o desembargador Néviton Guedes, que foi nomeado para o cargo pela anta sacripanta Dilma Rousseff, ter suspendido, tempos atrás, os interrogatórios de Lula e Luleco na Operação Zelotes e derrubado a decisão do juiz federal Ricardo Leite, que impedia o funcionamento do Instituto Lula, além de ser crítico figadal da Lei da Ficha-Limpa.

Adélio era servente de pedreiro e tinha duas passagens pela polícia. Em agosto de 2013, ele tentou invadir a casa da sogra para agredir a ex-esposa. Em outro boletim de ocorrência, lavrado no mesmo ano, ele e outro homem brigaram e trocaram tapas e socos. Além disso, ele teria publicado nas redes sociais, nos meses que antecederam o atentado, diversas mensagens de ódio contra Bolsonaro, numa das quais pedia “pena de morte” ao presidenciável, a quem chamava de “traidor”, “judas”, e por aí afora. Entre 2007 e 2014, ele foi filiado ao PSOL de Uberaba (MG), e incentivava protestos na cidade. Também chegou a participar de manifestações contra a corrupção na cidade e em Brasília, em frente ao Congresso Nacional. Publicou ainda imagens de pessoas que defendem a liberdade do ex-presidente Lula.

Mas tudo isso é de somenos. As perguntas que não querem calar são: Quem é, de fato, esse sujeito? O que, realmente, o motivou a atentar contra a vida de Bolsonaro? E mais: quanto ganha um servente de pedreiro e em quanto montam os honorários da banca de advogados que ora lhe presta assistência jurídica?

É o que vamos tentar responder na próxima postagem, que hoje é quarta-feira de cinzas, dia de meio expediente e, consequentemente, de “meia postagem”.  

quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

ANO NOVO, GOVERNO NOVO — AGORA É PRA VALER



Desta vez a virada do ano foi bem mais que uma simples "virada de página" no calendário. No primeiro dia de 2019, a cerimônia de posse jogou a derradeira pá de terra sobre o esquife dos governos petistas, dos quais a gestão de Temer foi uma espécie de terceiro tempo. A efeméride transcorreu sem problemas, felizmente, o que não surpreende: foi montado o maior esquema de segurança de toda a história desta Banânia, e não sem razão: no último dia de 2018, uma operação contra um grupo que ameaçava um atentado apreendeu um manual para fabricar explosivos em um dos endereços que foram vasculhados.

Por tabela, a passagem da faixa presidencial possibilita à Justiça dar andamento aos (pelo menos 7) inquéritos que investigam Michel Temer por atos pouco ou nada republicanos. E falando no já ex-presidente, de se aplaudir sua decisão de não conceder o insulto de Natal versão 2018 — já basta a polêmica edição anterior, que ainda está “pendurada no Supremo” (o julgamento foi suspenso por um pedido de vista do ministro Luiz Fux, no final de novembro passado).

O indulto natalino foi reinstituído em 1988 pela Constituição Cidadã (na qual a palavra “direito” é mencionada 76 vezes, enquanto “dever” aparece em apenas 4 oportunidades), mas esta é a primeira vez que um presidente decide não o conceder o benefício. É bom a bandidagem “já ir” se acostumando: Jair Bolsonaro avisou que não haverá indulto natalino durante seu governo (o que deixou o laxante supremo Marco Aurélio inconformado, mas isso já é outra conversa).

Falando em Bolsonaro, circulam pelas redes sociais posts e vídeos segundo os quais ele sofre de um câncer no estômago e o atentado de que ele foi vítima em 6 de setembro, durante um ato de campanha no município mineiro de Juiz de Fora, teria sido uma simulação com o objetivo de esconder a cirurgia a que tinha de ser submetido para tratar a doença. Tudo isso não passa de “teoria da conspiração” (ou fake news, para quem preferir), embora um desses vídeos (muito bem editado, diga-se) venha sendo levado a sério, e não só pelos esquerdopatas habituais.

Observação: Considerando que mais de 40 milhões de eleitores manifestaram nas urnas o desejo de ser presididos por um presidiário representado por um desqualificado que se sujeitou a fazer o papel de “boneco de ventríloquo”, a crença nessas bobagens, vinda de quem vem, não chega a surpreender. Aliás, sempre tem alguém pronto para ser convencido do que a Terra é oca (ou mesmo plana), que o homem jamais pisou na Lua, que JFK, Elvis Presley e Michel Jackson estão vivinhos da silva, que Shakespeare nunca existiu, que a morte da princesa Diana foi planejada, que Lula foi condenado sem provas, e por aí segue a procissão.  

Enquanto as versões sussurram, os fatos gritam: O médico Antonio Luiz de Vasconcellos Macedo, que atendeu Bolsonaro, afirma que ele não tem câncer nenhum, que sofreu uma facada, uma tentativa de assassinato, e que quem diz o contrário é completamente ignorante. Em entrevista ao G1, o médico explicou que não é oncologista, como assevera o falso texto que circula na internet, e sim cirurgião-geral do aparelho digestivo. Disse também que faz mais de 600 cirurgias por ano, e que, por conta dessa experiência, foi escolhido pela família para atender o então candidato.

Em setembro, depois de operar a barriga de Bolsonaro por completo, Macedo elogiou o trabalho dos colegas que atenderam o então candidato em Juiz de Fora e afirmou que facada provocou derramamento de fezes e sangue, causando inflamação e aderência de áreas afetadas pelos ferimentos, e que para liberar essas aderências foi preciso fazer a cirurgia em São Paulo.

A ausência de sangue na camiseta de Bolsonaro no momento do ataque levantou suspeitas de que ele não teria sido atingido, ou, ao menos, não com gravidade. No entanto, médicos ouvidos pelo R7 informaram que, em perfurações como aquela, o sangue jorra para a cavidade abdominal e só vaza quando ela está muito cheia. A foto em que ele aparece entrando num hospital com a mesma camiseta de quando foi atacado também induziu alguns a achar que algo estaria errado, mas o registro foi feito na manhã do dia 06/09, e o atentado ocorreu às 15h40.

Teorias conspiratórias são comuns, mas algumas são lamentáveis. Antes que ficasse evidente a gravidade do ferimento, esquerdistas expressavam a certeza de uma ação à moda do prefeito de Sucupira “Odorico Paraguaçu”, na novela “O Bem-Amado”, que praticava atos de sabotagem contra a própria gestão para pôr a culpa da oposição. Não havia qualquer indício disso, a não ser o puro desejo de maldizer um adversário.

A extrema-direita, representada com muita propriedade pelos admiradores e partidários de Bolsonaro, faziam o contrário: o ataque seria, na verdade, uma urdidura de esquerdistas para impedir a vitória certa do mito. Tudo ficou pior quando veio à luz a, vamos dizer, “ficha partidária” do agressor, que foi filiado ao PSOL de Uberaba de 2007 a 2014.

Segundo o jornalista Reinaldo Azevedo, uma agressão cometida naquelas circunstâncias, em meio a uma multidão, não teria como ser “controlada”. Ainda que a intenção fosse “machucar pouco”, o risco seria, por si, gigantesco. As imagens que vieram a público desautorizam qualquer possibilidade de uma tramoia. Tivesse havido, certamente não teria contado com a anuência do agredido.

Adélio Bispo de Oliveira, o agressor que alguns querem ver como um perigoso esquerdista, está mais para um desequilibrado. Ele recitava mantras de esquerda, associava o presidenciável a um asno e afirmava que sua popularidade era maior entre os menos estudados, embora o grosso do eleitorado do deputado-capitão fosse composto de pessoas com curso superior e mais endinheiradas. Não se sabe ao certo quais foram as motivações desse desqualificado, mas sabe-se que ele foi filiado ao PSOL entre 2007 e 2014, embora não haja provas de que tenha sido militante. São falsas, porém, as informações de que ele teria sido ligado ao PT. Quanto a quem está bancando sua defesa, bem, essa é a pergunta de um milhão.

Sem embargo de voltar com mais detalhes numa próxima oportunidade, adianto que, no dia 21 de dezembro, a PF cumpriu um mandado de busca e apreensão no escritório de Zanone Manuel de Oliveira Júnior, um dos advogados que defendem Adélio. O propósito da "visita" era apreender documentos, celulares e computadores para descobrir quem está pagando a conta — segundo o delegado responsável pelo caso, a polícia trabalha com a hipótese de que o advogado poderia estar sendo financiado por uma organização criminosa ligada ao tráfico de drogas ou por um grupo político.

O juiz federal Bruno Savino declarou haver "materialidade delitiva" na denúncia oferecida pelo MPF contra Bispo. O documento atesta que houve prisão em flagrante "por [Bispo] ter desferido uma facada no abdômen [de Bolsonaro]". Mas muitas perguntas permanecem sem resposta.

Haveria ainda muito a dizer, mas todos nós temos mais o que fazer. Portanto, tomo a liberdade de mudar o foco e encerrar este texto com uma pérola de Augusto Nunes:

A chegada de Jair Bolsonaro ao Palácio do Planalto será para sempre associada à expressão “pela primeira vez”. Pela primeira vez, um candidato à Presidência da República sofreu um atentado durante a campanha. Em consequência disso, pela primeira vez o vitorioso passou no hospital a maior parte da temporada oficial de caça ao voto. Pela primeira vez, um concorrente à chefia do Executivo não participou da maioria dos debates. Pela primeira vez, o vencedor mostrou a crescente irrelevância das entrevistas na Rede Globo e no horário eleitoral. Pela primeira vez, um candidato não precisou apoiar-se numa forte aliança partidária para se eleger. Tomara que, pela primeira vez em muitos anos, o Brasil tenha um bom governo.