Rabisquei estas linhas quando faltavam duas horas
para o encerramento da votação e sabe Deus quanto tempo mais para o final das apurações. Àquela altura seria temerário — sem poderes mediúnicos ou uma bola de cristal confiável
— arriscar um palpite sobre se haveria um segundo turno e, caso afirmativo, quem disputaria com quem o gabinete
mais cobiçado do Palácio do Planalto.
O que se podia dizer sem medo de errar é que nunca antes na história deste país houve uma eleição para presidente
em que um dublê de fanático religioso e bombeiro terminou a campanha empatado
com um banqueiro milionário e ex-ministro de Estado (tanto de Lula quanto de Temer) —
detalhe: o primeiro investiu menos de R$ 1 mil em sua campanha, ao passo que o
segundo torrou mais de R$ 40 milhões.
Naquele cenário surreal, os postulantes mais bem colocados nas pesquisas eram justamente os
que apresentavam as maiores taxas de
rejeição, e o percentual de intenções de voto do candidato da maior coligação de partidos não superava sequer o dos votos brancos e nulos.
Isso sem mencionar a aberração das aberrações, qual seja o virtual pré-candidato que mais se destacou nas pesquisas ter seu registro negado por ser ficha-suja (mais exatamente por ter sido denunciado, julgado e condenado pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro e estar cumprindo a pena de 12 anos e 1 mês que lhe foi imposta em segunda instância), transformar sua cela em comitê de campanha e, qual zumbi mal despachado, "encarnar" num almofadinha metido a intelectual que não só não se reelegeu prefeito de Sampa como foi fragorosamente derrotado no primeiro turno por um outsider (fato inédito desde que as eleições municipais passaram a ter dois turnos).
Isso sem mencionar a aberração das aberrações, qual seja o virtual pré-candidato que mais se destacou nas pesquisas ter seu registro negado por ser ficha-suja (mais exatamente por ter sido denunciado, julgado e condenado pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro e estar cumprindo a pena de 12 anos e 1 mês que lhe foi imposta em segunda instância), transformar sua cela em comitê de campanha e, qual zumbi mal despachado, "encarnar" num almofadinha metido a intelectual que não só não se reelegeu prefeito de Sampa como foi fragorosamente derrotado no primeiro turno por um outsider (fato inédito desde que as eleições municipais passaram a ter dois turnos).
Coisas do Brasil.
Igualmente digna de comemoração foram as derrotas dos petistas MIGUEL ROSSETTO e FERNANDO PIMENTEL e da emedebista ROSEANA SARNEY, que postulavam o governo dos estados do Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Maranhão, respectivamente. Lamentavelmente, o palhaço Tiririca se reelegeu (pela segunda vez) deputado federal por São Paulo — ele havia desistido da candidatura no fim de 2017 por se dizer decepcionado com a Câmara, mas desistiu da desistência, laçou-se oficialmente na disputa e conseguiu quase meio milhão de votos (menos que os 1,5 milhão da primeira vez e do 1 milhão da reeleição anterior, mas ainda assim...).
ATUALIZAÇÃO:
Deu-se o esperado, conquanto eu alimentasse esperanças de a
fatura ser quitada ainda no primeiro turno, o que nos pouparia de mais três
semanas de agonia, com direito à volta do horário político obrigatório e o
receito de uma eventual reviravolta — possibilidade remota, mas existente e,
portanto, preocupante.
Torno a dizer que, da minha ótica, Bolsonaro representa a antítese do candidato ideal, mas o fato é
que ele se tornou a única alternativa à volta do lulopetismo, e situações desesperadoras
requerem medidas desesperadas. Retomarei esse assunto oportunamente (afinal, 20
dias nos separam do segundo turno), mas não posso encerrar este breve
aditamento sem comemorar a derrota acachapante dos petistas DILMA VANA ROUSSEFF em Minas Gerais e EDUARDO MATARAZZO SUPLICY aqui em São
Paulo, que já contavam com seus rabos sujos no Senado Federal. Aliás, falando
nesse covil, o emedebista cearense e atual presidente do Congresso EUNÍCIO OLIVEIRA e seus
correligionários ROMERO JUCÁ, ROBERTO REQUIÃO, SARNEY FILHO, JORGE VIANA e EDISON
LOBÃO não conseguiram se reeleger senadores (por Roraima, Paraná, Maranhão,
Acre e Ceará, respectivamente), a exemplo do petista paraibano LINDBERGH FARIAS e da pecedebista
amazonense VANESSA GRAZZIOTIN.
Igualmente digna de comemoração foram as derrotas dos petistas MIGUEL ROSSETTO e FERNANDO PIMENTEL e da emedebista ROSEANA SARNEY, que postulavam o governo dos estados do Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Maranhão, respectivamente. Lamentavelmente, o palhaço Tiririca se reelegeu (pela segunda vez) deputado federal por São Paulo — ele havia desistido da candidatura no fim de 2017 por se dizer decepcionado com a Câmara, mas desistiu da desistência, laçou-se oficialmente na disputa e conseguiu quase meio milhão de votos (menos que os 1,5 milhão da primeira vez e do 1 milhão da reeleição anterior, mas ainda assim...).
Para não ficar só nisso, segue um excerto da coluna de Dora Kramer desta semana:
[...]
Se confirmada a hipótese levantada pelas pesquisas de intenção de voto, o país
vai eleger um presidente que já assume rejeitado por um contingente enorme de
brasileiros. Algo inédito. Por mais acirradas e polarizadas que tenham sido
eleições como as de 1989 e 2014, os partidários de lado a lado fizeram
majoritariamente suas escolhas “a favor” e não quase que totalmente sob a égide
do repúdio como agora. Desde que começaram a ser medidos os índices de
rejeição, em 1994, nunca os candidatos favoritos haviam registrado números tão
altos no quesito “repúdio eleitoral”.
Mantido
o quadro uma vez conferidas as urnas, a que essa situação nos levará? A bom
termo certamente não será. Nenhuma das facções em embate tem perfil
pacificador. Obviamente a vencedora gostaria de receber um refresco por parte
dos adeptos da derrotada, mas, a julgar pelos meios e modos (na forma e no
conteúdo) de ambas, espera que tal se dê pela via da rendição, pois adversários
são vistos e tratados como inimigos nas duas searas. São muito mais afeitas a
tripudiar que a conciliar.
Presidentes
normalmente tomam posse cheios de força política, independentemente do
porcentual de votos com que tenham sido eleitos. Pois não seria assim com Bolsonaro ou com Haddad. Maiorias habitualmente se formam por gravidade em torno do
poder, por breve ou longo tempo, a depender da habilidade do eleito, bem como a
tendência da parcela do eleitorado que votou no perdedor é render-se ao fato.
Não
é o que se projeta na hipótese de vitória de candidatos amplamente rejeitados.
Eles terão muita dificuldade na negociação com o Congresso não por resistência
dos parlamentares, mas devido à temperatura alta dos ânimos na sociedade, que
criaria obstáculos à aprovação das pautas consideradas prioritárias pelo novo
governo e tornaria o ambiente permeável a crises. Ou melhor, ao aprofundamento
daquelas já em curso.
Tanto
um quanto outro têm agenda inexequível do ponto de vista da parte contrária e,
por que não dizer, até na perspectiva da realidade. [...] Semeiam o devaneio,
deixando aos que os apoiam a colheita da decepção. Um atalho para governos de
curta duração. Nada disso, no entanto, parece entrar no radar dos eleitores dos
favoritos. Nada contra, caso fossem os únicos a pagar o preço do prolongado e
contínuo flerte de boa parte do Brasil com o erro, e que nos retira a chance de
firmar um compromisso com o acerto semelhante às raríssimas vezes (1994 e 1998)
em que se disse não aos engodos do populismo.
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