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domingo, 3 de dezembro de 2023

AINDA SOBRE EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA

OS LOUCOS ÀS VEZES MELHORAM, MAS OS IMBECIS JAMAIS SE CURAM.


Enviado ao Senado pelo eleitor maranhense, Flávio Dino tomou posse em 1º de fevereiro e se licenciou no dia seguinte, para assumir o Ministério da Justiça. Confirmando-se sua indicação para o STF (a sabatina está marcada para o próximo dia 13), a vice prefeita do município de Pinheiro, Ana Paula Lobato, pode ganhar um mandato integral de senadora sem ter recebido um mísero voto. Vinculados aos candidatos por parentesco, interesse econômico ou conveniência partidária, os suplentes escalam o posto sem representatividade. Quando um titular deixa o cargo em definitivo, o mais razoável seria empossar o segundo mais votado no Estado. No caso de Ana Paula, o estelionato eleitoral chega a ser grotesco.

Com o sucesso da série The Flintstones, que retratava a vida de uma família da idade da pedra, seus criadores  William Hanna e Joseph Barbera  projetaram em The Jetsons (1962) suas expectativas de como seria viver em 2062. O sucesso garantiu à franquia novos episódios nos anos 1980 e um longa em 1990. No Brasil, a série foi exibida e reprisada incontáveis vezes, de modo que várias gerações (inclusive a deste humilde escriba) puderam imaginar como seria a vida dali a 100 anos, com carros voadores, robôs e outras tecnologias incríveis. 

George, o patriarca, tinha 40 anos completos no episódio de estreia — donde se conclui que ele nasceu em 2022. As videochamadas — corriqueiras para a família Jetson, mas que não passavam de ficção científica em 1962 — foram fundamentais durante a pandemia da Covid. Os televisores de telas finíssimas, comuns nos dias atuais, também não existiam na década de 60 
— os volumosos aparelhos de tubo só deram lugar aos modelos com telas de LCD (maiores, mas muito mais leves) após a virada do século. Os relógios de pulso, por sua vez, estavam em alta nos anos 1960. 

Observação: Eles se popularizaram no início do século passado, depois que Santos Dumont pediu ao amigo joalheiro Louis Cartier que adaptasse uma pulseira de couro ao maior relógio de pulso feminino de sua coleção. Até então, os homens usavam relógios de bolso (os famosos "cebolões") presos ao colete por correntes de ouro ou prata, mas há registros de que a rainha inglesa Elizabeth I, que viveu no século 16, desfilava pela corte com um relógio atado ao pulso.
 
Além de exibir as horas, os relógios dos Jetsons faziam videochamadas e controlavam dispositivos domésticos 
— coisa que só se tornou possível na vida real depois que a Samsung lançou o Galaxy Gear, mas vale assinalar que o primeiro relógio "inteligente" foi o Seiko Ruputer (1998), que dispunha de processador de 8 bits a 3.6 MHz, 128 kB de RAM, 2 MB de armazenamento, tela de quartzo líquido (monocromática) de 102 x 64 pixels e um joystick em miniatura, que permitia interagir com o software interno. O gadget oferecia calendário com agenda, calculadora e games, mas sua baixa autonomia e a escassez de aplicativos decepcionaram os consumidores.  
 
Em alguns episódios dos Jetsons, a matriarca da família, Jane, ativa um pequeno robô que aspira a casa — como fazem hoje os aspiradores inteligentes. Já a robô-faxineira Rosey, que divertia as crianças, era um sonho de consumo para os adultos 
— que pode virar realidade em breve: a Aeolus Robotics já anunciou um robô doméstico com formato humanoide semelhante ao do desenho. 
 
Quando se trata de retratar o futuro em produções audiovisuais, o maior clichê são os carros voadores, que têm presença garantida nos mundo dos Jetsons. Na vida real, nós ainda não os vemos cruzando o céu, mas a promessa já existe: além do Genesis X1, da startup cearense Vertical Connect (detalhes no capítulo anterior), modelos da Eve — empresa de mobilidade aérea urbana da Embraer — devem ser lançados no mercado brasileiro em 2026.
 
Se as tecnologias do desenho conquistavam pela funcionalidade, o Jetpack ganhava as crianças pelo viés da diversão: colocar uma mochila nas costas e voar, assim como Elroy, era o sonho de consumo dos pequenos espectadores. Mas essa tecnologia já existe 
— em 2021, a empresa JetPack Aviation vendeu unidades para militares de um país do sudeste asiático.
 
No que concerne às viagens espaciais, um estudo científico que tomou como base o voo dos albatrozes — aves marinhas que costumam ser vistas em mar aberto 
 dá conta de que é possível aproveitar os ventos gerados pelo Sol para alcançar cerca de 2% da velocidade da luz, permitindo que espaçonaves ultrapassem os limites do sistema solar. 

Observação: Na prática, isso já ocorreu com as sondas Voyager, lançadas pela Nasa em 1977, que já alcançaram o espaço interestelar.
 
Um projeto capitaneado pelo pesquisador Mathias Larrouturou visa à construção de espaçonaves capazes de viajar pelo cosmos emulando o "voo dinâmico" dos albatrozes, ou seja, valendo-se dos ventos solares para ganhar impulso (em linhas gerais, trata-se de um fluxo de partículas lançadas pelo sol que cria uma bolha ao redor da heliosfera, permitindo atingir 0,5% da velocidade da luz durante 30 dias). Com diferentes velocidades de vento, o processo ganha energia sem o concurso do propulsor. Segundo Larrouturou, essa técnica abre as portas para a exploração de outros sistemas solares. A ver. 

Continua...

segunda-feira, 5 de setembro de 2022

É O CRIME DA MULA PRETA!

O Genesis não conta, mas, ao ser acusado de protecionismo em relação à porção de terra que viria a ser o Brasil, Deus disse: "Esperem até ver o povinho de merda que eu vou colocar aí"

Esse fato é pouco conhecido, mas demonstra que perde seu tempo quem espera discernimento de lulopetistas — vermelhos, cegos, desmemoriados, com a cabeça cheia de merda, que andam para trás e vivem nas costas do Brasil — e bolsonaristas — bando de imbecis travestidos de militantes e comandados por um imbecil travestido de presidente. 

E mais: num eleitorado em que a maioria dos 150 milhões de votantes não têm nenhum preparo para escolher nada, qualquer farsante bem treinado para mentir mais que os outros vence as eleições.  

A mentira nasceu com o homem, provavelmente quando Caim negou ter matado Abel. De lá para cá, todo mundo mente. Porém, quando alguém começa a mentir a si mesmo e a acreditar nas próprias mentiras, aí a vaca vai para o brejo. A mentira dominou a cena no Mensalão e no Petrolão. "Eu não sabia" foi a campeã das mentiras. A partir de Donald Trump — egresso do show business, onde ficção e realidade se misturam —, as mentiras foram institucionalizadas e rebatizadas de fake news. Mas até para mentir é preciso talento.

 

No debate da Band, o assunto "corrupção", essencial nesta campanha, surgiu, finalmente, aos olhos da população. Na “sabatina” da Globo, o apresentador agiu como assessor de imprensa (ou advogado criminal) de Lula. Em vez de perguntar sobre aquele que foi o maior surto de corrupção da história do Brasil, fez um manifesto a nação dizendo que "o senhor não deve nada à justiça". Até o entrevistado pareceu surpreso. 

 

No programa da Band, porém, Lula foi colocado diante da necessidade de falar sobre a incomparável roubalheira do seu governo — e deu-se muito mal. Sem a indulgência plenária que ganhou na "sabatina" global, o petista teve de responder sobre a desesperada, maciça e indiscutível corrupção na Petrobras, as delações premiadas, as provas materiais da ladroagem, o dinheiro roubado que foi devolvido, e por aí afora. Não explicou nada, é claro, pois é impossível explicar o que não tem explicação. Como faz sempre que não pode dizer nada em seu favor, o ex-presidiário fugiu do assunto. 

 

Perguntavam de corrupção, e Lula respondia dizendo que abriu "dezessete universidades". Falavam na delação do ex-ministro Palocci, e ele dizia que "acabou com a fome" no Brasil. A certa altura, disse que foi  "absolvido por todos os tribunais deste país e até pela ONU" — mais uma dessas mentiras com teor de 100% de pureza. 


Lula não foi absolvido de absolutamente nada. Foi apenas "descondenado", na decisão mais desvairada da história da justiça brasileira, por um ministro que foi advogado do MST, militou na campanha presidencial de Dilma e ganhou dela toga e cargo no Supremo.

 

Na "sabatina" da Globo, que durou 40 minutos, o presidente candidato à reeleição faltou com a verdade em pelo menos 20 oportunidades — média de uma mentira a cada dois minutos. No debate da Band, mesmo tendo falado por bem menos tempo que falou no JN, o "mito" se superou, emplacando 30 mentiras ao eleitorado.  

 

Lula quer atravessar essa campanha sem falar de corrupção; diz que o agronegócio é "fascista", que a classe média "gasta demais" e que vai trazer de volta o imposto sindical — mas de ladroagem, mesmo, nem um pio. O problema, pelo que mostrou o debate na Band, é que ele pode ficar em silêncio — mas os outros vão falar. Mentiras em que se percebe a falsidade não colam. Só mentiras sinceras convencem. Lula leva vantagem porque mente melhor, acredita em suas mentiras — chegando mesmo a se debulhar em lágrimas. Bolsonaro mente mal, embora convença seu gado. Mas não deve ser subestimado.

 

E o que fez a Justiça Eleitoral diante desse descalabro? Nada. Mas, no último dia 3, o TRE-PR apontou uma série de irregularidades supostamente cometidas pelo ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro, que é candidato ao Senado pelo Paraná. 


O pedido partiu da coligação partidária que apoia o PT nas eleições deste ano. As legendas sustentaram que diversos materiais impressos da campanha violam a legislação eleitoral. Em seu despacho, a juíza anotou que, no Twitter, no Instagram e no site oficial da campanha, Moro "sequer menciona o nome dos suplentes, em absoluta inobservância à legislação eleitoral", e salientou a "evidente a desconformidade entre o tamanho da fonte do nome do candidato a senador relativamente a dos suplentes” (referindo-se aos banners publicados pelo candidato nas redes). 


ObservaçãoA assessoria de Moro negou a irregularidade e disse que a equipe jurídica do ex-juiz pedirá a reconsideração da decisão liminar. Em suas redes sociais, Moro afirmou que não se intimidará e que repudia "a tentativa grotesca de me difamar e de intimidar minha família".
 

A magistrada apontou ainda que a logomarca do candidato apresenta a palavra "MORO" em evidência e em tamanho "muito superior a 70% do nome dos suplentes, sendo imperiosa a remoção dos conteúdos que veiculam propaganda irregular, nas URLs indicadas no documento", bem como irregularidades no conteúdo dos programas veiculados no horário da propaganda eleitoral gratuita. Por outro lado, ela argumentou que a ordem de imediata suspensão da veiculação da propaganda "não se mostra passível de acolhimento, tanto pelo fato de que não se sabe o conteúdo que será veiculado, não cabendo às emissoras a realização do controle prévio, quanto pela possibilidade de regularização do material".

 

Ainda de acordo com o TRE-PR, o material passível de apreensão é "tão somente aquele indicado na presente decisão, arquivado em Secretaria e comprovadamente em desconformidade com a legislação". Se mantiver as propagandas em desconformidade com a Lei Eleitoral, Moro será obrigado a pagar uma multa diária de R$ 5 mil.

 

Triste Brasil.

sexta-feira, 1 de dezembro de 2023

MAIS SOBRE PROFECIAS E EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA

QUEM ESPERA SEMPRE ALCANÇA.

A caminho de Dubai, Lula conversou com o príncipe-ditador Mohammed bin Salman sobre a suposta intenção dos sauditas de despejar US$ 10 bilhões em investimentos no Brasil. Os mesmos petrodólares foram prometidos a Bolsonaro em outubro de 2019 — e nunca passaram do estágio de lero-lero diplomático a serviço da máquina de propaganda sauditaSupondo que o petista não tenha recebido nenhuma joia de presente, restaram da visita o flerte com um conto do vigário no qual o antecessor já caiu e o constrangimento da reunião com um príncipe que mandou esquartejar um jornalista, mantém a mãe em cativeiro e proíbe o funcionamento de igrejas. Não fosse pelos petrodólares, ninguém lhe dirigiria um reles bom-dia.

Entre inúmeras profecias promissoras que (ainda) não se realizaram destaca-se o uso de drones na entrega de produtos — em 2013, Jeff Bezos anunciou que a Amazon começaria a usar robôs voadores em breve. Passados 10 anos, eles continuam em fase de teste. 

Em 2012, a Intel prometeu para 2020 uma forma de computação que consumiria quase zero de energia. Estamos a um mês de 2024 e continuamos recarregando a bateria do celular dia sim, outro também. Em 2015, a Toyota Motor anunciou que dali a 5 anos teria modelos totalmente autônomos, mas a Lexus — divisão de luxo da montadora japonesa — afirmou que "está revisando sua linha do tempo para a implantação da inteligência artificial". A Uber Technologies prometeu para breve o "Uber voador", mas o mais perto que chegou disso foi oferecer viagens de helicóptero (na cidade de Nova Iorque).
 
Por outro lado, a startup cearense Vertical Connect está desenvolvendo um "carro voador" 100% brasileiro. O Genesis X1 (foto) faz parte do segmento de eVTOLs (veículos elétricos de pouso e decolagem verticais). Apesar de não ter rodas nem conseguir se locomover no solo, ele atinge 130 km/h de velocidade máxima e pode ser pilotado manual ou automaticamente. 

Observação: Os 16 rotores elétricos do G X1 têm autonomia de até 60 minutos, e cada recarga completa leva outros 60 minutos. Os primeiros voos devem ocorrer já em 2024, e o fabricante promete lançar outros modelos em breve, mas com finalidades diferentes — como uso no setor agrícola, serviços de emergência hospitalar, circulação em centros urbanos, policiamento e entrega de encomendas ou transporte de cargas.
 
Outras previsões promissoras são as viagens espaciais comerciais e a animação suspensa. A Virgin Galactic já oferece voos suborbitais que proporcionam a emocionante experiência de contemplar a Terra de uma perspectiva única, e a hibernação, que é retratada em filmes de ficção científica como forma de preservar o corpo humano em viagens intergaláticas, já foi realizada com sucesso em cobaias.
 
A animação suspensa desacelera radicalmente os processos fisiológicos vitais sem levar à morte, permitindo que um ser humano "entre em hibernação" ao sair da Terra e "desperte" com a mesma idade e as mesmas condições físicas quando a nave se aproximar do planeta de destino. Segundo as teorias de Einstein, nada pode viajar mais rápido do que a luz, e da feita que os exoplanetas estão a centenas (ou milhares) de anos-luz de nós, as viagens seriam mais longas do que a expectativa atual da vida humana.
 
Por último, mas não menos importantes, os motores de dobra espacial — famosos por sua aparição na franquia Star Trek. As perspectivas pessimistas iniciais estão sendo reconsideradas pelos cientistas, e a possiblidade de alcançar a dobra espacial vem sendo estudada em diferentes tipos de motores. Em 1994, o físico Miguel Alcubierre disse que seria possível usar motores de dobra sem entrar em conflito com a Teoria da Relatividade, e outros dois físicos anunciaram recentemente como se pode fazer isso.

Continua...  

segunda-feira, 23 de maio de 2022

NUMA DISPUTA DE MENTIRAS, VENCE QUEM MENTE MELHOR


O Genesis não conta, mas Deus foi acusado de protecionismo em relação à porção de terra tempos depois se tornaria o Brasil. Em resposta, disse o Criador: “Esperem até ver o povinho de merda que eu vou colocar lá”. 

Esse fato é pouco conhecido, mas demonstra de maneira lapidar que é perda de tempo esperar discernimento de lulopetistas — vermelhos, cegos, desmemoriados, com a cabeça cheia de merda, que andam para trás e vivem nas costas do Brasil. Ou de bolsonaristas — um bando de imbecis travestidos de militantes e comandados por um imbecil travestido de presidente.

As duas fações se merecem. Se retroalimentam. São mais parecidas do que costumamos imaginar. A diferença é a "entidade" que cada qual venera. Em sua mentalidade tacanha, essa escumalha acha que políticos devem ser cultuados, quando na verdade devem ser cobrados e, como fraldas (e pelos mesmos motivos), trocados regularmente.

Saramago ensinou que a cegueira é uma questão pessoal entre as pessoas e os olhos com que elas nasceram, e que a cegueira mental produz credulidade desmedida. Mas nem a finada Velhinha de Taubaté acreditaria em Lula ou em Bolsonaro — quanto ao candidato da terceira via, ninguém acredita sequer na sua existência.

A mentira nasceu com o homem, provavelmente quando Caim negou ter matado Abel. De lá para cá, todo mundo mente. Porém, quando alguém começa a mentir a si mesmo e a acreditar nas próprias mentiras, aí a vaca vai para o brejo.

Durante o julgamento do Mensalão, diante do cinismo e das mentiras dos acusados, Nelson Motta escreveu uma crônica com o título de “Minto, logo existo”. Mas o que se mentiu de lá para cá superou em muito suas previsões mais pessimistas. A mentira dominou a cena no Petrolão e na Lava-Jato. “Eu não sabia” foi a campeã das mentiras.

A partir de Donald Trump — egresso do show business, onde ficção e realidade se misturam —, as mentiras foram institucionalizadas e rebatizadas de fake news. Ele teve a conta no Twitter suspensa, mas Elon Musk já prometeu devolver-lha. Antes de Trump, as mentiras públicas eram poucas. Nixon foi um ponto fora da curva: mentiu tanto num país de cultura protestante, onde faltar com a verdade é crime, que se viu obrigado a renunciar. Clinton foi impichado não por ter um caso com a estagiária, mas por mentir para o Congresso.

Mas até para mentir é preciso talento. Mentiras em que se percebe a falsidade não colam. Só mentiras sinceras convencem. Lula leva vantagem porque mente melhor, acredita em suas mentiras — chegando mesmo a se debulhar em lágrimas. Bolsonaro mente mal, embora convença seu gado. Mas não deve ser subestimado.

As pessoas só acreditam no que querem acreditar. Uma crônica de Luís Fernando Veríssimo deixa isso claro. E a reproduzo a seguir, ainda que ela nada tenha que ver com a crise brasileira, o apartheid, a situação no Leste Europeu ou a grande aventura do homem sobre a Terra. Situa-se no terreno mais baixo das pequenas aflições da classe média. Confiram:

O sujeito estava voltando para casa como fazia todos os dias à mesma hora. Um homem dos seus 40 anos — idade em que já sabe que nunca será o dono de um cassino em Samarkand, com diamantes nos dentes, mas que a vida ainda pode surpreender com um bilhete de loteria premiado ou um pneu furado. Naquele dia, venceu o pneu. O homem encostou o carro no meio-fio e se preparou para a batalha contra o macaco, que provavelmente não funcionaria. Mas funcionou, e ele conseguiu trocar o pneu. Quando já estava fechando porta-malas, sua aliança escorregou pelo dedo sujo de óleo e caiu no chão. No afã de apanhá-la, ele a chutou, e ela mergulhou num bueiro. Desolado, o homem limpou as mãos o melhor que pôde, entrou no carro e foi para casa pensando no que diria à mulher. Imaginou-se entrando em casa e respondendo às perguntas antes mesmo de a mulher as fazer.

— Você não sabe o que me aconteceu!

— O quê?

— Uma coisa incrível.

— O quê?

— Contando ninguém acredita.

— Conta!

— Você não nota nada de diferente em mim? Não está faltando nada?

— Não.

— Olhe.

E ele mostraria o dedo da aliança, sem a aliança.

— O que aconteceu?

E ele contaria tudo, exatamente como acontecera. O macaco. O óleo. A aliança no asfalto. O chute involuntário. A aliança desaparecendo no bueiro.

— Que coisa — diria a mulher, calmamente.

— Não é difícil de acreditar?

— Não. É perfeitamente possível.

— Pois é. Eu...

— SEU CRETINO!

— Meu bem...

— Está me achando com cara de boba? De palhaça? Eu sei o que aconteceu com essa aliança. Você tirou do dedo para namorar. Para fazer um programa. Chega em casa a esta hora e ainda tem a cara-de-pau de inventar uma história que só um imbecil engoliria.

— Mas meu bem...

— Eu sei onde está essa aliança. Perdida no tapete felpudo de algum motel. Dentro do ralo de alguma banheira redonda. Seu sem-vergonha! — E ela sairia de casa, com as crianças, sem sequer ouvir as explicações.

Ele chegou em casa sem dizer nada. Por que o atraso? Muito trânsito. Por que essa cara? Nada, nada. E, finalmente:

— Que fim levou a sua aliança? E ele disse:

— Tirei para namorar. Para fazer um programa. E perdi no motel. Pronto. Não tenho desculpas. Se você quiser encerrar nosso casamento agora, eu compreenderei.

Ela fez cara de choro, correu para o quarto e bateu a porta. Reapareceu dez minutos depois. Disse que aquilo significava uma crise no casamento deles, mas que, com bom-senso, eles a venceriam.

O mais importante é que você não mentiu pra mim.

E foi terminar de fazer o jantar.