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sábado, 13 de dezembro de 2025

DE VOLTA DE VOLTA ÀS VIAGENS NO TEMPO — 61ª PARTE

ORA (DIREIS) OUVIR ESTRELAS! CERTO PERDESTE O SENSO!

Às vezes, basta uma imagem antiga para acender o fósforo da dúvida e alimentar a chama da imaginação. O que você veria se pudesse espiar o passado por uma fresta no tempo? Um mundo estranho, silencioso e preto-e-branco? Algo que não deveria estar lá — uma figura deslocada, um gesto familiar, um artefato impossível? 


O Hipster do Passado tornou-se um dos memes mais fascinantes sobre viagens no tempo. Tudo começou em 2010, quando o Museu Virtual de Baskerville, na Colúmbia Britânica, disponibilizou online uma coleção de fotografias históricas. Numa delas — uma imagem em preto e branco datada de novembro de 1941 — vê-se um homem usando óculos escuros modernos, camiseta com estampa aparentemente contemporânea e um corte de cabelo no estilo hipster dos anos 2000.


CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA


Alexandre de Moraes — o terror dos criminosos travestidos de políticos — decretou pela segunda vez a perda do mandato de Carla Zambelli, anulando a votação em que nossos conspícuos deputados desafiaram o veredicto do STF. Manda quem pode, obedece quem tem juízo, diz um ditado no qual conviria ao presidente da Camarilha Federal prestar atenção. 

Ante a condenação de uma parlamentar à pena de prisão, Hugo Motta deveria providenciar o ato formal de Zambelli — que está presa na Itália, aguardando a extradição. No caso de Alexandre Ramagem — que chamou Xandão de “rei do Brasil” e “descontrolado” ao comentar a decisão do ministro de anular a votação da Câmara dos Deputados que havia mantido a parlamentar no cargo.

Não tem sido fácil para o presidente da Câmara ser Hugo Motta e manter um mínimo de compostura. Deveria procurar uma gota de amor-próprio no fundo do poço. Se encontrar, talvez apresse também o expurgo de Dudu "Bananinha" Bolsonaro dos quadros da Câmara.


O flagrante contraste com os trajes típicos da década de 1940, usados pelas demais pessoas que aparecem na foto, suscitou hipóteses de que se tratava de um viajante temporal que voltara aos anos 1940 e fora fotografado durante o evento. Mas logo surgiram explicações mais prosaicas: os óculos escuros já existiam na época; a camiseta poderia ser apenas uma peça casual daqueles tempos; o corte de cabelo, embora incomum, não seria impossível — e assim por diante.

 

O próprio museu tentou desmistificar as teorias e contextualizar a fotografia historicamente, mas o mistério do Hipster do Passado permanece, evidenciando tanto a fascinação coletiva com a possibilidade de viajar no tempo quanto a tendência humana de buscar o extraordinário no comum.

 

Outro caso que alimentou teorias conspiratórias sobre viagens temporais é o Mistério do Celular. Em 2010, ao assistir aos extras do DVD de O Circo (1928), de Charlie Chaplin, o cineasta irlandês George Clarke reparou numa mulher caminhando com a mão no ouvido, aparentemente conversando com alguém. "Ela está claramente falando com alguém — não há outra explicação além da viagem no tempo", disse ele num vídeo que logo acumulou milhões de visualizações.

 

A cena realmente é intrigante. A mulher caminha naturalmente, com um objeto junto ao ouvido, fazendo movimentos que parecem familiares a qualquer pessoa do século XXI. Mas será que estamos vendo o que realmente está acontecendo?

 

Dez anos depois do filme de Chaplin, outro "anacronismo temporal" foi capturado num filme promocional da empresa DuPont. A certa altura, uma funcionária aparece caminhando pelo local com algo próximo ao ouvido, aparentemente falando ao telefone — como fazemos hoje com um celular. A qualidade da imagem torna o caso ainda mais desconcertante, e o gesto, ainda mais inequívoco. Mas como seria possível alguém "falar ao telefone" enquanto caminha por uma fábrica em 1938?

 

A ciência sabe muito — mas não sabe tudo. Sabe, por exemplo, que o cérebro é uma máquina de reconhecimento de padrões extremamente sofisticada — e às vezes excessivamente criativa —, mas ainda não consegue explicar satisfatoriamente as EQMs (experiências de quase morte) nem o déjà vu (a estranha sensação de já ter vivenciado uma situação pela qual a pessoa nunca passou). A dúvida gera a incerteza que move o moinho das teorias sobre experiências vividas em outra encarnação, lapsos entre planos de existência, e por aí vai.

 

Talvez a "pareidolia tecnológica" explique esses casos. Esse fenômeno — que já foi considerado sintoma de psicose — nos leva a ver animais em nuvens ou o rosto de Cristo em qualquer coisa: de manchas na parede a torradas e caranguejos. No livro "The Demon-Haunted World", o astrofísico Carl Sagan anotou que a hiperpercepção facial resulta de uma necessidade evolutiva de reconhecer rostos — mas isso é outra conversa. 

 

Nosso cérebro, condicionado por décadas de uso de telefones, tende a interpretar determinados gestos e posições como "falar ao telefone", mas talvez a mulher no filme de Chaplin estivesse usando um aparelho auditivo portátil (essa tecnologia começou a ser desenvolvida nos anos 1920), com dor de dente (o gesto de levar a mão ao ouvido é uma reação comum), ou simplesmente protegendo o ouvido do frio ou do vento. Falar sozinho ou gesticular enquanto se caminha são comportamentos banais desde que o mundo é mundo, e outras possibilidades incluem dispositivos experimentais, equipamentos de trabalho (fones de ouvido ou proteção auricular eram comuns em ambientes industriais) ou algum acessório não relacionado a telefonia. No entanto, como dizia um sargento que conheci nos anos 1970, "explica, mas não justifica."

 

Esses casos se juntam a outros "mistérios" similares, nos quais imagens antigas permitem múltiplas interpretações — levando-nos a projetar nosso mundo tecnológico onde ele não existe, ou a procurar evidências que confirmem teorias extraordinárias. Mas nada disso muda o fato de que as viagens no tempo são uma possibilidade real, embora nossa tecnologia ainda não nos permita colher o fruto mais desejado da árvore da relatividade.

 

Talvez a verdadeira magia não esteja na possibilidade de viajar no tempo, mas na capacidade infinita da mente humana de encontrar mistérios e conexões onde menos se espera. Então, na próxima vez que você vir algo “impossível” em uma foto antiga, lembre-se: às vezes, o maior mistério não está na imagem — mas no espelho.


Continua...

segunda-feira, 17 de novembro de 2025

ESPAÇO NUNCA É DEMAIS

O QUE ABUNDA NÃO EXCEDE.

Os celulares nasceram como telefones sem fio de longo alcance, popularizaram-se no final do século passado, tornaram-se “inteligentes”(smart) depois que a Apple lançou o iPhone (em 2007) e se transformaram em microcomputadores pessoais ultraportáteis. 


Controlados por sistemas operacionais — Android ou iOS, na maioria dos casos — e capazes de rodar aplicativos como seus irmãos maiores, os smartphones precisam de memória RAM para funcionar. 


Desktops e notebooks são passíveis de upgrade de hardware, mas os smartphones nascem, vivem e morrem com a configuração definida pelo fabricante. À luz das exigências dos softwares atuais,  recomenda-se evitar modelos com menos de 6GB de RAM e128GB de armazenamento — tecnologia equivalente aos HDD/SSD dos computadores tradicionais, mas que utiliza memórias flash eMMC ou UFS otimizadas para dispositivos móveis. 


Se o preço não for um problema, opte por um dispositivo com 12 ou 16GB de RAM e 512GB ou 1TB de armazenamento, e assegure-se de que o fabricante ofereça ao menos 5 anos de atualizações do Android e outros tantos de patches de segurança. 


CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA


Dudu Bananinha não concretizou o sonho da anistia, mas vem realizando gradativamente todos os seus pesadelos. Convertido em réu na última sexta-feira, vê seu futuro político mudar de postulante ao Planalto para candidato ao ostracismo, enquanto o pai vive a síndrome de ser hospedado na Papuda antes do final do ano. O julgamento da denúncia em plenário virtual termina no dia 25, mas a Primeira Turma do STF deve convertê-la em ação penal muito antes disso. Como o fruto não cai longe do pé, o filho do pai se apaixonou pela irracionalidade, chegando mesmo a chamar de "caça às bruxas" a abertura da ação penal em que é acusado de coagir a Justiça para obter a impunidade do progenitor no caso do complô do golpe, atacar Alexandre de Moraes e defender a anistia:

"Não vamos parar", declarou. "Vamos vencer", acrescentou, parecendo não ter noção de que a contagem regressiva para ingressar na fase do regime fechado, de a proposta de anistia estar no freezer e de já não se falar num projeto alternativo que reduzisse o tamanho da pena do ex-presidente aspirante a golpista.

Bananinha exerceu sua influência nos subúrbios da administração Trump com a sensação de que enfiava os dedos em favos de mel. A cada nova sanção da Casa Branca, lambia os dedos como se saboreasse o néctar dos deuses. Agora, foge das abelhas enquanto aguarda a cassação de seu mandato por excesso de faltas, a expulsão dos quadros da PF e mais que provável condenação, que o impedirá, inclusive, de disputar cargos eletivos. 

Ao dizer "vamos vencer" no vídeo que postou nesta sexta-feira, Dudu esqueceu de definir "vencer", demonstrando que sua paixão pela irracionalidade é integralmente correspondida.

 

Em alguns modelos, é possível ampliar o espaço interno com um cartão microSD e emular RAM via softwareO cartão de memória oferece mais espaço para guardar fotos, vídeos, músicas e documentos, além de poder ser transferido para outros dispositivos. Por outro lado, sua velocidade de leitura e gravação costuma ser inferior à da memória interna, o que impacta na instalação e execução de aplicativos e pode apresentar falhas ou corromper arquivos. 

 

A memória virtual ajuda em situações pontuais, mas o acesso é mais lento, e o ganho, limitado. Além disso, o uso contínuo gera ciclos extras de leitura e escrita no armazenamento, acelerando seu desgaste — sobretudo em aparelhos de entrada e em alguns intermediários, que tendem a integrar chips de memória mais baratos.

 

Tenha em mente que cerca de 10GB do armazenamento interno são consumidos pelo sistema operacional e pelos aplicativos pré-instalados — a maioria dos quais não pode ser removida —, e que o desempenho despenca quando o espaço livre fica abaixo de 10% a 15% do total, já que o sistema precisa de uma folga para gerenciar arquivos temporários, caches e processos em segundo plano. Se seu celular estiver com pouco espaço, considere a possibilidade de transferir arquivos volumosos (vídeos, áudios, fotos, músicas etc.) para o Google Drive ou outro serviço de armazenamento em nuvem. Se não for suficiente, desinstale todos os apps inúteis e interrompa os que não conseguir remover (como é o caso da maior parte do crapware pré-instalado pelo fabricante). 

 

Vale também ativar o Arquivamento Automático, que coloca em hibernação os aplicativos que rodam desnecessariamente em segundo plano, liberando recursos do sistema para as tarefas que realmente importam. Para habilitá-lo, abra o Google Play, toque no ícone do seu avatar (ou foto), acesse Configurações > Geral > Arquivar apps automaticamente e arraste o botão para a direita.

 

É possível liberar bastante espaço limpando o cache dos aplicativos. Basta tocar em Configurações > Apps e notificações > Informações do app, escolher o aplicativo desejado e, em Armazenamento e cache, acionar a opção Limpar cache. Para limpar o cache do Chrome, abra o navegador, toque nos três pontinhos > Histórico > Excluir dados de navegação > Imagens e arquivos em cache > Excluir dados.

 

O Google Files está presente nos aparelhos da linha Pixel e em alguns modelos Motorola, Nokia, Xiaomi e Realme. A Samsung o substitui pelo app Meus Arquivos, ao passo que a Huawei não oferece o Files nem uma alternativa própria que lhe faça as vezes. No entanto, sempre se pode acessar a Play Store e baixar o Google Files ou outro gerenciador de arquivos confiável.

 

Continua...

terça-feira, 11 de novembro de 2025

ANDROID OU iOS? A ESCOLHA É SUA (CONTINUAÇÃO)

MANDA QUEM PODE, OBEDECE QUEM TEM JUÍZO.

Os primeiros "cérebros eletrônicos" surgiram nos anos 1940. No final da década seguinte, a IBM lançou os primeiros computadores totalmente transistorizados. 


Mais adiante, a TEXAS INSTRUMENTS revolucionou o mundo da tecnologia com os circuitos integrados (conjuntos de transistores, resistores e capacitores), que a Big Blue usou com total sucesso no IBM 360, lançado em 1964. 


Anos depois, a INTEL agrupou múltiplos CIs numa única peça, dando origem os microchips, e dali até o advento dos computadores de pequeno porte foi um pulo. Nas pegadas do ALTAIR 8800, vendido sob a forma de kit, o PET 2001, lançado em 1977, entrou para a história como o primeiro computador pessoal.


CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA


Conhecido por ter a língua mais frouxa que o esfíncter, Lula condenou-se no último domingo à meia palavra, ao discursar num evento esvaziado — dos 60 chefes de estado convidados, apenas nove compareceram — na cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos, a Celac, na Colômbia.

Tendo a presença militar dos EUA nos mares do Caribe e na costa da Venezuela como pano de fundo, o petista recorreu à sugestão, às entrelinhas, ao subentendido, como se temesse uma reação de Trump. Afirmou que "velhas manobras retóricas são recicladas para justificar intervenções ilegais", mas não dedicou um mísero garrancho verbal às embarcações venezuelanas afundadas, às execuções extrajudiciais e à alegação não comprovada de que transportavam drogas.

As meias palavras de Lula contrastaram com o discurso de palavras inteiras do anfitrião colombiano Gustavo Petro. Ele chamou de "barbárie" e "assassinatos" os ataques americanos. Vê-lo medir as palavras e o chanceler Mauro Vieira enfiar a régua da diplomacia em local incerto e não sabido — ao dizer que a Celac daria "um apoio, uma solidariedade regional à Venezuela” — gerou o receio de o Sun-Tzu de Atibaia fazer um bate-volta à Colômbia e produzir improvisos de indignação com o propósito de alisar o pelo da esquerda latino-americana.

A melhor maneira de exorcizar um demônio é falar nele. A reticência a que recorreu Lula para suprimir o nome de Trump se explica pela prudência, mas aí é preciso explicar a prudência: Lula manteve a língua no cabresto para não correr o risco de contaminar as negociações para rever o tarifaço, algo prioritário para o interesse nacional, mas, se estava condenado pelas circunstâncias a fazer um discurso de meias palavras, por que decidiu na última hora voar para a Colômbia se a prudência recomendava a ausência? 

Ou ele dizia tudo ou não dizia nada. Ao dizer apenas a metade, reforçou a noção de que o demônio laranja dá as cartas.


Depois que Apple revolucionou o mercado de celulares com seu icônico iPhone (2007), os fabricantes concorrentes se viram forçados a promover seus dumbphones a smartphones; depois que os smartphones se tornaram verdadeiros microcomputadores de bolso, cada vez menos pessoas usam desktops e notebooks — salvo quando a tarefa requer tela de grandes dimensões, teclado e mouse físicos e mais poder de processamento, memória e armazenamento que os "pequenos notáveis" são capazes de proporcionar.

 

Curiosamente, Thomas Watson — que presidia a IMB em meados do século passado — profetizou que "haveria mercado para talvez cinco computadores", referindo-se aos gigantescos e caríssimos mainframes de então. Nas décadas seguintes, as previsões continuaram equivocadas. Ken Olsen, presidente e fundador da Digital Equipment Corp., vaticinou em 1977 que "não havia razão para alguém querer um computador em casa" — e viveu por tempo suficiente para se arrepender de sua falta de previsão, mas isso é outra conversa.

 

Até a virada do século, muita gente torcia o nariz para os microcomputadores, achando que não fazia sentido pagar caro por um mero substituto digital da máquina de escrever, da calculadora e do baralho de cartas. Mas não há nada como o tempo para passar. Nos anos seguintes, os PCs venderam feito pão quente. Escolas de informática e cursos de montagem e manutenção de "micros" se reproduziram como coelhos. Revistas sobre TI vendiam mais que o jornal do dia, sobretudo quando traziam disquetes (e, mais adiante, CDs) com os arquivos de instalação de programinhas demo ou freeware. 

 

Observação: Embora esses arquivos pudessem ser "baixados" por qualquer pessoa que dispusesse de um PC e de um modem analógico, a conexão discada era lenta e encarecia consideravelmente a conta do telefone — a não ser nos feriados e finais de semana, quando as operadoras cobravam um pulso por chamada, independentemente do tempo de ligação. 

 

Meu primeiro desktop foi um AT 286, presenteado por um primo que trabalhava na IBM. Por vias tortas, o presente deu azo ao primeiro artigo que publiquei sobre vírus de computador. A matéria não rendeu muito dinheiro, mas me estimulou a continuar escrevendo sobre TI — na sequência, publiquei meus ensaios em revistas como In-Hardware, Curso Dinâmico de Hardware, INFO, PC WORLD, PC Magazine e PC&Cia. Mais adiante, a parceria com um amigo e editor gráfico resultou em dezenas de livrinhos da saudosa Coleção Guia Fácil Informática. 

 

Observação: Foi justamente para embasar a edição Blogs & Websites que criei este espaço em 2006. A ideia era tirá-lo do ar assim que o livrinho chegasse às bancas, mas o carinho dos leitores (que o viam como um canal de comunicação para tirar dúvidas e fazer consultas) me levou a seguir adiante. E cá estamos nós, 19 anos e 7.394 postagens depois.

 

Se você está se perguntando o que isso tem a ver com assunto em pauta, a resposta é: nada. Fi-lo porque qui-lo (como teria dito Jânio Quadros quando lhe perguntaram por que renunciou à Presidência em 1961 — lembrando que o correto é "fi-lo porque o quis". Ou talvez por mero saudosismo; afinal, a idade torna as pessoas nostálgicas — daí eu ter dedicado nove parágrafos (sem contar o atual) a estas divagações. Dito isso, passemos ao que interessa.

 

A exemplo dos PCs do final da década de 1990, os primeiros celulares traziam manuais com centenas de páginas. O uso básico dos telefoninhos era mais intuitivo que o dos PCs, já que a maioria servia para fazer e receber ligações de voz e SMS. Mas para usar a agenda, a calculadora e o cronômetro, programar o despertador e jogar os games rudimentares que eles ofereciam, era necessário consultar o manual do usuário — que quase ninguém se dava ao trabalho de ler e, consequentemente, acabava subutilizando o dispositivo. Isso sem falar que quem trocava um aparelho da Ericsson por um modelo da Motorola, por exemplo, passava semanas reaprendendo a usar o celular.

 

Atualmente, quem migra de um smartphone Samsung para um Motorola — também por exemplo — não enfrenta maiores dificuldades, pois ambas as fabricantes utilizam o sistema operacional Android, desenvolvido pelo Google. Mesmo que cada uma crie sua própria UI (interface de usuário), e que ícones, botões, menus, layouts e informações na tela possam variar, a adaptação é bem mais rápida e intuitiva do que na era dos dumbphones, já que a maioria dos recursos não é fornecida pelo aparelho em si, mas pelo sistema operacional. Mas isso não significa que cada UI não tenha suas peculiaridades. 

 

A One UI da Samsung oferece a suíte de aplicativos Good Lock, que permite alterar a aparência do painel de notificações, o gerenciador de tarefas, a tela de bloqueio e muito mais. A Pasta Segura oferece um espaço privado para armazenar aplicativos, arquivos e dados sensíveis, protegidos por senha ou biometria. O Dual Audio possibilita a reprodução de áudio em dois fones de ouvido simultaneamente — ideal para compartilhar música ou vídeos com outra pessoa —, além de captura de tela por gestos, de fotos por comando de voz, e filtros para videochamadas.

 

A Hello UI da Motorola conta com o Moto Display, que exibe informações importantes na tela bloqueada de forma discreta e permite interações rápidas, como visualizar notificações e controlar a reprodução de músicas. O Gestos Moto oferece atalhos práticos para ações como abrir a câmera, lanterna, capturar a tela e acessar outras funções do celular por meio de gestos com as mãos ou movimentos. A Bateria Adaptável otimiza o uso da bateria com base no perfil do usuário, visando prolongar a autonomia do aparelho, e o Moto Actions permite personalizar gestos para ações rápidas, como abrir a câmera girando o pulso ou ligar a lanterna balançando o celular. 

 

A Motorola se destaca pela interface mais próxima da versão pura do Android, com menos modificações e personalizações, o que pode agradar usuários que preferem uma experiência mais clean e leve. Mas alguns recursos estão presentes em aparelhos de ambas as marcas, ainda com implementações diferentes, enquanto outros podem ser exclusivos de modelos específicos de cada marca. 

 

O resto fica para o próximo capítulo. 

sexta-feira, 10 de outubro de 2025

DO TELEFONE DE D. PEDRO AO CELULAR

ANTES QUE O MAL CRESÇA, CORTA-SE A CABEÇA.

O italiano Antonio Meucci criou o "telettrofono" em 1856 — vinte anos antes do britânico Alexander Graham Bell patentear o telefone. Mais adiante, o Congresso dos EUA reconheceu a contribuição de Meucci, mas Bell continua sendo considerado o "pai do telefone".

 

O Brasil foi o segundo país do mundo a ter telefone. A primeira linha, instalada em 1877 por ordem de D. Pedro II, ligava a residência imperial ao Palácio de São Cristóvão e às casas dos seus ministros.


Em 1998, o então presidente Fernando Henrique privatizou as Teles, pondo fim ao abominável Sistema Telebras, implantado em 1972, durante o governo Médici. Com a privatização, as linhas fixas — que custavam os olhos da cara e demoravam décadas para serem instaladas — deixaram de ser consideradas um "bem" declarado ao fisco e negociadas a peso de ouro no mercado negro (em algumas regiões da capital paulista, um terminal chegava a custar tanto quanto um veículo popular 0 km).


A privatização também "democratizou" os celulares: até então, habilitar uma linha móvel era um processo caro e burocrático, a insuficiência de células (antenas) restringia o sinal às capitais e grandes centros urbanos, a profusão de "áreas de sombra" limitava ainda mais o uso dos aparelhos, o preço do minuto de ligação era exorbitante e até as chamadas recebidas eram tarifadas. 


CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA


Lula deveria mandar flores para o domicílio prisional de Jair Bolsonaro, um cartão postal para o filho Eduardo e bombons para os tecelões do Centrão. Há quatro meses, com a impopularidade a pino, o macróbio fazia de tudo para melhorar sua imagem, mas tudo parecia não querer nada com ele. Hoje, as pesquisas lhe sorriem. A distância entre os que reprovam e os que aprovam seu governo, que já foi de 17 pontos, caiu para um ponto. 

Lula sobe a montanha empurrado pelas maluquices dos opositores. O estreitamento da inimizade com Trump lhe deu uma cara de solução para as encrencas que o clã Bolsonaro criou. A aversão das ruas ao combo blindagem-anistia, empinado pelo consórcio centrão-bolsonarista, presenteou-o com o avanço do projeto que isenta Imposto de Renda quem ganha até 5 mil reais — que conta com a aprovação de oito em cada dez eleitores (79%). Além de solidificar a recuperação de eleitores perdidos, Lula colocou um pé fora do quintal petista: sua aprovação junto aos eleitores com renda acima de cinco salários mínimos deu um salto de oito pontos. 

Ironicamente, as últimas novidades produzidas pelos rivais reforçam a opção preferencial pelo erro: na terça-feira, produziu-se na Esplanada um ato chocho pró-anistia; na quinta, Ciro Nogueira visitou Bolsonaro. Quer dizer: a facção bolsonarista permanece acorrentada a uma pauta gasta e o centrão continua agarrado à barra da calça do "mito". 

A dívida do molusco com os rivais vai se tornando impagável.


Andar com um celular no cinto, no bolso ou na bolsa nos anos 1990 era mais símbolo de status do que real necessidade. Isso mudou com a virada do século (detalhes no capítulo de abertura), sobretudo depois que os telefoninhos móveis de longo alcance se transformaram em microcomputadores ultraportáteis. 

 

Buscando fidelizar a clientela, as operadoras passaram a oferecer planos pré-pagos com ligações ilimitadas, franquias de dados e acesso grátis ao WhatsApp e às principais redes sociais. Em 2024, segundo dados da ANATEL, havia 263,4 milhões de celulares ativos no Brasil — cerca de 1,22 por habitante. Samsung, Motorola, Apple e Xiaomi abocanham 36%, 19%, 17% e 16% desse mercado, respectivamente. 


Os produtos da Apple sempre foram um sonho de consumo que poucos conseguem realizar, sobretudo num país com uma das maiores cargas tributárias do mundo. Mas isso não significa que os modelos top de linha concorrentes sejam baratos: no final do ano passado, o Galaxy S24 Ultra — principal aposta da Samsung para fazer frente aos iPhones Pro e Pro Max — partia de R$ 9.499, e o Motorola Razr 50 Ultra 5G, de R$ 7.999 — preço equivalente ao do iPhone 16 básico no site oficial da Apple.


Os smartphones aposentaram os "orelhões" — os poucos que restaram ficam em aeroportos, rodoviárias, shoppings e hipermercados —, reduziram consideravelmente as linhas residenciais fixas — ainda que a instalação seja praticamente imediata e a assinatura mensal gire em torno de R$ 30 — e restringiram o uso do desktop ou do notebook a tarefas que exigem tela de grandes dimensões, teclado físico e mais processamento, armazenamento e memória do que a maioria dos smartphones oferece.

 

Como a versatilidade leva ao uso constante, a autonomia se tornou fundamental na escolha do aparelho, ainda que nem as baterias de 5.000 mAh livram os heavy users de um "pit stop" entre duas recargas completas e os usuários comuns de recorrerem à tomada dia sim, dia não (isso na melhor das hipóteses). 


Continua...

sábado, 4 de outubro de 2025

DE VOLTA À (IN)SEGURANÇA DIGITAL

COMPUTADOR SEGURO É COMPUTADOR DESLIGADO.

Existem registros (teóricos) de programas capazes de se autorreplicar desde meados do século passado, mas o termo "vírus" só passou a ser usado para designá-los nos anos 1980, quando um pesquisador chamado Fred Cohen embasou sua tese de doutorado nas semelhanças entre os vírus biológicos e os eletrônicos (mais detalhes na sequência Antivírus - A História).

 

No alvorecer da computação pessoal, os "vírus" exibiam mensagens e sons engraçados ou obscenos, mas logo se tornaram "nocivos" — lembrando que um vírus, em si, não é necessariamente destrutivo, e um programa destrutivo, em si, não é necessariamente um vírus.

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

Podendo contribuir para endireitar a direita, Tarcísio de Freitas prefere se firmar como um outro Bolsonaro. Outros políticos ralam para realizar o sonho de poder, mas o governador de São Paulo sua a camisa para realizar os seus pesadelos. Após nova visita ao criador, a criatura repetiu que não disputará o Planalto em 2026 — mera cantiga para dormitar bovinos, já que sua estratégia é engolir todos os sapos até que o ex-presidente golpista e futuro hóspede da Papuda o aponte como herdeiro político. E isso inclui tratar o chefe da organização criminosa do golpe como coitadinho, defender a anistia, esbofetear o STF, oferecer a outra face a Eduardo, orar com Michelle e sorrir sempre que Flávio disser "estaremos juntos".

Gratidão política é uma coisa, cumplicidade é outra coisa. Tarcísio confunde pacificação com amnésia. Não apaga apenas os crimes contra a democracia, passa a borracha também nos cadáveres da pandemia, na boiada ambiental, no racismo, no machismo e num interminável etecétera. 

Tarcísio ainda deseja a Presidência, mas se tornou um caso raro de “descandidato” que fez opção preferencial pela autodesqualificação. A questão não é se ele será candidato, mas se merece ser.  


Quando a ArpaNet dos tempos da Guerra Fria virou Internet e o acesso foi estendido ao público em geral, os cibercriminosos deixaram de infectar disquetes de joguinhos — cujo número de vítimas eles podiam contar nos dedos — e elegeram o email como meio de transporte para seus códigos maliciosos — até porque todo internauta tem pelo menos um endereço eletrônico.

Paralelamente, os "malwares" (softwares maliciosos em geral, como vírus, worms, trojans, spywares etc.) passaram de algumas dezenas a muitos milhões (não se sabe ao certo quantos existem, já que novas versões surgem todos os dias e cada empresa de segurança digital usa metodologias próprias para classificá-las).

Os vírus atuais não causam tanto alvoroço como o Brain e o Chernobyl casaram em sua época, mas não sumiram. Na verdade, eles evoluíram, diversificaram seus alvos e se tornaram mais discretos, já que o objetivo dos cibercriminosos passou a ser roubar dados, sequestrar sistemas e enganar as vítimas induzindo-as a clicar em links suspeitos, instalar apps duvidosos no computador ou no celular, enfim... 

Qualquer dispositivo inteligente está na mira dos crackers. Os smartphones são mais visados porque carregam fotos, senhas, localização, documentos digitais, acesso a bancos e redes sociais etc. Assim, os invasores descobrem facilmente com quem as vítimas falaram, onde estiveram e o que compraram, além de usarem o número do celular invadido para aplicar fraudes via WhatsApp ou SMS.

O primeiro antivírus foi criado por John McAfee para combater o Brain — vírus paquistanês que infectava IBM PCs e compatíveis. Com a popularização da Internet e a diversificação das pragas, essas ferramentas, antes reativas, passaram a oferecer proteção em tempo real, visando evitar a infecção em vez de tratá-la a posteriori.

Apesar de ter criado o primeiro antivírus, McAfee achava essas ferramentas inúteis porque as soluções desenvolvidas para burlar sua proteção eram mais criativas e avançadas — e trocava de celular a cada duas semanas. 

ObservaçãoQuando era programador da NASA, McAfee passava as manhãs bebendo whisky, consumindo grandes quantidades de cocaína e vendendo o excedente para os colegas. Foi expulso da Northeast Louisiana State University por transar com uma de suas alunas. Depois de vender a McAfee Associates para a Intel (em 2011, por US$ 7,7 bilhões), ele criou uma empresa de cigarros, uma companhia de distribuição de café e um serviço de táxi marítimo. Foi preso por traficar drogas em Belize e, suspeito de ter assassinado um vizinho, fugiu para a Guatemala, de onde foi extraditado para os EUA, e morreu em 2021.

Boas suítes de segurança reúnem antimalware, firewall, antispyware, gerenciador de senhas, controle parental e VPN, utilizam heurística, machine learning e inteligência artificial para identificar ameaças desconhecidas — inclusive em dispositivos móveis, IoT, servidores em nuvem e ambientes corporativos híbridos — e oferecem mais recursos nas versões shareware (comerciais) do que nas gratuitas, mas nenhuma delas é 100% idiot proof — até porque a engenharia social faz do usuário o elo mais frágil da corrente. 

Mesmo com IA e proteção em tempo real, nenhum pacote de segurança consegue impedir que alguém clique em um link fraudulento ou forneça dados sensíveis a um golpista convincente. Por outro lado, o fato de a proteção ser insuficiente não a torna dispensável (ruim com ela, pior sem ela). Mal comparando, essas ferramentas são como coletes à prova de balas: protegem contra muitos tiros, mas não contra todos, e não impedem a vítima de abrir a porta para o atirador.

O Windows é o alvo preferido dos cibercriminosos porque abocanha 70% de seu segmento de mercado (contra os 15,5% do macOS), daí a oferta de ferramentas de proteção ser maior para ele do que para os concorrentes. E o mesmo raciocínio se aplica ao Android, mais visado que o iOS devido a seu código aberto e por estar presente em 80% dos smartphones ativos.

Se você acha que celular não precisa de proteção porque os sistemas móveis vem reforçando suas barreiras, convém rever seus conceitos. Diversos aplicativos infectados já burlaram a vigilância da Google Play Store e da Apple Store, e o phishing continua fazendo vítimas — seja por email, por SMS ou por telefone. Os golpes mudam de nome, mas objetivo é sempre o mesmo: convencer os incautos a entregarem informações, dinheiro ou acesso através mensagens falsas de bancos, alertas de "entrega pendente", promoções imperdíveis ou pedidos de ajuda de "amigos" pelo WhatsApp. Tudo com aparência legítima e escrita convincente. 

Em um mundo hiperconectado, nenhum software de segurança substitui o bom senso. Informar-se, desconfiar e proteger-se continuam sendo as melhores medidas protetivas de que dispomos. Adotá-las não significa ficar 100% seguro, mas ignorá-las é procurar sarna para se coçar... e encontrar.

Continua...