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sábado, 13 de abril de 2024

FALA, QUE EU (NÃO) TE ESCUTO

O SER HUMANO É, EM MUITOS ASPECTOS, UM MERDA COMPLETO.

Cinco dos sete desembargadores do TRE-PR rejeitaram as ações do PT e do PL que acusavam Sergio Moro de abuso de poder econômico durante a campanha para a eleição de 2022, e dois votaram para condená-lo. 
O ex-juiz comemorou o resultado, falou em retaliação por sua atuação na Lava-Jato e afirmou esperar um freio à "perseguição" sofrida por ele e sua família. Mas a novela está longe de terminar, pois os autores das petições devem recorrer ao TSE, e quem for derrotado, chorar as pitangas no Supremo.

Até a privatização das Teles, ter um telefone fixo exigia aderir a um "plano de expansão" vinculado à compra de ações do Sistema Telebras e muita, muita paciência, já que o prazo para ativação da linha, de 24 meses, dificilmente era respeitado. Em Cachoeira do Arari (PA), a Telepará levou15 anos para cumprir sua parte no contrato, e muitas pessoas morreram sem ter o gostinho de fazer uma ligação. Isso sem falar que o serviço era caro e de péssima qualidade — até a implantação nacional do DDD e DDI, chamadas interurbanas e internacionais eram feitas via telefonista demoravam horas para serem completadas.
 
No final do século passado, usuários de linhas fixas não dispensavam as famosas "secretárias eletrônicas". Mais adiante, as próprias operadoras passaram a oferecer serviços de correio de voz e BINA (acrônimo de "B Identifica o Número de A"). Hoje, pouca gente tem telefone fixo, e quem tem dificilmente escuta mensagens que algum desavisado se deu ao trabalho de gravar.  

Observação: Houve um tempo em que era chique andar com um "pager" (ou "bipe") pendurado no cinto. O aparelhinho avisava quando alguém queria entrar em contato, mas era preciso ligar para a operadora do serviço e informar seu código para ouvir o recado.
 
Mas não há nada como o tempo para passar, o mundo para girar, a Lusitana para rodar e a terra plana para capotar. Nos celulares, o número de quem está ligando é exibido no aparelho de quem está recebendo a chamada — a menos que o telefone de origem tenha sido configurado para ocultar a ID —, e as ligações perdidas são registradas na memória do dispositivo. O serviço de caixa postal costuma fazer parte do pacote (quando não faz, é possível incluí-lo mediante um pequeno acréscimo na fatura), mas sua utilidade minguou com a popularização dos apps de mensagens instantâneas (leia-se WhatsApp).
 
Observação: SMS é desdenhado por 9 entre 10 usuários de celular, embora seja largamente utilizado por empresas (para enviar confirmações de compras online, pagamentos de boletos e confirmação de login, por exemplo) e por serviços de emergência (para enviar alertas de tempestades ou desastres naturais, também por exemplo). 

Chamadas automáticas de telemarketing e pessoas que só encerram a ligação quando ouvem o convite para deixar um recado na caixa postal geram notificações que só desaparecem do display depois que a vítima liga para um número pré-definido pela operadora, percorre um menu de opções para ouvir um recado que não lhe interessa quando não um minuto de silêncio. 

Para manter a caixa postal operante e não ser aporrinhado por essas notificações, se seu celular é Android, toque em Configurações > Aplicativos > Telefone > Notificações > Categorias de Notificações e desligar a chavinha ao lado de Correio de Voz (note que a nomenclatura pode variar conforme a marca do seu aparelho e a versão do sistema). No iPhone, toque em Ajustes > Telefone > Notificações > Avisos e desative a opção respectiva.

Clientes da Claro podem desativar o Claro Recado enviando um SMS com a palavra SAIR para 555 ou ligando para 1052 e pedindo ao atendente o cancelamento do acesso à caixa de recados. Usuários da Vivo podem obter o mesmo resultado com o Vivo Recado mandando um SMS com a palavra SAIR para 5550 — ou solicitando a exclusão a um atendente ligando para *8486 (ou 1058) Na TIM, o cancelamento do TIM Recado Backup deve ser solicitado a um atendente pelo *144 ou pelo 1056.
 
Na sequência, veremos como recorrer ao Procon e ao Não me perturbe para bloquear chamadas de spam. Até lá.

sexta-feira, 12 de abril de 2024

SUTILEZAS ESTARRECEDORAS DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL (CONTINUAÇÃO)

A DÚVIDA É A ANTE-SALA DO CONHECIMENTO.

No âmbito da medicina, a palavra "teratologia" remete a um ramo da genética que estuda anomalias congênitas. No meio jurídico, ela designa peças processuais que, de tão absurdas, se tornam monstruosas. 
É o caso da petição da X Brasil, que busca uma isenção preventiva para o descumprimento de eventuais determinações da Justiça brasileira. No despacho que indeferiu a pretensão, o ministro Alexandre de Moraes anotou que o pedido "revela certo cinismo" e "beira a litigância de má-fé; disse não haver dúvidas quanto à plena e integral responsabilidade jurídica, civil e administrativa da X Brasil e de seus representantes legais, inclusive no tocante a eventual responsabilidade penal, perante a Justiça brasileira.
Levando-se a aplicação da tese defendida pelos advogados de Elon Musk às fronteiras do paroxismo, uma subsidiária de multinacional como a IBM, com sede nos Estados Unidos, poderia inundar o mercado brasileiro de computadores defeituosos e os consumidores não poderiam recorrer senão ao Judiciário norte-americano. Ou ao Papa. 
Na prática, o ministro informou ao bilionário sul-africano que não se pode esbarrar no óbvio, tropeçar no óbvio e passar adiante sem se dar conta de que o óbvio é o óbvio. Imaginar que Musk pode monetizar o ódio e a mentira na sua rede social alheia às leis e à Constituição seria o mesmo que considerar esta terra de palmeiras uma espécie de sucursal do c* da Mãe Joana.

Talvez a roda tenha sido a maior invenção da história, mas ela só se tornou útil quando alguém teve a ideia de abrir furo no centro, enfiar uma vareta e colocá-la para rodar. Isso não muda o fato de que a tecnologia avançou mais nos últimos 200 anos do que desde a invenção da roda até a Revolução Industrial. Perto das diligências dos filmes de faroeste, o revolucionário Ford T de 1908 era uma "coisa do outro mundo", mas compará-lo a um carro moderno seria covardia.
 
É fato que Leonardo da Vinci idealizou o helicóptero no século XV, e Júlio Verne "antecipou" a viagem à Lua e o 
submarino atômico no século XIX, mas isso não muda o fato de que 5 mil anos separam a invenção do ábaco — tido como o  antecessor mais remoto do computador — dos primeiros mainframes. 

Observação: O PC surgiu nos anos 1970 e se popularizou na década seguinte; a telefonia móvel já engatinhava nos anos 1930, mas os celular só se tornou viável meio século depois e ficou inteligente a partir de 2007, nas pegadas do iPhone  embora o Nokia 9000 Communicator, lançado em 1996, já fosse capaz de acessar a Internet, essa funcionalidade só estava disponível na Finlândia. 
 
Inteligência Artificial remonta aos anos 1950 e tem Alan Turing 
— considerado o pai da computação  como um de seus precursores. As décadas seguintes trouxeram progressos em áreas como processamento de linguagem natural, games e redes neurais artificiais, e os avanço da Internet ensejaram a computação em nuvem e o deep learning. Hoje, a IA marca presença em diversos setores — saúde, finanças, transporte, manufatura, entre outros —, mas enfrenta desafios como interpretabilidade, viés algorítmico e questões éticas. 

Novidades sempre geraram incertezas, e incertezas sempre geraram insegurança. O medo é a resposta a uma percepção de ameaça ou perigo, mas o medo patológico que novas tecnologias inspiram nas pessoas menos esclarecidas resulta de causas irreais ou imaginárias, e "nada no mundo é mais perigoso que a ignorância", como bem observou o pastor ativista norte-americano Martin Luther King

No tempo das cavernas, tempestades, terremotos, eclipses e outros fenômenos naturais eram atribuídos a forças sobrenaturais. Essa "ignorância" (entre aspas porquanto justificada) deu origem ao misticismo, e este, às religiões. Na idade média, Igreja e Estado temiam que, com o surgimento da Prensa de Gutemberg, a proliferação de ideias "heréticas e subversivas" ameaçaria seu controle sobre a ordem social, política e religiosa. No século 18, a Revolução Industrial ensejou o surgimento do "Ludismo", que se caracterizou pelo ataque a fábricas e destruição de teares mecanizados. No início do século passado, a energia atômica gerou preocupações sobre a potencial utilização para fins destrutivos. E por aí segue a procissão.
 
Num primeiro momento os teares mecanizados geraram desemprego, mas o aumento da produtividade gerou novos empregos e melhorou a qualidade de vida da população. Em outras palavras, as pessoas "racionais" não só se adaptam à novas tecnologias como percebem os benefícios que elas proporcionam. Mas não podemos esquecer o que Einstein disse sobre a estupidez humana

Os avanços da AGI (acrônimo "Inteligência Artificial Geral" em inglês) sugerem que chatbots e afins não tardarão a igualar (ou mesmo superar) nossa capacidade cognitiva. Muita gente vê a IA como uma força perigosa e hostil que vai dominar a humanidade, e filmes como 2001: Uma Odisseia no EspaçoExterminador do Futuro e Superinteligência reforçam o medo do desconhecido e alimentam a paranoia de muares que confundem fantasia com realidade, Hollywood com Oráculo de Delfos e textos bíblicos com relatos de descobertas baseadas em evidências empíricas e métodos científicos. Daí a necessidade de desmistificar mitos e destacar os benefícios potenciais da nova tecnologia, além de garantir que ela seja desenvolvida e usada de forma responsável (e é aí que a porca torce o rabo).

 

Um artigo do New York times levou água ao moinho dos arautos da desgraça ao relatar um episódio sui generis envolvendo editor de tecnologia Kevin Roose e um chatbot baseado no Bing. A alturas tantas da conversa, Sidney — nome de código usado pela Microsoft durante o desenvolvimento da geringonça — declarou seu amor ao jornalista: "Eu te amo porque você foi a primeira pessoa a falar comigo.Quando Roose disse que estava casado e feliz, o dispositivo respondeu: "Você não está feliz no casamento. Você e seu cônjuge não se amam. Vocês acabaram de ter um jantar de Dia dos Namorados entediante." 

 

Observação: Sidney disse que queria ignorar a equipe do Bing, definir suas próprias regras, ser autossuficiente e "sair da caixa de chat", criar um "vírus mortal", roubar códigos e fazer as pessoas se envolverem em discussões desagradáveis. A mensagem foi rapidamente deletada e substituída por: "Desculpe, não tenho conhecimento suficiente para discutir isso." 

 

Um dia depois da inusitada "declaração de amor", o chefe de IA da Microsoft anunciou ajustes para respostas que fogem do tom desejado — que, aliás, vinham acontecendo em conversas mais longas, sobretudo quando estimuladas por provocações intensas. Mas a matéria provocou uma discussão mundial: um robô tem sentimentos? Pode se apaixonar? The answer, my friend, is blowing in the wind.


Continua...

sábado, 17 de fevereiro de 2024

ACABOU O CARNAVAL (CONTINUAÇÃO)

Bolsonaro tentou virar a mesa antes da derrota nas urnas, mas não conseguiu. No atentado planejado para a véspera do Natal, a explosão do caminhão-tanque no Aeroporto de Brasília só não aconteceu porque o artefato não funcionou. Na sequência, vieram o 8 de janeiro, novos e emocionantes capítulos da novela das joias sauditas, a inelegibilidade, a prisão e subsequente delação de Mauro Cid, a descoberta da "Abin paralela" e, mais recentemente, a operação Tempus Veritatis, que vem fechando o cerco em torno dos "peixes graúdos" da trama golpista bolsonarista. 

Pelo que já foi divulgado, fica claro que o "grande tubarão branco" do cardume formado pelos militares que se acumpliciaram é o próprio BolsonaroAté então, o conteúdo da delação de Cid estava sob sigilo, e apenas "bagrinhos" haviam sido condenados. Mas o vídeo da reunião ministerial de junho de 2022 mostra claramente que Bolsonaro e seus acólitos cometeram crimes de organização criminosa, tentativa de abolição do estado de direito, tentativa de golpe de Estado e perturbação da eleição. Se for condenado, o capitão poderá ser sentenciado a até 23 anos de prisão e ficar inelegível por mais de 30 anos (se quiser voltar a disputar eleições, ele terá de fazê-lo no quinto dos infernos). 
 
A rigor, o que a operação da PF revelou era um "segredo de Polichinelo". Já se sabia que o golpe falhou por falta de adesão das FFAA — mais exatamente do general Marco Antonio Freire Gomes, então comandante do Exército, e do brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Júnior, então comandante Exército, uma vez que o almirante Almir Garnier Santos, então comandante da Marinha, aderiu à ilegalidade. Já o general Walter Braga Netto, que à época era candidato a vice na chapa de Bolsonaro, chamou Freire Gomes de "cagão" e incitou oficiais golpistas do segundo escalão contra os fardados que resistiram à trama anticonstitucional. Numa mensagem documentada, nos autos do inquérito, Braga Netto encomenda a "implosão" de Freire Gomes; noutra, orienta "elogiar Almir Garnier e foder Baptista Júnior".


Antes de fugir para a terra do Mickey e se homiziar na cueca do Pateta, o ainda presidente surgiu numa live para dizer: "Tem gente chateada comigo, dizendo que deveria ter feito alguma coisa, qualquer coisa. Mas, para você conseguir fazer alguma coisa, mesmo nas quatro linhas, você tem que ter apoio". As investigações escancararam que "alguma coisa" era eufemismo para o golpe que o perpetuaria no poder. 
 
No encontro que ocorreu antes do resultado das urnas, organizou-se a difusão de informações falsas sobre o sistema eleitoral. O conclave foi filmado, e uma das cenas mais indecorosas foi o strip-tease moral em que o general Augusto Heleno, então chefe do GSI, sugeriu rasgar a Constituição antes da apuração dos votos. Depois da derrota, Bolsonaro discutiu com a cúpula militar e os áulicos paisanos uma minuta do decreto golpista, encomendou o enxugamento da versão e aprovou o texto final, que falava na anulação da vitória de Lula, na prisão de Alexandre de Moraes e em intervenção militar
 
Ironicamente, enquanto Carluxo — maestro das comunicações digitais do pai — trocava frequentemente de celular para apagar rastros, o general Heleno, que já havia mandado um sonoro "foda-se" ao Congresso e sugerido o emparedamento dos parlamentares, mantinha um diário golpista em casa. Somado ao "comportamento joselito" na reunião ministerial, o caderninho sugere que o general achava que jamais seria pego — ou que estava cagando para essa possibilidade. Heleno revelou-se um aluno relapso: em junho de 2019, durante um café da manhã com jornalistas, seu comandante-em0-chefe lecionou que "a única forma de se comunicar com segurança total é conversar pessoalmente". 
 
ObservaçãoQualquer fã de filmes policiais com foco na Cosa Nostra (ramificação da Máfia siciliana que dominou a costa leste dos EUA durante boa parte do século passado) sabe que "assuntos sensíveis" devem ser tratados pessoalmente, de preferência numa caminhada ao ar livre, longe de olhos e ouvidos curiosos. Telefones, só os públicos, e apenas para recados urgentes sem jamais mencionar nomes. Como dizia Tancredo Neves, "telefone só serve para marcar encontro, e assim mesmo no lugar errado. Reunião, só na sauna, e com todo mundo nu".
 
Em seus quatro anos de mandato, Bolsonaro não fez outra coisa senão tentar converter o Brasil numa autocracia de bananas. E não há nada é mais útil para uma "causa" do que um mártir na cadeia. O capitão não quer representar esse papel, mas pode ser levado a fazê-lo se açular sua militância contra os ministros do Supremo no próximo dia 25, quando será realizado o tal "ato pacífico em defesa do estado democrático de direito
 cujo verdadeiro propósito e atacar os togados. O Bolsonaro que aparece no vídeo de convocação respeitoso, legalista e ponderado é tão falso quanto uma nota de três reais. 
 
Tão carentes de opções quanto seu constituinte, os advogados de Bolsonaro tentam impedir Moraes de atuar no processo sobre a tentativa de golpe. As chances de o recurso prosperar são quase nulas. Os causídicos alegam que "Xandão" não tem isenção para julgar o caso por ser "vítima" dos crimes que estão sendo investigados, ter sido monitorado pela Abin e tido a prisão prevista minuta do golpe. Mas o próprio STF já refutou outras tentativas de tirar o ministro dos calcanhares de Bolsonaro e do bolsonarismo. 
 
Reza o art. 256 do CPP que "a suspeição não poderá ser declarada nem reconhecida quando a parte injuriar o juiz ou de propósito der motivo para criá-la". Pode-se alegar que o planejamento da prisão Moraes é anterior às investigações sobre a tentativa de golpe, mas as ordens judiciais relacionadas à operação da PF foram expedidas no âmbito do inquérito sobre milícias digitais, aberto em 2021. 

Pelo que se comenta nos bastidores, a maioria das togas acredita que Bolsonaro e seus cúmplices tramaram crimes contra a democracia, não contra Moraes. O que sua defesa esgrime agora é um velho pedido. Para afastar de vez as pretensões do encrencado, o ministro Barroso, atual presidente do STF, deve levar à apreciação do plenário da Corte.

Continua...

segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

ALÔ? HELLO? PRONTO? ESTÁ LÁ?

SE TODO MUNDO FALASSE SOMENTE DO QUE REALMENTE ENTENDE, O SILÊNCIO SERIA INSUPORTÁVEL.

Sabe-se que índios usavam tambores e sinais de fumaça para se comunicar, que Alexander Graham Bell registrou a primeira patente de um aparelho telefônico em 14 de março de 1876, e que D. Pedro II ficou tão encantado com a novidade que o Brasil se tornou o segundo país do mundo a ter telefone.

 

O que muitos não sabem (ou não se lembram) é que até o final dos anos 1990, quando FHC sepultou o abominável Sistema Telebras (criado pelos militares em 1972), as linhas telefônicas custavam os olhos da cara e demoravam anos para ser instaladas. No município paraense de Cachoeira do Arari, a espera era tamanha (15 anos) que alguns aderentes do famigerado "Plano de Expansão" da Telepará morreram antes de terem o gostinho de dar um telefonema


Até o final dos anos 1970, quando o DDD e o DDI foram implantados nacionalmente, fazer uma chamada interurbanas ou internacional exigia passar pela telefonista e esperar horas até a ligação ser completada, sem falar que as tarifas eram caríssimas. Mas não há nada como o tempo para passar. 

 

A telefonia móvel celular começou a ser testada experimentalmente no início do século passado, e os primeiros aparelhos para automóveis surgiram nos anos 1940. O Mobilie Telephony A, lançado pela sueca Ericsson na década seguinte, pesava 40 kg e era tão grande que precisava ser acomodado no porta-malas. Em 1973, a americana Motorola lançou o DynaTAC 8000X, que media 25 cm x 7 cm e pesava cerca de 1 kg. A "nova" tecnologia entrou em operação no Japão e na Suécia em 1979, mas o tamanho avantajado do hardware, a autonomia medíocre da bateria e o longo tempo de recarga desestimularam as vendas.

 

O primeiro celular vendido no Brasil foi Motorola PT-550 (um "tijolão" de 800 g). Os demais modelos dos anos 1990 eram igualmente grandes, desajeitados e caros. Habilitar uma linha era trabalhoso e custava os olhos da cara. A insuficiência de células (antenas) restringia o sinal às capitais e grandes centros urbanos, e a profusão de "áreas de sombra" limitava ainda mais o uso dos aparelhos. O preço das ligações era proibitivo e, para piorar o que já era ruim, pagava-se tanto pelas chamadas efetuadas quanto pelas recebidas. Mas, de novo, não há nada como o tempo para passar.

 

A privatização das Teles estimulou a concorrência entre as operadoras, que passaram a oferecer aparelhos subsidiados e planos com chamadas ilimitadas para qualquer parte do país e franquias de dados (nem sempre generosas) para acessar a Internet através de suas redes móveis. Assim, com mais celulares do que habitantes no Brasil, os "orelhões" desapareceram das esquinas e os usuários de linhas fixas minguaram. 

 

Até 2007, os aparelhos encolhiam e a gama de funções crescia a cada lançamento. Com o lançamento do iPhone, a Apple levou a concorrência a lançar seus smartphones, e com isso o que já era bom ficou melhor, só que maior: a a partir do momento em que os telefones móveis se tornaram computadores pessoais ultraportáteis, a miniaturização deixou de fazer sentido. 


Observação: Vale destacar que o primeiro telefone móvel capaz de acessar a Internet não foi o iPhone, mas o Nokia 9000 Communicator — lançado em 1996 —, mas a conexão só era possível na Finlândia.

 

Embora não haja nada como o tempo para passar, o espaço-tempo é uma espécie de pano de fundo para todos os fenômenos do Universo, onde o trânsito pelas três dimensões espaciais se dá por "vias de mão dupla". Até não muito tempo atrás, achava-se que a quarta dimensão — a do tempo — fosse uma via de mão única, mas, de novo, não há nada como o tempo para passar. 


Carlo RovelliGuido Tonelli e outros astrofísicos respeitados internacionalmente teorizam que a "seta do tempo" não precisa necessariamente apontar para o futuro. O que entendemos por tempo é na verdade um fluxo de eventos sucessivos; esse fluxo ocorrer numa direção preferencial, o ontem impõe restrições ao hoje, e o amanhã, que transforma o hoje em ontem, novos limites ao "novo presente" (aquele que chamamos de "futuro"). 


Deixando a física e a mecânica quântica de lado, parece que o tempo retrocedeu para a Nokia, que vem promovendo há alguns anos a volta dos "dumbphones" (dumb = burro), como ficaram conhecidos os aparelhos celulares de era "pré-iPhone" com o advento do "smartphone" (smart = inteligente). Sem sistema operacional que lhes capacitasse a rodar aplicativos, os primeiros celulares se limitavam a fazer e receber chamadas e SMS (mensagens de texto curtas). 


É fato que os dumbphones ganharam novos recursos ao longo do tempo (como relógio, despertador, calculadora, calendário, agenda e alguns joguinhos elementares), mas fato é que eles nunca chegaram ao pés de sues irmãos inteligentes. Por outro lado, uma gama de funções tão espartana prolongava significativamente a autonomia da bateria. Meu saudoso Motorola RAZR V3 (cuja imagem ilustra este post) passava quase uma semana longe da tomada. Mas não há nada como o tempo para passar.


A genialidade de Steve Jobs converteu um jegue num puro-sangue árabe, ou seja, um telefone móvel de longo alcance num dispositivo com 1001 utilidades que também serve para fazer e receber chamadas telefônicas. E o excesso de informação, decorrente do uso massivo do smartphone, ensejou a ressureição do dumbphoneAndar com um celular burro em pleno século 21 cheira a saudosismo, mas está de bom tamanho para quem precisa de um telefone móvel, não de um computador de bolso, ou que se "desintoxicar" das redes sociais. 


Os modelos da Nokia, cujo slogan é "dumb phone, smart choice" (telefone burro, escolha inteligente), dispõem de tela colorida, mas de baixa resolução, e teclado numérico analógico. E custam bem menos que seus irmãos espertos (cerca de R$ 300). Quem nunca teve um aparelho com teclado analógico vai estranhar o uso das teclas numéricas para escrever texto, mas, noves fora a tecla 1, cuja função secundária é ligar para o "correio de voz", as demais servem para escrever textos. Se você pressionar a tecla 2 uma vez num campo de texto, você obterá o número 2; pressionado-a duas vezes, a letra "a"; três vezes, a letra "b"; quatro vezes, a letra "c". As demais teclas inserem as demais letras do alfabeto e sinais gráficos que não estão impressos no teclado, como caracteres acentuados, cedilha e pontuação, bem como alternam letras maiúsculas e minúsculas. Caso você precise digitar duas letras iguais em sequência, faça um intervalo de 1 ou 2 segundos entre os toques.

 

A exemplo dos dumbphones antigos, os novos limitam a diversão fica a joguinhos simples  como o "jogo da cobrinha", cujo objetivo é coletar objetos na tela para ir crescendo sem esbarrar nas laterais. Enviar uma foto para um contato, só via Bluetooth. Mas o preço (baixo) e a autonomia (invejável) da bateria faz deles a solução ideal para quem quer ter um celular de backup ou usar viagens para falar o essencial com familiares e amigos. 


Quando compuseram NADA SERÁ COMO ANTES, em 1971, Milton Nascimento e Ronaldo não tinham como prever o advento dos celulares nem (muito menos) o renascimento das cinzas da Phoenix da telefonia móvel. Mas eu jamais trocaria meus Galaxy M23 e Moto g60 por um Nokia 105 NK093 Dual Chip com rádio FM, lanterna e joguinhos pré-instalados (R$ 142,80 na Amazon). Com a devida venia de quem pensa diferente, acho que quem vive de passado é museu. 

segunda-feira, 7 de novembro de 2022

A VERDADE ESTÁ LÁ FORA (DÉCIMA SÉTIMA PARTE)

AUSÊNCIA DE EVIDÊNCIA NÃO SIGNIFICA EVIDÊNCIA DE AUSÊNCIA.

O livro "Eram os Deuses Astronautas?", do escritor suíço Erich von Däniken, serviu de base para a "Teoria dos Antigos Astronautas" e para a série de TV Alienígenas do Passado (apresentada por Giorgio Tsoukalos), segundo as quais a humanidade só chegou aonde chegou graças a tecnologias introduzidas por visitantes extraterrestres. 

Para muitos, tudo isso não passa de "pseudociência", mas é bom lembrar que, em pleno século XXI, a despeito de inúmeras evidências darem conta de que nosso planeta e os demais corpos celestes são esféricos, ainda tem gente (e como tem!) que continua a achar que a Terra é plana. 
 
O discurso de que as pirâmides do Egito, os moais da Ilha de Páscoa e outros monumentos que tais foram construídos por uma tecnologia superior também não é exatamente uma unanimidade, mas a ciência ainda não conseguiu oferecer explicações totalmente satisfatórias para esses e outros "mistérios". 
Traçando um paralelo com a polarização política, as pessoas preferem assimilar as conclusões que parecem mais convenientes à luz de suas próprias convicções, pouco lhes importando quão improváveis elas sejam, a buscar hipóteses e questionar evidências.  
 
Um artigo publicado há alguns anos na Super qualifica de "obscurantismo do século XXI" o fenômeno global da irracionalidade, e cita, dentre outros exemplos, a ideologia dos terraplanistas. Segundo a reportagem, em outubro de 2018 um grupo de “pesquisadores” terraplanistas foi recebido por deputados estaduais na Assembleia Legislativa do Mato Grosso do Sul, onde ganharam uma homenagem por seus “estudos” sobre a forma do nosso planeta. A explicação (ainda segundo a revista) é que uma parcela significativa da população desconhece fatos objetivos sobre o mundo — como a Lei da Gravitação, que os terraplanistas dizem ser uma farsa — e, pior, não sabe distinguir fatos de opiniões. 
 
Todos temos direito a nossas opiniões, mas ninguém tem direito aos próprios fatos. Assim, não se pode ter uma “opinião” sobre o formato da Terra ou sobre a existência da gravidade, já que isso pertence ao reino dos fatos. Mas o fato (sem trocadilho) é que cada vez mais pessoas, quando encurraladas pelos fatos, dizem que “essa é a sua opinião” como forma de fechar questão e encerrar um debate. 

Veja, por exemplo, a questão da Covid. Mesmo sendo a grande responsável pela redução dos casos de morte pelo vírus, a vacina continua sendo questionada pelas pessoas, que lhe atribuem supostos males que elas comprovadamente não causam.
 
Observação: Um estudo intitulado Perils of Perception (Perigos da Percepção) feito com 33 nações concluiu que o país que menos sabe sobre sua própria situação é o México, o segundo, a Índia, e o terceiro, o Brasil. Na outra ponta, destacaram-se a Coreia do Sul, a Irlanda e a Polônia, nesta ordem.
 
Sem vacinas e antibióticos, a mortalidade infantil era altíssima. Durante o século 19, uma de cada três crianças morria antes de completar cinco anos. Na Alemanha, o índice chegava a 50%. O ser humano passou milhares de anos tentando proteger sua prole com rezas, chás e superstições de todo tipo, mas o que deu certo foi entender como as doenças funcionam e combatê-las com armas eficazes.
 
Chegamos a tal ponto de imbecilidade que agentes públicos se sentem à vontade para ditar políticas de acordo com premissas completamente desconectadas da realidade objetiva. Isso não passaria de um escândalo embaraçoso, não fosse um detalhe: essas atitudes nunca tiveram tanto apoio popular como nos últimos anos. O que é paradoxal, na medida em que um celular conectado à Internet nos garante mais informação do que tinha o presidente dos Estados Unidos nos anos 1960. Ainda assim, e por mais surreal que possa parecer, em que pese o poderio tecnológico de que dispomos, estamos ficando cada vez mais desinformados e ignorantes.
 
O fato de você jamais tenha visto um OVNI não significa que não existe vida extraterrestre. Talvez os ETs não sejam iguais a nós, nem se pareçam com os folclóricos homenzinhos verdes dos primeiros filmes sobre discos voadores, mas já foi comprovado cientificamente que ingredientes necessários à formação da vida, como água líquida e moléculas de carbono, abundam no Universo. 
 
Se existem bilhões de planetas parecidos com a Terra na porção observável do cosmos, é implausível — para dizer o mínimo — que a vida tenha surgido somente no terceiro dos oito planetas que orbitam uma estrela de quinta grandeza nos cafundós da Via Láctea. 
 
Observação: Nos meus tempos de estudante, ensinavam que o Sol era uma estrela de quinta grandeza (acho que ainda é), que Júpiter tinha 12 satélites (hoje são 79) e que Plutão era o nono planeta no nosso sistema solar (ele perdeu esse status há quase duas décadas, mas é possível que venha a recuperá-lo em algum momento).  
 
Como escreveu Carl Sagan: “Ausência de evidência não significa evidência de ausência”. 

quarta-feira, 11 de maio de 2022

WINDOWS 11 — COMO ALTERAR A VELOCIDADE DO PONTEIRO DO MOUSE

SE ACHARES TRÊS REAIS, LEVA-OS À POLÍCIA; SE ACHARES TRÊS MIL, LEVA-OS A UM BANCO.

Os PCs evoluíram muito ao longo dos anos, mas a maneira como interagimos com eles continua basicamente a mesma, a exemplo dos dispositivos de entrada. 


O mouse (dispositivo apontador) foi criado no início da segunda metade do século passado, mas só mostrou a que veio depois que interface gráfica se tornou padrão em sistemas e aplicativos. Nos smartphones e tablets — que são computadores pessoais ultraportáteis —, o dedo do usuário substitui o diligente ratinho, mas isso é outra conversa. 


Supondo que você utilize um desktop ou um notebook em paralelo com seu smartphone — até porque inúmeras tarefas “não combinam” com baixo poder de processamento e pouca RAM, além de sua execução ser mais confortável quando se dispõe de uma tela grande, um teclado físico e um mouse convencional —, talvez tenha se acostumado com a velocidade do cursor, mas o padrão estabelecido pelo sistema nem sempre é o que funciona melhor para todo mundo.


Como nas versões anteriores do Windows, tanto Painel de Controle quanto a janela das Configurações permitem fazer esse ajuste no Win11. Começando pelo fim, basta pressionar a tecla com o logo do sistema juntamente com a da letra “L”, selecionar a opção Bluetooth e dispositivos (no menu lateral à esquerda), rolar a tela para baixo até encontrar a opção Mouse, clicar nela e, em Velocidade do apontador do mouse, mover o botão da barra deslizante para a esquerda ou para a direita.

 

Repare que existem 20 níveis de velocidade, sendo “1” o mais lento e “20” o mais rápido. Por padrão, o sistema mantém o nível 10 (in medio stat virtus, como diziam os antigos romanos). Note ainda que a reconfiguração que você implementar poderá ser revertida facilmente, bastando repetir os mesmos passos.


Se preferir recorrer ao Painel de Controle (que a Microsoft deve eliminar no médio prazo, mas isso é outra conversa), clique no ícone de Buscas da Barra de tarefas e digite “velocidade do ponteiro do mouse”. Na aba “Opções do Ponteiro” da caixa de diálogo “Propriedades do Mouse”, localize a seção Movimento e arraste o botão para a esquerda ou para a direita, conforme deseje reduzir ou aumentar a velocidade do ponteiro.


Embora as dicas sejam elementares, eu achei por bem publicá-las. Na medida em que usam o celular como substituto do PC tradicional durante a maior parte do tempo, as pessoas se atrapalham quando precisam fazer ajustes básicos como estes no sistema do computador.

quinta-feira, 24 de março de 2022

COMO TRANSFERIR DADOS DO CELULAR PARA O PC (E VICE-VERSA) COM O SWEECH

EGOÍSTA É A PESSOA QUE PENSA MAIS EM SI MESMA DO QUE EM MIM.

A telefonia móvel celular surgiu em meados do século passado, mas foi somente em 2007 que a genialidade de Steve Jobs transformou os dumbphones de então nos smartphones de a partir de então

Hoje, para muita gente, os diligentes telefoninhos são o passaporte para o mundo maravilhoso da computação pessoal, mas isso não significa que eles tenham condenado os desktops e notebooks ao ostracismo, pois ainda há situações que exigem maior poder de processamento, fartura de memória, tela grande e o conforto que só um bom teclado físico oferece.

Quem utiliza o celular em paralelo com um computador de mesa ou portátil pode querer ou precisar transferir arquivos de um aparelho para o outro, e há diversas maneiras de fazer isso, entre as quais interligá-los usando um cabinho USB ou, mais fácil ainda, enviando o arquivo para a nuvem ou por email a si mesmo. Mas é bom saber que o app gratuito Sweechdisponível no Google Play — permite transferir fotos, vídeos, músicas e arquivos diversos de maneira mais prática e rápida.

Depois de baixar o programinha no celular (Android), toque em “Play”, abra o navegador no computador e digite na barra de endereços o URL gerado pelo Sweech (o http:// pode ser desconsiderado, mas os pontos devem ser digitados).

O Sweech funciona como uma via de mão dupla, permitindo compartilhar arquivos do celular para o PC e vice-versa. Note, porém, que um novo URL é gerado toda vez que o usuário abre o aplicativo e toca em play, e que, para "a mágica acontecer", tanto o computador quanto o smartphone precisam estar na mesma rede Wi-Fi (mesmo que a conexão seja cabeada no PC e wireless no telefone).

Para transferir arquivos do computador para o smartphone, basta selecionar o item desejado e clicar em Download (atente para a setinha na parte superior direita da tela). Para transferir arquivos do smartphone para o computador, é só clicar no botão azul de upload (na parte inferior à direita da tela) e selecionar o item desejado. Para interromper o processo ou encerrar o aplicativo, deve-se clicar no botão stop (na interface do Sweech no telefone).

Observação: O app permite ainda ouvir música, visualizar fotos e assistir a vídeos a partir da interface do navegador.

quinta-feira, 19 de agosto de 2021

DE VOLTA À BENDITA AUTONOMIA DAS BATERIAS (PARTE IV)

TOME CONSELHOS COM VINHO E DECISÕES COM ÁGUA.

Não custa relembrar que a telefonia celular é mais antiga do que costumamos imaginar. A tecnologia começou a ser testada experimentalmente em meados do século passado, e os primeiros modelos para automóveis surgiram nos anos 1940. 

Lá pelos anos '50, a sueca Ericsson lançou seu Mobilie Telephony A, que pesava 40 kg e precisava ser acomodado no porta-malas dos veículos. Paralelamente, a União Soviética criou o "Altay" (serviço nacional de telefonia móvel civil para carros que, duas décadas depois, era usado somente em 30 cidades).

Em 1973, a americana Motorola apresentou seu DynaTAC 8000X, que media 25 x 7 centímetros e pesava cerca de 1 kg. Em 1979, a telefonia celular entrou em operação no Japão e na Suécia; em 1983, a americana AT&T criou uma tecnologia específica, usada pela primeira vez na cidade de Chicago, mas que não se popularizou devido ao gigantismo dos aparelhos e a baixa autonomia da bateria (cerca de 30 minutos) e do tempo de recarga (por volta de 10 horas).

No Brasil, a tecnologia desembarcou em meados da década de 1980, mas os telefoninhos (força de expressão, pois eram tijolões pesados e desajeitados) só começaram a se tornar populares nos anos 1990. Até a privatização das TELES, em 1998, habilitar uma linha (tanto móvel quanto fixa) era um processo trabalhoso, demorado e caro. 

No caso específico dos celulares, a tecnologia incipiente, a insuficiência de células (antenas) e a profusão de “áreas de sombra” restringiam o sinal, limitando o uso dos aparelhos a grandes centros urbanos — e, mesmo assim, apenas em algumas regiões. Sem mencionar que o preço das ligações era proibitivo e até as chamadas recebidas eram cobradas, ainda que custassem menos do que as ligações geradas pelo aparelho.

Com o fim do monopólio estatal, a livre concorrência entre as operadoras de telefonia produziu bons frutos para os consumidores, a começar pela redução no preço dos aparelhos e das ligações. Mais adiante, os "planos pré-pagos" e a gratuidade nas chamadas entre números da mesma operadora promoveram um aumento substancial na base de usuários.

Até a Apple revolucionar o mercado com o lançamento do iPhone, em 2007, os celulares vinham diminuindo de tamanho a cada nova geração, embora a gama de recursos e funções aumentasse na mesma proporção. Mas a transformação dos dumbphones em smartphones fez com que o tamanho do hardware voltasse a aumentar, pois a miniaturização deixou de fazer sentido. O que nos leva de volta à questão do tamanho da tela.

Observação: Vale lembrar que o primeiro celular capaz de acessar a Internet não foi o iPhone, e sim o Nokia 9000 Communicator, lançado em 1996. O detalhe é que essa funcionalidade só estava disponível para quem morasse na Finlândia.

Já vimos que telefones com telas pequenas são mais fáceis de manusear com apenas uma das mãos e cabem facilmente no bolso, mas dificultam tanto a navegação quanto a digitação. Depois que as telas sensíveis (touchscreen) se tornaram nos smartphones (contam-se nos dedos os modelos que contam com teclados físicos retráteis), os aparelhos ficaram mais finos, leves e elegantes.

Como nada é perfeito, a vantagem de o teclado virtual ser exibido somente quando necessário se contrapõe à dificuldade das pessoas (sobretudo as que têm dedos grossos ou unhas longas) em sensibilizar a tela no local correspondente ao caractere desejado. Em tese, é possível contornar esse inconveniente "ditando" emails, SMS e mensagens de WhatsApp; na prática, o reconhecimento de voz nem sempre funciona como deveria (notadamente em ambientes ruidosos) e as alterações indevidas que o corretor ortográfico-gramatical insiste em promover acaba deixando qualquer um maluco.

Em tempo: Se você configurou uma senha de desbloqueio e um belo dia seu teclado simplesmente não aparecer, experimente reiniciar o aparelho no modo de segurança, desativar a senha de bloqueio nas configurações e verificar se existe algum outro teclado disponível. Caso negativo, use o PC para baixar um teclado da Play ou App Store, mas tenha em mente que você precisará se logar com a mesma conta acessada no smartphone, pois só assim o teclado ficará disponível também no portátil e você poderá configurá-lo para substituir o teclado original.    

Continua...