quinta-feira, 1 de agosto de 2024

DE VOLTA À VELOCIDADE DA LUZ E AS VIAGENS NO TEMPO (PARTE VII)

NÃO HÁ NADA COMO O TEMPO PARA PASSAR, MESMO QUE O TEMPO NÃO EXISTA.

Einstein definiu o tempo como uma dimensão física entrelaçada com o espaço, disse que o espaço não era como "uma caixa rígida e inerte que contém as coisas" nem o tempo "uma linha reta pela qual as coisas fluem numa sucessão de acontecimentos formados por passado, presente e futuro". 

Séculos antes, Newton havia dito não era possível medir o "tempo verdadeiro", mas pressupor sua existência ajudava a compreender o amanhecer, o anoitecer e outros fenômenos naturais vinculados ao relógio e ao calendário. Bem mais recentemente, Julian Barbour afirmou que existe um universo onde o tempo flui do que chamamos de passado para o que chamamos de futuro", e outro em que ele corre no sentido inverso. 

Tudo isso parece ficção cientifica, mas a verdadeira "beleza" da ciência não está nas respostas, e sim nas perguntas que cada resposta suscita. Então, se o que é futuro para um observador é passado para outro, o tempo não flui necessariamente do ontem para o amanhã, e se o hoje é o amanhã de ontem e o ontem de amanhã, não seria o tempo apenas uma invenção humana destinada a facilitar a compreensão da realidade? 

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

Nos EUA, um juiz achou normal um ex-presidente levar para casa documentos secretos do governo; aqui, um ex-presidente acha normal ligar para o chefe da Receita Federal para "aliviar a barra" de um filho investigado. Vivemos tempos estranhos quando ações nitidamente ilegais são consideradas normais e os Poderes conspiram para a transformar uma republiqueta de bananas num governo autoritário que controla os poderes. O presidente de turno pode escolher o secretário da Receita Federal, mas não pode interferir nas investigações, muito menos para defender um filho. Não vivemos numa monarquia absolutista, onde a família do rei é intocável. Mas a vontade de normalizar qualquer deslize vai longe, tanto na visão de direita quanto da esquerda. 
O Legislativo é um poço de fisiologismo a serviço do desserviço (no que toca à população), o Judiciário se arroga o direito de direcionar as investigações do ponto de vista de uma maioria relativa — e as togas votam de maneira sobre casos idênticos de acordo com a conjuntura e o bandido de estimação da vez — e Lula acha que pode tudo, de interferir na Petrobras a indicar a velha camarinha de aliados para órgãos estatais. 
Nas pegadas da anulação do leilão para a compra de 264 mil toneladas de arroz — que teve entre os vencedores uma loja de queijos e uma locadora de automóveis — o Ministério da Saúde suspendeu a licitação de R$ 840 milhões para a compra de imunoglobulina, depois que as empresas participantes do certame apresentaram preços acima do valor de referência estipulado pelo governo. 
Farejando o cheiro de cartel, o plenário do TCU autorizou, no ano passado, a pasta da Saúde a incluir na disputa empresas estrangeiras, que oferecem o medicamento a preços até 30% inferiores aos dos concorrentes nacionais, mas os fornecedores domésticos recorreram ao STF e o ministro Nunes Marques decidiu monocraticamente proibir a aquisição do remédio importado.
A despeito dos riscos apontados pelo TCU, o fantasma da cartelização continua assombrando a licitação, mas não ocorreu a ninguém acionar a Anvisa para examinar a possibilidade de certificar o medicamento fabricado no estrangeiro. A encrenca da imunoglobulina superfaturada chega depois de outra esquisitice licitatória que levou o TCU a obrigar a Secom a suspender contrato de R$ 197,7 milhões com empresas que cuidariam das redes sociais do governo — o resultado da tomada de preços foi exposto na imprensa antes da proclamação dos vencedores. 
São tempos muito estranhos, estes que vivemos. 

Num evento organizado pela revista New Scientist em 2020, o físico italiano Carlo Rovelli esticou uma corda, pendurou a caneta no meio para marcar o presente, disse que o futuro estava à direita e o passado à esquerda e que o tempo é uma sequência de momentos que podemos ordenar e medir com nossos relógios. Depois de uma breve pausa, ele acrescentou: "Quase tudo o que eu disse está errado; é como se eu dissesse que a Terra é plana."
 
Rovelli ensinou que o aquilo que costumamos chamar de "tempo" é um emaranhado de camadas de fenômenos diferentes, que podem ser relevantes para alguns e irrelevantes para outros. Se nossas medições fossem precisas o suficiente, veríamos que o tempo corre em velocidades distintas para pessoas diferentes, dependendo de onde elas estão e de como se movimentam, mas não percebemos essas diferenças porque as velocidades que experimentamos no dia a dia são muito pequenas. 
 
Parafraseando Stephen Hawking, se o calendário for apenas uma convenção, nossa existência estaria pré-definida desde o Big Bang. Se tudo que existe é um efeito-cascata de causas e consequências, o plasma de quark-glúon dos primeiros instantes do universo já estaria destinado a dar origem à matéria, às estrelas, aos planetas e a formas de vida como nós. Assim, nossa correria para cumprir prazos e horários se deve a uma ilusão criada por nós mesmos, da mesma forma que o coelhinho da Páscoa serve para vender chocolate.
 
Observação: Segundo a física tradicional, o tempo como é uma dimensão real tão fundamental quanto o espaço — que Einstein unificou com o tempo num tecido contínuo que ficou conhecido como espaço-tempo. Embora possamos viver a vida baseados na ilusão útil do tempo ou assumir que tudo é uma sequência de momentos independentes, ainda teremos de acordar na hora certa todas as manhãs.
 
A tese segundo a qual o espaço-tempo é uma estrutura única e inseparável é quase uma unanimidade no meio científico, mas algumas "incompatibilidades" entre a relatividade geral e a mecânica quântica permitem questionar se Einstein estava certo em tudo que postulou. No mundo das partículas, diferentemente das outras três forças da natureza, a gravidade deixa de ser uma atração entre dois corpos e passa a ser uma deformação no tecido do cosmos causada pela matéria e de acordo com sua massa. 
Isso significa que o trânsito pelas três dimensões espaciais no espaço-tempo flui por "vias de mão dupla", mas na quarta dimensão a via é de mão única. 

Ou seria, pois a Termodinâmica Quântica admite a possibilidade de invertê-la, de modo que o tempo pode, sim, "andar’ para trás", ao menos no diminuto universo atômico e subatômico. Isso se o tempo realmente existir. Se não existir, sempre resta a causalidade. 

Continua...

quarta-feira, 31 de julho de 2024

CÂMBIO MANUAL, AUTOMÁTICO OU AUTOMATIZADO? (PARTE V)

QUANDO TEMOS 20 ANOS, A VIDA É UM MAPA RODOVIÁRIO; QUANDO CHEGAMOS AOS 24, COMEÇAMOS A ACHAR QUE O MAPA ESTÁ DE CABEÇA PARA BAIXO; AOS 40, TEMOS CERTEZA DISSO E AOS 60, PERCEBEMOS QUE ESTAMOS TOTALMENTE PERDIDOS.
 
A tecnologia por trás do "câmbio CVT" (sigla de Continuously Variable Transmission) foi idealizada no século XV pelo polímata Leonardo da Vinci — para ser usada em moinhos, bombas e outras geringonças, naturalmente —, mas a primeira patente foi registrada quase 400 anos depois, e somente em 1958 a montadora holandesa DAF estreou a primeira versão do câmbio "Variomatic" no pequeno DAF 600 — que foi um fiasco de vendas e ficou menos de 5 anos em linha. Mas não há nada como o tempo para passar.
 
Subaru lançou o Justy com a transmissão ECVT em 1984, e, na sequência, a Honda, a Toyota e a Nissan desenvolveram suas próprias transmissões continuamente variáveis, que não usam engrenagens dentadas — como os câmbios manuais e automatizados — nem planetárias — como os automáticos —, mas polias de diâmetros variáveis interligadas por uma correia metálica. 

Conforme o diâmetro da polia motriz aumenta, o diâmetro da polia conduzida diminui ( e vice-versa), mantendo o motor em sua faixa de rotação mais eficiente (maior desempenho com menos consumo de combustível). Como a variação é contínua, não há trocas de marchas, o que resulta num funcionamento suave e progressivo, e da feita que o torque varia conforme a velocidade, a economia de combustível tende a ser maior do que nos veículos com câmbio manual, automáticos convencionais e automatizados. Mas nem tudo são flores: a manutenção é mais cara e o ruído na cabine aumenta com a rotação do motor, o que afeta o conforto acústico dos ocupantes do veículo
 
CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

A fruta está madura quando atinge o ponto de ser comida e podre quando cai do galho. Nicolás Maduro est
á pra lá de podre, mas se recusa a cair do galho. Se a fraude escandalosa prosperar, ele infernizará a vida dos venezuelanos por pelo mais seis anos (a menos que seja chamado a despachar presencialmente com Satanás), como vinha fazendo desde 2013, depois que Hugo Chávez bateu as botas. 
Em sendo real a proclamação oficial do resultado do pleito, o eleitor venezuelano reelegeu a superinflação, a recessão, o desemprego, a corrupção, a repressão e o êxodo de 25% do país. Ainda que a democracia dê liberdade às pessoas para exercitarem sua capacidade de fazer besteiras, insensatez tem limite: eleger a sandice uma vez é temeridade, duas é teimosia e três, suicídio.
O secretário-geral da ONU pediu a exibição dos resultados das urnas por assembleias de voto. Se Maduro não mostrar a ata, vai passar recibo de que perdeu e está mentindo, e se mostrar, ficará provado que ele perdeu e está mentido dando um golpe. O presidente da Argentina postou no Xwítter: "MADURO DITADOR, FORA!!!". Chile, Peru, Uruguai, Costa Rica, Equador, Panamá, Paraguai e República Dominicana exigiram a revisão completa dos resultados das urnas "com a presença de observadores eleitorais independentes". O tiranete não gostou e ordenou a pronta retirada das delegações diplomáticas dos "governos de direita subordinados a Washington e abertamente comprometidos com os mais sórdidos postulados ideológicos do fascismo internacional".
Edmundo González, o rival consentido pelo regime, é mero fantoche da líder oposicionista Maria Corina Machado, inabilitada pelo regime. Assim, o triunfo da oposição não seria garantia de êxito, mas até a ilusão de que é possível recomeçar do zero parece melhor que a perpetuação de uma ditadura apodrecida. E a vocação dos venezuelanos para o suicídio, por inverossímil, cheira a fraude.
O governo brasileiro divulgou nota oficial após o anúncio da reeleição, mas sem parabenizar Maduro. Segundo o assessor especial Celso Amorim, o déspota venezuelano disse que entregará as atas eleitorais, mas ressaltou que seu governo "corre o risco de ser alvo de golpe por parte da extrema direita”. Mais cedo, o esbirro de Lula havia dito que é amigo de César, mas mais amigo da verdade (e eu sou o coelho da Páscoa). Brasil, México e Colômbia estão articulando uma declaração conjunta para cobrar de forma mais enfática a entrega das atas de votação ao Centro Carter, que atua como observador internacional na Venezuela. Em entrevista coletiva, Maria Corina Machado disse que González Urrutia venceu de lavada, e vai provar o resultado disponibilizando as atas eleitorais na internet. A líder da oposição destacou também os protestos que se espalharam pelo país e convocou um ato para a manhã desta terça-feira.
O apoio do PT a Maduro passou de vexaminoso a ultrajante quando o partido chamou o autocrata de "presidente reeleito" em nota oficial. Num momento em que até o Itamaraty condiciona o reconhecimento do resultado à divulgação dos 60% de boletins de urna que "desapareceram", o partido de Lula qualifica o arremedo caricato de processo eleitoral do país vizinho como "jornada pacífica, democrática e soberana".
Para derrotar o golpismo de Bolsonaro, Lula abraçou Alckmin e costurou sua frente ampla, na qual muitos votaram para evitar o mal maior. Ao celebrar Maduro, o PT cospe no prato em que Lula comeu graças ao trabalho da imprensa livre, à independência da Justiça Eleitoral, à pluralidade política e, sobretudo, ao respeito à vontade da maioria do eleitorado. Ou seja: tudo que o ditador sonega aos venezuelanos, que convivem há décadas com a tese segundo a qual as únicas opções para que as coisas melhorem são os ditadores ou os loucos.
Por um descuido da providência divina, Maduro demonstrou em menos de 24 horas que acumula as duas condições. No domingo, acusado de fraude pela oposição, ele celebrou sua hipotética reeleição após uma suposta contagem de 80% dos votos. Na segunda-feira, com a velocidade de um raio, deixou-se coroar pelo órgão eleitoral da Venezuela como presidente reeleito e tratou o duvidoso como "irreversível".
Em vez de acender a luz, o déspota de bosta acenou com um recrudescimento do apagão democrático e acusou a oposição de tramar um "golpe de Estado" mediante um suposto ataque hacker que teria impossibilitado a divulgação de todas as atas de votação. Estão em cena todos os ingredientes tradicionalmente usados por Maduro para perseguir rivais e erguer as teorias conspiratórias que escoram as suas fraudes. A diferença é que, dessa vez, o pavio da sociedade venezuelana está mais curto. Num prenúncio do que está por vir, soaram em Caracas os primeiros buzinaços e panelaços.
Incrível e inacreditável são tidos como sinônimos, mas "incrível" soa como elogio e "inacreditável" é depreciativo. Para admitir que o improvável fosse real, seria preciso supor que o eleitor venezuelano reelegeu a ruína. De tão incrível, a vitória de Maduro é fantasticamente inacreditável, mas, alheio à deterioração que o rodeia, o pupilo de Chávez prefere ligar o botão do "foda-se".
"Nada de grave, nada assustador". Foi assim que Lula tratou a questão venezuelana. Na opinião do petista, a imprensa está tratando o assunto como se fosse a 3ª guerra mundial. "Se a ata tiver dúvida entre a oposição e a situação, a oposição entra com um recurso e vai esperar na Justiça", acrescentou o Sun Tzu de Atibaia.Todo venezuelano sonha em viver nessa Venezuela democrática esboçada nas declarações de Lula, seja ela onde for. O diabo é que um fato não deixa de existir apenas porque o presidente brasileiro o ignora. No país de Maduro, a autoridade eleitoral é exercida por um compadre e oJudiciário está submetido ao palácio presidencial.
O PT disse que a vitória de Maduro foi democrática e representou a soberania do povo. Biden, ligou para Lula para entender a posição do brasileiroEnquanto isso, as atas que a oposição venezuelana conseguiu nos locais de votação, somando 80% das urnas do país, apontaram a vitória de González por 7,08 milhões de votos a 3,2 milhões. As ruas estão um caos e pelo menos 12 pessoas morreram e mais de 800 foram presas — incluindo um líder da oposição, que foi sequestrado.
Com suas declarações, Lula sinalizou que o reconhecimento da pretensa reeleição de Maduro pelo governo brasileiro é uma questão de tempo. Revelou-se capaz de fazer qualquer coisa pelo ditador venezuelano, inclusive papel de bobo.
As orelhas, os dentes e o focinho são de lobo, mas o xamã petista e a escumalha esquerdopata comandada por Gleisi Hoffmann, a sacerdotisa da seita inferno, agem se como se estivessem diante de uma vovozinha disfarçada.

No CVT toroidal da Nissan, dois rolamentos substituem a correia, o que proporciona variações mais ágeis na velocidade do veículo. Em outro modelo, dois cones interligados por correia rotacionam em sentidos opostos. No Direct Shift, lançado pela Toyota em 2019, uma engrenagem faz a primeira marcha, o que minimiza a "letargia" nas arrancadas (a partir daí, a parte continuamente variável da transmissão é conectada por embreagens magnéticas, mas o motorista não chega perceber a transição). 
 
Mais recentemente, a Honda lançou o e-CVT (de electric-Continuously Variable Transmission), no qual dois motores elétricos instalados no interior da transmissão simulam trocas de marchas e aproveitam a energia que seria perdida no câmbio durante sua conversão em eletricidade — uma parte dela vai para o motor gerador e a outra parte, para a bateria de íons de lítio.
 
Dirigir um carro com câmbio CVT é praticamente igual a dirigir um modelo com transmissão automática ou automatizada. O sistema também dispensa o pedal de embreagem, e a alavanca seletora apresenta as mesmas funções: P (de Park), D (de Drive), N (de Neutro), R (de ) e, às vezes, comandos como L (de Low) ou S (de Sport). Em alguns modelos, as montadoras programam a transmissão para "tornar as trocas de marcha perceptíveis" para o motorista, de modo a tornar a experiência de condução tão prazerosa quanto a de um carro com transmissão automática convencional ou automatizada de dupla embreagem.
 
Como se viu ao longo desta sequência, cada tecnologia tem suas vantagens e desvantagens. Dizer que uma opção é melhor ou pior do que as demais seria leviano, na medida em que melhor e pior são conceitos relativos, que variam conforme as necessidades, preferências e possibilidades de cada um. No que concerne a veículos 0km, a transmissão automatizada deixou de ser uma opção, já que o último modelo fabricado e vendido com esse tipo de transmissão foi o Fiat Cronos. 
 
De modo geral, o maior problema dos câmbios automatizados de embreagem única são os trancos durante a troca de marchas. Se comparados com os câmbios automáticos, os componentes dos automatizados são menos duráveis — sobretudo a embreagem, que exige substituições mais frequentes, e nos modelos de dupla embreagem a manutenção pode custar mais caro, já que seu sistema é mais complexo.
 
Problemas recorrentes com a transmissão robotizada Easytronic da Meriva levaram muitos proprietários (taxistas, em sua maioria) a substituí-la pelo câmbio mecânico. Eu mesmo tive uma em 2008, que deixou de acionar a embreagem com cerca de 6 mil quilômetros rodados, mas a concessionária reprogramou o sistema e não houve mais problemas, pelo menos até eu vender o carro — que eu troquei um ano depois por um Citroën C3 automático, que troquei dali a dois anos por um Chevrolet Cruze, também automático; ambos me deram outros problemas, mas nada relacionado com a transmissão. 
 
Já meu Ford New Fiesta PowerShift me aporrinhou desde zero com um barulho incomodativo em baixa velocidade, sobretudo quando trafegava por ruas de piso irregular. Em contato com a Ford, fui informado de que não se tratava de um defeito, mas de uma "característica do produto". Com menos de 10 mil quilômetros rodados, o "produto" não trocava mais as marchas. O consultor técnico disse que era um "problema comum" do PowerShift, e que seria sanado com a substituição do "robô" e do conjunto de embreagem sem ônus, pois o carro ainda estava na garantia. E assim foi feito. 

Dali a pouco mais de dois anos — quando a garantia já havia terminado — os famosos trancos trincaram a caixa de câmbio. Como o problema aconteceu no primeiro ano da pandemia de Covid, o carro ficou um mês na concessionária (a caixa era importada e não havia nenhuma em estoque em nenhuma concessionária Ford do país). O conserto foi orçado em R$ 14 mil, mas eu consegui reduzir para R$ 5 mil. Depois que acionei o Procon, fui devidamente reembolsado, mas paguei do bolso 3 das 4 semanas de carro reserva (meu seguro bancou somente os primeiros 7 dias).
 
Continua... 

terça-feira, 30 de julho de 2024

EXPLOSÃO DE CELULAR EM ELEVADOR

quem dá voz a burros não pode se queixar dos zurros.

Antes da Internet, a mídia controlava as massas; com o advento das redes sociais, os idiotas da aldeia, que antes só tinham direito à palavra na mesa do bar, agora têm mesmo direito de um Prêmio Nobel. A função precípua da imprensa é noticiar os fatos, mas o interesse do público por eventos negativos levou os editores a se valerem de manchetes chamativas e conteúdo sensacionalista para aumentar a circulação de seus pasquins. 

Em 1963, o Grupo Folha criou o jornaleco "Notícias Populares", que abusava de manchetes escandalosas (e não raro mentirosas) para vender seu peixe podre. Ele deixou circular 2001, mas excrescências policialescas como Cidade Alerta, Balanço Geral e Brasil Urgente não lhe ficam devendo nada quando se trata de explorar a sequidão sanguinária da escumalha que o Criador escalou para povoar esta banânia. 
 
Dias atrás, a explosão de um celular num elevador, que aconteceu em outubro de 2021, viralizou nas redes sociais como se ainda fosse possível sentir o cheiro da fumaça. Requentar notícias velhas e servi-las como novas não é novidade, e o "vale a pena ver de novo" foi largamente explorado por âncoras de programas de TV que são incapazes de encontrar o próprio rabo usando as mãos e uma lanterna.

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

Todo fato tem pelo menos três versões: a minha, a sua e a verdadeira. Maduro está podre, mas ainda não caiu do galho. A despeito de todas as pesquisas indicarem que Edmundo González Urrutia o venceria com 64% dos votos, Elvis Amoroso, chefe do Conselho Nacional Eleitoral e aliado de Maduro, anunciou a vitória do tiranete de merda (por 51,2% a 44,2%) quando 80% dos votos haviam sido apurados. Maduro se reelegeu, mas daí a ter sido reeleito vai uma boa distância. Segundo Maria Corina, líder da oposição, Urrutia obteve 70% dos votos

Gabriel Boric disse que o Chile não reconhecerá nenhum resultado "que não seja verificável" e Javier Milei, que a Argentina não vai reconhecer "outra fraude" (em resposta, Maduro chamou o argentino de "bicho covarde", "traidor da pátria" e "fascista e nazista"). Gonzalez-Olaecha declarou que o Peru não aceitará "a violação da vontade popular do povo venezuelano", e o ministro das Relações Exteriores da Colômbia pediu a contagem total dos votos e uma auditoria independente.

No discurso em rede nacional em que teceu elogios rasgados a seu terceiro mandato, o Sun Tzu de Atibaia não deu um pio sobre a "vitória" do déspotaO governo brasileiro afirmou que aguarda a divulgação dos dados e evitou reconhecer a vitória de Nicolás Maduro na eleição. Em nota, o Itamaraty destacou a importância de uma 'verificação imparcial dos resultados' e emitiu um alerta de segurança aos brasileiros na Venezuela, diante dos 'recentes acontecimentos' no país.

 Nas redes, adversários usam fotos e vídeos para criticar a proximidade entre Lula e Maduro. Segundo o assessor especial Celso Amorim, a votação transcorreu "com tranquilidade e sem incidentes", apesar das denúncias de que o CNE paralisou a transmissão de dados de diversos centros de votação, das testemunhas que foram impedidas de obter os boletins de urna que certificam os votos em cada centro, dos episódios de violência nas cidade de San Antonio del Táchira e Guásimos e das suspeitas de que um jovem tenha sido assassinado por disparos de um coletivo chavista. 

Antes do resultado ser anunciado, a vantagem de González sobre Maduro era de 20 a 35 pontos percentuais, mas nenhuma dessas pesquisas pôde ser divulgada dentro da VenezuelaMinutos após a divulgação do resultado, Maduro disse em discurso a apoiadores que sua reeleição foi o "triunfo da paz e da estabilidade". 

Então tá. E eu sou o coelhinho da Páscoa.


A alta densidade energética das baterias de íon-lítio torna-as potencialmente inflamáveis, e defeitos de fabricação, impactos e perfurações podem danificar as camadas internas de proteção e causar curtos-circuitos, incêndios e até explosões. No entanto, num universos de quase 8 bilhões de aparelhos, apenas 130 casos (0.0000017333%) foram documentados entre 2022 e 2023, e a maioria resultou de defeitos de fabricação — como os que ensejaram a explosão de várias unidades do Samsung Galaxy Note 7 em 2016.

 
Embora seja um dos maiores responsáveis pela venda de ventiladores e condicionadores de ar, o calor não anda de mãos dadas com a tecnologia. No interior de um veículo estacionado sob o sol num dia de muito calor, a temperatura pode ultrapassar 60°C. Isso é calor suficiente para acelerar a degradação química das baterias de íon de lítio (ou polímero de lítio, no caso do iPhone) e provocar a explosão de isqueiros descartáveis, mas para um celular pegar fogo ou explodir é preciso que a temperatura suba a 130°C. 
 
Os aparelho modernos integram um sensor térmico que os desliga automaticamente quando a temperatura interna da bateria atinge 50°C, bem como um sistema de segurança que interrompe a passagem de corrente quando a bateria está 100% carregada. No entanto, se nem as baterias originais estão livres de defeitos congênitos, o que dizer dos modelos de reposição genéricos  e de carregadores e cabos marca barbante, como os vendidos nos "melhores camelódromos do ramo"?
 
Como cautela e canja (não confundir com Janja) não fazem mal a ninguém, desligue o celular e remova a capinha antes de colocar o aparelho na carga. Baterias de íon ou polímero de lítio não estão sujeitas ao efeito memória e, portanto, não há benefício algum (antes pelo contrário) em descarregá-las totalmente. A primeira carga não precisa ser de 12 ou 24 horas (até porque o processo é interrompido automaticamente quando o nível de energia chega a 100%). A maioria dos smartphones vem com pelos 40% de carga e desliga automaticamente quando nível fica entre 10% e 5% (para prolongar a vida útil da bateria, os especialistas recomendam manter a carga entre 20% e 80%). Usar o telefone enquanto a bateria está carregado não causa danos, mas, mal comparando, é como abrir a torneira para encher a pia sem tapar totalmente o ralo. 
 
Plugar o carregador na tomada antes de introduzir o conector USB-C (ou micro-USB) no aparelho ajuda estabilizar a corrente, evitando picos de tensão. Ao final da recarga, recomenda-se remover o plugue USB do carregador, o plugue menor da portinha do telefone e o carregador da tomada, nessa ordem. Evite manter o carregador permanentemente conectado à tomada — o consumo em stand-by é insignificante, mas somado ao do relógio do micro-ondas, do modem, do roteador, dos decodificadores da TV por assinatura e dos televisores... enfim, faça as contas.
 
A tensão elétrica das nossas tomadas (corrente alternada) pode ser de 110V, 115V, 115~127V ou 220V, e os celulares operam com corrente contínua de 3,7V a 5V. A conversão da alta tensão fornecida pela tomada é um compromisso conjunto do carregador e de um chip que regula a quantidade de energia que a bateria pode receber. A potência dos carregadores convencionais varia de 5W a 10W, mas a dos carregadores rápidos chega a ser 8 vezes superior. Para descobrir a potência do carregador (que, por alguma razão, os fabricantes não informam), multiplique a voltagem pela amperagem (exemplo: um carregador de 9V e 1,67 mAh tem potência nominal de 15 Wh). 
 
ObservaçãoO miliampere/hora (submúltiplo do ampere/hora) corresponde à quantidade de carga elétrica transferida por uma corrente estável de 0,001 ampere durante uma hora. Não se trata da "potência" da bateria, que é expressa em Wh, mas de sua capacidade de fornecer energia (autonomia).
 
Boatos.org, que vem desmentindo notícias e correntes falsas no Brasil desde 2013, aponta que a maioria dos rumores relacionando carregadores de celular a ferimentos e mortes são "fake news". Mas explosões envolvendo baterias de íon de lítio, em 2016, ensejaram um recall mundial do Galaxy Note 7. No ano seguinte, a Samsung divulgou que o problema decorreu de falhas no isolamento de componentes fabricados por dois fornecedores.
 
Recarregue o celular em local aberto, ventilado e livre de umidade, e não manuseie o carregador com as mãos molhadas. Evite enrolar ou dobrar o cabinho do carregador — ele estiver danificado, compre um novo (fita isolante não resolve). Volto a lembrar que reiniciar o sistema operacional de tempos em tempos é fundamental para a saúde de qualquer dispositivo computacional — e o que são os smartphones senão microcomputadores ultraportáteis? —, pois esvazia a RAM, corrige erros de software e muito mais. 
 
Num mundo permanentemente conectado, uma breve pausa pode ser um respiro não só para os aparelhos, mas também para nossa mente. Então, por que não unir o útil ao agradável e aproveitar essa horinha de trégua para relaxar, tomar um café ou levar o cachorro para passear?

segunda-feira, 29 de julho de 2024

CÂMBIO MANUAL, AUTOMÁTICO OU AUTOMATIZADO? (PARTE VI)

O DIABO SABE DAS COISAS NÃO POR SER O DIABO, MAS POR SER VELHO.


Depois que a Fiat deixou de oferecer o Cronos com câmbio automatizado, restaram ao motorista que deseja romper relações com o pedal da embreagem as transmissões automáticas (com conversor de torque) e as continuamente variáveis (CVT), além, é claro do mercado de usados. 

A escolha varia conforme o perfil e as preferências e possibilidades do interessado, lembrando que ambas as opções aumentam o preço de compra (de 5% a 20%, conforme a marca e o modelo do veículo) e requerem trocas regulares do fluído da transmissão. Sem falar que, se o carro baixar à oficina, a conta certamente será "mais salgada" que nos modelos com câmbio manual. 
 
O conversor de torque combina melhor com quem busca desempenho e suavidade nas trocas de marchas, e o CVT, que não orna bem com motores de torque elevado, é mais indicado para quem prefere veículos de menor cilindrada e não se incomoda com a "letargia" nas arrancadas. Mas ambos permitem trocas de marchas sequencial, o que é indispensável para quem não abre mão de uma "tocada" mais esportiva.

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

Depois de escantear o próprio partido para fragilizar a ultradireita representada por Bolsonaro e a alternativa presidencial do conservadorismo personificada na figura do governador bolsonarista Tarcísio de Freitas — ambos apoiadores do candidato à reeleição Ricardo Nunes, que, segundo o último Datafolha, está tecnicamente empatado com Boulos  Lula estrelou a convenção que formalizou a candidatura de seu protegido à prefeitura paulistana, consolidando seu plano de converter Sampa em palco de uma disputa particular com o capetão e transformar a disputa municipal de outubro numa espécie de terceiro turno de 2022. 
O apadrinhado do desempregado que deu certo comparou a trajetória política do padrinho a sua ambicionada promoção de líder do MTST a prefeito da maior metrópole latino-americana, e Lula, que só tem olhos para 2026, ecoou: "Com a vitória do Boulos, a gente vai dizer que nunca mais a extrema direita, os fascistas, os nazistas, os negacionistas e os mentirosos vão voltar a governar este país". 
Com Bolsonaro inelegível, o sujeito oculto do exercício de futurologia é Tarcísio, que tem recusado os convites do Planalto para participar de solenidades pseudo-administrativas no Estado. Aproveitando o embalo, Lula grudou a imagem de seu arquirrival no adversário local de Boulos: "Tem outro [candidato] aqui que não tinha candidato a vice, e o Bolsonaro obrigou a engolir um que era quase que um ditador na Ceagesp".
Num contraponto ao bolsonarismo acanhado do candidato à reeleição — que se diz "ricardista", não bolsonarista —, a ex-prefeita Marta Suplicy falou do seu retorno às fileiras petistas com um orgulho insuspeitado: "Presidente Lula, você me trouxe de volta ao PT e criou as bases para a coligação poder existir". A petista de ocasião esqueceu de lembrar — ou lembrou de esquecer — que carrega na biografia uma passagem pelo secretariado do atual prefeito no verão passado.
A prioridade atribuída à disputa foi potencializada pelo séquito de ministros que acompanharam o presidente na convenção do PSOL. A alturas tantas, o Lula arrastou Haddad para a principal foto do evento. A dupla sorriu para a câmera ao lado de Boulos, de Marta e ex-prefeita caquética Luíza Erundina. "Se puderem, na campanha, andem com essa foto aqui. Para vocês fazerem a comparação com quem está disputando conosco", encareceu Lula, como que decidido a dirigir as cenas que estão por vir.
PSDB já foi um partido voltado ao conteúdo das questões nacionais. Ancorados na liderança de Fernando Henrique e em figuras como Franco Montoro e Mário Covas, os tucanos emplacaram o Plano Real e contribuíram para levar o Brasil ao futuro em decisões de bons resultados. Isso há coisa de 30 anos. Por várias razões — dentre as quais a incapacidade de dialogar com a população e a inabilidade no ofício de oposição —, o tucanato se esvaiu, e hoje busca se reerguer investindo na fama de um jornalista que, dono de credenciais como apresentador de televisão, não prima por lastro na política nem detém certificados de eficácia no ramo. 
Em suas manifestações iniciaisDatena — que teve a candidatura homologada na semana passada  disse que político nenhum é digno de sua confiança, ameaçou nova desistência se o aborrecerem e vestiu o mesmo figurino da antipolítica que rendeu êxitos a Collor e Bolsonaro (isso para ficar nos exemplos mais recentes e não precisarmos ir a Jânio Quadros e demais populistas). Datena já abandonou o pleito em outras quatro oportunidades. Fica no ar a dúvida sobre que partido é esse e que capacidade terá de conversar a sério com a sociedade para se reabilitar. 
 
A automação não faz grande diferença em viagens longas, já que as trocas de marcha são mais espaçadas, porém é uma bênção no trânsito congestionado das grandes metrópoles. A maneira de dirigir é a mesma com qualquer das duas opções: para ligar o motor é preciso pressionar o pedal do freio e dar a partida, e para sair com o veículo deve-se colocar a alavanca seletora na posição D (Drive). A partir daí é só acelerar, frear e controlar a direção. Nas manobras, 
a função "creeping" move o carro em velocidade reduzida (sem que seja preciso pressionar o acelerador) tanto com a alavanca e D quanto em R ()
 
Marinheiros de primeira viagem costumam levar algum tempo para se adaptar — é comum o pé esquerdo buscar um pedal inexistente, sobretudo quando o motorista para no semáforo —, mas o ser humano tende a se acostumar mais fácil e rapidamente com mudanças para melhor (sem trocadilho), lembrando que quem quiser pode recorrer a uma autoescola. 

Ao estacionar, é recomendável colocar a alavanca em N (Neutro) — que corresponde ao "ponto morto" no câmbio manual —, puxar o freio de mão, soltar o pedal do freio e só então mudar para P (de Park) e desligar a ignição. Com a alavanca em P, a própria transmissão trava as rodas motrizes; se o carro ainda estiver se movendo, mesmo que bem devagar, o estresse pode causar danos ao sistema.
 
Outra dica importante (que as auto-escolas não ensinam) é manter a alavanca em D quando se para no semáforo ou em um congestionamento. No câmbio manual, colocar o câmbio em ponto morto nessas situações é importante, já que manter o carro engrenado e o pedal da embreagem pressionado reduz a vida útil da transmissão. Nos automáticos, porém, o correto é manter a alavanca em D e o pedal do freio pressionado (para impedir a ação do creeping). Assim o sistema hidráulico permanece pressurizado e os componentes da transmissão são lubrificados (o que não acontece quando se coloca a alavanca em N e se aplica o freio de mão).
 
Observação: Jamais pressione o acelerador para elevar o giro do motor antes de colocar a alavanca em D. Há quem faça isso para sair "cantando pneus", mas o resultado mais provável é um tranco monumental. Se o motor for potente o bastante, basta acelerar fundo na arrancada para fazer as rodas motrizes patinarem.
 
Dosar o acelerador e a embreagem para "segurar" um carro com câmbio manual num aclive reduz a vida útil do disco de fricção e do rolamento de encosto, e o mesmo se aplica aos automatizados (que usam caixas de câmbio e embreagens convencionais combinadas com um"robô"). Nos automáticos puros, o conversor de torque faz o papel da embreagem, mas segurar o carro usando o acelerador pode resultar em superaquecimento do fluído hidráulico da transmissão. 

Observação: O "Hill Holder" (também chamado de "assistente de partida em rampa") mantém o ferio acionado eletronicamente por até 3 segundos, dando tempo ao motorista para soltar o pedal do freio e acionar o acelerador sem que o carro recue. Nos veículos que não dispõe desse recurso, o jeito é usar o freio de mão. 
 
Outros maus hábitos herdados do câmbio manual são a "banguela" e fazer o motor "pegar no tranco". Colocar o câmbio em ponto morto em descidas de serra para economizar combustível (prática muito disseminada entre caminhoneiros dos tempos de antanho) fazia algum sentido quando os motores eram carburados, mas anula o freio motor e reduz a eficácia do freio hidráulico convencional. Nos veículos com injeção eletrônica, o risco de acidentes é mesmo e a economia é zero, já que o motor entre
em cut-off (ou seja, não há injeção de combustível). Sem falar que colocar a transmissão em "N" pode danificar os rolamentos e engrenagens do câmbio por falta de lubrificação.
 
Fazer o motor pegar "no tranco", mesmo com câmbio manual, danifica o catalizador, força o sistema de transmissão e implica o risco de ruptura da correia dentada, que é responsável por sincronizar a abertura e o fechamento das válvulas com o movimento dos pistões. Os automatizados podem até "pegar", já que usam a mesma caixa do câmbio manual, mas o sistema dificilmente conseguirá acionar a embreagem e engatar uma marcha se a bateria estiver totalmente. Já nas transmissões automáticas "puras", a pressurização do fluído hidráulico é feita de forma mecânica (de acordo com a rotação do motor), e com o motor desligado não é possível fazer o acoplamento das marchas. Então, se a bateria descarregar e o motor de partida não funcionar, faça uma "chupeta" ou compre uma bateria nova (caso a velha tenha perdido a capacidade de reter carga).
 
Continua... 

domingo, 28 de julho de 2024

O QUE É DE GOSTO REGALA A VIDA (PARTE IV)

SE TIVER DE FAZER SEJA O QUE FOR, PROCURE FAZER BEM FEITO.
 
 
Seguem mais três receitas à base de filé-mignon, começando pelo Filé a Moraes, criado por Salvador Domingos Vidal quando era dono de um boteco na região central da capital paulista. 

Observação: Como a casa funcionava 24/7 horas por dia, a limpeza era feita com os clientes sendo atendidos, o que levou os frequentadores a apelidarem o prato de "bife sujo". Em 1929, Vidal entrou de sócio do Bar, Café e Confeitaria Moraes (na Praça Júlio Mesquita, também no centro de Sampa), e aproveitou a chapa aquecida à lenha para aprimorar sua famosa receita. 
 
Trata-se basicamente de um tornedor de filé-mignon grelhado por 3 minutos de cada lado (de modo a ficar tostado por fora e rosado por dentro), ao alho e óleo e acompanhado de batatas fritas e salada de agrião. Há quem diga que o nome se deveu ao chapeiro, a quem os fregueses (entre os quais Monteiro Lobato) pediam: "salta um filé, Moraes", e que Adoniran Barbosa compôs Trem das Onze enquanto tomava um chope numa mesa da bodega. 
 
Na década de 1960, o estabelecimento passou a se chamar "Restaurante Moraes - O Rei do Filé", e nos anos 1980, durante o nefasto "plano cruzado", suspendeu as atividades devido ao tabelamento de preços e da consequente falta de carne. Mais adiante, porém, o restaurante passou a funcionar em dois endereços (na Praça Júlio Mesquita e na Alameda Santos), mas os proprietários não eram parentes dos fundadores. 
 
Para um prato capaz de empanturrar dois bons garfos, você vai precisar de 500g de filé-mignon cortado grosso (tornedor), 8 dentes de alho; óleo para fritar e sal e pimenta-do-reino branca para temperar. O preparo é simples:

Amoleça os dentes de alho em água fervente por 1 ou 2 minutos, descasque, corte ao meio, doure em óleo bem quente, escorra e reserve. Numa panela ou frigideira de fundo grosso bem quente, grelhe o bife por 3 minutos de cada lado (se preferir o bife bem-passado — o que eu acho uma heresia —, coloque-o forno pré-aquecido a 180 ºC por 2 minutos). Tempere com sal e pimenta, espalhe por cima o alho e um pouco do óleo da fritura e sirva com salada de agrião (ou agrião refogado no alho e óleo) e batatas fritas (também fica bom com farofa e/ou arroz branco, mas 
 
Para a segunda receita — strogonoff de filé — você vai precisar de:
  
— ½ kg de filé mignon picado em cubinhos de mais ou menos 1 cm;
— 2 colheres (sopa) de óleo de soja;
— 1 cebola média picada;
— 1 colher (chá) de sal;
— 2 colheres (chá) de pimenta do reino moída na hora;
— 150g de cogumelos cortados em fatias;
— 1 ½ colher (sopa) de molho inglês;
— ½ xícara de polpa de tomate;
— 1 colher (sopa) de ketchup;
—1 colher (sopa) de mostarda;
— 200 ml de creme de leite;
— 1 dose de conhaque (para flambar).
 
Aqueça o óleo numa frigideira grande, refogue a cebola, acrescente a carne e frite em fogo alto (mexendo para não soltar água), tempere com o sal e a pimenta e junte os cogumelos. Aumente o fogo, despeje o conhaque e incline ligeiramente a frigideira para que a chama do queimador entre em contato com o molho e flambe a carne.
Quando o fogo apagar, acrescente o molho inglês, a polpa de tomate, a mostarda e o ketchup, espere levantar fervura, junte o creme de leite, desligue o fogo e sirva em seguida, com arroz branco e batata “palha”.
 
Observação: A receita serve dois “bons garfos” ou três comensais moderados. Para mais pessoas, ajuste apropriadamente os ingredientes, mas não exagere, porque guardar as sobras e requentar no dia seguinte não é uma boa ideia. Para economizar alguns trocados, você pode usar patinho, alcatra ou outro corte magro. E se você não aprecia cogumelos (como é o meu caso), substitua-os por palmito picado ou azeitonas fatiadas.
 
Por último, mas nem por isso menos saboroso, medalhões de filé ao alho e molho de gorgonzola. Veja como preparar:

Corte o filé em medalhões (mais detalhes na postagem do último dia 7), tempere com sal e pimenta-do-reino, fure os cubos de carne e reserve. Coloque 20 dentes de alho graúdos numa assadeira, regue com azeite extravirgem, tempere com sal e pimenta-do-reino e leve ao forno (pré-aquecido a 180ºC) . Passados 20 minutos, retire do forno e introduza os dentes de alho nos furos, frite os medalhões em 2 colheres (sopa) de manteiga e 3 de azeite de oliva (acerte o ponto do sal e da pimenta se necessário), transfira para uma travessa e reserve.

Na mesma panela, aqueça mais 3 colheres (sopa) de azeite e 1 de manteiga, refogue uma cebola picadinha com o que sobrou dos dentes de alho assados e amassados e ½ xícara (chá) de cebolinha picada. 

Refogue 300g de cogumelos shitake, adicione ½ litro de creme de leite fresco e 150g de queijo gorgonzola. Misture bem até obter um creme homogêneo, junte a carne, misture novamente e sirva com arroz branco ou outro acompanhamento de sua preferência.
 
Dica: Não gosta de cogumelos? Substitua as "casa de sapo" por palmito picado ou azeitonas cortadas ao meio.
 
Bom apetite.