domingo, 2 de novembro de 2025

RECEITAS PARA FORMIGA NENHUMA BOTAR DEFEITO

FERIDAS SARAM, MAS DEIXAM CICATRIZES.

Quando bate aquela vontade de doce e você não quer complicação, o brigadeiro de colher é uma opção simples, rápida e irresistível. Não é preciso enrolar, passar no granulado ou montar uma mesa de festa — é só preparar, esperar amornar, pegar uma colher e se deliciar. Você vai precisar de:

— 1 lata leite condensado;

— 75 g chocolate ao leite em gotas;

— 15 g chocolate em pó cacau;

— 100 g creme de leite sem soro;

— 1 colher (sopa) de manteiga.


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Na abertura de Um Conto de Duas Cidades, Charles Dickens (1812-1870) escreveu: "Foi a era da sabedoria e da tolice, a época da crença e da incredulidade, a estação da Luz e das Trevas, a primavera da esperança e o inverno do desespero, tínhamos tudo diante de nós, não tínhamos nada diante de nós." Nada muito diferente do período atual no país em que vivemos. Senão vejamos:

Semanas atrás, Toffoli chegou a chorar durante uma sessão do Supremo na qual ressaltou que a Corte tem a "maior colegialidade da história". Na véspera, Edson Fachin, atual presidente do colegiado, acatou o pedido de Luiz Fux para trocar a Primeira pela Segunda Turma, na vaga deixada pelo recém-aposentado Luís Roberto Barroso. Mendes, presidente da Segunda Turma, chamou Fux de "figura lamentável" depois que o colega paralisou o julgamento de Sérgio Moro, que fez uma piada de festa junina sobre o decano.

Onde está a colegialidade mencionada por Toffoli ao louvar "os maiores e os melhores juristas e magistrados da nação brasileira" diante de um fundo de tela com a imagem da fachada do STF? Que o digam Alexandre de Moraes e André Mendonça, que protagonizam discussões em plenário e trocam farpas por divergências sobre como a Corte deveria se comportar diante das querelas políticas nacionais, em especial sobre liberdade de expressão.

Os embates pessoais entre os ministros são o verdadeiro problema: desde que Fux pediu transferência, tudo o que se faz é especular sobre a maioria de três ministros que tenderia a favorecer Bolsonaro. A partir de agora, a Primeira Turma decidiria de um jeito e a Segunda, de outro.

Vale lembrar que esses dois colegiados foram criados após o julgamento do mensalão, na expectativa de desafogar o plenário, que levou 69 sessões para julgar o caso. Foi essa mudança que permitiu que o julgamento da trama golpista ocorresse na Primeira Turma, com a participação de apenas cinco dos 11 ministros do STF, contra a vontade de um único ministro, Fux, que achava que o caso deveria ser julgado pelo plenário, assim como as defesas dos réus.

Fux não foi o primeiro a pedir para mudar de turma. Toffoli também solicitou transferência para a Segunda Turma depois da aposentadoria de Ricardo Lewandowski, em 2023. Em outro contexto, esses pedidos não chamariam atenção, mas no cenário de protagonismo político que cresceu nos últimos anos**,** as turmas se tornaram mais um elemento da degradação institucional do STF.

Flávio Dino defendeu o STF: "Não sei de onde tiraram a ideia de que tudo o que o Supremo decide é monocrático, uma vez que todas as decisões relevantes são colegiadas."

Parafraseando Bob Dylan, "the answer, my friend, is blowing in the wind". Talvez o melhor dos tribunais seja também o pior dos tribunais.


Misture numa panela o leite condensado, o creme de leite, a manteiga, o chocolate em pó e leve ao fogo médio. Quando estiver morno e bem misturado, junte o chocolate ao leite e cozinhe em fogo médio, sempre mexendo, por cerca de 10 minutos. Quando a mistura começar a “despregar” do fundo da panela, acrescente mais 50 g de creme de leite, misture, despeje em um recipiente plano, cubra com filme plástico (em contato com a superfície) para que não forme nata, espere esfriar por completo, pegue uma colher e seja feliz..


Se você não aprecia chocolate, a “sobremesa rosada” é deliciosa e leva apenas 3 ingredientes batidos no liquidificador. Você vai precisar de:


— 2 caixas de gelatina de morango (ou framboesa, ou frutas vermelhas);

— 1 lata de leite condensado;

— Suco de 1 limão.


Prepare as duas caixas de gelatina de acordo com as instruções da embalagem, coloque em uma tigela e leve à geladeira. Quando estiver totalmente firme, transfira para o copo do liquidificador, junte o leite condensado e o suco do limão, bata bem, despeje o creme em uma forma de pudim (ou outro recipiente qualquer), coloque de volta na geladeira e espere endurecer.


A Torta holandesa tradicional — que de holandesa só tem o nome, já que foi criada originalmente na cidade paulista de Campinas — é cheia de etapas, com creme, ganache e biscoitinhos em volta. Boas confeitarias costumam cobrar os olhos da cara por uma fatia, mas você pode economizar um bom dinheiro com a versão de liquidificador, que não fica devendo nada em sabor e apresentação.


Observação: Para ficar no ponto certo, o ideal é fazer essa receita de um dia para o outro e tirar a torta do freezer 1 hora antes de servir. 


Você vai precisar de:


1 pacote (200g) de bolacha maisena;

1 pacote (130g) de bolacha Calipso;

4 colheres (sopa) de manteiga sem sal;

1 barra de 100g de chocolate meio-amargo;

1 barra de 100g de chocolate branco;

3 caixinhas de creme de leite;

2 colheres (sopa) de açúcar;

2 colheres (sopa) rasas de gelatina incolor e sem sabor diluída em água quente;

1 colher (sopa) de essência de baunilha;

1 pote (200g) de cream cheese. 


Triture a bolacha maisena no liquidificador até virar uma farofa fina, transfira para uma tigela, junte a manteiga, misture até formar uma pasta homogênea, forre o fundo de uma forma de aro removível com essa massa, disponha as bolachas Calipso ao longo do entorno da forma e reserve.


Bata no liquidificador 2 caixas de creme de leite com o cream cheese, o açúcar e a gelatina já diluída (siga as instruções da embalagem para fazer a diluição de forma adequada) e reserve.


Derreta o chocolate branco em banho-maria, desligue o fogo, adicione aos poucos a mistura do liquidificador, mexa bem, junte a essência de baunilha, misture, esparrame o creme sobre a massa de biscoito leve ao freezer por 30 minutos.


Enquanto espera o creme ganhar consistência, derreta o chocolate meio-amargo em banho-maria, junte o creme de leite remanescente, misture, distribua essa massa cremosa por cima do creme branco, cubra com plástico-filme, leve ao freezer por 4 horas e sirva bem gelado.


Bom proveito.

sábado, 1 de novembro de 2025

AINDA SOBRE NOTEBOOKS (FINAL)

AS PAREDES TÊM RATOS, E RATOS TÊM OUVIDOS.

Num mundo ideal, todos trocaríamos regularmente nossos celulares e computadores por modelos compatíveis com as versões mais recentes de sistemas e programas. Num país de terceiro mundo, com salários de quinto e a maior carga tributária do planeta, é mais fácil falar do que fazer.

Os PCs perderam o protagonismo desde que os celulares se tornaram microcomputadores ultraportáteis, mas certas tarefas exigem telas maiores, teclado e mouse físicos e mais "poder de fogo" do que os smartphones medianos oferecem. Notebooks que vieram com o Windows 10 pré-instalado ou evoluíram a partir do Windows 7 ou 8.1, mas não atendem aos requisitos do Windows 11, podem ser considerados obsoletos (mais detalhes no capítulo anterior). 

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

Visto por aliados como a face moderada do clã Bolsonaro, Flávio ficou com um jeitão de Eduardo ao insinuar que o secretário da Guerra do governo Trump deveria bombardear embarcações na Baía de Guanabara. Um aliado da família no Centrão resumiu sua perplexidade em três frases:

1 - "Todos sabem que não se faz omelete sem quebrar os ovos, mas a família Bolsonaro quebra os ovos sem fazer omeletes. Ninguém entendeu o post do Flávio."

2 - "Ao se vincular aos torpedos de Trump contra as exportações brasileiras, Eduardo tirou a imagem do Lula do buraco, e com o devaneio dos bombardeios americanos na orla carioca, Flávio pareceu empenhado em consolidar o naufrágio da direita."

3 - "Lula anda dizendo que Eduardo é o principal craque do seu time. Aparentemente, Flávio decidiu disputar com o irmão a camisa 10 do time rival."

Os aliados achavam que Bolsonaro tinha enviado o primogênito aos Estados Unidos para colocar juízo na cabeça do irmão, mas voltou com um parafuso solto. Por outro lado, no momento em que o petismo se esbaldava na crítica a Flávio por ter sugerido ataques dos Estados Unidos contra barcos com drogas no Rio de Janeiro, Lula, a pretexto de condenar os bombardeios americanos contra embarcações venezuelanas, produziu a seguinte pérola: "Os usuários são responsáveis pelos traficantes, que são vítimas dos usuários também."

Expoentes da oposição correram à internet para grudar no presidente a pecha de protetor de bandidos. Diante da péssima repercussão, o Planalto pendurou um post nas redes. Nele, o molusco disse que sua frase foi "mal colocada" e que é claramente contra "os traficantes e o crime organizado."

Não é a primeira vez que a língua de Lula ganha vida própria num improviso. A diferença é que dessa vez ela se aventurou no ramo da magia e tirou um gambá da cartola. Ao tratar traficantes como vítimas de dependentes químicos, o macróbio soou como líder da oposição, entregando aos adversários um vídeo para ser usado na propaganda eleitoral de 2026.

Depois de alguns anos de uso, é comum a bateria do note descarregar rapidamente. Se houver peças de reposição no mercado, a troca é simples. Já se o componente for parte integrante da placa de sistema, o jeito é usar o portátil conectado à tomada ou comprar outro aparelho.

O desempenho do Windows tende a se degradar com o tempo e o uso normal da máquina. A manutenção preventiva em nível de software ajuda a postergar a reinstalação do sistema, e próprio Windows oferece ferramentas para limpeza de disco, correção de erros e desfragmentação de dados. Mas a Microsoft não inclui um utilitário para limpar ou compactar o Registro nem recomenda o uso de programas de terceiros com essa finalidade.

O uso constante de 100% da CPU e a falta de memória durante atividades exigentes — como edição de vídeo, modelagem 3D ou softwares de engenharia — podem ser atenuados com upgrades de hardware, mas os notebooks são menos amigáveis que os desktops nesse quesito. Na melhor das hipóteses, pode-se instalar módulos adicionais de memória RAM ou substituir os originais por outros de maior capacidade. Já upgrades de processador, placa de vídeo e placa-mãe são caros e, não raro, inviáveis.

O upgrade de HD ou SSD é possível em alguns modelos, mas alguns trazem o armazenamento soldado à placa-mãe, o que inviabiliza a troca. Isso sem falar que aparelhos mais antigos não oferecem suporte a SSDs NVMe — bem mais rápidos que os SSDs SATA ou os HDDs convencionais. Rodar o Windows 11 numa máquina com disco rígido eletromecânico é uma verdadeira provação (meu Dell Inspiron Intel Core i7/1TB/8GB só voltou a ser “usável” depois que substituí o HDD por um SSD).

Por serem levados de um lado para outro, os portáteis estão sujeitos a quedas, avarias estruturais, desgaste do teclado e arranhões na carcaça e na tela. Alguns reparos são simples, mas o preço das peças de reposição pode tornar o molho mais caro que o peixe. Teclado e mouse externos são uma opção interessante quando o note faz as vezes de PC de mesa — mas, nesse caso, a portabilidade vai para o vinagre. 

À luz do custo-benefício, comprar um modelo novo pode ser mais vantajoso do que seguir remendando o velho.

sexta-feira, 31 de outubro de 2025

DE VOLTA ÀS VIAGENS NO TEMPO — 51ª PARTE — SOBRE A SETA DO TEMPO

FUGIT IRREPARABILE TEMPUS.

A expressão arrow of time (flecha do tempo, numa tradução direta) foi cunhada pelo astrofísico britânico Arthur Eddington no final da década de 1920, mas a ideia de que o tempo é unidirecional remonta à Segunda Lei da Termodinâmica, proposta no século XIX, que trata da entropia — medida de desordem e aleatoriedade.

 

Em um sistema fechado, a entropia tende a aumentar com o passar do tempo. Quando um copo se quebra, por exemplo, seus cacos não se juntam espontaneamente. No entanto, a ideia de que a seta do tempo está intrinsecamente ligada à seta entrópica não é unanimidade entre físicos e cosmólogos. 


Alguns cientistas argumentam que, embora a entropia descreva fenômenos macroscópicos, em escalas microscópicas as interações fundamentais da física (como as equações da mecânica quântica e da relatividade geral) são majoritariamente simétricas no tempo. E mais: se pudéssemos reverter as velocidades de todas as partículas em um sistema, ele retornaria ao seu estado anterior. A unidirecionalidade do tempo emergiria apenas em sistemas complexos, com grande número de partículas. 


O fato de o Universo ter surgido de um estado de baixa entropia (Big Bang) pode explicar o aumento contínuo da desordem que observamos hoje e, consequentemente, a flecha do tempo. Mas o "porquê" dessa condição inicial permanece um mistério.

 

Nossa percepção é que o tempo flui do passado para o futuro. Nesse contexto, nossas lembranças pertencem ao passado, e nossas expectativas, ao futuro. Mas algumas teorias cosmológicas especulam sobre universos cíclicos, em que períodos de contração (grande colapso) sucedem à grande expansão. Nesses cenários, a seta do tempo poderia se inverter durante a fase de contração, o que significaria uma diminuição da entropia — lembrando que essas hipóteses são meramente teóricas.

 

Embora a Segunda Lei da Termodinâmica forneça uma explicação robusta para a direção observada do tempo, o debate em torno da natureza fundamental da seta do tempo e suas implicações cosmológicas continua sendo uma área vibrante de pesquisa — e um dos grandes mistérios da física. Uma equipe internacional liderada por físicos brasileiros demonstrou experimentalmente que o desenrolar contínuo do tempo do passado rumo ao futuro é um conceito relativo. Em seu artigo — ainda em revisão para publicação — os pesquisadores descrevem o experimento, detalham os resultados e explicam por que suas descobertas não violam a lei retromencionada.

 

A ideia de partículas emaranhadas (ou entrelaçadas) tornou-se conhecida graças aos esforços para transformá-las em qubits para computadores quânticos. Mas outra propriedade menos famosa das partículas subatômicas é o correlacionamento: quando correlacionadas, elas se ligam de modos que não ocorrem no mundo macroscópico. Os pesquisadores usaram esse correlacionamento para alterar a direção da seta do tempo. Após modificarem a temperatura dos núcleos em dois átomos de uma molécula de triclorometano (hidrogênio e carbono), deixando o núcleo de hidrogênio mais quente do que o de carbono, eles observaram que, quando os núcleos não estavam correlacionados, o calor fluía como esperado — do núcleo mais quente para o mais frio. No entanto, quando os núcleos estavam correlacionados, o núcleo quente ficou ainda mais quente, e o frio, ainda mais frio.


Como é a própria assimetria do fluxo de calor (ou seja, a entropia) que define a direção do tempo, a equipe concluiu que o experimento inverteu a seta do tempo — isto é, fez o tempo "correr para trás". Segundo os pesquisadores, esse resultado abre a possibilidade de controlar ou até mesmo inverter a seta do tempo, dependendo das condições iniciais. E não há violação da Segunda Lei da Termodinâmica porque ela pressupõe a ausência de correlações entre as partículas — exatamente o fator que permitiu a reversão observada.

 

Outros experimentos já demonstraram a reversão do fluxo temporal, alimentando novas discussões sobre a existência de uma fronteira a partir da qual o tempo deixa de fluir para o futuro. Embora não vejamos copos quebrados se desquebrando por aí, as leis fundamentais da física não pressupõem necessariamente uma única direção, já que as equações permanecem as mesmas, independentemente de o tempo avançar ou recuar.

 

Resumo da ópera: a seta do tempo é um conceito relativo, e se setas opostas podem emergir de sistemas quânticos abertos, então também seria possível — ao menos em tese — viajar para o futuro ou para o passado.


Continua...

quinta-feira, 30 de outubro de 2025

O HALLOWEEN E O SEGUNDO CAPÍTULO SOBRE NOTEBOOKS

DEUS É UMA CONSTRUÇÃO LUCRATIVA E AUTOSSUSTENTÁVEL DAS IGREJAS DO MUNDO.

A origem do Halloween é incerta. Acredita-se que tudo começou com o Samhain dos antigos celtas, que festejavam a passagem do ano em 31 de outubro. Posteriormente, visando atenuar o cheiro pagão da festa, o papa Gregório III mudou o Dia de Todos os Santos de 13 de maio para 1º de novembro, e o papa Gregório IV estendeu a observância do All Saints Day (1º de novembro) e do All Souls Day (2 de novembro) a todos os católicos, fortalecendo as celebrações católicas em oposição às práticas pagãs.

Por influência dos ingleses, todo 31 de outubro os americanos decoram suas casas e ruas com temas "assustadores", e crianças fantasiadas de bruxas, múmias, fantasmas e caveiras ameaçam pregar peças em quem lhes negar guloseimas. No Brasil, a data se popularizou a partir de filmes e, mais recentemente, da Internet — para o gáudio dos comerciantes que vendem doces, fantasias e decorações. Vale destacar que o Dia do Saci foi instituído como forma de valorizar nosso folclore e a figura do Saci-Pererê, mas a iniciativa foi tão bem-sucedida quanto a campanha de Bolsonaro à reeleição (detalhes nesta postagem).

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Quando o Windows 11 transformou meu Dell Inspiron Intel Core i7/1TB/8GB numa carroça, resolvi aposentá-lo e usar um desktop com CPU Intel quad-core i7-4790 3.6GHz, 32 GB de RAM DDR3 e SSD de 2 TB — um verdadeiro portento, mas que não atendia aos requisitos do novo sistema da Microsoft. Quando a máquina apresentou um problema cuja solução seria a troca da placa-mãe, eu a substituí por um Mac Pro e dei uma banana para o Windows.

Notebooks são ideais para quem precisa de mobilidade, mas também funcionam muito bem como computadores de mesa — basta conectá-los a um monitor e a um combo de teclado e mouse (cabeado ou wireless). Por outro lado, custam mais caro que desktops de configuração equivalente e, como a maioria dos recursos de hardware é integrada à placa-mãe, as possibilidades de upgrade se limitam à memória RAM e ao SSD — e, em alguns casos, ao processador.


CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA


Lula vive um dilema do tipo Dr. Jekyll e Mr. Hyde — personagens do romance Strange Case of Dr. Jekyll and Mr. Hyde, do escocês Robert Louis Stevenson, que também é autor de A Ilha do Tesouro.  

Na campanha de 2022, o então candidato sinalizou que não permitiria que o monstro ocupasse o corpo do médico para reivindicar outra reeleição. "Eleito, serei presidente de um mandato só", prometeu. Agora, alardeia até na Indonésia o desejo prematuro de obter um quarto mandato.

Lula não sabe como separar o médico do monstro. Até Janja deve ter dificuldades para saber quando está falando com o presidente ou com o candidato. Seu ministro do marketing, deveria mandar confeccionar dois broches, um com a letra 'P' e outro com a letra 'C'. No discurso de Jacarta, Lula usaria o broche de presidente, evitando passar pelo ridículo de dizer ao presidente indonésio coisas como "eu vou disputar um quarto mandato no Brasil", ou que chegou aos 80 anos "com a mesma energia" de quando tinha 30.

Noutros tempos, vigorava a ideia de que cargo eletivo era um calvário para o qual se era convocado pelos correligionários. Depois que FHC comprou a PEC da reeleição, admitir a volúpia pelo poder passou a ser sinal de franqueza. Mas Lula exagera no desprezo à etiqueta.

Ulysses Guimarães ensinava que "o Itamaraty só dá ou tira voto no Burundi" (uma minúscula república africana). No exercício da diplomacia presidencial, o Sun Tzu de Atibaia exagera ao levar sua candidatura para passear na Ásia. Políticos que não ambicionam o poder erram o alvo, mas aqueles que só ambicionam o poder viram alvo.


A obsolescência programada é um artifício usado pela indústria para estimular a troca de aparelhos por modelos de última geração, supostamente superiores, mesmo que os "velhos" estejam em boas condições de conservação e funcionamento. No entanto, de tempos em termos a evolução tecnológica nos obriga a substituir nossos dispositivos computacionais celulares e computadores por modelos novos, compatíveis com as exigências dos sistemas e programas atuais.


No caso dos PCs, máquinas com mais de cinco anos de uso não rodam o Windows 11, e o suporte ao Windows 10 foi encerrado no último dia 14. No caso dos smartphones, modelos de entrada com dois ou três anos de uso deixam de receber atualizações do sistema e patches de segurança, e mesmo quem não se preocupa com segurança acaba numa sinuca de bico: o WhatsApp deixou de rodar recentemente nas versões anteriores ao Android Lollipop (5.0) e em iPhones que "estacionaram" no iOS 12.5.7Nessa hora, é importante escolhermos um aparelho que atenda nossas necessidades, caiba em nosso orçamento e não se torne ultrapassado antes de terminarmos de pagá-lo.

Recentemente, a Samsung e a Motorola passaram a oferecer sete atualizações do Android para seus modelos premium e cinco para algumas versões intermediárias. Já os notebooks trazem o Windows 11 pré-instalado — alguns modelos mais baratos trazem apenas uma distro Linux ou sequer incluem sistema operacional, mas isso é outra conversa. Interessa dizer que um PC com mais anos de estrada dificilmente será compatível com o Windows 11, e continuar com a versão anterior significa deixar de receber correções de erros e atualizações de segurança.

Num mundo ideal, a maioria de nós compraria um computador novo a cada três ou quatro anos e trocaria de celular na metade desse tempo. O problema é que vivemos num país de terceiro mundo, com salários de quinto e a maior carga tributária do planeta, mas isso não muda o fato de que, mais ora, menos ora, a troca será inevitável. Se for o seu caso, a boa notícia é que o site da Amazon oferece diversos modelos com processadores de última geração, armazenamento em SSD, excelente custo-benefício e descontos expressivos.

O Dell Inspiron I15 é sopa no mel para quem não pode gastar muito. O processador Intel Core i3 de 12ª geração, combinado com 8GB de RAM e SSD de 512GB, garante um desempenho ágil no uso diário, com inicialização rápida e resposta imediata na multitarefa, e a tela de 15,6 polegadas Full HD com taxa de atualização de 120Hz oferece conforto visual, cores vivas e fluidez nas imagens. O preço baixou de R$3.199 para R$2.879, e pode ser parcelado em até dez vezes sem acréscimos.

Se você precisa de um notebook mais potente, mas acessível, o Lenovo IdeaPad Slim 3 15IRH10 integra processador Intel Core i5 de 13ª geração, 8GB de RAM DDR5, SSD de 512GB e e tela WUXGA de 15,3 polegadas. A bateria promete autonomia de 10 horas, e o carregamento rápido garante 2 horas de uso com apenas 15 minutos na tomada. O preço atual é de R$3.120, que também pode ser dividido em 10 parcelas mensais sucessivas.

O ASUS Vivobook 15 X1504VA-NJ1745W é um exemplo de equilíbrio entre desempenho e estilo. Equipado com CPU Intel Core i5 de 13ª geração, 16GB de RAM DDR, SSD de 512GB e tela Full HD de 15,6 polegadas, ele garante inicializações quase instantâneas, alto desempenho em tarefas de produtividade, navegação e até jogos leves, além de imagens nítidas. O modelo está em oferta na Amazon por R$2.969 (antes R$3.599), com parcelamento em até doze vezes.

Para quem deseja potência real, seja para jogos, edição de vídeos ou softwares pesados, o Lenovo LOQ-E traz o Intel Core i5-12450HX com NVIDIA GeForce RTX 3050, 8 GB de RAM, SSD de 512 GB e tela Full HD de 15,6 polegadas com taxa de atualização de 144Hz, além de teclado retroiluminado ABNT2 com bloco numérico, ideal para longas sessões de uso. Ele está disponível por R$4.299, com parcelamento em até dez vezes.

Continua...

quarta-feira, 29 de outubro de 2025

O TEMPO PERGUNTOU AO TEMPO QUANTO TEMPO O TEMPO TEM… (FINAL)

WE ARE ALL TIME TRAVELERS.

Se o futuro é uma possibilidade e o passado é uma lembrança, então o único estado de coisas que realmente existe é o presente. Mas como afirmar isso se a própria existência do tempo não é uma unanimidade entre os filósofos e cientistas?

Na visão do cosmólogo Carlo Rovelli, o tempo não é uma e linha reta pela qual as coisas fluem do passado para o futuro, mas uma variável resultante do aumento da entropia do cosmos ao longo dos últimos 13,8 bilhões de anos. 

Segundo o metafísico J. M. E. McTaggart, é possível atestar a inexistência do tempo usando somente o pensamento lógico e um baralho de cartas

Grande Pirâmide de Gizé foi erguida no presente do faraó Queóps, que para nós significa 4,5 mil anos atrás. Se a realidade depende do ponto de vista do observador, então o presente não é uma data fixa no calendário, e um ponto de vista objetivo deve excluir o presente, o passado e o futuro. Esse mesmo raciocínio se aplica quando alguém diz "eu" — se esse pronome designa sempre a pessoa que fala, então ele não existe objetivamente, da mesma forma que "aqui" e "lá".

Se, assim como o espaço, que compreende apenas relações entre lugares (afastamento/proximidade), o tempo comporta somente relações entre acontecimentos mensuráveis (anterioridade/posterioridade), uma descrição objetiva do mundo não comporta presente, passado e futuro.

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Lula já se definiu como "metamorfose ambulante" — talvez “metástase fosse uma definição mais adequada, mas isso é outra conversa. 

Na última quinta-feira, discursando num evento do PCdoB, o molusco ensinou que a esquerda precisa "acreditar que o deputado é importante", lançando uma profusão de candidatos ao Legislativo. Passados apenas quatro dias, fez exatamente o oposto do que lecionou ao nomear Boulos para um ministério palaciano.

Na prática, ele condenou o deputado a permanecer em seu governo até o final, tirando das urnas o maior puxador de votos da esquerda — que chegou à Câmara com pouco mais de 1 milhão de votos — 55 mil a mais que Carla Zambelli e 259 mil a mais que Eduardo Bolsonaro. 

No discurso da semana passada, Lula ensinou que PT, PCdoB, PDT, PSB e também o PSOL, partido de

Em tese, o macróbio não precisaria puxar o tapete do PSOL para usufruir das conexões sociais de Boulos. Sua incorporação à caravana da reeleição não estava condicionada à obtenção de uma poltrona de ministro, mas o gesto sinalizou para os partidos aliados que ele continua cultivando um tipo muito peculiar de parceria: “todos no mesmo barco e cada um por si”.

Se, à luz da Teoria da Relatividade, dois acontecimentos simultâneos deixam de sê-lo quando um observador está parado e o outro, em movimento, então nem o presente nem o futuro são absolutos, pois variam de acordo com a posição do observador. Uma mesa ou uma cadeira são reais do ponto de vista físico, já que são objetos formados por átomos, elétrons e quarks. Mas nem tudo o que existe no mundo segue as leis da física clássica. 

Mesmo que não existam no mundo real, o passado e o futuro nos parecem tão reais quanto a mesa ou a cadeira, já que o presente delimita o que deixou de ser real de um lado (o passado) e o que ainda não é real (o futuro). No entanto, a metáfora do “rio do tempo” (vide capítulos anteriores) rejeita o paralelismo entre o "aqui" e o "presente", posto que este não pode ser subjetivo no mesmo sentido que aquele. 

Quando estamos aqui e vamos a algum lugar, esse lugar passa a ser nosso "aqui", e o lugar de onde saímos, nosso "lá". Mas isso não se aplica ao "agora", já que o presente nos é imposto, o passado está fora do nosso alcance. Já avançar rumo ao que consideramos como futuro não só é possível como necessário, mas não depende de nós, e sim da realidade do tempo.

Explicando melhor: a decisão de ir a um lugar no espaço depende de cada um de nós, mas é o tempo que determina o que acontece antes e depois, organizando os fatos de forma irreversível. Isso significa que podemos nos mover pelo espaço, mas não podemos controlar o fato de o presente acontecer agora e depois virar passado, que acontece conforme a ordem do tempo. É por isso que temos a impressão de que o tempo se desloca em relação a nós, de que ele está sempre em movimento, queiramos ou não.

Como vimos nos capítulos anteriores, as metáforas do rio do tempo e do trem do tempo têm cada qual seus defensores e detratores. Os partidários da primeira acreditam no presente, e os partidários da segunda acham que o presente é apenas uma ilusão subjetiva. Mas não dá para dizer quem está certo: por um lado, o que acontece agora nunca aconteceu e, portanto, é objetivamente real; por outro, dizemos que uma coisa acontece agora porque somos contemporâneos dela, e o que se nos apresenta como passado ou futuro é tão objetivamente real quanto o que é presente para nós.

Na imagem do trem do tempo os acontecimentos estão ligados entre si por relações imutáveis de simultaneidade, anterioridade e posterioridade, mas a descrição realista do mundo é inexoravelmente atemporal. O Natal de 2024 aconteceu antes do Réveillon de 2025, que precedeu ao Carnaval, à Páscoa e ao Dia das Crianças. Isso era verdadeiro no passado, é verdadeiro agora e continuará sendo verdadeiro para sempre — tão atemporalmente verdadeiro quanto o fato de dois e dois serem quatro tanto hoje como ontem. Mas como pode haver tempo se nada muda? 

Não faz sentido falar em mudanças se não se pode distinguir o que é do que foi e do que será, se tudo é fixo, imutável, invariável. Para quem vê o mundo de fora — ou seja, do ponto de vista eternalista de um Deus onisciente, que abarca tudo num único olhar —, o tempo não existe: se não estamos no mundo e pensamos fora dele, não há que falar em passado, em futuro, e tampouco em tempo.

Por outro lado, pensar em mudanças nos leva a mergulhar de novo no rio do tempo e admitir que tudo muda o tempo todo: o que é futuro se torna presente, e o presente se torna passado. Mas se há presente no mundo, e se ele não é somente uma ilusão devida à nossa posição na história, então o passado não é real, já que o presente cessa tão logo se torna passado. E o futuro é ainda menos real, pois sequer chegou a ser real. No entanto, se há somente o presente, como explicar as mudança? 

Um ser consciente do estado do mundo, mas que não tivesse memória do passado nem imaginação do futuro, saberia tudo da realidade presente, mas nada veria mudar. Para dizer que uma coisa muda, é preciso poder dizer que ela não era o que passou a ser. Mas a memória do passado e a imaginação do futuro não são características do mundo, e sim da nossa consciência. Num mundo em que o presente é real, ele é o único a existir, e isso nos leva a outra negação do tempo.

A imagem do trem do tempo nos permite pensar a realidade das relações entre os acontecimentos sem presente, passado nem futuro, na medida em que implica uma visão eternalista que não exclui o tempo. Em contrapartida, a imagem do rio nos permite pensar a realidade do presente, mas exclui a realidade do passado e do porvir, impondo uma visão presentista que nos impede igualmente de pensar o tempo.

Ainda que o tempo não seja somente uma ilusão — o que se admite apenas por amor à argumentação —, é impossível encerrá-lo num conceito sem esbarrar em dificuldades insuperáveis ou em contradições. E mesmo que o presente não seja uma ilusão, é impossível dizer se ele existe fora de nós ou por nós, se depende do mundo ou de nossa consciência. Já o futuro é, dos três modos da temporalidade, aquele que tem menos existência, seja por ainda não ser, seja por mudar o tempo todo.

Vivemos necessariamente no presente. O passado e o futuro não existem, o que existe é um presente relativo ao passado — a memória —, um presente relativo ao presente — a percepção — e um presente relativo ao futuro — a expectativa. Para a consciência, porém, há somente o presente, pois o passado não é senão a memória presente do passado, e o futuro não é senão a imaginação presente do futuro.

Por esse prisma, o futuro não difere do passado ou do presente — que também mudam o tempo todo —, mas existe somente em nossa imaginação, pois varia em função do nosso presente, que é o hoje, não o ontem nem o amanhã. Por acharmos o futuro demasiado lento e ao apressarmos seu curso, esquecemo-nos do passado, mas, imprudentes que somos, não pensamos no único tempo que nos pertence, sonhamos com o que não existe mais e evitamos refletir sobre o único que subsiste. Assim, em vez de vivermos, esperamos viver.

Quando nos lembrarmos desse presente no futuro, ele será o passado que traremos de volta ao presente, ou seja, outro presente. Mas viver no presente exige inevitavelmente considerar o futuro — ou seja, ver a água do futuro fluir em torno de nós. Para estarmos aqui, devemos olhar adiante, para além de nós, e a todo instante ver e prever o porvir. Viver no presente é querer, é desejar, é esperar outra coisa que não é o presente, é projetar-se no futuro. Por isso sabemos que morreremos um dia, embora nos seja difícil imaginar isso, e por pensamos que a morte é somente o nada, a ausência de consciência, temos medo de partir desta vida demasiado cedo, quando ainda estamos vivos, de ficar do mundo enquanto ele continua a avançar sem nós, que continuamos a desejar no presente outro futuro, pois viver é estar voltado sempre para o futuro imediato de nossas intenções, ainda que distante das nossas aspirações.

Talvez a imagem do rio seja ilusória, mas é uma ilusão vital. O futuro é seguramente uma ilusão, já que existe apenas em função da nossa imaginação, em nossos temores, esperanças, medos e desejos. Até porque só o presente existe, e é nele que vivemos, mesmo que não seja ele que nos faça viver. Se nos ocupássemos somente do que o presente nos dá, não viveríamos: apenas sobreviveríamos sem finalidade, sem memória nem desejo, sem qualquer razão para viver. 

Estamos condenados a viver no presente, mas dele nos libertamos pela imaginação do futuro que não existe, mas que nos faz existir, dando sentido à nossa existência. Um futuro que não é mais o que era, que está sempre por se reinventar. 

Essa é a verdadeira definição da liberdade humana.

terça-feira, 28 de outubro de 2025

DO SMARTPHONE AO NOTEBOOK

OUÇA CONSELHOS, MAS JAMAIS ABRA MÃO DE SUA PRÓPRIA OPINIÃO.

Não se sabe se o ábaco surgiu na China, no Egito ou na Mesopotâmia, mas sabe-se que ele foi criado milhares de anos antes da era cristã e que sua desenvoltura na execução de operações aritméticas só foi superada no século XVII, quando Blaise Pascal criou uma engenhoca que Gottfried Leibniz aprimorou com a capacidade de multiplicar e dividir. 

Já o processamento de dados teve início no século XVII com o Tear de Jacquard  e evoluiu com o tabulador estatístico criado por Herman Hollerith — cuja empresa daria origem à gigante IBM. No início dos anos 1930, Claude Shannon aperfeiçoou um dispositivo de computação movido a manivelas mediante a instalação de circuitos elétricos baseados na lógica binária. Mais ou menos na mesma época, Konrad Zuse criou o Z1 — primeiro computador binário digital. 

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

Enquanto a defesa de Bolsonaro se equipa para usar o caso Collor como pretexto para evitar que seu cliente seja trancado na penitenciária da Papuda, os deuses da jurisprudência oferecem um espetáculo que desmoraliza o caráter "humanitário" da prisão domiciliar em três atos.

No primeiro, Collor, condenado a 8 anos e 10 meses de prisão em regime inicial fechado, foi autorizado a cumprir a pena em sua mansão na orla de Maceió depois de passar uma semana em um presídio alagoano. No segundo, sua tornozeleira eletrônica saiu do ar por 36 horas. No terceiro, o apagão do monitoramento ocorreu nos dias 2 e 3 de maio, mas o Centro de Monitoramento Eletrônico de Pessoas de Alagoas demorou cinco meses para comunicar a falha ao STF.

Graças a uma trapaça do destino, o relator do processo de Collor é Alexandre de Moraes, o mesmo que cuida do caso da trama do golpe. Abespinhado, o magistrado exigiu explicações. A resposta veio na última sexta-feira (24). A Secretaria de Ressocialização e Inclusão Social do governo de Alagoas alegou que desconhecia o e-mail do gabinete de Moraes. Superada a dúvida quanto à origem e à segurança da comunicação, as providências cabíveis foram imediatamente adotadas, com o envio integral dos relatórios requisitados ao e-mail.

A honestidade preenche requerimento, marca hora e leva chá de cadeira. A corrupção sempre encontra seus atalhos. Num mundo convencional, o endereço eletrônico de Moraes poderia ser obtido com um simples telefonema. No universo dos privilegiados, a coisa é diferente.

Na prática, o governo de Alagoas coloca Moraes em posição constrangedora. O ministro havia ameaçado devolver Collor ao presídio. Os responsáveis por monitorar o trânsito do "preso" entre a sauna e a piscina do seu elegante domicílio prisional pedem ao ministro que faça o papel de bobo em benefício do bem-estar do condenado.

Os homens nunca foram iguais, mas não eram tão desiguais até que veio a civilização. E alguns viraram Collor, que desfrutou da impunidade por 33 anos. Denunciado por assaltar R$20 milhões de um cofre da Petrobras em gestões petistas, demorou oito anos para ser condenado. Embora a sentença fosse suprema, ficou solto por dois anos após a condenação.

Poucas horas depois da detenção de Collor, sua defesa encaminhou petição a Moraes alegando que seu cliente tem 75 anos e é atormentado por doença de Parkinson, apneia grave do sono e transtorno afetivo bipolar — moléstias que exigiriam cuidados contínuos e acompanhamento médico especializado, coisas indisponíveis na cadeia.

A defesa esqueceu de combinar a estratégia com o paciente. Na audiência de custódia que antecedeu o encarceramento, Collor, sorridente, vendia saúde. Acompanhado de um dos seus advogados, foi interrogado por videoconferência pelo juiz Rafael Henrique, da equipe de Moraes. A certa altura, o doutor perguntou: "O senhor tem alguma doença, faz uso de algum medicamento de uso contínuo?" E Collor, categórico: "Não".

Os advogados omitiram que o Rei Sol talvez sofresse de uma amnésia que o levava a esquecer dos outros males que o afligiam. De repente, surgiram os atestados médicos que justificavam a concessão da prisão domiciliar em caráter "humanitário", abrindo um atalho que os advogados de Bolsonaro certamente trilharão.

O Brasil não perde a oportunidade de perder oportunidades para qualificar o seu sistema prisional. Há três décadas, Collor vangloriava-se no Planalto de ter "colhões roxos" — expressão precursora do célebre "imbrochável." Quando vende saúde, a desqualificação é poupada. Quando finalmente é condenado, o desqualificado alega que não pode servir de exemplo para a qualificação das cadeias.

O ex-presidente da França Nicolas Sarkozy, 70, foi condenado por aceitar contribuições espúrias do antigo ditador líbio Muammar Kadafi para a campanha eleitoral da qual saiu vitorioso, em 2007. Preso na semana passada, cumprirá pena de cinco anos na penitenciária La Santé, em Paris, trancafiado na ala de isolamento de uma das prisões mais seguras da França.

Enquanto isso, o brasileiro é como que condenado a conviver com uma dúvida perpétua: os criminosos de grife vão para a cadeia nos países ricos porque as cadeias são melhores ou as cadeias são melhores porque a elite as frequenta? 

Nas pegadas de Collor, o Brasil está na bica de desperdiçar com Bolsonaro mais uma chance de aprimorar as instalações e os serviços de suas prisões com a qualificação progressiva da população carcerária.

A II Guerra Mundial deu azo ao surgimento do Mark I, do Z3 e do Colossus. Na década seguinte, pesquisadores da Universidade da Pensilvânia construíram o ENIAC, que teria causado um formidável apagão quando foi ligado pela primeira vez (talvez isso não passe de lenda urbana, mas houve realmente flutuações e quedas de energia pontuais na Filadélfia, mesmo porque o monstrengo consumia 10% da capacidade total da rede elétrica da cidade). 

Embora fosse um monstrengo de 18 mil válvulas e 30 toneladas, ele era capaz de realizar "apenas" 5 mil somas, 357 multiplicações ou 38 divisões simultâneas por segundo — uma performance incrível para a época, mas que qualquer videogame dos anos 1990 já superava com um pé nas costas. Suas válvulas queimavam à razão de uma a cada dois minutos, e como sua memória interna só comportava os dados da tarefa em execução, qualquer modificação exigia que os programadores corressem de um lado para outro da sala, desligando e religando dezenas de cabos.

 

O EDVAC veio à luz em 1947, já com memória, processador e dispositivos de entrada e saída de dados. Foi seguido pelo UNIVAC, que utilizava fita magnética em vez de cartões perfurados. Mas foi o advento do transistor que revolucionou a indústria dos computadores — notadamente a partir de 1954, quando o uso do silício como matéria-prima barateou significativamente os custos de produção.


Os primeiros mainframes totalmente transistorizados foram lançados pela IBM no final dos anos 1950. Na década seguinte, a Texas Instruments revolucionou o mundo da tecnologia com os circuitos integrados, compostos por conjuntos de transistores, resistores e capacitores, e usados com sucesso no IBM 360 (lançado em 1964). Já no início dos anos 1970, a Intel desenvolveu uma tecnologia capaz de agrupar vários circuitos integrados (CIs) numa única peça silício, dando origem aos microprocessadores e viabilizando o surgimento do Altair 8800 (vendido sob a forma de kit e responsável, ainda que indiretamente, pela fundação da Microsoft), do PET 2001 (lançado em 1976 e considerado o primeiro microcomputador pessoal) e dos Apple I e II (este último já com unidade de disco flexível).

 

O sucesso estrondoso da Apple incentivou a IBM a criar seu PC (acrônimo de Personal Computer), cuja arquitetura aberta e a adoção do MS-DOS acabaram se tornando padrão de mercado. A primeira interface gráfica com sistema de janelas, caixas de seleção, fontes e suporte ao uso do mouse foi criada pela Xerox e incorporada ao LISA por Steve Jobs. Quando a Microsoft lançou sua interface gráfica que rodava sobre o MS-DOS, a Apple já estava anos-luz à frente, mas foi o Windows, e não o macOS, que se tornou o sistema operacional para microcomputadores mais popular do planeta.

 

Tudo isso para dizer que o que hoje chamamos de computador — seja um desktop, um notebook, um smartphone ou um tablet — evoluiu ao longo dos séculos em etapas que misturam avanços científicos, engenhocas eletromecânicas e uma boa dose de ousadia criativa. No início, eram máquinas enormes, barulhentas e com um apetite pantagruélico por energia. Os primeiros sequer tinham disco rígido, quanto mais mouse, tela colorida ou sistema operacional amigável, e a interação com o usuário era feita por meio de cartões perfurados, fitas magnéticas e comandos crípticos. Mas já dizia o poeta que não há nada como o tempo para passar.

 

Microcomputadores rudimentares, mas já voltados ao consumidor final (como Apple I, Commodore 64 e afins) surgiram nos anos 1970 e começaram a se popularizar entre os usuários domésticos em meados dos anos 1990. Na década seguinte, os "micros" (como as pessoas chamavam seus PCs) já tinham presença garantida em escritórios, escolas e lares de classe média. Os laptops vieram logo depois, seguidos pelos netbooks e, mais adiante, pelos ultrabooks — versões mais compactas e baratas que sacrificavam desempenho em nome da mobilidade.

 

Meu primeiro portátil — um Compaq Evo n1020v Intel Celeron 1,7 GHz/20 GB/128 MB — custou R$ 4,4 mil no início de 2003 (cerca de R$ 12 mil, se atualizado pelo IGPM, ou R$ 30,4 mil, pela variação do salário-mínimo). Hoje, notebooks de entrada custam a partir de R$ 3 mil, como é o caso do IdeaPad 1 da Lenovo, que integra um chip AMD Ryzen 3 7320U e tela grande (15,6 polegadas). Mas ele vem com míseros 4 GB de RAM e SSD de 256 GB, sem falar que no sistema operacional, que é uma distro Linux.

 

Atualmente, qualquer smartphone básico tem mais "poder de fogo" do que os computadores que levaram o homem à Lua — o que explica, pelo menos em parte, por que desktops e notebooks foram relegados a situações que exigem telas de grandes dimensões, teclado e mouse físicos, além de processamento, memória e armazenamento superiores aos que os "pequenos notáveis" de entrada e intermediários conseguem oferecer. Mas quem precisa de um note para fazer o que não consegue fazer com o celular terá de investir cerca de R$ 4 mil num Samsung Galaxy Book 4, por exemplo, que integra um processador Intel Core i3-1315U, 8 GB de RAM, 256 GB de SSD — e vem de fábrica com o Windows 11.

 

Se você quer portabilidade sem abrir mão de uma tela grande e hardware potente, o Galaxy Book 4 Ultra oferece painel AMOLED de 16 polegadas com resolução QHD e taxa de atualização de 120 Hz, Intel Core Ultra 9-185H e Nvidia GeForce RTX 4070 — suficientes para rodar a maioria dos jogos atuais sem problemas —, além de respeitáveis 32 GB de RAM e 1 TB de SSD. Mas não espere pagar menos de R$ 10 mil por essa belezinha.

 

Por último, mas não menos importante: quem é fã do iOS não tem como não gostar do macOS — e, se é para mudar de sistema operacional, nada como fazê-lo em grande estilo. O Apple MacBook Pro M4 é capaz de executar com desenvoltura tarefas exigentes como edição de vídeo, gráficos 3D, desenvolvimento de IA e até simulações científicas. 


Ele oferece ampla gama de portas para periféricos e monitores externos — incluindo três portas USB-C/Thunderbolt 5 e uma HDMI 2.1 —, não esquenta e praticamente não faz barulho. No entanto, como a RAM e a unidade de armazenamento vêm soldadas à placa-mãe, convém escolher a melhor configuração que o bolso suportar, já que upgrades de hardware estão fora de cogitação.