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sexta-feira, 23 de agosto de 2024

BURACOS DE MINHOCA ATRAVESSÁVEIS (CONTINUAÇÃO)

MELHOR UM FIM HORROROSO AINDA DO QUE UM HORROR SEM FIM.

No filme Superman, o protagonista volta ao passado voando no sentido oposto ao da rotação da Terra a uma velocidade superior à da luz. Em tese, isso poderia funcionar no mundo real, mas na prática a teoria é outra.

Nada com matéria pode se mover mais rápido que a luz no vácuo (299.792.458 m/s), lembrando que os fótons são partículas sem massa e sem peso. Mas ir além da velocidade da luz talvez não baste para voltarmos ao passado, já que, em nível macroscópico, a seta do tempo aponta sempre para o futuro. Mas isso não quer dizer que jamais poderemos assistir ao desembarque de Cabral e sua trupe em Pindorama, por exemplo.

Buracos de minhoca são distorções no espaço-tempo causadas por objetos supermassivos. Acredita-se que eles possam funcionar como atalhos cósmicos, encurtando a distância entre dois pontos, neste ou em outro universo, no presente ou em outro momento da linha do tempo.

Observação: Para entender isso melhor, imagine uma folha de papel com um X na margem superior um Y na inferior. Se a folha for dobrada ao meio, os pontos X e Y podem ser trespassados por um alfinete. Assim, um buraco de minhoca permitiria ir de um ponto a outro no espaço-tempo em questão de segundos, mesmo que, numa linha reta, a distância entre eles fosse de milhares de anos-luz.

Ao contrário dos buracos negros, que já foram avistados e fotografados, os buracos de minhoca ainda são uma projeção teórica. Mas Carl Sagan ensinou que "ausência de evidência não é necessariamente evidência de ausência", e vários cientistas — incluindo o descobridor do sistema heliocêntrico, o pai da desinfecção, o criador da imunoterapia e o proponente da deriva continental — foram alvo de chacota até o tempo provar que eles estavam certos. 

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA 

Escorado numa decisão do STF, o presidente Lula disse que o avanço do Congresso Nacional sobre o Orçamento da União é "uma loucura" — e com razão, já que as emendas parlamentares representarem quase 24% do bolo orçamentário. Igualmente fora de esquadro foi a demora do Lula presidente em constatar o que o Lula candidato externou ao apontar o absurdo da sistemática no manejo daqueles recursos. Na época, o palanque ambulante prometeu dar um jeito na desordem mediante tratativas com o Parlamento, mas em um ano e meio de governo fez vista grossa à continuidade da metodologia repaginada do orçamento secreto vetado pelo STF em 2022.

A desvantagem na correlação de forças entre Executivo e Legislativo explica a atitude do xamã petista, mas a justifica num político tido, havido e autoproclamado ás no exercício do convencimento e o mais experiente dos governantes desde Tomé de Souza.

A impressão que se tem é de que o presidente tem medo de um Parlamento diante do qual suas celebradas qualidades de articulador são insuficientes. E ele não é o único a pisar em ovos. Em recente entrevista, o presidente do TCU, Bruno Dantas, qualificou os abusos como um "descuido" do Congresso (o que não se justifica, pois ali há distração, o foco é total nos interesses de suas excelências).

O uso do Supremo como muro de arrimo ocorreu também no caso da desoneração das folhas de pagamento, quando o Planalto se escorou em liminar do ministro Cristiano Zanin para obter um trunfo na mesa de negociações com os congressistas. 

A corte também procura amenizar os efeitos de suas decisões, defendendo negociação em torno da exigência de nitidez no trato das emendas. É de se perguntar como poderia o conceito de transparência abrigar o sentido de meio-termo.

 
Um novo estudo sugere que uma compreensão mais aprimorada da gravidade pode comprovar a existência desses "túneis cósmicos", mas daí a usá-los para cortar caminho vai uma longa distância (sem trocadilho). Mesmo que a força gravitacional do horizonte de eventos do buraco negro que hospeda o buraco de minhoca não fechasse a passagem antes que qualquer objeto conseguisse transpô-la, a radiação Hawking certamente causaria sua destruição.
 
Num artigo baseado teoria da gravidade híbrida  que permite maior flexibilidade nas relações entre matéria/energia e espaço/tempo  o físico João Luís Rosa sustentou a possibilidade de criar um buraco de minhoca estável e atravessável usando 
algum tipo de matéria exótica. Segundo ele, a energia negativa da matéria escura poderia estabilizar o túnel pelo tempo suficiente para a travessia, mas o problema é que a existência de matéria exótica no universo ainda é mera suposição.

Ocorre que a matemática usada para teorizar os buraco de minhoca é baseada na Relatividade Geral, que não é compatível com a física quântica — o que não quer dizer que as equações de Einstein estejam erradas, mas que alguma coisa está faltando —, e a suposta existência de matéria exótica é limitada à escala quântica. 

Ainda assim, o cosmólogo lusitano acredita que os efeitos gravitacionais necessários para garantir a atravessabilidade do atalho cósmico aconteçam naturalmente com a modificação da gravidade, dispensando as propriedades gravitacionais repulsivas da matéria exótica. "Modifique a gravidade e você poderá viajar com segurança por um buraco de minhoca para o que quer que esteja do outro lado", ele afirmou em entrevista ao site UFO

Ainda segundo Rosa, a teoria da gravidade modificada será comprovada pelo estudo das estrelas próximas de Sagitário A* — buraco negro supermassivo com cerca de 35 milhões de quilômetros de diâmetro que foi descoberto em 1974 no centro da Via Láctea

Como disse Einstein, "o impossível só é impossível até que alguém duvide e prove o contrário".

quarta-feira, 3 de janeiro de 2024

SOBRE BURACOS NEGROS E BURACOS DE MINHOCA

SE A VIDA É UM BURACO, SÃO PAULO É CHEIO DE VIDA

O PT não tem candidato próprio à Prefeitura de São Paulo; apoia Guilherme Boulos, do PSOL, que, em poucos dias, foi nomeado coordenador de um programa do Ministério dos Direitos Humanos (dirigido a moradores de rua, com verba de R$ 1 bilhão), viu-se no centro de um ato com a presença de presidente para a construção de casas populares e ganhou dele a promessa de levar Marta Suplicy de volta ao PT para compor a chapa.
A promessa é ousada e de difícil execuçãoProblemão para Ricardo Nunes e demais candidatos  à exceção, talvez, de Ricardo Salles, que tende a crescer caso Bolsonaro abrace de vez sua candidatura e o incentivo de Lula à polarização seja atendido pelo eleitorado. Lula sabe o que faz. Na pesquisa, o eleitor privilegia os problemas das cidades, mas na hora do vamos ver mostra predileção pelo jogo de torcidas que joga no lixo a palavra dita da pacificação.

***
Há muita coisa irritante hoje em dia, como sabe quem acompanha os noticiários. Mas a buraqueira que tomou conta da maior metrópole do país também incomoda. As crateras brotam da noite para o dia, como que por geração espontânea. Os consertos, por malfeitos, resultam em saliências ou rebaixos, e círculo vicioso se repete logo na primeira chuva. Mas isso é outra conversa. Os protagonistas desta postagem são os buracos negros, previstos por Albert Einstein em 1916 e batizados como tal pelo astrônomo norte-americano John Wheeler. 
 
Buracos negros podem resultar de colisões entre estrelas de nêutrons ou buracos negros menores, mas é mais comum eles se formarem quando uma estrela supermassiva (com pelo menos 10 vezes a massa do Sol) morre numa explosão conhecida como "supernova", dando origem a uma região cósmica densa, compacta, onde a atração gravitacional é tão grande que nem a própria luz consegue escapar,

Um buraco negro é como um "ninja do universo": invisível, misterioso, capaz de engolir qualquer coisa que esteja a seu redor e comprimi-la até ela se tornar um pontinho infinitesimal com a mesma massa original. Mas o que acontece em seu horizonte de eventos — ou "ponto de não-retorno" — é mais difícil de explicar. 

Einstein não foi o primeiro a propor a existência dos buracos negros, embora sua Teoria da Relatividade Geral tenha popularizado o tema e o levado à ficção científica. Em 2019, o telescópio Event Horizon capturou a imagem real de uma singularidade existente no centro da galáxia Messier 87 (ou M87), a 53 milhões de anos-luz da Terra (cerca de 503,5 quatrilhões de quilômetros), comprovando de uma vez por todas a existência desses fenômenos. 

Observação: Embora seja usado como sinônimo de buraco negro, o termo singularidade remete a um ponto no espaço onde massa com densidade infinita cria uma curva infinita no espaço-tempo. Em última análise, os buracos negros são o melhor exemplo de lugares onde a singularidade pode existir.
 
Convém não confundir buracos negros com buracos de minhoca — também chamados de Pontes Einstein-Rosen —, que os astrofísicos descrevem como "túneis" ou "atalhos" que interligam dois pontos no espaço-tempo. Supõe-se que através deles uma hipotética espaçonave poderia percorrer milhares de anos-luz em poucos segundos e alcançar galáxias diferentes, neste ou em outro universo, no presente ou em outro ponto da linha do tempo. 
 
Observação: O nome "buraco de minhoca" (ou "buraco de verme", na tradução literal de "wormhole") surgiu de uma analogia usada para explicar o fenômeno: da mesma forma que um verme que perambula pela casca da maçã poderia pegar um atalho para o lado oposto abrindo caminho através do miolo da fruta, um viajante que passasse por um buraco de minhoca poderia chegar ao lado oposto do universo através de um túnel topologicamente incomum. 
 
Ao contrário dos buracos negros — que, como dito, já foram fotografados e tiveram seus efeitos na passagem do tempo comprovados cientificamente —, os buracos de minhoca que surgem nas imediações (ou dentro) dos buracos negros permanecem no campo das especulações. Ainda não foi possível vê-los ao vivo e em cores, até porque o buraco negro mais próximo da Terra fica a quase 1,6 mil anos-luz de distância. No entanto, supondo que eles possuam entradas com raios entre 100 e 10 milhões de quilômetros e sejam tão comuns quanto as estrelas, detectá-los pode ser apenas uma questão de reavaliar informações antigas. 

Tampouco se conseguiu explicar como os buracos de minhoca poderiam existir — ou como civilizações alienígenas conseguiriam usá-los como atalho em viagens espaciais intergaláticas —, mas sabe-se que sua criação demanda uma quantidade de energia "n" vezes superior àquela que é possível gerar com a tecnologia disponível atualmente.
 
Continua...

segunda-feira, 8 de janeiro de 2024

AINDA SOBRE BURACOS NEGROS, BRANCOS E DE MINHOCA

É TOLO AQUELE QUE ERRA O ALVO E CULPA O ARCO EM VEZ DE CORRIGIR A MIRA.


O ato de hoje em Brasília marca o primeiro ano desde o infame ataque às sedes dos Três Poderes. Que não se perca na história, que se repita ao longo do tempo, eternizando na memória dos brasileiros — sejam quais forem suas convicções político-ideológicas, religiosas, ou em que estágio de exacerbação emocional estejam — o acontecido em 2023. Na dinâmica democrática, as posições tendem a se alternar de quando em vez (no Brasil, essa alternância tem sido do ruim para o pior, mas isso é outra conversa). Não é conveniente, por conseguinte, o uso político-partidário da cerimônia desta tarde, nem — muito menos — que ela se travestisse dos figurinos da polarização. Em teoria, quanto mais robusto for o ato e a compreensão de que com a legalidade não se brinca, tanto menor será a possibilidade de a infâmia se repetir — lembrando que o impossível só existe até alguém duvidar dele e provar o contrário.

A ficção científica retrata os buracos negros como portais que levam a outras dimensões. Os cientistas acreditam que alguém indestrutível que mergulhasse num buraco negro veria o relógio marcar o tempo normalmente, mas não saberia a localização exata do horizonte de eventos ao mergulhar nele devido ao princípio de equivalência de Einsteine teria o corpo "espaguetizado" pela singularidade (detalhes nos capítulos anteriores). 

A astrofísica teoriza a existência de buracos de minhoca — distorções no espaço-tempo causadas por objetos supermassivos  — no interior dos buracos negros. Em tese, eles funcionam como atalhos cósmicos, encurtando a distância entre dois pontos do espaço-tempo. Para entender melhor, imagine uma folha de papel com um X no extremo esquerdo e um Y no extremo oposto. Se você dobrar essa folha ao meio, X a Y ficarão próximos o bastante para ser trespassados por um alfinete.
 
Através de um buraco de minhoca, uma espaçonave levaria minutos para alcançar um ponto do espaço-tempo distante 10 milhões de anos-luz. Por outro lado, os buracos de minhocas demandam muita energia para permanecer estáveis por muito tempo, e, ainda que assim não fosse, haveria outras dificuldades a superar.
 
ObservaçãoOs buracos de minhoca (ou pontes de Einstein-Rosen) foram teorizados pela primeira vez em 1916 pelo físico austríaco Ludwig Flamm. Em 1935, baseando-se na relatividade geral, Albert Einstein e Nathan Rosen propuseram a existência dessas pontes (ou "atalhos") no espaço tempo. Ao contrário dos buracos negros, os buracos de minhoca ainda não foram observados, de modo que sua existência permanece como uma projeção teórica. No entanto, como bem pontou o astrofísico Carl Sagan, "ausência de evidência não é necessariamente evidência de ausência" . 
 
Enquanto o buraco negro absorve tudo que está a seu alcance, o buraco branco "regurgita" tudo que seu oposto "engoliu". Explosões de raios gama (que emitem mais energia em 10 segundos do que o Sol em 10 bilhões de anos) podem ser causadas por buracos brancos 
— acredita-se inclusive que o Big Bang tenha sido deflagrado por esse tipo de fenômeno
 
Supõe-se que buracos brancos surjam quando buracos negros colapsam sobre si mesmos, sob a força da própria massa (salto quântico). Na definição do físico italiano Carlo Rovelli "um buraco negro é um buraco no cosmos onde as coisas podem entrar, mas não sair, e um buraco branco é um buraco de onde elas podem sair, mas nada pode entrar". Em outras palavras, estes regurgitam tudo o que aqueles engoliram. 
 
O físico teórico Erik Curiel explicou que "as equações de campo da relatividade geral não escolhem uma direção preferida do tempo, e se a formação de um buraco negro é permitida pelas leis do espaço-tempo e gravidade, então essas leis também permitem os buracos brancos". 
 
Criar um buraco branco seria como apertar um botão de "retroceder" de um buraco negro, donde a dificuldade de compreender como eles ser formam. E dada a impossibilidade de voltar no tempo e vê-los sendo gerados, os cientistas admitem sua existência apenas em teoria. Mas vale lembrar que os buracos negros não passavam de teoria até pouco tempo atrás. 
 
Continua...

quarta-feira, 10 de agosto de 2022

A COMPUTAÇÃO QUÂNTICA E A VIAGEM NO TEMPO (PARTE XVI)

ÀS VEZES, A ÚNICA COISA VERDADEIRA NO JORNAL É A DATA.

Vimos que a Teoria da Relatividade Geral descreve a gravidade como uma propriedade geométrica do espaço-tempo e demonstra como o tempo desacelera à medida que a velocidade aumentaEmbora não seja perceptível em carros e aviões, essa variação faz com que os relógios internos dos satélites que orbitam a Terra a cerca de 28.000 km/h atrasem 7 milésimos de segundo por dia. 
 
Viajamos pelo tempo desde o instante em que nascemos, mas avançar ou retroceder por ele a nosso talante, como na trilogia De Volta para o Futuro, é uma das “ficções” que mais instigam a imaginação humana. No entanto, não é a ficção a musa inspiradora da Ciência? 
Leonardo da Vinci idealizou o helicóptero 600 anos antes da construção da primeira aeronave de asa móvel; Júlio Verne descreveu em 1865 a proeza que a Apollo 11 realizaria 104 anos depois — errando por míseras 20 milhas o local exato do lançamento do Saturno V.  

No âmbito da Ciência, o que vale hoje pode não valer amanhã.  Cinco séculos atrás, Cabral e sua trupe levaram 44 dias para viajar de Lisboa a Pindorama; hoje, um jato comercial cruza o Atlântico em cerca de 9 horas. Mas viajar no tempo é outra história, até porque essa possibilidade só começou a ser encarada com seriedade há pouco mais de uma década, quando se descobriu que a propagação superluminal de pulsos óticos em meios específicos poderia superar a velocidade da luz (299.792.458 m/s no vácuo). 


Viajando à velocidade da luz, vai-se da Terra ao Sol em cerca de 8 minutos, e a Alfa Centauri, em pouco mais de 8 anos. Viagens ainda mais longas — até Earendel, por exemplo, que fica a mais de 9 bilhões de anos-luz (um ano-luz é a distância que a luz percorre no vácuo no período de um ano, e corresponde a 9,5 trilhões de quilômetros, exigiriam um buraco de minhoca, mas se o tempo "congela" quando nos movemos à velocidade da luz, 10 anos, 100 anos ou 1.000 anos a mais ou a manos não fazem a menor diferença.

 
Para Einstein, a velocidade da luz seria o "limite universal". Um século após ele publicar sua revolucionária teoria, o CERN conseguiu acelerar partículas a 99,99% dessa velocidade, mas ainda não foi capaz de ultrapassar esse "limite". Segundo o professor Shengwang Du, a “lei de trânsito do universo” impede que os fótons se movam mais rápido que a luz (clique aqui para mais detalhes), mas nem toda a comunidade científica concorda com esse pressuposto.
 
A dilatação do tempo explica as diferenças do fluxo temporal em razão da velocidade e da gravidade. A atração gravitacional exercida por um buraco negro é tamanha que chega a distorcer o tecido do espaço-tempo ao seu redor, forçando o tempo a desacelerar para que a luz possa manter sua velocidade constante. 
Ao contrário dos buracos de minhoca, os buracos negros já foram fotografados e seus efeitos na passagem do tempo, comprovados cientificamente. O problema é chegar até um buraco de minhoca, pois esse fenômeno costuma ocorrer nas imediações (ou dentro) dos buracos negros, e o buraco negro mais próximo da Terra fica a 1.000 anos-luz. 
 
Observação: Os Buracos de minhoca — ou “Pontes Einstein-Rosen” — são teorizados pela astrofísica como um "atalho" que aproxima dois pontos no espaço-tempo; através deles, uma espaçonave percorreria milhares de anos-luz em poucos segundos e alcançaria galáxias diferentes — neste ou em outro universo, no presente ou em outro ponto da linha do tempo. 
 
Se os buracos de minhoca possuem entradas com raios entre 100 e 10 milhões de quilômetros e são tão comuns quanto as estrelas, sua detecção pode ser apenas uma questão de reavaliar informações antigas. Mas ainda não se conseguiu explicar como eles poderiam existir ou ser criados por civilizações alienígenas avançadas. 
O que se sabe até o momento é que sua criação exigiria uma quantidade de energia "n" vezes superior à que podemos gerar com a tecnologia de que dispomos atualmente.

Continua...   

quarta-feira, 3 de agosto de 2022

A COMPUTAÇÃO QUÂNTICA E A VIAGEM NO TEMPO (PARTE XI)

O VENENO MAIS LETAL É O SENTIMENTO DE REALIZAÇÃO, E O MELHOR ANTÍDOTO É PENSAR, TODOS OS DIAS, EM COMO APRIMORAR O QUE JÁ FOI FEITO.

 

Einstein teorizou tanto os buracos negros — que já foram inclusive fotografados — quanto os buracos de minhoca — cuja existência ainda não foi comprovada através de observações astronômicas. Mais adiante, a Teoria Quântica de Campos demonstrou que flutuações do vácuo quântico podem gerar “túneis” que interligam dois pontos nas dobras do espaço-tempo (do mesmo universo ou de universos diferentes), mas essas passagens seriam tão minúsculas, instáveis e efêmeras que nem uma partícula microscópica de matéria as conseguiria atravessar. 

 

Experimentos combinando elementos da relatividade geral, teoria quântica e eletrodinâmica clássica comprovaram que elétrons e ondas eletromagnéticas conseguem atravessar um buraco de minhoca, mas uma espaçonave tripulada só poderia fazê-lo se esse “atalho” fosse suficientemente grande e permanecesse aberto por mais que alguns milésimos de segundo. É aí que entra o modelo Randall–Sundrum, também conhecido como “geometria deformada em cinco dimensões”, segundo o qual a massa negativa — um tipo de matéria exótica que tem propriedades igualmente exóticas — pode manter os buracos de minhoca abertos e estáveis. 


Observação: Elétrons em movimento colidem com núcleos e outros elétrons, o que resulta em desaceleração. Mas um elétron com massa negativa acelera quando perde energia — para entender melhor, uma hipotética bola de massa negativa chutada para longe se aproximaria de quem a chutou; jogada na água, ao invés de desacelerar (por conta do atrito), ela afundaria cada vez mais depressa. 

 

À luz da física quântica (aquela que “só quem não entende acha que entende), o princípio da incerteza permite que o vácuo do espaço seja preenchido por pares de partículas e antipartículas virtuais. Elas surgem espontaneamente e desaparecem logo em seguida, mas aquelas que têm energia negativa podem viajar pelo espaço entrando por um lugar e emergindo em outro, e a energia gerada por elas é capaz de manter um buraco de minhoca estável.

 

Buracos de minhoca atravessáveis podem existir como resultado da “interação sutil entre a relatividade geral e a física quântica”, mas não necessariamente como uma forma prática de viajar pelo espaço — pelo menos, não da forma como imaginamos. Até porque um hipotético astronauta que atravessasse esse “túnel” no espaço-tempo levaria um segundo para percorrer milhares de anos-luz, mas produziria uma dilatação do tempo — ou seja, uma defasagem na medida de um intervalo de tempo entre dois referenciais cujos relógios foram previamente sincronizados.

 

A dilatação no tempo prevista e explicada por Einstein em suas teorias resulta da alta velocidade e é recíproca para os dois referenciais — quando um olha para o outro, ambos percebem uma passagem mais lenta do tempo. Mas o mesmo não acontece quando essa dilatação é ocasionada pela diferença de campo gravitacional; nesse caso, somente o corpo submetido a um campo gravitacional diferente fica sujeito à dilatação do tempo. 

 

O fenômeno em questão já foi observado na prática em aceleradores de partículas, relógios atômicos, satélites e raios cósmicos. Num desses experimentos, dois relógios atômicos que foram sincronizados e colocados em alturas diferentes (33 cm) mediram intervalos de tempo ligeiramente diferentes (defasagem foi de 90 bilionésimos de segundo em 80 anos de medição).

 

Desde 1895, quando o escritor britânico H. G. Wells lançou o clássico A Máquina do Tempo, é consenso entre os cientistas que a viagem no tempo requer um dispositivo capaz não só de criar uma curva fechada do tipo tempo, mas também de não causar danos a seus ocupantes. Em 1984, o físico Miguel Alcubierre teorizou a possibilidade de contrair o espaço-tempo à frente de uma nave e fazê-lo se expandir atrás dela  nesse caso, a nave ficaria instalada numa bolha e “escorregaria” pelo tecido do Universo. O detalhe (e o diabo mora nos detalhes) é que o propulsor dessa hipotética astronave precisaria gerar energia negativa suficiente para alcançar velocidades próximas à da luz. 


Isso sem mencionar a questão dos “paradoxos”. No célebre Paradoxo do Avô, por exemplo, alguém viaja ao passado e mata o próprio avô, inviabilizando o nascimento de um de seus pais, o próprio nascimento e, consequentemente, o futuro assassinato de seu ancestral). Alguns físicos argumentam que o “viajante“ nasceria em um universo paralelo — haveria um para cada decisão tomada (como virar à esquerda ou à direita, esperar o próximo ônibus em vez de se espremer no que já está lotado, e por aí afora) — e outros, que a viagem ao passado é factível, mas pode resultar no efeito borboleta, que levaria os eventos a se ajustarem para evitar os paradoxos temporais e, consequentemente, promoveria mudanças drásticas no curso da história. 


Continua... 

terça-feira, 16 de janeiro de 2024

MAIS SOBRE BURACOS NEGROS, BRANCOS E DE MINHOCA.

A IMAGINAÇÃO PODE NOS LEVAR A MUNDOS QUE NÃO EXISTEM, MAS SEM ELA NÃO VAMOS A LUGAR ALGUM.

No STF, Lewandowski anulou provas, interrompeu investigações e suspendeu artigos da Lei das Estatais que impediam Lula de nomear políticos para empresas públicas. Aposentado por idade, troca uma rentável banca de advocacia pela pasta da Justiça. Na melhor das hipóteses, sua passagem pela Esplanada será o triunfo da vaidade sobre o saldo médio; na pior, um investimento. Flávio Dino, que já trocou 12 anos de magistratura pela política, disse, em meio a denso ceticismo, que "as pessoas mudam", e que esquecerá os trajes ideológicos. Lula disse que nenhum dos dois dariam entrevista porque "não têm nada a dizer", e que "ganham com a troca o Ministério da Justiça, o STF e o povo brasileiro". Por enquanto, lucraram apenas Bolsonaro e seus devotos. Com a saída de Dino, a Esplanada fica desfalcada do "vingador" antibolsonarista; com a chegada de Lewandowski, o xamã do PT fornece lenha para a ficção bolsonarista de que a provável prisão do "mito" é parte de um complô do Planalto com o Supremo.

***

A existência dos buracos negros foi comprovada pela primeira vez por uma fotografia capturada pelo Event Horizon Telescope em 2017 e divulgada dois anos depois. Já os buracos de minhoca são respaldados pela Teoria da Relatividade Geral, mas ainda não se conseguiu observar nenhum deles ao vivo e em cores. Enquanto os buracos negros "engolem" tudo que cai em seu horizonte de eventos, os buracos de minhoca aproximam dois pontos do espaço-tempo (não necessariamente localizados no mesmo universo nem na mesma linha do tempo). Em tese, ir até uma galáxia distante através desses "atalhos cósmicos" levaria poucos segundos, mas a distorção que eles criam no espaço-tempo também poderia centuplicar o tempo de uma viagem da Terra a Marte, por exemplo, como a que a sonda Mars Insight fez em cerca de 6 meses. Mas os problemas não param por aí.

Curvar o espaço-tempo o suficiente para criar um buraco de minhoca requer uma quantidade imensa de energia escura (cujas propriedades ainda não são conhecidas pelos cientistas). Além disso, esses "túneis" tendem a ser minúsculos e instáveis (ou seja, abrem e fecham numa fração segundo), o que os tornaria inatravessáveis. Alguns astrofísicos acreditam que eles atraem matéria por ambas as bocas e a regurgita numa velocidade próxima à da luz; outros afirmam que as duas bocas são capazes de "engolir", mas não de cuspir, e que a matéria é empurrada para a boca de saída, puxada de volta para a boca de entrada e atraída novamente para o lado oposto, ficando nesse looping insano até finalmente morrer no ponto central, e por aí segue a procissão.

Observação: Os cientistas realizaram um experimento quântico que permite estudar o comportamento de um tipo especial dessas hipotéticas rupturas entre duas regiões remotas no espaço-tempo e investigar conexões entre os buracos teóricos e a física quântica. Apesar de a gravidade ser aparentemente incompatível com a mecânica quântica, a conexão dos buracos de minhoca com a física quântica foi proposta pela primeira vez em 2013, quando se especulou que eles eram equivalentes ao emaranhamento. Em 2017, a ideia foi estendida a buracos de minhoca que a energia repulsiva negativa mantém abertos por tempo suficiente para torná-los atravessáveis. Tal processo foi chamado pelos pesquisadores de teletransporte quântico. Para mais detalhes, clique aqui. 

Einstein ofereceu soluções diferentes para suas equações, e algumas delas funcionam na matemática, mas carecem de comprovação no mundo real. Ele achava que os buracos negros explicariam todos os mistérios do Universo, mas eles trouxeram um novo problema: conciliar a relatividade geral com a mecânica quântica. Seja como for, suas equações descortinam propostas fascinantes, como a de que o Universo pode ter um “clone” às avessas, repleto de buracos brancos e estrelas negras.
 
No que tange aos buracos brancos, acredita-se que a singularidade gravitacional resultante da densidade infinita deforme o tecido do espaço-tempo a ponto de impedir qualquer coisa de chegar ao centro de um buraco negro — daí a crença de que buracos negros astrofísicos não possuem singularidade. Mas... e se houver uma singularidade, o que ela seria, exatamente? A resposta é: um buraco branco infinitamente sem densidade e sem massa, mas com força gravitacional igual e contrária à dos buracos negros — o que os faria regurgitar toda a matéria que os buracos negros engoliram. Há quem acredite que os buracos brancos levam a um Universo oposto ao nosso, branco e brilhante, repletos de galáxias formadas por estrelas negras que, ao final de suas vidas, transformam-se em... buracos brancos.

Tudo isso parece coisa de filme de ficção, mas convém ter em mente que um sem-número de cientistas — entre os quais o descobridor do sistema heliocêntrico, o pai da desinfecção, o criador da imunoterapia e o proponente da deriva continental — foram alvo de chacota até o tempo provar que eles estavam certos. 

quarta-feira, 10 de janeiro de 2024

MAIS SOBRE BURACOS NEGROS, BRANCOS E DE MINHOCA...

NÃO CONFUNDA A OBRA DO MESTRE PICASSO COM A PICA DE AÇO DO MESTRE DE OBRAS

O primeiro aniversário do atentado terrorista de 8 de janeiro transcorreu sem incidentes, noves fora a ausência (esperada) de governadores e parlamentares alinhados ao bolsonarismo, que, de olho nas eleições de outubro, preferiram não ser vistos num ato político-eleitoreiro articulado pelo ex-retirante, ex-metalúrgico, ex-sindicalista, ex-presidiário e ex-etc., que, com voz roufenha, cenho carregado e dedo em riste, trovejou: "todos aqueles que financiaram, planejaram e executaram a tentativa de golpe devem ser exemplarmente punidos". Mas um ano se passou e, a exemplo do mentor intelectual e de quem financiou os atos golpistas, nenhum general ou integrante da alta cúpula das FFAA foi investigado ou responsabilizado.
O ministro da Defesa (que por alguma razão o morubixaba de turno ainda não penabundou) ponderou que os chefes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica “não queriam o golpe, em nenhum momento se falou nisso”, além de chamar os golpistas de "inocentes úteis" e afirmar que o clima no dia do golpe era de "um grande piquenique". Bolsonaro, por sua vez, disse que a depredação das sedes dos Poderes não foi uma tentativa de golpe, que para haver golpe "tinha que ter uma pessoa à frente", que tudo foi apurado e não se levantou nome algum, que as decisões do STF contra os acusados de envolvimento são "absurdas" e que Lula defende a Venezuela e a Nicarágua e não reconhece o Hamas como terrorista. 
É cobra comendo cobra e galera batendo palmas para seu ofídio preferido dançar. Triste Brasil.

Em 1784, o pastor britânico John Michell suscitou pela primeira vez a existência de regiões do espaço com força gravitacional suficiente para "engolir" a própria luz. Em 1904, a Teoria da Relatividade Geral de Albert Einstein forneceu a base para o entendimento atual dos buracos negros — que só foram batizados como tal em 1967 — mas foi somente em 2019 que o Event Horizon Telescope capturou a imagem de um exemplar localizado no centro da galáxia M87, a cerca de 55 milhões de anos-luz da Terra, tornando real o que até então era uma possibilidade teórica. 
 
Os buracos de minhoca, por sua vez, ainda não foram vistos ao vivo e em cores 
 até porque ficam no interior dos buracos negros —, mas acredita-se que eles funcionem como uma espécie de "túnel" entre dois pontos do espaço-tempo. Assim, uma espaçonave que demoraria milhões anos para ir de um ponto ao outro, mesmo na velocidade de luz (1,08 bilhão km/h) atravessaria esse "túnel" em minutos, mesmo que local de destino fique em outro universo e/ou outro ponto da linha do tempo. 
 
Embora não seja uma unanimidade entre os astrofísicos, a teoria segundo a qual o Universo está dentro de um buraco de minhoca que faz parte de um buraco negro existente num universo muito maior explicaria questões polêmicas envolvendo a gravidade, as forças nucleares fraca e forte, o eletromagnetismo e a expansão acelerada do Universo
Como as equações de Einstein não dão uma direção para a seta do tempo, a possibilidade de um buraco negro surgir de um colapso gravitacional de matéria através de um horizonte de eventos no futuro não só admite o processo inverso como também descreve a matéria emergindo de um horizonte de eventos no passado — como se acredita que ocorreu no Big Bang. Caso essa teoria seja comprovada, todos os buracos negros astrofísicos podem ter buracos de minhoca com um novo universo formado simultaneamente em seu interior. 
 
Observação: A despeito das semelhanças entre buracos negros e buracos de minhoca, é importante não confundir alhos com bugalhos — bulbos comestíveis de textura semelhante à do alho, cujo formato de pênis inspirou um fado que os marinheiros lusitanos cantavam nos tempos de Cabral: "Não confundas alhos com bugalhos / Nem tampouco bugalhos com caralhos".
 
O termo "singularidade gravitacional" designa pontos onde as leis da física tradicional não se aplicam. Uma das singularidades mais conhecidas é a que ocorre no centro de um buraco negro, onde a densidade infinitamente alta distorce o espaço-tempo e atrai os objetos que se aproximam de seu horizonte de eventos. Para escapar, seria preciso superar a velocidade da luz, que, de acordo com Einstein, é a maior velocidade possível no Universo. E não haveria saída do outro lado, já que a singularidade estaria sempre no futuro. 
 
A possibilidade de ultrapassar a velocidade da luz sem violar as leis da física contraria o postulado de Einstein, mas foi apresentada por Gerald Feinberg em 1967. Segundo ele, as partículas taquiônicas surgiriam de um campo quântico com "antimassa" — lembrando que massa e energia são conceitos intrínsecos, e que, para superar a velocidade da luz, seria preciso funcionar "ao contrário". 

Observação: Em termos mais simples, a velocidade da luz é o limite inferior de um táquion, que jamais poderia viajar a menos de 299.792,458 km/s. Assim, um táquion com energia zero teria velocidade infinita e poderia cruzar o universo instantaneamente.
 
Os táquions ainda não foram detectados — até porque é impossível detectar algo tão rápido com os sensores atuais, que operam dentro dos limites da velocidade da luz. Caso sua existência seja comprovada, o Universo pode se deparar com paradoxos tão complexos quanto o do Avô, pois as partículas se moveriam para trás na linha do tempo. 

Explicando melhor: um hipotético táquion emitido por um hipotético piloto de espaçonave para um hipotético receptor na Terra se moveria mais rápido que a luz no referencial deste, mas retrocederia no tempo no referencial daquele. Isso significa que a resposta chegaria antes da pergunta, e se ela fosse "não envie o sinal", o piloto não enviaria a pergunta e o receptor não teria nada para responder, daí a semelhança com o paradoxo retrocitado.
 
Há diversas teorias sobre como esse paradoxo poderia ser evitado 
 como a que nega a existência dos táquion, a que sustenta que os observadores nos diferentes referenciais simplesmente não conseguem dizer a diferença entre a emissão e a absorção dos táquions, e a de que os táquions não são como as demais partículas que conhecemos e tampouco interagem com seja lá o que for, daí eles não poderem ser detectados ou observados. Mas isso é conversa para uma outra vez.