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quarta-feira, 1 de maio de 2024

CELULAR LENTO OU TRAVANDO — COMO RESOLVER

QUEM CONSEGUE FINGIR SINCERIDADE É CAPAZ DE FINGIR QUASE TUDO.

Lula avalia que a reformulação do sistema de cobrança de impostos pode render dividendos ainda na eleição municipal de outubro, e encanta-se especialmente com o "cashback" que garantirá a famílias de baixa renda a devolução de 50% dos impostos na conta de luz e água e de 100% na compra do botijão de gás. Nelson Rodrigues costumava dizer que a superioridade dos economistas sobre o resto dos mortais é que eles falam o que ninguém entende. Lula está menos interessado na teoria econômica do que nos seus reflexos eleitorais. Para ele, o eleitor tende a enxergar como besteira prejudicial tudo o que não lhe chega como um benefício óbvio.


Deus até pode ter criado o homem a sua imagem e semelhança, mas certamente não incluiu “perfeição” na receita. Além de mortais, somos falíveis, daí nossas criações também o serem — carros enguiçam, eletrodomésticos pifam, móveis se deterioram, e assim por diante.
 
Mesmo sendo considerado a "máquina" mais perfeita já inventada, o corpo humano depende
 de manutenções preventivo-corretivas para funcionar adequadamente. Guardadas as devidas proporções, o mesmo se dá com dispositivos mecânicos, eletrônicos, eletromecânicos, computacionais, e por aí afora.  
 
Ao contrário do que afirmam os "sabichões" de plantão, computadores precisam ser desligados de tempos em tempos (mais informações nesta postagem), e isso vale igualmente para o telefone móvel de longo alcance que Steve Jobs transformou, em 2007, com o lançamento do iPhone, em microcomputador pessoal ultraportátil. 
 
Reiniciar (ou desligar e tornar a ligar alguns segundos depois) um dispositivo que está lento ou travando é quase uma "regra universal" da tecnologia, pois faz com que a energia dos capacitores seja descarregada, a memória volátil, esvaziada, e os processos responsáveis pela lentidão, encerrados (veja mais detalhes no post do último dia 29).

Observação: Os smartphones podem permanecer ligados ininterruptamente por mais tempo que desktops e notebooks, mas isso não muda o fato de que ele também se beneficiam de um "saudável refresh". E se bateria recarrega em menos tempo com o telefone desligado, por que não "unir o útil ao agradável"?
 
Por ser um sistema de código aberto, o Android é mais "personalizável" que o iOS. É comum os usuários modificarem a tela inicial, a disposição do ícones e outros detalhes visuais, valendo-se inclusive de launchers (aplicativos que alteram a interface do aparelho). Mas pouca gente conhece os "códigos secretos" que dão acesso a funções ocultas e/ou informações úteis sobre o dispositivo.
 
Nos Samsung Galaxy, por exemplo, digitar *#9900# no teclado do aplicativo Telefone apaga os arquivos temporários do sistema e dos aplicativos. Isso ajuda a manter o aparelho funcionando de forma eficiente, especialmente nas versões com hardware mais limitado. 

Outro código interessante é o *#*#4636#*#*, que exibe informações detalhadas sobre o celular, incluindo dados sobre as bandas 5G/LTE suportadas e o status do Wi-Fi. Mas é importante usá-lo com cautela, pois ele permite modificar diversas configurações avançadas que interferem diretamente no funcionamento do aparelho. Então, não se meta a modificá-las se não tiver certeza do que está fazendo.
 
Aparelhos Google Pixel e a maioria dos modelos Samsung dão acesso a ferramentas de diagnóstico ocultas através dos código *#*#7287#*#* (nos dispositivos Google Pixel), e *#0#* (nos aparelhos da Samsung). Essas ferramentas permitem verificar o status de várias funções básicas, como tela, alto-falantes e microfone. 

Para saber se alguém acessou aplicativos sem sua permissão, digite o código ##4636##, que exibe as "estatísticas de uso". Para descobrir o IMEI do seu dispositivo Android, basta digitar *#06# (mais detalhes sobre o IMEI nesta postagem). 
 
O cache de memória (ou memória cache) armazena temporariamente os dados usados com maior frequência. A ideia é de que o acesso aos arquivos a partir desse "banco de dados" agiliza a execução dos programas, mas, conforme o espaço vai sendo ocupado, o desempenho global do aparelho tende a se degradar. O gerenciamento do cache foi otimizado nas versão mais recentes do Android, o que, em tese, dispensa limpezas frequentes. Mas na prática a teoria costuma ser outra.
 
Reiniciar o dispositivo pode liberar parte do espaço ocupado na memória cache do sistema e dos apps, mas não substitui uma faxina como manda o figurino. É mais fácil fazer isso com ferramentas de terceiros — ou com o antivírus, já que a maioria das suítes de segurança para Android funciona também como ferramenta de manutenção.

Caso você não disponha desses recurso, toque em Configurações > Armazenamento > Interno (ou Armazenamento interno compartilhado, se usar um SD Card para ampliar a memória interna), selecione Dados em cache, aguarde a informação sobre o espaço utilizado e, na telinha com a pergunta Limpar os dados em cache?, toque em OK para confirmar a operação (não é necessário reiniciar o aparelho). 

Esse procedimento apaga os dados em cache de todos os aplicativos. Para excluir somente os arquivos de um determinado aplicativos, toque em Configurações, selecione Aplicativos (ou Gerenciar aplicativos), filtre por Todos os aplicativos para localizar o item desejado, selecione-o e toque em Armazenamento. Repare que há duas opções: Limpar dados e Limpar cache. A primeira apaga todos os arquivos do aplicativo, como músicas, fotos, bancos de dados, configurações, etc. — ou seja, reverte o programinha às configurações originais. A segunda opção produz o mesmo efeito, mas atua somente sobre os arquivos em cache referentes ao aplicativo selecionado.

sábado, 6 de abril de 2024

SUTILEZAS DO GOOGLE TRADUTOR

FAZER O CERTO É FÁCIL; ESCOLHER O QUE É CERTO É QUE É DIFÍCIL.
 
O general Mauro César Lourena Cid, que passou uma vida ensinando ao filho Mauro César Barbosa Cid que o amor à pátria é inegociável, foi usufruir em Miami das vantagens pecuniárias de uma boquinha na Apex (agência que promove as exportações brasileiras) e acabou pilhado em investigação da PF negociando nos Estados Unidos parte do acervo da União. Quando moço, Cidão aprendeu nas escolas militares que dever-se-ia morrer pela pátria; maduro, entusiasmou-se com a ideia do amigo Bolsonaro de matar a democracia e, num instante em que o capitão discutia minutas golpistas com chefes militares, abalou-se de Miami até Brasília para fazer um tour pelo acampamento que pedia intervenção militar defronte ao QG do Exército e apoiar a conspiração contra a posse de Lula. Filmado no passeio com um assessor a tiracolo, introduziu na crônica do patriotismo à moda Bolsonaro uma modalidade nova de perversão: o golpismo recreativo. Se o ministro Alexandre de Moraes anular a delação de Cidinho, a imunidade à desfaçatez de Cidão, reivindicada como parte do prêmio pela colaboração judicial, perderá a validade.

Quando foi criado, lá pelos idos de 2006, o Google Tradutor fazia traduções somente entre inglês e árabe. Dez anos depois, ele já suportava 103 línguas, mas, em algum momento a partir de então, o Google deixou de divulgar os novos idiomas adicionados e passou a informar apenas que mais de 100 línguas são suportadas.
 
Usar o Google Tradutor no PC para fazer traduções do português para o inglês é simples, até porque essa é a configuração padrão exibida quando se acessa a página https://translate.google.com/ a partir do Brasil. Mas é possível escolher uma das opções localizadas acima da caixa (Texto, Imagem, Documentos ou Sites), informar o conteúdo, definir os idiomas (nas caixas à esquerda e à direita) e conferir o resultado da tradução, lembrando que na opção Documentos os formatos suportados são .docx, .pdf, .pptx e .xlsx. 
 
Para usar a ferramenta no celular, basta acessar endereço pelo navegador ou baixar o app da Google Play Store (ou App Store, conforme o sistema operacional do seu aparelho), escolher entre fazer login com sua conta Google — para salvar o histórico de tradução — e usar o app sem uma conta, ir até a parte superior da tela, definir os idiomas de origem e de destino (da mesma forma como no PC), tocar na caixa de texto para acessar o teclado e digitar o que se deseja traduzir (se tocar no ícone de alto-falante, no lado esquerdo da tela, você ouvirá a tradução em voz alta). 

Observação: Logo abaixo da caixa de texto há outras possibilidades (câmera, conversa e transcrição), mas alguns recursos, como a tradução por foto, podem não funcionar para todas as línguas, embora a plataforma consiga fazer a tradução para a maioria delas.

A ferramenta é uma mão na roda quando a gente quer ler um documento ou livro no original ou em viagens a países estrangeiros, mas para usá-lo offline é preciso primeiro fazer o download dos idiomas desejados (basta abrir o aplicativo do Google Tradutor e, na parte inferior da tela, selecionar o idioma e tocar no ícone do Download).

sexta-feira, 22 de março de 2024

DANDO NOME AOS BOIS (PARTE 3)


Marx ensinou que a história sempre se repete, primeiro como farsa e depois como tragédia. Não é fácil diferencia uma coisa da outra no Brasil, mas a mim me parece que a campanha de Bolsonaro em 2018 se enquadra no rol das farsas e a vitória de Lula em 2022, no das tragédias (uma tragédia gerada por um eleitorado apedeuta, como frisaram Pelé e Figueiredo, e polarizado pelo "nós contra eles" parido pelo próprio Lula, mas isso é outra história).

Um levantamento feito pela Genial/Quaest junto ao mercado financeiro apontou que 64% dos entrevistados consideram negativa a gestão de Lula (12% a mais do que em novembro passado), mas que a aprovação do ministro da Fazenda cresceu 7 pontos percentuais. Ontem, o Datafolha divulgou que, dentro da margem de erro de dois pontos percentuais, as parcelas da população que aprovam e rejeitam a administração federal estão tecnicamente empatadas, e que a aprovação do petista em um ano e três meses de mandato está tecnicamente igual à Bolsonaro com o mesmo tempo de governo.

Ao atribuir o aumento da reprovação a "problemas de comunicação", Lula finge não ver que ele é o grande responsável. O conteúdo tóxico de suas falas destrambelhadas sobre Gaza elevou-o à categoria de "persona no grata" em Israel, e suas investidas intervencionistas na Petrobras e na Vale fizeram o valor de mercado das duas maiores empresas encolher bilhões de reais.   

Em vez de cortar despesas, o petista vê no aumento da arrecadação o caminho para bancar sua gastança eleitoreira. Em vez de governar o país, desperdiça tempo — e dinheiro do contribuinte — mostrando o mundo a sua cuidadora e torpedeando seu antecessor. Diz que "polarização é boa se a gente souber trabalhar os neutros para criar maioria e governar o Brasil", e que "o país foi polarizado durante décadas pelas disputas entre PSDB e PT", esquecendo de lembrar (ou lembrando de esquecer) que os adversários de outrora tinham punhos de seda, ao passo que os agora são trogloditas capazes de tudo.  

Durante a reunião, o Sherlock Holmes tupiniquim exibiu sua extraordinária capacidade dedutiva ensinando que o golpe não deu certo porque Bolsonaro é um "covardão". "Ele ficou quase um mês chorando no Palácio da Alvorada, foi para os Estados Unidos e, como o golpe não deu certo, diz agora que nós estamos ferindo a democracia, que não houve nada de concreto, mas sabemos que houve uma tentativa de um golpe nesse País". 


A campanha terminou em outubro e Lula tomou posse em janeiro, mas, em vez governar o país, continua atacando o bolsonarismo e chamando o "coisa" para briga. Eleito com a bandeira da "pacificação", atiça a oposição no Congresso e anima a disputa pelo espólio político de um político inelegível, elegendo-o seu adversário nas eleições de outubro. 


A disputa pode ser boa para Lula, mas cria um ambiente tenso, que o distancia ainda mais dos eleitores que o apoiaram por falta de opção. Na política, quem enfurece o adversário controla os seus movimentos. Tomado pela raiva, o petista desperdiça a paciência dos brasileiros que avaliam mal a sua administração. 


Desde que convocado para comandar a pasta da Justiça, Lewandowski vem tentando de tudo para demonstrar sua serventia. Mas o tudo ainda não quis nada com ele. Em Mossoró, sua excelência declarou que a operação de busca pelos dois foragidos "está se desenvolvendo com êxito", e que "o custo é elevado, mas necessário". Tão difícil quanto encontrar os criminosos é descobrir onde está o tal "êxito": passados mais de 40 dias e gastos mais de R$ 6 milhões, o paradeiro dos fugitivos continua incerto e não sabido. 

Cavalgando o caso Marielle, o ex-supremo togado promoveu a espetacularização do nada: "As notícias que temos é que vamos encontrar os criminosos em breve". Decorridos cinco dias, mandou chamar a imprensa e, correspondendo às expectativas de quem não vê motivos para esperar muito dele, limitou-se a anunciar que o STF homologou a delação premiada de Ronnie Lessa — o criminoso acusado de puxar o gatilho —, e que "brevemente teremos a solução do assassinato".  O problema de certos espetáculos é que o público não está devidamente ensaiado. "Queremos respostas", bateu a viúva da vereadora assassinada em 2018. 

Observação: Lewandowski vem do STF, onde há dois tipos de ministros: os que acham que são Deus e os que têm certeza. Na pasta da Justiça, sua maior decepção é a descoberta gradativa de ele que também está sujeito à condição humana.

A imagem de "imbrochável incomível e imorrível" que Bolsonaro se esfalfa para exibir com palavras não orna com seus atos. Sempre que a merda lhe chega à altura dos beiços, ele tenta atribuir a culpa a outrem. No jargão da caserna, o ex-capitão é do tipo que abandona os feridos no campo de batalha para salvar a própria pele. Em sua coluna no UOL, o desembargador aposentado Wálter Maierovitch escreveu que a minuta do golpe foi elaborada a partir das fantasias que Bolsonaro criou, que há "exuberância de provas" e que esse tipo de crime (sui generis) fica caracterizado mesmo que os preparatórios não ingressem na fase de exaurimento.

 

O ex-presidente golpista vem sendo empurrado para dentro de uma sentença criminal por seu ex-ajudante de ordens convertido em delator e pelos ex-comandantes do Exército e da Aeronáutica, que se recusaram a aderir ao golpe. A PF já o indiciou por associação criminosa e inserção de dados falsos no sistema Saúde, e o ministro Alexandre de Moraes deu prazo de 15 dias para a PGR decidir se o denuncia. Caso afirmativo, caberá ao plenário da Corte decidir se converte o inquérito em ação penal e promover Bolsonaro e os outros 16 denunciados a réus.


ObservaçãoTramitam no STF outros seis inquéritos contra Bolsonaro: o das fake news, o das milícias digitais, o que apura atos violentos no Sete de Setembro de 2022, o da notícia falsa que relacionava a vacina contra Covid à Aids, o das joias sauditas e o da tentativa de golpe no 8 de janeiro de 2023. Outros dois indiciamentos devem ser enviados a Paulo Gonet antes das férias do meio do ano. 


Farejando o cheiro de queimado, a tropa de choque bolsonarista pendurou nas redes sociais imagens da multidão que recepcionou eu líder em Maricá (RJ), potencializando o paradoxo que envenena a conjuntura nacional: nas páginas do inquérito, Bolsonaro derrete como um picolé ao sol; nas ruas, sua musculatura política sugere que, mesmo não tendo o condão de livrá-lo de um encontro com o Código Penal, mantém em pé-de-guerra a tribo que o vê uma espécie de Tiradentes traído pelas provas que produziu contra si mesmo e pelos inconfidentes das "minhas Força Armadas".


Ainda que o ex-verdugo do Planalto esteja na bica de ver o sol nascer quadrado, satanizá-lo não elevará a taxa de popularidade do inquilino de turno. Ao se pautar pelo ressentimento, Lula se comporta como o sujeito que toma veneno na esperança de que seu adversário morra. 

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024

WHATSAPP — CRIAÇÃO DE FIGURINHAS POR IA

A VIDA É UMA HISTÓRIA NARRADA POR UM IDIOTA.

A Polícia Federal deflagrou ontem uma nova operação (Tempus Veritatis) para apurar organização criminosa que atuou na tentativa de golpe de Estado. Bolsonaro é um dos alvos e teve o passaporte retido. Os agentes cumpriram 33 mandados de busca contra aliados do ex-presidente em nove estados e o DF. Entre os alvos figuram o ex-mensaleiro, ex-presidiário e presidente do PL, Valdemar Costa Neto, ex-ministros, militares e políticos próximos ao verdugo do Planalto. Também foram cumpridos mandados de prisão contra seu ex-assessor especial, Filipe Martins, e seu ex-ajudante de ordens, coronel Marcelo Câmara.
Habitué de produzir provas contra si mesmo, Bolsonaro presenteou a historiografia nacional e a Polícia Federal com um vídeo do golpe. Na filmagem supostamente secreta de 5 de julho de 2022, o então presidente presidiu uma conversa de botequim. A diferença é que, no boteco, o bêbado paga do próprio bolso a bebida que entorta a prosa; na sala de reuniões do Planalto, a trama para rasgar a Constituição foi integralmente financiada pelo contribuinte.
Nos trechos divulgados, o vídeo mostra Bolsonaro transtornado, defendendo a necessidade de agir antes das eleições. "Se a gente reagir depois, vai ter um caos no Brasil, vai virar uma grande guerrilha". O caos teve as digitais do orador, e a guerrilha bolsonarista invadiu os Três Poderes. Antevendo a derrota, o "mito" cobrou ação dos ministros: "O que está em jogo é o bem maior que nós temos, que é a porra da liberdade." No momento, está na rota da cadeia. 
Bolsonaro desqualificou Fachin, Barroso e Moraes. Insinuando uma fraude que não conseguiu demonstrar, disse que, mesmo que tivesse 80% dos votos, o TSE daria vitória a Lula, o "satanás". Presente, Barroso talvez dissesse: "Perdeu, mané!". Bolsonaro se referiu-se à vitória de 2018 como uma "cagada." Uma "cagada do bem", naturalmente. Só assim para explicar a vitória eleitoral de "um fodido como eu", "do baixo clero, escrotizado dentro da Câmara, sacaneado, gozado, uma porra de um deputado". 
Daqui a muitos anos, quando puder se pronunciar sobre a delinquência golpista dos dias atuais sem sofrer emboscadas do ódio, a posteridade fascinará os brasileiros do futuro ao mostrar que, no vídeo do golpe, a exatidão factual estava no exagero. Dirá que o Brasil foi presidido um dia por um personagem cuja personalidade era feita de uma perigosa mistura de vulgaridade com autoritarismo. Registrará que a maioria do eleitorado brasileiro entendeu a certa altura que cagadas têm limite.

As atualizações do WhatsApp não são tão frequentes quanto as de outros apps mensageiros, mas acontecem, e não raro incluem novos recursos cuja utilidade prática varia conforme o perfil de cada usuário. Alguns chamam mais a atenção, como a nova ferramenta baseada em Inteligência Artificial que permite criar figurinhas personalizadas. O lançamento havia sido anunciado em outubro do ano passado pela Meta — empresa controladora dos aplicativos Facebook, Messenger, WhatsApp e Instagram, e a novidade despertou o interesse de milhões de usuários.

Por se encontrar em fase de testes, esse novo recurso ainda não está disponível para todos os usuários do WhatsApp no sistema Android. Caso você seja um dos felizardos, veja como é simples criar suas figurinhas:
 
1 — Abra o app numa conversa qualquer e toque no ícone dos emojis localizado na área de digitação da mensagem;
2 — Toque no ícone "stickers", na barra inferior da mensagem, e no símbolo "criar", na porção inferior direita da tela:
3 — Digite na caixa de texto uma descrição sucinta da imagem que deseja transformar em figurinha (lembrando que o resultado é mais preciso quando a descrição é feita em inglês) e aguarde alguns segundos para visualizar a figurinha correspondente. 
 
Observação: As figurinhas criadas por IA serão armazenadas em um "álbum", o que facilita a reutilização em outras mensagens. 

Espera-se que a nova ferramenta seja disponibilizada para todos os usuários ao longo dos próximos meses.

sábado, 3 de fevereiro de 2024

SAMSUNG ONE UI 6.1

ODEIE A ESTUPIDEZ, NÃO O ESTÚPIDO.

Abin recuou a um ponto abaixo da estaca zero durante a gestão Bolsonaro, e o retrocesso sobreviveu à transição de governo. Em outras palavras, no sistema de inteligência o Brasil voltou... aos tempos da ditadura. D. Lula III, que se ufana de ter reconstruído a administração pública no primeiro ano de seu terceiro reinado, demorou a exonerar o general GDias e insiste no erro com Alessandro Moretti, o número 2 da Abin, e outros quatro diretores. Falta explicar o que muda na metodologia de trabalho.

A violação de privacidade executada sob Bolsonaro revelou que a perversão dos serviços de inteligência do governo resiste às tentativas de modernização iniciadas sob Fernando Henrique, em cuja gestão espiões do velho SNI treinados no vale-tudo da ditadura lutavam para prevalecer sobre analistas recrutados por concurso público. Hoje, graças a Bolsonaro, assiste-se à ressurreição do mesmo debate no alvorecer do terceiro mandato do xamã petista. 

Desde o quebra-quebra das sedes dos três Poderes, a remoção do entulho funcional bolsonarista já produziu mais de uma centena de exonerações no GSI e na Abin. Falta explicar o que será colocado no lugar.


Muita gente ainda nem recebeu a UI 6, mas a Samsung já anunciou que o Galaxy S2 vem com a UI 6.1, que acrescenta diversos recursos de IA ao Android — muitos deles parte do pacote Galaxy AI. A empresa promete estender a novidade a outros modelos da marca, mas ainda não deu nomes aos bois. 
 
O que já se sabe é que um novo recurso presente na câmera do S24 desacelera qualquer vídeo em até quatro vezes — basta tocar sobre o arquivo na tela e ver a mudança em tempo real, mas não se sabe se esse aprimoramento será estendido a modelos mais antigos.
 
O aplicativo nativo para gravação de voz foi atualizado e agora conta com um recurso de transcrição automática de áudios — que identifica diferentes vozes, separa as pessoas falantes e pode até traduzir o resultado para outros idiomas. O SmartThings Find, que é usado para localizar aparelhos da linha Galaxy, virou Samsung Find e permite rastrear dispositivos e pessoas do grupo familiar, funcionando como uma alternativa ao Encontre Meu Dispositivo, do Google. 
 
O editor de imagens da One UI 6.1 recebeu uma função para colorir fotos em preto e branco com inteligência artificial — recurso que não estará disponível em modelos antigos — e a câmera também vai receber outros ajustes pontuais, como a opção de exportar um único quadro de uma Motion Photo e melhorias no modo Single Take.
 
Assim como na linha Pixel 8, é possível usar IA generativa da Samsung para criar papéis de parede diferentes ao aparelho — nesse caso, o usuário digita o resultado esperado e o celular cria uma imagem com base nas informações no texto. Além disso, o Samsung Studio permite sincronizar o processo de edição entre celulares e tablets de forma que o usuário continue o mesmo trabalho em dispositivos diferentes sem perder o progresso, e a IA traduz chamadas em tempo real. Aplicativos como o Samsung Notes e o Samsung Internet ganharam um recurso que ajuda a resumir textos automaticamente — no caso do navegador, a ferramenta pode ser aplicada para sintetizar páginas da web. 
 
A edição generativa — um dos recursos mais incríveis do Galaxy S24 — lembra o Magic Eraser do Google Fotos, já que oferece soluções para identificar objetos, movê-los pela foto ou remover algum detalhe indesejado do arquivo original. Para quem pesquisa muito pelo Google, o Circule para Pesquisar é sopa no mel. Basta circular um elemento na tela para iniciar uma busca sem a necessidade de tirar prints e alternar a navegação entre apps.
 
A conferir. 

segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

ALÔ? HELLO? PRONTO? ESTÁ LÁ?

SE TODO MUNDO FALASSE SOMENTE DO QUE REALMENTE ENTENDE, O SILÊNCIO SERIA INSUPORTÁVEL.

Sabe-se que índios usavam tambores e sinais de fumaça para se comunicar, que Alexander Graham Bell registrou a primeira patente de um aparelho telefônico em 14 de março de 1876, e que D. Pedro II ficou tão encantado com a novidade que o Brasil se tornou o segundo país do mundo a ter telefone.

 

O que muitos não sabem (ou não se lembram) é que até o final dos anos 1990, quando FHC sepultou o abominável Sistema Telebras (criado pelos militares em 1972), as linhas telefônicas custavam os olhos da cara e demoravam anos para ser instaladas. No município paraense de Cachoeira do Arari, a espera era tamanha (15 anos) que alguns aderentes do famigerado "Plano de Expansão" da Telepará morreram antes de terem o gostinho de dar um telefonema


Até o final dos anos 1970, quando o DDD e o DDI foram implantados nacionalmente, fazer uma chamada interurbanas ou internacional exigia passar pela telefonista e esperar horas até a ligação ser completada, sem falar que as tarifas eram caríssimas. Mas não há nada como o tempo para passar. 

 

A telefonia móvel celular começou a ser testada experimentalmente no início do século passado, e os primeiros aparelhos para automóveis surgiram nos anos 1940. O Mobilie Telephony A, lançado pela sueca Ericsson na década seguinte, pesava 40 kg e era tão grande que precisava ser acomodado no porta-malas. Em 1973, a americana Motorola lançou o DynaTAC 8000X, que media 25 cm x 7 cm e pesava cerca de 1 kg. A "nova" tecnologia entrou em operação no Japão e na Suécia em 1979, mas o tamanho avantajado do hardware, a autonomia medíocre da bateria e o longo tempo de recarga desestimularam as vendas.

 

O primeiro celular vendido no Brasil foi Motorola PT-550 (um "tijolão" de 800 g). Os demais modelos dos anos 1990 eram igualmente grandes, desajeitados e caros. Habilitar uma linha era trabalhoso e custava os olhos da cara. A insuficiência de células (antenas) restringia o sinal às capitais e grandes centros urbanos, e a profusão de "áreas de sombra" limitava ainda mais o uso dos aparelhos. O preço das ligações era proibitivo e, para piorar o que já era ruim, pagava-se tanto pelas chamadas efetuadas quanto pelas recebidas. Mas, de novo, não há nada como o tempo para passar.

 

A privatização das Teles estimulou a concorrência entre as operadoras, que passaram a oferecer aparelhos subsidiados e planos com chamadas ilimitadas para qualquer parte do país e franquias de dados (nem sempre generosas) para acessar a Internet através de suas redes móveis. Assim, com mais celulares do que habitantes no Brasil, os "orelhões" desapareceram das esquinas e os usuários de linhas fixas minguaram. 

 

Até 2007, os aparelhos encolhiam e a gama de funções crescia a cada lançamento. Com o lançamento do iPhone, a Apple levou a concorrência a lançar seus smartphones, e com isso o que já era bom ficou melhor, só que maior: a a partir do momento em que os telefones móveis se tornaram computadores pessoais ultraportáteis, a miniaturização deixou de fazer sentido. 


Observação: Vale destacar que o primeiro telefone móvel capaz de acessar a Internet não foi o iPhone, mas o Nokia 9000 Communicator — lançado em 1996 —, mas a conexão só era possível na Finlândia.

 

Embora não haja nada como o tempo para passar, o espaço-tempo é uma espécie de pano de fundo para todos os fenômenos do Universo, onde o trânsito pelas três dimensões espaciais se dá por "vias de mão dupla". Até não muito tempo atrás, achava-se que a quarta dimensão — a do tempo — fosse uma via de mão única, mas, de novo, não há nada como o tempo para passar. 


Carlo RovelliGuido Tonelli e outros astrofísicos respeitados internacionalmente teorizam que a "seta do tempo" não precisa necessariamente apontar para o futuro. O que entendemos por tempo é na verdade um fluxo de eventos sucessivos; esse fluxo ocorrer numa direção preferencial, o ontem impõe restrições ao hoje, e o amanhã, que transforma o hoje em ontem, novos limites ao "novo presente" (aquele que chamamos de "futuro"). 


Deixando a física e a mecânica quântica de lado, parece que o tempo retrocedeu para a Nokia, que vem promovendo há alguns anos a volta dos "dumbphones" (dumb = burro), como ficaram conhecidos os aparelhos celulares de era "pré-iPhone" com o advento do "smartphone" (smart = inteligente). Sem sistema operacional que lhes capacitasse a rodar aplicativos, os primeiros celulares se limitavam a fazer e receber chamadas e SMS (mensagens de texto curtas). 


É fato que os dumbphones ganharam novos recursos ao longo do tempo (como relógio, despertador, calculadora, calendário, agenda e alguns joguinhos elementares), mas fato é que eles nunca chegaram ao pés de sues irmãos inteligentes. Por outro lado, uma gama de funções tão espartana prolongava significativamente a autonomia da bateria. Meu saudoso Motorola RAZR V3 (cuja imagem ilustra este post) passava quase uma semana longe da tomada. Mas não há nada como o tempo para passar.


A genialidade de Steve Jobs converteu um jegue num puro-sangue árabe, ou seja, um telefone móvel de longo alcance num dispositivo com 1001 utilidades que também serve para fazer e receber chamadas telefônicas. E o excesso de informação, decorrente do uso massivo do smartphone, ensejou a ressureição do dumbphoneAndar com um celular burro em pleno século 21 cheira a saudosismo, mas está de bom tamanho para quem precisa de um telefone móvel, não de um computador de bolso, ou que se "desintoxicar" das redes sociais. 


Os modelos da Nokia, cujo slogan é "dumb phone, smart choice" (telefone burro, escolha inteligente), dispõem de tela colorida, mas de baixa resolução, e teclado numérico analógico. E custam bem menos que seus irmãos espertos (cerca de R$ 300). Quem nunca teve um aparelho com teclado analógico vai estranhar o uso das teclas numéricas para escrever texto, mas, noves fora a tecla 1, cuja função secundária é ligar para o "correio de voz", as demais servem para escrever textos. Se você pressionar a tecla 2 uma vez num campo de texto, você obterá o número 2; pressionado-a duas vezes, a letra "a"; três vezes, a letra "b"; quatro vezes, a letra "c". As demais teclas inserem as demais letras do alfabeto e sinais gráficos que não estão impressos no teclado, como caracteres acentuados, cedilha e pontuação, bem como alternam letras maiúsculas e minúsculas. Caso você precise digitar duas letras iguais em sequência, faça um intervalo de 1 ou 2 segundos entre os toques.

 

A exemplo dos dumbphones antigos, os novos limitam a diversão fica a joguinhos simples  como o "jogo da cobrinha", cujo objetivo é coletar objetos na tela para ir crescendo sem esbarrar nas laterais. Enviar uma foto para um contato, só via Bluetooth. Mas o preço (baixo) e a autonomia (invejável) da bateria faz deles a solução ideal para quem quer ter um celular de backup ou usar viagens para falar o essencial com familiares e amigos. 


Quando compuseram NADA SERÁ COMO ANTES, em 1971, Milton Nascimento e Ronaldo não tinham como prever o advento dos celulares nem (muito menos) o renascimento das cinzas da Phoenix da telefonia móvel. Mas eu jamais trocaria meus Galaxy M23 e Moto g60 por um Nokia 105 NK093 Dual Chip com rádio FM, lanterna e joguinhos pré-instalados (R$ 142,80 na Amazon). Com a devida venia de quem pensa diferente, acho que quem vive de passado é museu. 

sexta-feira, 22 de dezembro de 2023

O NATAL ESTÁ AÍ

A VIOLÊNCIA É O ÚLTIMO RECURSO DO INCOMPETENTE.

Em época de vacas magras, é possível que Papai Noel deixe por sua conta a compra do smartphone de última geração com que você vem sonhando há meses. 

Com inúmeras marcas, modelos e recursos disponíveis, tomar a decisão certa exige uma análise cuidadosa do sistema operacional — lembrando que o iOS só está disponível para dispositivos da Apple — e das especificações técnicas, que impactam diretamente o desempenho. Portanto, dedique especial atenção à capacidade do processador, à quantidade de memória RAM e do armazenamento interno, ao tamanho e a qualidade da tela e à autonomia da bateria

Quanto maior a amperagem da bateria — expressa em miliampere/hora —, maior sua autonomia, mas vale destacar que o consumo energético varia de acordo com as exigências do hardware, as configurações do sistema, a quantidade de aplicativos e a frequência com que eles são usados. Suponhamos que você seja um heavy user, que a senhora sua avó use o celular para fazer/receber chamadas por voz e que os dois tenham aparelhos idênticos. Nesse cenário, é possível que você recarregue a bateria duas vezes por dia, e sua avó, uma vez por semana.
 
Analise também o design, a ergonomia e os materiais usados na construção do telefone. Para entusiastas da fotografia, a qualidade da câmera é crucial, mas não se baseie somente resolução (expressa em megapixels), pois a abertura da lente, o estabilizador de imagem e o processamento de imagem desempenham papéis igualmente importantes na captura de fotos e vídeos. Atente ainda para as opções de conectividade — como 5G, Wi-Fi 6 e Bluetooth; resistência a água, carregamento sem fio e suporte a caneta têm importância relativa, que varia conforme o perfil do usuário.
 
Google atualiza o Android anualmente, mas o suporte às novas versões varia conforme a marca, o modelo e a data de lançamento do celular. Depois de 3 anos anos de estrada, a maioria dos aparelhos deixa de receber atualizações de versão, mas podem continuar recebendo atualizações de segurança para a versão em que o sistema "estacionou". 
 
Observação: Verifique a data em que o dispositivo que você tem em vista foi lançado. A Apple não informa durante quanto tempo cada modelo de iPhone suporta atualizações do iOS, mas a média é de 6 anos. No caso da Samsung, os aparelhos chegam a ter 4 anos de upgrades de versão do Android e um período ainda maior de atualizações de segurança. Na Motorola, modelos "premium" recebem duas atualizações do Android e dois anos de pacotes de segurança bimestrais. A Xiaomi aumentou de 2 para 3 anos o período durante o qual sua linha principal (Mi) suporta atualizações de software  — dentro desse prazo, é possível obter três atualizações do Android e da interface MIUI.
  

Com pesquisa, paciência e análise, você aproveitará ao máximo seu novo smartphone. Boas compr
as e um ótimo Natal.

segunda-feira, 20 de novembro de 2023

A VOLTA DOS QUE NÃO FORAM...

 

A decisão do Conselho de Justiça Federal de que magistrados que acumulam funções podem gozar de um dia de folga a cada três trabalhados ou receber adicional salarial pela tarefa foi ultrajante (para dizer o mínimo). É imoral uma casta já ultraprivilegiada, que recebe proventos mensais de quinze, vinte, trinta salários-mínimos e um sem-número de mordomias e penduricalhos, se autoconceder um prêmio que pode chegar a até 1/3 do ano.
Somadas aos fins de semana e feriados prolongados, as férias de 60 dias do Judiciário permitem que suas excelências trabalhem menos de 240 dias por ano. Agora, com mais (até) 120 dias de descanso, elas poderão viver literalmente de brisa, sombra e água fresca — custeadas com o dinheiro de uma população que, em sua absoluta maioria, vive com menos de R$ 3.5 mil mensais. 
Acúmulo de funções só tem duas razões: falta de planejamento interno ou falta de pessoal. No caso do Judiciário, somam-se férias, feriados etc. Como parece não faltar magistrados no Brasil, ou se planeja adequadamente cargos, funções e tarefas ou — o que seria minimamente razoável e racional — ou se coloca essa gente para trabalhar de verdade.

No início do segundo mandato de Dilma, o então ministro Gilberto Kassab foi vaiado por mais de 1,500 empresários, em Salvador, enquanto tentava atribuir a tragédia anunciada da economia — que caminhava para uma retração de 3,8% — à desaceleração chinesa. O constrangimento imposto ao ministro deixou claro que a crise cobraria seu preço político, e a inabilidade da gerentona de festim em dialogar com o Congresso avivou as chamas da fogueira do impeachment. 

Mas a pergunta "o que o PT aprendeu após o governo Dilma" passou longe de ser respondida durante a campanha e continua sendo feita com frequência pelo mercado e pelo Congresso, que ainda não conseguiram identificar qual é o plano de D. Lula III (se é que existe algo além de aumentar o endividamento com investimentos estatais). Ao tentar explicar, na live da última terça-feira, a acusação de que Israel "mata inocentes sem nenhum critério", o "Sun Tzu de Atibaia" — que sugeriu à Ucrânia entregar a Crimeia à Rússia e disse que, no Brasil, aquela questão seria resolvida em mesa de bar — apresentou sua nova lição ao mundo: 

"É por isso que eu disse que a atitude de Israel com relação às mulheres e às crianças é igual a um terrorismo. Não tem como dizer outra coisa. Se eu sei que está cheio de criança naquele lugar, pode ter um monstro lá dentro, eu não posso matar as crianças porque quero matar o monstro. Eu tenho é que matar o monstro, mas sem matar as crianças. É simples assim."

 

Lula — que se baseia em números do Hamas sobre mulheres e crianças mortas  nunca deu um pio sobre o uso de civis como escudos humanos nem mencionou que os "monstros" ficam ali atrás por escolha estratégica. É como se a presença de terroristas, mulheres e crianças em áreas de hospitais e escolas fosse mera coincidência com a qual Israel não sabe lidar — ao contrario dele, claro, dada sua expertise em deslocamentos internacionais (entre o avião presidencial e hotéis de luxo, pagos com dinheiro dos "contribuintes")


A alegação de que "não tem como dizer outra coisa" senão acusar de terrorismo a vítima do terror não resiste à menor comparação com discursos de democratas de fato, como o do premiê britânico Rishi Sunak, segundo o qual "este é um momento de clareza moral", porque "o passado está tentando impedir que o futuro nasça". De acordo com Sunak, o ataque do Hamas não foi motivado somente pelo ódio, mas também pelo medo de um novo Oriente Médio renascer com Israel normalizando as relações com seus vizinhos. A Rússia invadiu a Ucrânia porque Putin temia o surgimento de uma democracia moderna, reformadora e próspera à sua porta, e queria puxá-la de volta para alguma fantasia imperialista do passado. É preciso manter viva a promessa de um futuro melhor e defender os inocentes que a Rússia vê como alvos e o Hamas, como escudos humanos.

 

Sem deixar de defender prudência no avanço sobre áreas sensíveis de Gaza, Sunak mostrou, na prática, como é possível "dizer outra coisa", manifestando compaixão e solidariedade, apoio à autodefesa de países atacados, repúdio ao terrorismo do Hamas e ao imperialismo de Putin, com o tom, a forma e o cuidado que se esperam de um chefe de Estado Democrático de Direito em tempos de guerra, não de um papagaio de ideólogos antiamericanos que tenta desviar o foco das reuniões de seu governo com a mulher de um líder do Comando Vermelho.


Em Brasília, subverte-se até o brocardo. Há males que vêm para pior. Sabia-se que Luciane Barbosa Farias foi recebida no Ministério da Justiça por dois secretários de Flavio Dino, mas não que pasta dos Direitos Humanos, chefiada pelo ministro Silvio Almeida, bancou com verbas do erário (ou seja, dinheiro do contribuinte) a viagem da "dama do tráfico amazonense" a a Brasília. Na Justiça, Luciane tratou com auxiliares de Dino da precariedade do sistema carcerário; nos Direitos Humanos, participou de encontro dedicado a prevenir a tortura. Os dois ministérios alegam que desconheciam os vínculos de madame com o crime. Num, diz-se que ela foi levada pela ex-deputada psolista Janira Rocha, no outro, sustenta-se que ela foi indicada por comitê antitortura do Amazonas.

 

No jargão policial, a ficha criminal recebe o apelido de capivara. No caso de Luciane, os ministérios engoliram um elefante: condenada a 10 anos de cadeia, a "dama do tráfico" recorre da sentença em liberdade. Seu marido, o chefão do Comando Vermelho no Amazonas Clemilson dos Santos Farias, também conhecido como Tio Patinhas, puxa 31 anos de cana em regime fechado. Não é apenas o erro que arruina a imagem do governo, mas o modo como os ministérios reagem depois de cometê-los. A pasta da Justiça modificou as regras de triagem dos visitantes, e a dos Direitos Humanos limitou-se a admitir que desperdiçou dinheiro. Nem sinal de demissões.

 

Quando compensa, o crime muda de nome no Brasil. Tráfico de drogas, por exemplo, pode ganhar uma aparência de tráfico de influência. A propósito, leia a íntegra da nota divulgada pelo Ministério dos Direitos Humanos.


ATUALIZAÇÃO: Para não dizer que não falei das flores (!?), o clone bolsonarista portenho Javier Milei  foi eleito presidente da Argentina, com 56% dos votos válidos contra 44% do peronista Sergio Massa, o execrável demolidor da Economia do país. Às 20h40 de ontem, o Sun Tzu de Atibaia reconheceu o resultado, mas não citou nominalmente o vencedor, sinalizando a intenção de estabelecer um relacionamento pragmático afinal, países não têm amigos, têm interesses. Em seu primeiro pronunciamento como presidente eleito, Milei não fez uma mísera referência ao Brasil, maior parceiro comercial da Argentina. Desejo boa sorte a nossos "germanos". Eles vão precisar.


Com Felipe Moura Brasil e Josias de Souza