A IMAGINAÇÃO É MAIS IMPORTANTE QUE O CONHECIMENTO.
Assim que nascemos, iniciamos uma viagem pelo tempo rumo a um futuro que nunca chega (o hoje é o amanhã de ontem e o ontem de amanhã). Mas a existência do tempo tem sido objeto de debate entre filósofos, cientistas e teólogos ao longo da história.
De acordo com a Teoria da Relatividade Geral, o tempo é uma dimensão física entrelaçada com o espaço, mas o cosmos não é uma caixa rígida e inerte, e sim "um imenso molusco" que se comprime e retorce. Assim, se o espaço não é um "recipiente que contém as coisas", o tempo não é uma linha reta pela qual as coisas fluem numa sucessão de acontecimentos formados por passado, presente e futuro.
Observação: Segundo Einstein, o tempo tem pouco a ver com as leis do Universo como um todo, até porque cada objeto possui seu próprio tempo, embora o tempo não funcione numa escala cósmica. Newton dizia que era impossível medir o "tempo verdadeiro", mas pressupor sua existência nos permitia descrever vários fenômenos da natureza. Algumas correntes filosóficas veem o tempo como invenção humana, uma convenção destinada a facilitar a compreensão da nossa realidade.
Ainda que os cientistas não sejam unânimes sobre o espaço-tempo ser uma única estrutura inseparável, a maioria aceita essa premissa. Mas a aparente incompatibilidade entre a relatividade geral e a mecânica quântica os leva a questionar se Einstein estava certo em absolutamente tudo que postulou em suas famosas teorias. Até porque, diferentemente das outras três forças da natureza (força forte, força fraca e força eletromagnética), a gravidade não se aplica ao mundo das partículas.
Observação: Na relatividade geral, a gravidade deixa de ser uma força de atração entre dois corpos, conforme foi descrita por Newton, e passa a ser uma deformação no espaço-tempo causada pela matéria e de acordo com sua massa.
Se todo o universo pode ser explicado através das partículas fundamentais (bósons, quarks e fótons), por que a gravidade seria uma exceção? Supondo que exista alguma partícula fundamental da gravidade, como sustentar a tese de que gravidade, espaço e tempo estão intrinsecamente relacionados?
Assumir que o tempo não é necessário para explicar a gravidade (e, consequentemente, o espaço) impõe a conclusão de que ele é algo que inventamos para nos sentirmos mais confortáveis com eventos simples, como o alvorecer, o anoitecer e outros vinculadas ao relógio e ao calendário. Se o tempo não existe, estamos nos iludindo com uma suposta agência ou arbítrio. Mas será que somos uma simples aleatoriedade no universo que flui no cosmos como as ondas de um mar, indiferente à passagem das horas no relógio?
Observação: Ainda que tempo não exista, resta o conceito da causalidade, que pode ser a característica básica do nosso Universo. Dias, horas e minutos seriam apenas uma convenção, e não a causa dos acordos sociais que nos levam a acordar para nossas atividades. Esse raciocínio enseja a conclusão de que nossas existências estão pré-determinadas desde o Big Bang — como disse Stephen Hawking, "se tudo que existe é um efeito em cascata de causas e consequências, então o plasma de quark-glúon dos primeiros instantes do Universo já estava destinado a dar origem à matéria, às estrelas, aos planetas e a formas de vida como nós".
Em tempo: As implicações filosóficas sobre a possível inexistência do tempo físico foram discutidas no livro Out of Time, de Samuel Baron, Kristie Miller, e Jonathan Tallant, (ainda sem tradução em português).