domingo, 16 de julho de 2017

A POPULAÇÃO ESTÁ APÁTICA, MAS INDIGNADA COM O FISIOLOGISMO POLÍTICO. ATÉ QUANDO?

A deposição de Dilma não deflagrou uma revolução nem provocou a invasão do Brasil por hordas do inferno (leia-se petistas e esquerdistas que tais), mas também não teve o condão de levar o país de volta aos “trilhos do crescimento” com a substituição da chefa titular pelo reserva. O que é uma pena: embora tenha herdado uma economia em plena recessão, com 12 milhões de desempregados Temer começou bem ao montar sua equipe econômica, e tinha tudo para dar certo, notadamente enquanto a nação vivia a euforia de ver o PT sair de cena. Mas sua excelência não teve o mesmo zelo em relação aos demais ministérios e, pior, cercou-se de colegas de partido acusados de corrupção, como Jucá, Geddel, Padilha, Moreira Franco e tantos outros, e acabou tragado pelo vórtice das delações. Tivesse agido diferente, talvez sua cabeça não estaria sendo exigida tanto por gregos quanto por troianos. Mas Temer fez o que fez ― e o que não deveria fazer ―, e o resultado é o que está aí.

Acuado, o presidente manda às favas a compostura e recorre ao execrável fisiologismo político para obstruir a abertura do inquérito que ele próprio disse ser o terreno onde surgiriam todas as explicações. Por ser incapaz de negar o inegável e defender o indefensável, passa ao contra-ataque, acusando seus acusadores e inventando justificativas pouco convincentes para suas estripulias nada republicanas. Mas essa tática nem sempre funciona, como Lula pode atestar, se quiser, depois de se refazer do trauma de descobrir que não é Deus, que não está fora do alcance da Justiça e que as hostes vermelhas não atearam fogo em Curitiba no último dia 12, quando foi publicada sua primeira condenação. É a vida que segue, cumpanhêro.  

A vitória pírrica que o governo conseguiu na CCJ, além de indecente, não resolveu o problema, somente adiou o inevitável e irritou ainda mais a população, que está pasmada diante da imoralidade do jogo político, cujo mais recente movimento consistiu na substituição de membros da Comissão favoráveis à abertura do processo por outros dispostos a barrá-lo em troca de farta distribuição de verbas ― os 40 deputados que votaram a favor do presidente receberam mais que o dobro do valor destinado aos 25 que votaram contra; só para o tucano Paulo Abi-Ackel, autor do relatório aprovado pela comissão (em substituição ao do relator peemedebista Sérgio Zveiter, favorável à investigação de Temer pelo STF), foram R$ 5,1 milhões. Segundo algumas fontes, somente no mês de junho foram torrados quase RS 2 bilhões, a despeito de a crise econômica e da falta de recursos para tudo ― como demonstra a absurda suspensão da emissão de passaportes às vésperas das férias de meio de ano (documento pelo qual, é bom lembrar, o interessado paga uma taxa de R$ 257,25).

Nem o Planalto nem a oposição conseguiram reunir 342 parlamentares para dar início à votação em plenário, de modo que o dito fica pelo não dito até agosto ou sabe lá Deus quando. Ao presidente interessava encerrar o assunto antes do recesso; agora, dada a impossibilidade, interessa-lhe estender a coisa ad kalendas græcas, torcer para ela morra sozinha e, nesse entretempo, fazer cara de paisagem, dizer que o governo está trabalhado e, parafraseando o próprio Michel Miguel Elias Temer Lulia, primeiro e único, “esperar que a caravana passe”.

A estratégia é, no mínimo, arriscada. Primeiro, porque durante o recesso os parlamentares serão pressionados por suas bases ― e os 7% de popularidade de Temer sugerem claramente que muita gente quer vê-lo pelas costas. Segundo, porque a possibilidade de surgirem “fatos novos” é significativa: um bom exemplo são o esperado acordo de delação premiada de Eduardo Cunha ou de Lúcio Funaro e as duas outras denúncias que Janot deve apresentar até meados de setembro, quando deixa o comando da PGR. Mas o fato é que não existe alternativa, e o que não tem remédio remediado está.

Cunha já entregou sua proposta de delação (e por isso ficou de bico calado na última sexta-feira, quando foi levado para depor na sede da Polícia Federal em Curitiba), mas a situação de Funaro é considerada mais "desconfortável", e acredita-se que ele tenha mais provas concretas a fornecer do que o ex-presidente da Câmara. Ambos estão presos desde o ano passado, e o elenco de informações que eles têm a oferecer é basicamente o mesmo, razão pela qual a aceitação da colaboração de um frustrará as negociações do outro. Cunha é conhecido por “faltar com a verdade” e Funaro, por sinalizar sua intenção de denunciar certos fatos e pessoas, mas recuar em seguida. Na opinião dos investigadores, o doleiro é o favorito para “sair do xadrez por essa porta”. Mas qualquer dos dois que venha a delatar irá acrescentar mais um prego ao caixão de Temer ― ou uma estaca em seu coração, como é recomendável fazer para exterminar vampiros.

Em entrevista à Rádio Gaúcha na última sexta-feira, o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Quadrilha, negou irregularidades na liberação de emendas. A despeito da grita da oposição, ninguém da base aliada viu problema algum na troca de 12 titulares da CCJ por suplentes alinhados com o governo, sem o que a derrota teria sido esmagadora. Todos os apoiadores de Temer defenderam a tese de que “as trocas são absolutamente normais no jogo político”. Só faltou alguém encaminhar ao Papa Francisco um pedido de canonização do primeiro presidente da República, em toda a história deste país, investigado por crime de corrupção no exercício do mandato. Mas acho melhor não dar ideias. Vai que alguém escuta...

Enfim, é o que temos para hoje. Vamos ver o que muda até a próxima postagem.

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sábado, 15 de julho de 2017

RESUMO DA SEMANA E PERSPECTIVAS PARA AS PRÓXIMAS NO BRASIL DAS INCERTEZAS

Marmelada é como se chama um doce (feito de marmelo, é óbvio) do qual eu gosto muito, mas que há tempos não vejo nos supermercados. Figurativamente, porém, o termo designa maracutaias, falcatruas, jogos de cartas marcadas ― uma acepção que parece ter caído em desuso, mas que foi muito popular nos anos 60, época das lutas de Telecatch ― programa de auditório criado e transmitido pela extinta TV Excelsior, onde os “vilões” desciam a porrada nos “mocinhos”, que, no último minuto, viravam o jogo e “venciam” os embates de “luta-livre”.

Lembrei-me disso na noite da última quinta-feira, enquanto acompanhava a votação do relatório do deputado Sérgio Zveiter, que foi substituído pelo tucano Paulo Abi-Ackel, alinhado ao governo e, portanto, contrário à abertura do inquérito contra Temer. Como se viu, depois da vergonhosa substituição de 1/3 dos integrantes da CCJ, o Planalto garantiu 40 votos dos 66 votos possíveis numa marmelada absolutamente imoral, ainda que não afronte o Regimento e seja até considerada legal (?!) ― a presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, instada a se posicionar a propósito por não me lembro qual partido de oposição, achou por bem não meter a mão nesse vespeiro; afinal, quem pariu Mateus que o embale.

Tão logo o parecer favorável ao arquivamento da denúncia contra Temer foi aprovado ― depois de horas de pronunciamentos descolados da realidade e divorciados do tema central da discussão ―, os parlamentares se apressaram a votar a Lei de Diretrizes Orçamentárias (sem o que não poderiam entrar em recesso), bateram as asas e voaram de Brasília, a despeito de suas “merecidas férias” começarem somente na próxima terça-feira. Com isso, a questão só será votada no plenário depois do recesso ― isso se e quando 2/3 dos deputados se fizerem presentes. Nesse entretempo, o país navega sem rumo nas águas turvas da indefinição.

Nenhum grupo político parece ser capaz de impor sua posição sobre os demais, e a vitória artificial na CCJ, forjada, como dito, mediante substituições de membros da própria base, descortina uma possível derrota dos governistas no plenário, mesmo sendo necessários 342 votos para afastar o presidente. Na verdade, nenhum dos dois lados garante o quórum mínimo. A Câmara está claramente dividida. Temer perdeu o controle que tinha sobre a maioria dos parlamentares ― e que lhe permitiu aprovar até mesmo emendas constitucionais polêmicas, como o teto dos gastos. A oposição, por seu turno, não consegue derrubá-lo, e talvez ele se arraste até o final do mandato, mesmo sangrando durante a disputa presidencial que promete ser conturbada e “judicializada”, notadamente depois da (primeira) condenação de Lula.

Falando no molusco, é certo que ele recorrerá da decisão. Aliás, num pronunciamento feito para cerca de 300 aliados, puxa-sacos e baba-ovos, disse que vai “processar a sentença” ― o que não passa de retórica e serve unicamente para manter elevado o moral de seus vassalos, até porque a provável condenação em segunda-instância torná-lo-á “ficha-suja” e jogará a derradeira pá de cal no sonho de voltar à presidência da Banânia. Por outro lado, nossa legislação oferece um vastíssimo leque de recursos e apelações que seus advogados saberão explorar, já que até na Comissão de Direitos Humanos da ONU eles foram chorar as mágoas.

Em entrevista concedida à rádio CBN nesta sexta-feira, o presidente do TRF4 afirmou que a 8ª Turma deve julgar os recursos contra a sentença proferida pelo juiz Moro (no plural, porque o MPF também deve apelar para pedir o aumento da pena) entre maio e junho do próximo ano ― uma estimativa mais otimista do que as que eu vinha ouvindo. Disse ainda o desembargador que pouquíssimas decisões envolvendo processos da Lava-Jato foram reformadas por aquele colegiado, e que, mesmo que a condenação fosse confirmada depois das convenções partidárias, quando a candidatura do molusco já estaria oficializada, ele seria impedido de concorrer. Mas volto a lembrar que estamos no Brasil, e que existam “n” chicanas que sua defesa certamente utilizará como “embargos protelatórios”.

Observação: Seria de bom alvitre que STF se pronunciasse o quanto antes sobre uma questão que parece ter caído no esquecimento geral: se o aquela Corte entende que réus em ações penais não podem substituir o presidente da República interinamente ― vale lembrar o caso de Renan Calheiros, que se tornou réu por peculato e foi afastado da linha sucessória, embora, mercê uma decisão sui generis do Supremo, tenha preservado o mandato de senador e o cargo de presidente do Senado e do Congresso ―, como permitir que um réu condenado concorra à presidência da República?   

Para Lula, radicalizar a campanha é a única saída, e por isso ele continuará tentando polarizar a opinião pública. Mas essa exposição pode fragilizá-lo (ainda mais) se e quando ele for condenado nos demais processos ― são quatro até agora, e a tendência é de que novas denúncias contra ele sejam aceitas pela Justiça penal ―, mesmo que não haja tempo hábil para as sentenças serem confirmadas pelo TRF4. Embora figure como franco-favorito nas pesquisas de opinião pública, o petralha é também o mais rejeitado, e novas condenações reduziriam ainda mais suas supostas chances de se eleger. Claro que a patuleia em geral e os petistas em particular não veem isso, mas essa gente não nada que contrarie suas abiloladas convicções.

Lamentavelmente, o PSDB, com seus líderes insípidos, seus rachas internos e sua tradicional postura de ficar “em cima do muro”, deixou de ser a opção natural para quem não quer a volta do PT, notadamente depois que Aécio Neves ― que quase derrotou Dilma em 2014 ― teve suas entranhas pútridas expostas pelo mesmo moedor de carne bilionário que transformou num inferno a vida de Michel Miguel Elias Temer Lulia. Claro que há outros populistas de direita radical, como Jair Bolsonaro ― que reúne multidões de apoiadores fanáticos em repúdio ao lulopetismo. Fala-se até numa possível candidatura do (ex-ministro do STF) Joaquim Barbosa, dos dublês de empresário e apresentador de TV Luciano Huck e Roberto Justus, ou mesmo do (recém-eleito prefeito de Sampa) João Dória ― que teria meu voto se mudasse de partido, e deveria mesmo fazê-lo, pois Alckmin ainda se vê como o virtual cabeça de chapa do PSDB, e Serra (outro iludido, além de enrolado na Lava-Jato) insiste em não ver que sua janela de oportunidade já se fechou.

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sexta-feira, 14 de julho de 2017

VOCÊ CONHECE SEU PC? Parte IX

A ALMA HUMANA, COMO OS BOLSOS DA BATINA DE PADRE, TEM MISTÉRIOS INSONDÁVEIS.

Fazendo uma analogia entre o computador e o ser humano, a CPU (microprocessador) corresponderia ao cérebro e a placa-de-sistema, ao corpo - que não só abriga, irriga e oxigena o cérebro, mas também transmite seus comandos aos demais órgãos (ou componentes, no caso da máquina). Numa definição elementar, mas nem por isso menos exata, poderíamos até mesmo dizer que um PC é uma placa-de-sistema instalada no interior de um gabinete e conectada a diversos periféricos.

Também chamada de motherboard, placa-mãe e placa de CPU, a placa em questão não só é indispensável, mas também a grande responsável pelo bom funcionamento do conjunto, pois compete a ela, com seu chipset e seus barramentos, prover comunicação rápida, estável e confiável entre todos os componentes.

Não é meu objetivo descer a detalhes sobre a placa-de-sistema, até porque isso exigiria páginas e páginas. Mas acho de bom alvitre frisar que, numa eventual integração independente (ou montagem caseira, se o leitor preferir assim), escolher uma placa de marca conceituada, já que sua fabricação exige o uso de ferramental sofisticado, e qualquer erro, por menor que seja, pode comprometer seriamente o desempenho e a confiabilidade do sistema computacional como um todo.

Claro que quase ninguém, hoje em dia, se aventura a montar seu próprio computador. Primeiro, porque a maioria dos usuários preferem notebooks a desktops; segundo, porque máquinas “de grife” vem sendo comercializadas a preços bastante razoáveis, e as lojas costumam parcelar o pagamento em “suaves prestações mensais”. Mesmo assim, antes de sacar seu poderoso cartão de crédito, não deixe de checar as especificações técnicas do computador - e fugir de modelos com placa genérica e/ou de qualidade duvidosa.

Observação: Bons fabricantes de placas-de-sistema são a ASUS, a INTEL e a GIGABYTE, dentre outros menos conhecidos. Na dúvida, pesquise o nome do fabricante da placa que integra o computador (desktop) que você tem em vista no Google.

Independentemente da marca e do modelo, todas as placas-mãe integram os mesmos itens essenciais, quais sejam o BIOS, o chipset , o gerador de clock, os reguladores de tensão, os circuitos de apoio, os slots (conectores) para encaixe da CPU, das placas de expansão, dos módulos de memória e dos cabos lógicos dos drives de HD e de mídia óptica, além das interfaces seriais, paralelas e USB, responsáveis pela conexão de periféricos como monitor, o teclado, o mouse, a impressora, as caixas acústicas etc. (para mais detalhes, clique aqui).

Quanto à arquitetura, o padrão AT, criado pela IBM na década de 80, tornou-se bastante popular por oferecer os slots (conectores) de expansão ISA, EISA, VESA e PCI na própria placa, facilitando tanto a integração (montagem) do conjunto quanto a substituição de módulos de memória, placas de vídeo, áudio, rede, modem, e até do próprio processador, tanto no caso de um upgrade de hardware quanto num eventual procedimento de manutenção. 

Como tudo nesta vida tem prazo de validade, esse padrão foi substituído pelo ATX, desenvolvido pela Intel em meados dos anos 1990, que continua presente nos PCs de fabricação recente, já que, por razões que fogem ao escopo desta abordagem, o BTX não se popularizou.

Continuamos no próximo capítulo. Até lá.

E como hoje é sexta-feira:


Mais uma (a piada é velha, mas tem seus méritos):


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quinta-feira, 13 de julho de 2017

APROVADO NO SENADO PROJETO DE LEI QUE PROÍBE AS FAMIGERADAS FRANQUIAS NA BANDA LARGA FIXA

TUDO SERIA FÁCIL SE NÃO FOSSEM AS DIFICULDADES.

O portal de tecnologia Oficina da Net publicou, no último dia 5, a notícia de que o Senado aprovou o PL 7182/17, que proíbe a limitação de franquia de consumo nos planos de banda larga fixa.
Volto a lembrar que essa novela começou no início do ano passado, quando as operadoras anunciaram que implementariam cotas de dados no serviço, como já vinham fazendo na banda larga móvel (detalhes nesta postagem).

Segundo o deputado Rodrigo Martins, relator da proposta aprovada pela Comissão de Defesa do Consumidor, o principal objetivo é frear mudanças futuras, dando uma garantia legal, uma vez que o projeto de lei prevê penalidades em relação às operadoras.

A Associação Brasileira de Provedores de Internet e Telecomunicações afirmou que ninguém quer que o usuário tenha uma sensação ruim ao usar a internet, mas entende que não pode haver é uma proibição de modelos de negócios variados. “Quem quiser fornecer sem limite que forneça sem limite. Quem quiser ter limite vai oferecer com um preço apropriado para isso”, disse ele.

Rafael Zanatta, do IDEC, entende que as empresas não tiveram êxito em demonstrar a real necessidade da mudança proposta. Segundo ele, “não existe um problema grave de congestionamento das redes no Brasil, não existe um problema de usuários pesados que estão usando a internet para baixar jogos ou conteúdos pesados, pelo contrário, as empresas estão com maior capacidade de transmissão de dados e estão com uma infraestrutura cada vez melhor com cabeamento de fibra ótica."

O processo de tramitação continua e a proposta será analisada de forma prioritária pelas comissões de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática, de Constituição e Justiça e de Cidadania e finalmente pelo Plenário.

LULA RECEBE SUA PRIMEIRA CONDENAÇÃO NA LAVA-JATO

Antes da postagem do dia, uma notícia importante (que eu já adiantei na tarde de ontem, mas enfim...): 

Saiu a tão esperada sentença em que o juiz Sérgio Moro condenou Lula a 9 anos e seis meses de prisão. Mas é preciso ter em mente que só estaremos livres do sacripanta depois que o TRF4 julgar o recurso ― que certamente será interposto ― e confirmar a decisão de Moro.

Como se sabe, o entendimento firmado no STF em novembro do ano passado é de que réus condenados em primeira instância só podem ser presos depois de a sentença transitar em julgado ― ou, em havendo recurso, quando a decisão for confirmada em segunda instância.

Moro até cogitou de pedir a prisão preventiva do molusco, notadamente em virtude do comportamento do réu durante o processo ― de “intimidação da Justiça, dos agentes da lei e até da imprensa”. Entretanto, considerando que “a prisão cautelar de um ex-presidente da República envolve certos traumas, e a prudência recomenda que se aguarde o julgamento pela Corte de Apelação antes de se extrair as consequências próprias da condenação”, o magistrado decidiu que Lula poderá apresentar a sua apelação em liberdade (para bom entendedor, meia palavra basta, mas voltarei a esse assunto numa próxima oportunidade, depois que sentença repercutir e que a poeira baixar).

A sorte do entulho vermelho será selada pela 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, composta pelos desembargadores João Pedro Gebran, Leandro Paulsen e Victor Laus. 

Ainda não se sabe quando a defesa do ex-presidente petralha irá apelar, nem quando Moro enviará os autos ao TRF4, mas dificilmente a confirmação da sentença se dará ainda neste ano (com sorte, ela ocorrerá no primeiro semestre de 2018). 


A BANCADA DA CHUPETA - ou A INVASÃO DAS MOCREIAS

A palhaçada protagonizada anteontem pela patuleia nada fica devendo ao que se vê na Venezuela, onde o Congresso é frequentemente invadido por vândalos e os parlamentares, submetidos a pressões ilegais. Talvez inspiradas no país vizinho, tão admirado pelos petistas e seus igualmente imprestáveis seguidores, quatro senadoras de esquerda, incentivadas por Lindbergh Farias ― estimulado, por sua vez, pelo ex-ministro guerrilheiro de araque e atual condenado na Lava-Jato José Dirceu ―, se aboletaram na Mesa Diretora do Senado, atrasando a votação da reforma trabalhista em quase seis horas. Mesmo assim, o texto base foi aprovado por 50 votos a favor e 26 contrários.

A cena dantesca da “bancada da chupeta” traçando uma quentinha foi exibida reiteradamente por todos os telejornais, e o pior é que as protagonistas pareciam acreditar, realmente, que estavam promovendo uma ação histórica, quando seu comportamento histérico foi um flagrante desrespeito aos princípios mais elementares do Estado Democrático de Direito (confira no vídeo abaixo).


A reforma trabalhista é essencial. Primeiro, porque a CLT remonta aos anos 1940 (governo de Getúlio Vargas) e, portanto, está totalmente divorciada da realidade atual. Segundo, porque temos 14 milhões de desempregados; terceiro, porque é quase impossível estimular a criação de novos postos de trabalho quando cada trabalhador custa ao empregador o dobro do que lhe é pago a título de salário. Isso sem mencionar que a legislação em vigor é indiscutivelmente populista e propicia enxurradas de reclamatórias: só no ano passado foram registradas mais de três milhões de novos processos trabalhistas ― 50 vezes mais do que a média dos demais países ―, o que eleva o Brasil ao topo do ranking mundial nesse quesito.

Temer festejou a aprovação do texto base da reforma trabalhista, mas, por via das dúvidas, continua se empenhando no aviltante troca-troca de membros da CCJ, buscando amealhar votos suficientes para rejeitar o relatório do deputado Sérgio Zveiter. Num momento delicado, em que o governo não tem verba sequer para emitir passaportes, o Planalto liberou, nos últimos dois meses, mais de 1 bilhão de reais em verbas visando comprar o apoio dos deputados.

A rigor, a aprovação do relatório de Zveiter não faz grande diferença, já que a questão terá de ser debatida e votada no plenário da Câmara, onde o presidente precisa de 172 votos para se manter no cargo ― pelo menos temporariamente, já que Janot deve apresentar mais duas denúncias contra ele. 

Parece fácil, mas não é: devido à gravidade das denúncias, à fragilidade da defesa e ao peso do relatório de Zveiter, a posição do governo vem se se fragilizando dia após dia. O relator registrou que impedir que o Supremo julgue o presidente não lhe restabeleceria o vigor necessário para sairmos desta crise, e deixar sem esclarecimentos os incontáveis indícios de crime funcionaria como um ácido que corroerá diariamente sua já abalada autoridade.

O fato é que muita água ainda vai rolar por debaixo da ponte. Para o governo, é importante liquidar a questão até a próxima segunda-feira, antes do recesso parlamentar. Mas nada garante que isso venha a acontecer, e a cada dia aumentam as chances de fatos novos fragilizarem ainda mais a já delicada posição de Michel Temer nessa desgostante disputa pelo poder. E às favas com os interesses da nação!

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quarta-feira, 12 de julho de 2017

VOCÊ CONHECE SEU PC? Parte VIII

ENQUANTO OS CARIOCAS E OUTROS PRAIANOS DESCANSAM A METADE DA SEMANA, OS BAIANOS VÃO TRABALHANDO E DESCANSANDO AO MESMO TEMPO.

Voltando por um instante ao tema da postagem anterior, memórias DDR3 continuam sendo amplamente utilizadas, embora algumas máquinas, notadamente as de configuração mais “robusta”, integrem módulos DDR4

Fisicamente, os pentes são diferentes ― o padrão DDR4 tem 284 contatos, 44 a mais que o DDR3, sem mencionar que, na região central do pente, os pinos são alongados, razão pela qual só é possível instalar essas memórias em placas-mãe que já lhes ofereçam suporte (às vezes, durante transições dessa natureza, os fabricantes disponibilizam slots compatíveis com ambos os padrões, mas isso não é regra geral).

Em relação a frequência, a frequência de operação das memórias DDR3 fica entre 800 MHz e 2.400 MHz, ao passo que, nas DDR4, ela varia de 2.133 MHz a 4.266 MHz. É uma grande diferença, pois permite mais transferências num mesmo intervalo de tempo. E além do melhor desempenho ― que pode chegar ao dobro em relação ao padrão anterior ― as DDR4 operam com tensões menores (1,2v contra 1,5v do DDR3), o que pode não parecer muita coisa, mas ajuda a aumentar autonomia das baterias em notebooks (em até 40%).

Outro diferencial importante entre esses dois padrões remete à maior capacidade dos chips, que facilita a construção pentes de 2 GB a 16 GB nas memórias DDR4, contra 512 MB a 8 GB no padrão anterior. Esse aspecto é importante quando se trata de grandes servidores ou máquinas de alto desempenho, como as usadas por gamers fanáticos ou por quem trabalha com aplicativos mais exigentes (designers gráficos e companhia), nos quais a quantidade de memória costuma ser de 16 GB ou mais.

Volto a lembrar que as memórias DDR5 não tardam a chegar ao mercado (a previsão é de que sejam postas à venda em meados do ano que vem). Elas prometem dobrar a largura de banda e a densidade do padrão DDR4, aumentando significativamente o desempenho e propiciando um melhor gerenciamento de energia em uma grande variedade de aplicações.

Para não espichar demais este texto, vamos deixar para abordar a placa-mãe no próximo capítulo. Até lá.


NOTÍCIA EM EDIÇÃO EXTRAORDINÁRIA:

Lula foi condenado pelo juiz Sergio Moro a nove anos e seis meses de prisão por lavagem de dinheiro e corrupção passiva no caso do tríplex do Guarujá, investigado no âmbito da Operação Lava Jato.

Também são réus no caso o ex-presidente da OAS, Léo Pinheiro, os executivos da empresa Agenor Franklin Medeiros, Paulo Gordilho, Fábio Yonamine e Roberto Ferreira, e o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, todos acusados de lavagem de dinheiro e corrupção ativa. A ex-primeira-dama
Marisa Letícia teve o nome excluído da ação após a sua morte, em fevereiro passado.

Confira mais detalhas ao longo das próximas postagens na nossa comunidade de política.


SEGUE A NOVELA DA DENÚNCIA CONTRA TEMER NA CCJ

Como eu adiantei no post anterior, o relator da denúncia contra Michel Temer na CCJ da Câmara, Sergio Zveiter, recomendou o prosseguimento do processo contra o presidente da República ― embora pertença ao PMDB, que é o partido de Temer, a postura “independente” do deputado carioca preocupava o Planalto. E não sem razão, como se vê agora.

Zveiter disse que a acusação é grave, e recomendou a necessária autorização para que o processo seja instaurado: “O que está em discussão não é o direito individual do presidente, mas Presidência da República, daí a necessidade de se fazer uma análise criteriosa do conjunto dos indícios colhidos no inquérito. Por tudo o que vimos e ouvimos, não é fantasiosa a acusação. É o que temos e o que deve ser apurado”, disse.

A patuleia festejou, naturalmente, mas é bom lembrar que essa caterva é contra Temer por revanchismo. O PT e seus afins querem o fim do governo porque têm o presidente na conta de “golpista”, “traíra”, e por aí afora. Daí obstruírem votações importantes no Congresso, como a reforma trabalhista e da Previdência, por exemplo, que interessam ao país, independentemente de quem o governa neste momento.

A título de ilustração: ontem, Eunício Oliveira, presidente do Senado, foi impedido pelas senadoras de oposição de se sentar em sua cadeira para presidir a votação da reforma trabalhista. Quando suspendeu a sessão, foi acusado por Gleisi Hoffmann, a chefe da gangue vermelha, presidente do PT e ré na Lava-Jato, de impedir que as mulheres expusessem seu ponto de vista sobre as reformas. O fato é que dá para contar nos dedos os parlamentares isentos, avessos à corrupção e demais práticas espúrias de governantes e políticos de toda espécie. Ninguém parece preocupado em esclarecer as suspeitas que pairam sobre a pessoa do presidente (que não são poucas) e defender os interesses da nação. Triste Brasil.

Temer afirmou que respeitará a decisão da CCJ, e que o momento não é para dúvidas ou receios, mas para respostas rápidas. A discussão será retomada nesta quarta-feira e deve se prolongar até o final da semana. Para ser aprovado, o parecer precisa do apoio de 34 dos 66 titulares da comissão. Qualquer que seja o resultado, a denúncia seguirá para o plenário da Casa, onde a votação será nominal (como no impeachment de Dilma, cada parlamentar terá de declarar seu voto abertamente, ao microfone). Para barrar o processo, são necessários os votos de, pelo menos, 172 dos 513 deputados.
Para ler a íntegra da denúncia da PGR, clique aqui; para ler a íntegra do relatório de Zveiter, clique aqui; e para ler a defesa do presidente, clique aqui.

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terça-feira, 11 de julho de 2017

VOCÊ CONHECE SEU PC? ― Parte VI

NEURASTENIA É DOENÇA DE GENTE RICA. POBRE NEURASTÊNICO É MALCRIADO.

Embora o termo "memória" designe, no jargão da informática, qualquer meio destinado ao armazenamento de dados, quando usado genericamente ele remete à RAM, que é a memória física do sistema e principal ferramenta de trabalho do processador. Nenhum computador é capaz de funcionar sem memórias, e o PC as utiliza em diversos formatos e tecnologias.

Observação: RAM é a sigla de Random Access Memory, ou “memória de acesso aleatório”. Trata-se de um tipo de memória volátil ― ou seja, que só retém os dados quando energizada (daí o boot precisar ser refeito toda vez que ligamos o computador) ―, mas que permite o acesso a qualquer dos seus endereços aleatoriamente, o que lhe confere tempos de resposta e taxas de transferência que deixam os drives de HD eletromecânicos no chinelo.

Tanto o sistema operacional quanto os aplicativos e demais arquivos são carregados na RAM a partir da memória de massa (HDD ou SSD, conforme o caso), onde os dados são armazenados de forma persistente, e novamente salvos no disco depois de manipulados (de outra forma, as modificações seriam perdidas sempre que o computador fosse desligado).

A RAM é comercializada em pentes (ou módulos) compostos por diversos chips soldados numa placa de circuito. Diversas tecnologias foram criadas desde a pré-história da informática (FPM, EDO, SDR, RAMBUS, DDR, DDR2, DDR3 e DDR4) e disponibilizadas em módulos de vários formatos (SIMM, DIMM, RIMM, etc.), mas a maioria dos PCs atuais integra memórias DDR3 em módulos com 240 pinos. As DDR4, lançadas em 2014, ainda não são massivamente utilizadas em máquinas de entrada de linha, embora o padrão DDR5 deva ser lançado comercialmente já no próximo ano.

Continuamos na próxima postagem. Até lá.

O INFERNO ASTRAL DE TEMER

Enquanto Lula posa de candidato ― como se não fosse penta-réu na Lava-Jato e não estivesse prestes a receber sua primeira condenação ― e a caterva vermelha colhe assinaturas (?!) para anular o impeachment da anta incompetenta ― como se não bastasse a roubalheira e a destruição que mestre e pupila promoveram durante mais de uma década ―, o governo agoniza, o país anda de lado, Rodrigo Maia cresce e Michel Temer se apequena.

Michel, ma belle, sont les mots qui vont très bien ensemble, tres bien ensemble: Não foi Deus quem o colocou na presidência. Foi Lula. Como vice da anta vermelha, vossa excelência se beneficiou do financiamento espúrio das campanhas milionárias, foi conivente e cúmplice de toda sorte de malfeitos e, por estar no lugar certo na hora certa, subiu de posto, deixando passar uma excelente oportunidade de pedir o boné, voltar para Câmara, ou para onde bem entendesse, e tocar sua vida como se nada tivesse acontecido.

Mas não seria mesmo de se esperar esse ato de grandeza de quem tanto fez para “chegar lá”. Só que o sonho de entrar para a história como “o cara que reconduziu o Brasil ao caminho do crescimento” fica mais distante a cada dia, embora se tenha mostrado plausível durante algum tempo, mesmo que os critérios adotados na formação da equipe econômica não tenham sido estendidos a todo o ministério e, pior, a velha política de compadrio ter sido mantida, a despeito de a sociedade clamar por novos moldes. Em pouco tempos, os pífios índices de popularidade de Michel Temer caíram a níveis abissais, quase tão baixos quanto os de Collor no auge do processo de impeachment e os de Sarney nos tempos “áureos” da hiperinflação.

O que já era ruim ficou ainda pior depois da divulgação da conversa nada republicana com certo moedor de carne bilionário, quando, pela segunda vez, a janela de oportunidade da renúncia se descortinou. Mas os argumentos de Eliseu Padilha, Moreira Franco e outros amigos e assessores enrolados com a Justiça ― que seriam igualmente defenestrados e deixariam de ser investigados no Supremo, onde os processos levam décadas para ser julgados e não raro resultam em impunidade, por conta da prescrição da pena ― falaram mais alto, e a renúncia foi abortada.

Em vez da notícia do afastamento, o que se ouviu do presidente foi um pronunciamento indignado, onde, à repudia às suspeitas descabidas, seguiu-se a afirmação enfática de que “o inquérito no STF seria o território onde surgiriam todas as explicações e de que seria feita “uma investigação plena e muito rápida para os esclarecimentos ao povo brasileiro”. Palavras vazias, como se veria mais adiante, quando as ações desmentiram o discurso e o esforço para barrar o processo ganhou vulto.

A tranquilidade do presidente não passa de fleuma: em recentes incursões pela Rússia e Noruega, onde lhe foi dispensado tratamento de chefete de republiqueta de bananas, Temer chegou mesmo a trocar o nome de um país e referir-se ao monarca do outro aludindo a um terceiro ― gafes esperadas de uma besta quadrada e despreparada como sua antecessora, mas não do grande Michel Temer, político experimentado e constitucionalista consagrado. Na semana passada, diante de meia dúzia de gatos pingados, na Alemanha, ele revelou sua vocação para comediante de stand-up ao dizer que não havia crise econômica no Brasil, a despeito de 14 milhões de desempregados desmentirem essa falácia.

Agora, horas antes (*) da leitura do relatório na CCJ da Câmara ― que determinará, ou não, a admissibilidade do inquérito e cuja decisão certamente influenciará o resultado da votação no plenário ―, Temer sabe que o tempo do “está ruim com ele, mas seria pior sem ele” já passou. Agora, seu apelo é para que os deputados olhem para os ganhos obtidos durante seu governo, que supram em muito a gravidade das acusações, como que defendendo o “rouba, mas faz” adotado por políticos como Adhemar de Barros, Paulo Maluf e distinta companhia.

(*) Enquanto eu elaborava este texto, o deputado Sergio Zveiter, relator da denúncia contra Michel Temer na CCJ, defendeu a aceitação pela Câmara da acusação apresentada pela PGR. Apesar de ser do mesmo partido do presidente, o relator já era considerado um parlamentar de atuação independente, o que era motivo de preocupação para a base aliada. Na próxima quarta-feira, iniciam-se os debates, com o direito à fala dos 66 titulares e 66 suplentes. Além destes, os líderes partidários podem se manifestar a qualquer momento. A expectativa é de que a Comissão possa analisar o relatório de Zveiter até a próxima sexta-feira, em votação simbólica que pode influenciar a decisão do plenário. 

Rodrigo Janot quer a cabeça Temer, e precisa consegui-la até setembro, quando termina seu mandato à frente da PGR. Ele já avisou que, enquanto houver bambu, vai ter flecha. Pena não ter tido o mesmo procedimento quando o petralha Aluízio Merdandante, então ministro da Justiça da anta vermelha, foi gravado tentando silenciar o senador preso Delcídio do Amaral. Ou quando a Lava-Jato expôs a própria anta vermelha no centro da maior quadrilha política da história ocidental. Igualmente lamentável é o fato de a imprensa não demonstrado o mesmo empenho para desmontar os discursos falaciosos e trapaceiros dos ex-presidentes Lula e Dilma, mas tudo isso são águas passadas e de nada adianta chorar sobre o leite derramado.

Dizer que a acusação da PGR é uma obra de ficção soa patético, como também a tentativa de se defender acusando o acusador. As acusações feitas pelo presidente são eminentemente revanchistas e baseadas em ilações sem qualquer fundamento. Para piorar, ele não negou ― e nem teria como negar ― seu encontro fortuito com Joesley no Jaburu, nem a conversa mantida entre eles. Disse apenas que não acreditou no que ouviu, que o empresário era um notório falastrão e que achou que ele estaria se vangloriando (?!) de ter subornado juízes, procuradores e comprado o silêncio de Eduardo Cunha e Lucio Funaro ― hoje hóspedes do sistema prisional tupiniquim.

Questionar a validade da gravação como prova não anula seu conteúdo, e o laudo do perito Ricardo Molina, divulgado na mídia como um espetáculo circense, acabou sendo desmontado pela PF, que procedeu a investigações bem mais meticulosas e, além de atestar que não houve quaisquer edições, ainda recuperou trechos inaudíveis da gravação original. E agora, José, digo, Michel?  

Janot vem cozinhado em fogo brando um dos inquéritos que têm com alvo o Presidente da Câmara (prova disso é que a PF concluiu o relatório em fevereiro, mas a PGR ainda não apresentou a denúncia no STF). Maia nega estar conspirando contra Temer, mas o fato é que, nos bastidores, já se fala que o governo está com os dias contados. O senador Cássio Cunha Lima diz que o presidente não dura mais 15 dias no cargo, e o senador Tasso Jereissati, presidente interino do PSDB, vem tentando convencer os tucanos a “descer do muro” e retirar seu apoio ao Planalto.

Como não existe nada ruim que não possa piorar, as possíveis delações premiadas de Eduardo Cunha, Lúcio Funaro, Rodrigo Rocha Loures e Geddel Vieira Lima devem complicar ainda mais a situação de Temer, sem mencionar que mais hora, menos hora, o presidente da Câmara terá de dar andamento a pelo menos um dos mais de 20 pedidos de impeachment que vem engavetando desde o vazamento da delação de Joesley e companhia. A lua-de-mel entre Michel Temer e Rodrigo Maia acabou depois que Maia resolveu votar em separado as duas outras denúncias que Janot ainda deverá apresentar, em vez de juntar tudo e fazer uma votação única. O resultado será mais desgaste para um governo que já enfrenta dificuldades para reunir votos contrários à abertura do processo.

Segundo levantamento da revista Época, 330 deputados disseram que participarão da votação, a despeito do esforço do Planalto em esvaziar a sessão. A ausência dos parlamentares causa menos desgaste político do que o apoio expresso ao presidente, já que, como no impeachment de Dilma, o voto será aberto, declarado em pé, ao microfone, e transmitido em tempo real para todo o Brasil. Temer e os poucos aliados que lhe restam sabem que é pesado demais para um parlamentar que disputará eleições no ano que vem declarar abertamente seu apoio a um presidente acusado de corrupção passiva e que tem míseros 7% de popularidade.

Ainda de acordo com a reportagem, dos 513 deputados federais, 153 declararam que votarão a favor da denúncia e 51, contra (os 308 restantes estão indecisos ou não responderam, e o presidente da Casa não precisa votar, a não ser em caso de empate). Claro que sempre existe a possibilidade de pressões e ofertas de verbas e cargos produzirem algumas mudanças, mas o governo já liberou R$ 1,8 bilhão em verbas e agora, às vésperas de votação, pouco resta para investir. E se as dificuldades já são grandes para barrar a primeira denúncia, repetir o feito outras duas vezes, com novas negociações, barganhas e convencimento dos parlamentares... Sei não.

Observação: Às vésperas da votação do impeachment de Dilma, o molusco eneadáctilo abancou-se num hotel em Brasília para oferecer cargos e verbas em troca do apoio dos parlamentares. E deu no que deu. Temer tem feito basicamente a mesma coisa, mas errou ao comprar a fidelidade dos parlamentares cedo demais. Uma burrice imperdoável de quem participou ativamente das negociações em 2016, quando ele Eduardo Cunha se mobilizaram para cobrir as ofertas feitas por Lula e Dilma aos parlamentares. Agora, Temer age como Dilma, e Rodrigo Maia, como Temer na ocasião, prometendo, inclusive, manter os cargos que os aliados têm no governo, para ganhar equilíbrio e evitar ataques.

Parece um jogo sórdido ― e é ―, mas é assim que se faz política no presidencialismo de coalização tupiniquim. Para Jereissati, o país está no limiar da ingovernabilidade, e urge costurar um acordo que permita chegar às eleições de 2018. Maia, por sua vez, já se comprometeu a manter a equipe econômica, e esta já pensa no cenário “pós-Temer”: no mês passado, Henrique Meirelles declarou a investidores em Paris que seguiria no cargo, mesmo que Temer caísse.

Pelo andar da carruagem, falta pouco para o consenso de que Temer é tão útil quanto um engraxate nas areias da praia se cristalizar, e isso é péssimo para um presidente impopular, enrolado na Justiça, desprestigiado no Congresso e que precisa lutar para se manter no cargo.  

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segunda-feira, 10 de julho de 2017

SÍLVIO SANTOS VEM AÍ ― DE NOVO!

O TAMBOR FAZ MUITO BARULHO, MAS É VAZIO POR DENTRO.

No apagar das luzes do mês de março, o sinal analógico de televisão foi desligado em São Paulo, e com ele se foram os canais de TV aberta SBT, Record e Rede TV da grade de programação dos serviços de TV a cabo ― que, cá entre nós, não deixaram saudade.

Na oportunidade, as operadoras alegaram que os canais “se recusaram a negociar os direitos de transmissão, ao contrário do que já fazem com grupos estrangeiros e até outras emissoras nacionais”.

A situação se reverteu dias atrás, por conta de uma ação da Proteste, que, em parceria com o Instituto Nacional de Defesa do Consumidor, mediou um acordo com o Simba Content, detentor dos direitos de transmissão das três emissoras, para que eles voltem a ser exibidos.

A decisão vale para NET, Claro, Embratel, Vivo, Sky e Oi.
Aproveitem. Para quem programas como o de Sílvio Santos, Marcelo Rezende, Luciana Gimenez e distintíssima companhia, é um prato cheio.

UM JORNAL A SERVIÇO DA PÓS-VERDADE

A Folha de S. Paulo, inspirada pelo advogado de Lula, está hipotecando a verdade. 

Os procuradores da Lava-Jato reuniram centenas de provas indiciárias sobre os crimes cometidos no triplex, além de provas diretas ― documentais e testemunhais. Mas reportagem diz:

Pela doutrina, o indício é definido como um fato acessório que tem conexão com o crime. Se alguém, por exemplo, viu um suposto assassino sair correndo do local da morte com uma arma na mão, seu testemunho é um indício”.

No caso do triplex, ocorreu o contrário: foram os próprios criminosos que confessaram seus crimes. Os réus da OAS, de fato, admitiram o pagamento de propinas na Petrobras e o repasse do apartamento para Lula. Mais que isso: eles anexaram ao processo as provas materiais desses delitos, demonstrando ― por meio de contratos, fotografias, mensagens de e-mail e planilhas – que Lula participou de cada etapa do crime.

As provas indiciárias são usadas em todos os lugares do mundo para combater a lavagem de dinheiro. Não se trata de uma bizarrice da Lava-Jato. No processo do triplex, porém, há muito mais do que isso. Os advogados de Lula sabem que seu cliente não tem defesa. Tanto que inventaram provas ― indiciárias ― no último dia do processo.

Só a Folha de S. Paulo tem alguma dúvida.

Com O ANTAGONISTA

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domingo, 9 de julho de 2017

BARBAS DE MOLHO, EXCELÊNCIA!

Michel Temer bem que relutou, mas acabou voando até Hamburgo para participar da reunião do G20. Em lá chegando, sem sequer enrubescer, disse que não existe crise econômica no Brasil (talvez o jet lag lhe tenha varrido da lembrança os 14 milhões de desempregados ― que não estão aí por culpa dele, mas ainda assim estão aí).

Pelo sim ou pelo não, sua excelência preferiu voar num 767 da FAB em vez de usar o avião presidencial (que precisaria ser reabastecido no meio do caminho, tanto na ida quanto na volta). E como não é bobo nem nada, agora mais do que nunca ele precisa se manter perto do trono presidencial, sob pena de perdê-lo para o usurpador da vez ― como diz a patuleia, quem com ferro fere...

Observação: Longe de mim endossar a retórica idiota de Dilma sobre o suposto golpe de Estado que a apeou do cargo; o que eu quero dizer é que a situação de Temer fica mais delicada a cada dia que passa. Se no início da semana o Planalto tinha maioria na CCJ e no plenário da Câmara, agora o risco de não conseguir reunir os votos necessários para barrar a abertura do processo no Supremo é, no mínimo, considerável.

A questão é que, diferentemente do que afirmam o presidente e seu renomado advogado, Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, a denúncia de Janot não é uma obra de ficção. Obra de ficção, isso sim, é a defesa, que tenta desqualificar a acusação e os acusadores, mas não contesta o principal.

A despeito de a conversa mantida com o moedor de carne mais bem-sucedido da galáxia deixar claro que o “homem da mala” era “pessoa de sua mais estrita confiança”, Temer agora se refere ao ex-assessor como “alguém indigno de sua confiança”. Parece ter se inspirado no amigo Gilmar Mendes, que, durante o julgamento da chapa Dilma-Temer, achou perfeitamente natural uma laranja se tornar uma banana num curto espaço de tempo ― e se a opinião a opinião pública foi incapaz de perceber essas “sutilezas”, bem, às favas a opinião pública; aos leigos não compete entender o que quer que seja, mas sim bancar a conta da putaria franciscana promovida por maus governantes e políticos corruptos.

Temer sobe o tom a cada pronunciamento, mostrando-se cada vez mais indignado com as “injustas acusações de autoridades que se acham iluminadas e tentam desmoralizar o Estado” ― como se a Presidência da República é que estivesse sendo acusada de corrupção passiva, e não o atual ocupante do cargo. Mas perdeu a oportunidade de se indignar no discurso feito no dia seguinte à delação do empresário-criminoso Joesley Batista. E tornou a desperdiçá-la no último dia 27, ao reafirmar a inexistência de provas e atacar a denúncia e o denunciante. Demais disso, Temer afirmou não saber como Deus o colocou na presidência, mas se o fez, foi para que pudesse cumprir a missão, ou algo parecido. Só faltou dizer que é “a alma viva mais honesta do Brasil” ― ou talvez não o tenha feito para não ser processado por plágio; afinal, o que ele menos precisa agora é de mais um processo na lomba.

Como advogado constitucionalista e político experiente ― egresso da Câmara, ainda que frequentador assíduo dos últimos lugares nas listas de votação em São Paulo ―, Temer sabe muito bem que o que se discute na CCJ da Câmara é a admissibilidade da abertura do inquérito no STF, e que não compete aos parlamentares julgá-lo criminalmente, e sim autorizar ou não o Supremo a fazê-lo. Caso autorizem, as provas surgirão no decorrer da instrução processual, e com base nelas os ministros decidirão se procede ou não a acusação pelo crime de corrupção passiva (vale lembrar que Janot deve apresentar mais duas denúncias, uma por obstrução de Justiça e outra por formação de organização criminosa, que serão apreciadas pela CCJ e pelo plenário da Câmara no seu devido tempo, enfraquecendo ainda mais o presidente).

Observação: Embora eu me sinta tentado a destrinchar a denúncia, fazê-lo exigiria estender este texto muito além dos limites concebíveis, de modo que deixo aqui o respectivo link; se você se interessar, é só clicar, ler o documento na íntegra e tirar suas conclusões.

O presidente deve voltar da Alemanha ainda neste sábado, pois sabe que o apoio dos parlamentares que selarão sua sorte está-se esvaindo feito fumaça ao vento. Principalmente porque está-se cristalizando entre os deputados ― aí incluídos os da base aliada ― um consenso em torno do nome de Rodrigo Maia como alternativa para subir ao trono e tocar adiante as reformas. E se o PSDB descer do muro antes da votação da primeira denúncia, ela dificilmente será rejeitada.  A expectativa é de que a votação só ocorra no mês que vem, o que dará aos tucanos tempo mais que suficiente para escolher o lado certo, ou pagarão caro por isso nas eleições do ano que vem.

Por hoje chega. Volto ao assunto na próxima postagem, a menos que algum fato ainda mais relevante se sobreponha, como a tão esperada publicação da sentença do juiz Moro no processo do tríplex do Guarujá, por exemplo.

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sábado, 8 de julho de 2017

TEMER VAI À ALEMANHA E DEPOIS...

... Depois vai à merda.

Em julho de 1988, finalzinho do governo Sarney, o jornal Planeta Diário publicou a seguinte manchete: DEPOIS DA CHINA, SARNEY IRÁ À MERDA. Não sei bem por que fui me lembrar disso agora, mas daí a criar o título sobre essa viagem de Temer foi um pulo. Até porque o presidente precisa mesmo de uma mudança de ares, e talvez... bom, deixa pra lá.

Segundo o Planalto, Temer viaja tranquilo. Afinal, Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, advogado de sua insolência, provou cabalmente, numa peça de 98 páginas, que a acusação feita pelo MPF não passa de mera “ficção”. Ou, nas palavras exatas do nobre causídico: ― Mostrou-se com clareza meridiana que a acusação, em face da carência de elementos probatórios, recorreu aos recursos intelectuais da suposição, da hipótese e das ilações que permitem afirmações de qualquer natureza no afã de emprestar falsa aparência de uma realidade que, na verdade, é uma mera ficção.

Não é uma beleza? Agora, se a CCJ da Câmara e ― principalmente ― o plenário vão se sensibilizar com essa pérola do saber jurídico, aí já é outra história. Até porque a situação de Temer se complica a cada dia ― daí o açodamento do Planalto de enterrar esse imbróglio o quanto antes. Se a votação ficar para depois do recesso, a pressão do eleitorado pode minar o apoio que ainda lhe, e tornará ainda mais difícil barrar a abertura do processo criminal no STF. Afinal, sua excelência não é nenhum campeão de popularidade, haja vista as últimas pesquisas de opinião pública, que o colocaram no mesmo nível de Collor durante o impeachment e de Sarney no auge da hiperinflação.

Observação: Temer disse nesta quinta-feira (6) que no país há autoridades que tentam desarmonizar os poderes do Estado e se acham "iluminadas por uma centelha divina", referindo-se claramente a Janot. Mas a tônica de sua defesa consistiu em tirar o seu da reta e colocar lá o de Rocha Loures, o homem da mala, indivíduo de sua total confiança, e coisa e tal, mas a quem jamais autorizou a realizar “tratativas espúrias” em seu nome ― nada muito diferente do que Lula fez em seu depoimento ao juiz Sérgio Moro, quando culpou a falecida esposa pela compra do tríplex, e coisa e tal. O problema é que a ex-primeira-dama, morta meses atrás, não pôde contradizer o petralha, ao passo que Loures está vivo, e como não pode negar o episódio da mala com R$ 500 mil, ou ele entrega o chefe ou assume a bronca sozinho. vai entregar o chefe ou assume a bronca sozinho. Façam suas apostas.

Janot disse que ficou enjoado ao ouvir a gravação da conversa entre Temer e o moedor de carne feito bilionário pelos dadivosos ex-presidentes petralhas: Fiquei chocado e senti náusea, foi uma reação física, enjoado mesmo ― afirmou em entrevista à GloboNews.

Questionado sobre as críticas à denúncia, Janot defendeu a peça e lembrou que “o homem da mala de Temer”, Rodrigo Rocha Loures, foi indicado pelo próprio presidente a Joesley como seu intermediário. Se isso é fraco, não sei o que é forte. Um empresário investigado tem uma conversa que ele grava com um ex-deputado acertando a ida dele à residência do Presidente da República à noite, sem testemunhas. Chega ao palácio, não é sequer identificado na porta e tem uma conversa muito pouco republicana com o presidente. A narrativa é fortíssima, concluiu o procurador-geral, que descartou qualquer motivação política na decisão de fatiar as denúncias. Mas não restam dúvidas de que isso irá desgastar ainda mais o presidente.

Ainda segundo Janot, as outras duas linhas de investigação continuam abertas e têm o seu tempo próprio; são três fatos distintos ― corrupção, obstrução e organização criminosa ― e as denúncias têm de correr separadas.

E já que estamos falando em gente proba e de reputação ilibada, a alma viva mais honesta da Brasil sofreu duas derrotas na última quarta-feira, quando o 8ª Turma do TRF4 negou, por unanimidade, dois agravos regimentais em habeas corpus, que haviam sido interpostos há cerca de um mês ― e negados liminarmente pelo desembargador Gebran, relator dos processos da Lava-Jato naquele colegiado.

Num dos agravos, o advogado Cristiano Zanin pediu “diligências complementares para produção de novas provas” no processo sobre o famoso tríplex do Ed. Solaris, no Guarujá, mas o magistrado entendeu que o juiz é o destinatário da prova e pode recusar a realização daquelas que se mostrarem irrelevantes. No segundo pedido, a defesa requeria o processamento de um incidente de falsidade indeferido por Moro, referente a um e-mail apresentado pelos advogados de Léo Pinheiro. Nesse caso, o desembargador afirmou que o habeas corpus não é o instrumento processual adequado e que o pedido deveria ter sido feito na primeira instância. 

Vale lembrar que a sentença relativa a esse processo deve ser publicada a qualquer momento.

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sexta-feira, 7 de julho de 2017

FIM DA FRANQUIA DE BANDA LARGA IRÁ PREJUDICAR USUÁRIOS, DIZ ABRINT

NAS PRÓXIMAS ELEIÇÕES, VOTE NAS PUTAS. ESTÁ VISTO QUE  VOTAR NOS FILHOS NÃO RESOLVE.

Segundo a ABRINT, a decisão do Congresso que proíbe a implementação de cotas na banda larga fixa é um desserviço para o usuário. Na abalizada visão da entidade, o Projeto de Lei 7182/2017, aprovado em março no Senado, é “bem-intencionado”, mas, na prática, poderá resultar em aumentos de preços e redução da velocidade dos planos.

A polêmica sobre a limitação dos planos de banda larga fixa, à semelhança do que é feito na internet móvel, vem opondo as operados às entidades de defesa dos direitos do consumidor e, recentemente, aos deputados da comissão, que se posicionaram contrários à franquia. Enquanto não há uma decisão definitiva, reduções de velocidade, suspensão do serviço ou cobrança pelo tráfego excedente ficam proibidas pela ANATEL.

Ah, já ia me esquecendo: ABRINT é a sigla de ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE INTERNET E TELECOMUNICAÇÕES, ou seja, da entidade que reúne as TELES e outras concessionárias de serviços de internet. Preciso dizer mais alguma coisa?


VACCARI E PALOCCI DEVEM CONTINUAR NA CADEIA - E LULA LÁ!

Dias atrás, a 8ª Turma do TRF-4 revisou uma decisão do juiz Sérgio Moro e, por 2 votos a 1, absolveu João Vaccari Neto da condenação imposta pelo magistrado em um dos processos que tramitam contra o mochileiro petista na 13ª Vara Federal de Curitiba (veja detalhes na seção de política desta postagem).

Como não poderia deixar de ser, a petralhada comemorou, e os defensores da caterva cujos processos estão sob os cuidados de Moro se aproveitaram da decisão para pleitear isonomia de tratamento para seus clientes. Os advogados de Vaccari chegaram até mesmo a postular a soltura do dito-cujo, como se aquele fosse o único processo sobre sua lomba. E Palocci, que está negociando um acordo de delação, também achou por bem tentar garantir seu lugar ao sol. Só que não funcionou.

O desembargador João Gebran Neto, do TRF4, negou a liminar que pedia a soltura do mochileiro (o pedido de habeas corpus, porém, ainda deverá ser analisado pelo colegiado), considerando que o segundo processo, ao qual se refere a prisão preventiva, é baseado em provas que não desaparecem com a absolvição ocorrida no último dia 27. Segue trecho do despacho:

Dessa forma, ainda que aparentemente os requisitos da prisão preventiva possam se confundir, o mesmo não se percebe com facilidade no tocante aos pressupostos, haja vista que estamos a tratar de fatos diversos. Vale dizer, somente a comunhão concreta dos requisitos desautorizaria novo exame, e não é esse o caso dos autos, pois no decorrer das investigações foram identificadas outras condutas delitivas praticadas pelo paciente que, em linha de princípio, apenas reforçam a necessidade da prisão preventiva como forma de coibir a reiteração delitiva”.

Portanto, Vaccari continua vendo o sol nascer quadrado, e Palocci, que, no final do mês passado, foi condenado por Moro a 12 anos, 2 meses e 20 dias de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, também continua no xadrez, e, portanto, deve concentrar seus esforços para reduzir a pena através do acordo de colaboração, o que certamente não anima nem um pouco o Comandante Máximo da ORCRIM ― que deve conhecer sua primeira sentença nos próximos dias ― ou a corja que o endeusa (mais detalhes no vídeo abaixo; se não funcionar, clique neste link).


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quinta-feira, 6 de julho de 2017

MAIS UM CAPÍTULO DA NOVELA DA BANDA LARGA FIXA

ENTRE UM GOVERNO SEM IMPRENSA E UMA IMPRENSA SEM GOVERNO, FICO COM A SEGUNDA OPÇÃO.

O capítulo inaugural dessa minissérie foi ao ar no início do ano passado, quando as TELES, capitaneadas pela Telefonica/VIVO, resolveram estender para a banda-larga fixa as cotas (ou franquias) que já utilizavam no serviço móvel via celular (redes 3G/4G), conforme eu escrevi no post de 11 de março de 2016. Mas a coisa virou novela, e os episódios subsequentes também foram alvo postagens (para seguir a novela em ordem cronológica, clique aquiaquiaquiaquiaquiaquiaqui e aqui).

Agora, todavia, parece que estamos próximos do final: no último dia 13, a comissão de Defesa do Consumidor da Câmara Federal aprovou, por unanimidade, o Projeto de Lei que veta as abjetas franquias na banda larga fixa. O próximo passo é o trâmite na comissão de Ciência e Tecnologia e Comunicações, e na comissão de Constituição e Justiça da Câmara, e, antes de ser aprovado em caráter definitivo, ainda pode ser apreciado pelo Plenário da Câmara, caso não sofra qualquer modificação.

Vamos continuar de olho.

BONITA CAMISA, FERNANDINHO!

Como este que vos escreve, muita gente votou em Fernando Collor, em 1989, simplesmente porque não queria Lula na presidência. Infelizmente, o resultado não foi dos melhores: depois de sequestrar o dinheiro dos brasileiros (inclusive o que estava nas contas correntes e cadernetas de poupança) e nem assim conseguir debelar a inflação galopante ― herdada da infausta ditadura militar e agravada durante o governo Sarney ―, o pseudocaçador de marajás sofreu um processo de impeachment e acabou renunciando às vésperas do julgamento ― para tentar preservar seus direitos políticos, que o Congresso cassou mesmo assim, diferentemente do que fez com Dilma em 2016, quando ela foi deposta, mas não inabilitada ao exercício de cargos públicos (mais uma vergonha avalizada pelo poder Judiciário, mas fazer o quê?).

Para corroborar o que eu venho dizendo há tempos ― e Pelé já dizia bem antes de mim ―, nosso povo não sabe votar: Em 2006, seis anos após o fim da inelegibilidade e apenas três semanas depois de ter lançado oficialmente sua candidatura, o autodeclarado “homem macho de colhão roxo” foi eleito senador por Alagoas com 44,03% dos votos válidos, e teve o mandato renovado em 2014 com 55,59% dos votos.

Também em 2014, num processo que o Supremo levou 20 anos para julgar, Collor foi “absolvido” dos crimes de peculato, falsidade ideológica e corrupção passiva ― por falta de provas; aliás, alguns ministros da nossa mais alta Corte parecem ser incapazes de encontrar o próprio rabo, mesmo usando as duas mãos e um lampião.

Mas não há nada como o tempo para passar: em agosto de 2015, policiais federais estiveram na Casa da Dinda  residência que Collor usava quando era presidente da República ― e apreenderam uma Ferrari, um Lamborghini e um Porsche. É bom salientar que, de acordo com sua declaração de rendimentos, o cara também era dono de uma Ferrari Scaglietti, um BMW 760iA, um Cadillac SRX, um Land Rover, um Toyota Land Cruiser, um Mercedes E230, um Hyundai Vera Cruz, um Honda Accord, duas Hilux, dois Kia Carnival, um Citröen C6 e um Gol 1.6 Rallye.

No mês seguinte, incapaz de refrear sua tradicional beligerância (que ele confunde com indignação), Collor subiu à tribuna do Senado para se defender das acusações de que um grupo ligado a ele teria recebido R$ 26 milhões em propina do esquema de corrupção da Petrobras, classificou a apreensão de seus automóveis como “espetáculo midiático” e ainda chamou Rodrigo Janot de filho da puta (como se pode ver neste vídeo).

Dias atrás, o ministro Edson Fachin decidiu enviar à 2ª Turma do STF a denúncia apresentada pela PGR contra o senador ― bem como contra sua esposa e mais sete pessoas ― por corrupção passiva, lavagem de dinheiro, peculato e organização criminosa. De acordo com a PGR, como formas de lavar de dinheiro, o acusado teria adquirido a frota de carros de luxo, forjado empréstimos fictícios perante a TV Gazeta de Alagoas (no valor de cerca de R$ 35,6 milhões) e à Água Branca Participações (mais R$ 16,5 milhões). Por meio de nota, sua assessoria de imprensa afirmou que ele “aguarda com serenidade a decisão, confiante de que o STF repudiará as acusações irresponsáveis feitas pela PGR exclusivamente com base nas palavras de delatores” (pois é, agora isso está na moda).

No julgamento ― cuja data ainda não foi marcada ―, os ministros vão decidir se transformam ou não o senador em réu. Compõem a Segunda Turma, além de Fachin, os ministros Celso de Mello, Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli.

Observação: A PGR pediu ainda a devolução do dinheiro desviado e mais R$ 154 milhões, a título de multa por reparação de danos materiais e morais.

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