Se o assunto da semana passada foi o acolhimento dos habeas corpus de criminosos condenados
na Lava-Jato pela 2ª Turma do STF, o foco desta semana é a
audiência de quarta-feira, em Curitiba, quando Lula
prestará depoimento ao juiz Moro
numa das cinco ações penais em que é réu.
O molusco abjeto é acusado de crimes como corrupção (17 vezes), lavagem
de dinheiro (211 vezes), tráfico de
influência (4 vezes), organização
criminosa (3 vezes) e obstrução da
Justiça (1 vez); se condenado por todos eles, poderá pegar até 118 anos de
prisão, mas esse processo envolve o recebimento de propina da empreiteira OAS mediante a reserva e reforma de um
tríplex no edifício Solaris (no
Guarujá, litoral de São Paulo), em 2009, e o custeio do armazenamento de bens pessoais
do ex-presidente, entre 2011 e 2016.
No que concerne aos ministros Gilmar Mendes, Ricardo
Lewandowski e Dias Toffoli,
muito haveria a dizer além do que eu já disse nos últimos dias, mas esse assunto
já me cansou. Vale acrescentar apenas que a soltura de José Dirceu ― o guerrilheiro de araque que, mesmo preso, continuou
recebendo propina e escrevendo manifestos políticos contra o juiz Moro, o Ministério Público
e a Lava-Jato, e que compara seus
delatores a “cães da ditadura” ― foi
um desserviço à Justiça e à população brasileira. A propósito, disse o general
da reserva Augusto Heleno Ribeiro
Pereira, uma das vozes mais conceituadas nas Forças Armadas: Será que os doutos ministros do STF avaliam
o mal que têm causado ao país, ou será que o Olimpo em que vivem os afasta
totalmente da consciência nacional?
Observação: Os ministros Toffoli e Lewandowski não só foram indicados por Lula, mas também emergiram das fileiras do PT. Detalhe: dentre outras exigências para integrar nossa mais alta Corte, o candidato deve ter reputação ilibada e notável saber jurídico. Toffoli não fez doutorado nem mestrado, foi reprovado duas vezes em concursos para juiz de primeira instância, mas passou de advogado do PT ministro do Supremo. Lewandowski, amigo de Lula e dos Demarchi, ingressou na vida pública quando Walter Demarchi, então vice-prefeito de São Bernardo do Campo, convidou-o a ocupar a Secretaria de Assuntos Jurídicos daquele município. A família Demarchi se orgulha de ter sugerido seu nome quando surgiu uma vaga no STF, com o que Lula concordou prontamente. Já o falante Gilmar Mendes, lembrado pelo jornalista J.R. Guzzo como uma “fotografia ambulante do subdesenvolvimento brasileiro, mais um na multidão de altas autoridades que constroem todos os dias o fracasso do país”, é casado com dona Guiomar Mendes, que trabalha no escritório de advocacia Sergio Bermudes, no Rio de Janeiro, que tem como cliente... Eike Batista. E por mais uma dessas formidáveis coincidências da vida, foi justamente Mendes que mandou para casa, no dia 30 do mês passado, o ex-bilionário e empresário mais admirado por Lula e Dilma. Precisa dizer mais alguma coisa?
Quanto ao depoimento de Lula, o que se tem de certo até agora é o dia, o horário e o local. Ou nem isso, melhor dizendo, já que a defesa do ex-presidente ingressou no TRF-4 com um pedido de suspensão do processo, na tarde desta segunda-feira, alegando não dispor de tempo suficiente para analisar os 5,42 gigabytes de documentos que a Petrobras anexou aos autos ― estima-se que o arquivo tenha cerca 100.000 páginas (o Tribunal ainda não se pronunciou acerca do recurso, mas deve fazê-lo em caráter de urgência). Sabe-se também que o PT está mobilizando militantes de todo o país para criar tumultos no entorno do edifício sede da Justiça Federal em Curitiba, visando armar um circo em cujo picadeiro se dará não a simples oitiva de um réu, mas um embate ideológico de proporções épicas.
Observação: Depois que José Roberto Batochio, Juarez Cirino Santos e Nilo Batista abandonaram a defesa do molusco, ele vem sendo representado pelo advogado Roberto Teixeira, seu genro Cristiano Zanin Martins, e suas filhas Valeska e Larissa. Amigo de longa data e corréu de Lula na ação que trata da compra do terreno para a nova sede do Instituto Lula e do duplex em São Bernardo, Teixeira foi tutor e benfeitor do petista, a quem, em mais de 4 décadas de compadrio, forneceu moradia gratuita, carro com motorista e outros “mimos pouco republicanos”. A estratégia da banca de compadres é negar as acusações ― em vez de contestar os fatos, já que não é fácil defender o indefensável ―, atacar a Justiça ― notadamente o juiz Moro ― e adotar toda sorte de medidas protelatórias, a exemplo do pedido de adiamento que eu mencionei linhas atrás. De quem arrolou nada menos que 80 testemunhas, com propósitos eminentemente procrastinatórias, não se poderia esperar coisa muita diferente.
Por hoje é só. Volto com mais notícias no post de amanhã. Até lá.
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