Mais um episódio digno de nota me leva a adiar o capítulo final da sequência sobre o imbróglio Queiroz/Bolsonaro.
Sem mais delongas, vamos aos fatos.
Lula fez mais uma
tentava (que afinal restou frustrada) de deixar temporariamente sua sala VIP na PF de Curitiba. A anterior, como todos devem estar lembrados, foi
por ocasião da morte de Sigmaringa
Seixas, no final de dezembro passado. O petista preso queria comparecer ao
funeral do petista morto, mas o juiz plantonista Vicente de Paula Ataíde Junior negou o pedido, argumentando que o
artigo 120º da Lei de ExecuçãoPenal prevê que condenados em regime fechado deixem a prisão somente em
caso de "falecimento ou doença
grave do cônjuge, companheira, ascendente, descendente ou irmão".
Na última terça feira, porém, quem morreu foi irmão mais velho do
petralha, Genival Inácio da Silva, que
também havia sido metalúrgico e morava em São Bernardo do Campo. Vavá, como era conhecido, enfrentou
diversos problemas de saúde ao longo dos últimos anos, chegando a ter a perna
esquerda amputada. Ele faleceu nesta terça, aos 79 anos, de câncer de pulmão.
Instada pela a juíza Carolina Lebbos a se manifestar, a PF ponderou que as aeronaves que não estão em manutenção e que poderiam
transportar Lula até São Bernardo a tempo de participar do funeral foram
realocadas para dar apoio ao resgate das vítimas de Brumadinho. Alertou também para o risco de fuga ou eventual tentativa de resgate, para a possibilidade de
atentado contra a vida do petista ou de agentes públicos, o comprometimento da ordem
pública, os protestos de simpatizantes e apoiadores e de grupos
de pressão contrários a Lula e a indisponibilidade de policiais, tanto federaisquanto civis e militares, para garantir a ordem e a incolumidade do prisioneiro e dos agentes e pessoas ao seu redor. O relatório levou em consideração também as perturbações à tranquilidade da
cerimônia fúnebre que seria causado por todo o aparato necessário para levar Lula até o local, e com base em tudo isso e no parecer do MPF, a magistrada
indeferiu o pedido da defesa.A PF base nos argumentos da PF e do Ministério Público
(de que não haveria tempo hábil para a logística de transporte do ex-presidente),
a juíza Carolina Lebbos negou o
pedido da defesa.
Ao decidir sobre recurso interposto perante o TRF-4, o desembargador Leandro Paulsen corroborou a decisão da juíza, propiciando um novo recurso, desta feita ao STF. O ministro Dias Toffoli autorizou Lula
“a se reunirexclusivamente com seus familiares, na data de hoje (ontem, no caso), em Unidade Militar na Região, inclusive
com a possibilidade de o corpo ser levado à referida unidade, a critério da
família”, mas vetou o uso de celulares e a presença da imprensa e de militantes. Essa decisão, porém só foi conhecida depois que o velório e a cerimônia
religiosa na capela do Cemitério Pauliceia haviam terminado e o sepultamento
estava prestes a começar.
Compareceram ao funeral familiares e amigos de Vavá, representantes do Sindicato do Metalúrgicos do ABC e integrantes do PT, como o vereador Eduardo Suplicy, os ex-prefeitos Fernando Haddad (São Paulo) e Luiz Marinho (São Bernardo) e a indefectível presidente nacional da ORCRIM, deputada Gleisi Hoffmann. Na expectativa de que Lula comparecesse, o PT havia convocado uma manifestação no cemitério para transformar o enterro em comício (a exemplo do que aconteceu no funeral da ex-primeira dama Marisa Letícia, em fevereiro de 2017, quando Lula transformou o esquife da mulher em palanque).
Durante o sepultamento, o ex-ministro Gilberto
Carvalho disse que o ex-presidente desistira de ir a São Bernardo: "É lamentável que a decisão só tenha saído a
essa hora. É totalmente inviável. O
Lula, com muita dignidade, agradeceu, mas não vem, não faz sentido mais." Menos de duas horas depois, o PT, em nota assinada também por advogados, professores universitários, defensores e aloprados em geral, repudiou decisão que, segundo essas sumidades, fere
o direito e aumenta a constatação de que o caso contra Lula é um processo com motivações políticas. "Se o ex-presidente não deve ser tratado de forma mais benevolente que qualquer
cidadão brasileiro, tampouco se lhe pode furtar um direito fundamental a pretexto
da incapacidade da “poderosa PF” de assegurar o seu legítimo
exercício", diz um trecho do documento.
Com era esperado, essa imperdoável "injustiça" provocou um tsunami de manifestações da "mídia cumpanhêra", que durante todo o dia de ontem se debruçou sobre o tema como moscas na merda. Mas ainda restam a Lula nove irmãos. Se o Príncipe das Trevas não o
levar antes, numa próxima vez, quem sabe...
Amanhã concluiremos a sequência de perguntas e respostas sobre o imbróglio Queiroz/Bolsonaro. Até lá.
Tudo em que Lula encosta a mão, já há muito tempo, fica estragado na hora. Neste seu momento de desgraça, quando não podia mais evitar a prisão e sua única saída era tentar manter a cabeça erguida, fez o contrário – baixou a cabeça e acabou entrando na cadeia como um homem pequeno. Teve a oportunidade plena de fazer alguma coisa mais decente. Foi ajudado pela gentileza extrema da Polícia Federal e demais autoridades encarregadas de cumprir a ordem judicial, que lhe deram todo o tempo do mundo para preparar uma apresentação às autoridades que tivesse um pouco mais de compostura. Foi tratado com uma paciência que não está à disposição de nenhum outro brasileiro. Teve o privilégio de uma “negociação” sem pé nem cabeça para se entregar, como se o cumprimento da ordem dependesse da sua concordância. Mas acabou, apenas, estragando tudo. Conseguiu tornar a sua biografia, que já está para lá de ruim, ainda pior – este capítulo da sua ida para o xadrez, condenado a doze anos por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, concorre, certamente, para ser um dos piores da sua triste passagem pela política brasileira.
O PT, a esquerda em geral e o próprio Lula imaginavam, talvez, uma despedida com mais cara de cinema, ou pelo menos de novela de televisão. O problema, como sempre acontece, é que esses planos bonitos exigem coragem para ser colocados em prática. E onde encontrar coragem, na hora de enfrentar a dureza? Nada de Salvador Allende e de sua heroica resistência até a morte, no Palácio de La Moneda em Santiago do Chile, onde enfrentou à bala a tropa do exército chileno que veio prendê-lo. Allende? Imaginem. O que o brasileiro viu pela televisão, durante as vinte e tantas horas de tumulto que se seguiram ao prazo concedido para o ex-presidente se apresentar à prisão, foi um homem confuso, vacilante, amedrontado, tentando pequenas espertezas – nada que lembrasse um líder em modo de “resistência”. Uma hora parecia querer uma coisa. Dali dez minutos estava querendo o contrário. Sua “trincheira” durante as horas que antecederam a prisão, o prédio do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo, não era uma trincheira de verdade. Entravam engradados de cerveja, sacos de carvão e carne para churrasco. E que trincheira é esta, que só resiste porque a tropa do outro lado não aparece? Lula, mais uma vez, ficou fingindo que queria briga – mas amarelou, como sempre, na hora em que teria mesmo de ir para o pau.
O único gesto do ex-presidente e o seu entorno foi aproveitar a moleza da polícia encarregada de prendê-lo para dar a impressão de que ele se “recusava” a ser preso. Não se recusava coisa nenhuma – só ficou entocado dentro do prédio porque a Polícia Federal não foi buscá-lo. Que valentia existe nisso? O que houve de verdade, na vida real, foi o arrasta-pé de um político assustado, sem ação e obcecado com a própria pele, escondendo-se atrás da moita para ver se a confusão passa e ele pode sair ao céu aberto. As últimas horas que Lula passou em seu esconderijo, antes de tomar o avião que enfim o levou já preso para Curitiba, deixaram claro, também, que nem ele e nem toda a estrutura do seu partido tinham a menor noção do que estavam fazendo. Não tinham um plano, A, B ou C. Não tinham uma única ideia a respeito do que fazer. Não tinham nada. Até a última hora, na verdade, não imaginavam que fosse expedida, realmente, uma ordem de prisão contra ele; não conseguiam acreditar, simplesmente, no que estava acontecendo. Lula e o PT contavam, isto sim, com os escritórios de advocacia milionários que iriam salvá-lo no STF. Contavam com um Marco Aurélio, Lewandowski ou Gilmar Mendes para dar um golpe de última hora no tapetão. Contavam com qualquer coisa – menos a ordem de prisão que acabou por levá-lo ao xadrez da Laja-Jato. Na hora que a realidade teve de ser encarada, entraram em parafuso.
O final desta comédia foi uma tristeza. Durante um dia inteiro, e a maior parte do dia seguinte, um bolinho de gente ficou em volta do sindicato — era o apoio popular que foi possível juntar. Às vezes, nas imagens aéreas da televisão, parecia uma concentração mais encorpada. Mas assim que o helicóptero se afastava um pouco ficava claro que a mobilização do povo brasileiro para defender Lula era só aquele bolinho mesmo – em Mauá, por exemplo, a quinze minutos dali, não havia um único manifestante à vista. Nem em Santo André, ou São Caetano, ou no resto do Brasil. A população estava trabalhando. No carro de som, falando para si próprios, sucediam-se dinossauros velhos e novos, de Luisa Erundina a Manoela D’Ávila, gritando coisas desconexas. Ninguém, ali, tinha qualquer relação com o mundo do trabalho. Nem na plateia, formada por sindicalistas, desocupados ou professores que faltaram ao serviço, com a coragem de quem não pode ser demitido do emprego. Dentro do prédio Lula limitou-se a não resolver nada, cercado por um cardume de puxa-sacos e mediocridades. Não havia, na hora máxima, ninguém de valor, mérito ou boa reputação em torno dele – só os serviçais de sempre, gente que sabe gritar, sacudir bandeira vermelha e atrapalhar o trânsito, mas não é capaz de ter uma única ideia ou fazer uma sugestão que preste. Como o nosso grande líder de massas pode acabar cercado, numa hora dessas, por figuras como Gleisi Hoffmann e Eduardo Suplicy? Muita coisa, positivamente, deu muito errado.
O heroísmo da “resistência” de Lula acabou limitado à agressão de um infeliz que despertou a ira dos “militantes” e foi surrado até acabar no hospital com traumatismo craniano. Ou à depredação no prédio da ministra Cármen Lúcia em Belo Horizonte, mais pichações aqui e ali. Quanto ao próprio Lula, o que deu para verificar é que a soma total de suas ações no momento de ir para a cadeia resumiu-se a empurrar as coisas com a barriga até a hora de entregar os pontos — depois de fingir que “não estava conseguindo” se render por causa de um tumulto barato encenado pela turma que cercava o sindicato. Esperou escurecer para não ser preso à noite, no dia seguinte inventou uma espécie de missa, um discurso que não acabava mais, um almoço “com parentes” e, por fim, armou a farsa do tal bloqueio dos portões de saída por parte dos seus “apoiadores”, o que o “impediria” de se entregar. Chegou ao limite extremo da irresponsabilidade, mais uma vez – e só quando não deu para continuar fazendo a polícia de idiota, como fez durante dois dias seguidos, embarcou no camburão da PF, e depois, no avião rumo à Curitiba. No tal discurso, com frases mal copiadas de Martin Luther King, chegou a dizer que é a favor – isso mesmo, a favor – da Lava-Jato, depois de passar os últimos dois anos fazendo os ataques mais enfurecidos contra a operação anti-corrupção. Agora, na hora de ir para a cadeia, diz que é contra a roubalheira, e que só está preso por causa “da imprensa” – o que, além de falso, é mais uma demonstração de que está cuspindo no prato no qual tem comido há anos. Afirmou, enfim, que estava indo para a “prisão deles”. Mentira. Não é prisão deles. É do Brasil inteiro e do sistema legal que ainda existe por aqui.
A história está cheia de políticos que crescem com a própria prisão. Não foi o caso de Lula.
No final da tarde de ontem, quando o juiz Moro decretou a prisão de Lula, a petralhada chiou, até porque
foi pega de surpresa, embora tudo apontasse para esse desfecho (só não se
esperava que fosse tão rápido). Mas não faz sentido algum a narrativa de que o magistrado teria se antecipado por não respeitar o prazo da defesa para
ingressar com “embargos dos embargos”. Até porque Moro se limitou a cumprir a determinação do Tribunal ao qual a 13ª Vara Federal de
Curitiba está subordinada, e aquela Corte já havia sinalizado que os tais embargos
seriam rejeitados de plano, dada sua natureza eminentemente procrastinatória.
“Em atenção à dignidade do cargo”, o juiz concedeu a Lula algumas
deferências especiais, como a opção de se entregar espontaneamente (o prazo
expira às 17 horas desta sexta-feira) e a proibição do uso de algemas “em
qualquer hipótese”, além de determinar que o prisioneiro seja acomodado num cômodo especial (algo tipo “sala de Estado Maior”),separado dos demais presos, sem
qualquer risco para sua integridade moral ou física. Mas a petralhada quer baderna,
quer sangue, quer o caos.
Durante toda esta manhã, especulou-se se e quando Lula se entregaria. Agora, porém, essa possibilidade parece ter sido descartada. O mulusco quer explorar ao máximo sua
postura vitimista, tanto é que um de seus advogados ― o conspícuo dr. Zanin ― recorreu (mais uma vez) à ONU, como se coubesse àquela entidade
se imiscuir em questões internas de um país soberano.
A defesa também ingressou com outro habeas corpus (agora não mais
preventivo, já que existe um mandado de prisão) no STJ. O pedido está sendo examinado pelo
ministro-relator Felix Fisher, mas
parece ser consenso entre os analistas que será indeferido. No entanto, não se pode tolher à defesa seu direito de espernear.
Lula continua
entrincheirado na sede do sindicato dos metalúrgicos do ABC, juntamente com alguns
cupinchas. Defronte ao prédio, um grupelho de militantes promove uma “vigília
permanente”. Agora há pouco, o
presidente estadual do PT, Luiz Marinho, disse que o comandante da ORCRIM fará um pronunciamento às 4 horas desta tarde ― uma hora antes, portanto, do final do prazo estabelecido pelo
juiz Moro.
A tática de Lula
é clara: pregar o discurso da resistência para manter a militância a postos até
o último minuto, para que a adesão à vigília
(que já não é nenhuma Brastemp) não caia. No entanto, a cúpula do
partido receia que os advogados abandonem sua, caso ele decida realmente descumprir
a decisão judicial. Até porque os nobres causídicos ficariam numa situação delicada se
compactuassem com essa estratégia.
Em 2016, o demiurgo
de Garanhuns afirmou que, se fosse condenado por algum crime, iria a pé até
Curitiba para ser preso. Agora, réu em 7 ações penais e condenado numa delas em
primeira e segunda instâncias, o petralha mudou o discurso. E como já são
quase 3 horas da tarde, seria impossível ele chegar a Curitiba antes das cinco.
E se resolver mesmo discursar, talvez não consiga chegar nem mesmo à
sede PF em São Paulo, que fica no
bairro da Lapa (zona oeste da cidade).
Nesse meio tempo, o ministro-deus Gilmar Mendes, que está voltando de Portugal, disse (ainda além-mar)
que a ordem de prisão foi "absurda" e que a situação atual no Brasil
é de "despotismo judicial". Mas demonstrou alguma coerência ao culpar
o PT por essa merdeira: segundo ele,
o partido “está sendo vítima de sua própria obra”.
Na minha modesta opinião, o ministro perdeu mais uma boa oportunidade
de ficar calado.
A PRESSA PASSA, MAS A MERDA QUE VOCÊ FEZ COM PRESSA FICA.
Quem
acompanha minhas postagens sabe que uma frase da qual eu gosto muito é: “os pioneiros são reconhecidos pela flecha
espetada no peito”. Afinal, vagar é pressa, como dizia meu avô. E quem tem
pressa come cru, como dizia o avô de alguém.
Então, caro
leitor, não se apresse a atualizar seu Windows 10 com o Creators
Update. Aliás, essa advertência ― que eu fiz em diversas oportunidades, inclusive no post anterior ―
vem sendo feita agora pela própria mãe da criança. Veja detalhes nesta
postagem.
Isto posto,
o melhor é esperar até que a dona Microsoft
disponibilize a evolução através do seu Windows
Update ― talvez isso não garanta isenção absoluta de bugs e outros probleminhas,
mas é meio caminho andado. Voltaremos ao
assunto oportunamente.
EM TEMPO: Recebi a atualização em questão (update para a versão 1703) agora à tarde. Além da demora na instalação, nenhuma diferença me chamou a atenção, a não ser no Edge, que eu uso muito pouco. Volto a esse assunto daqui a alguns dias, quando estiver familiarizado com os novos recursos.
MORO X LULA
Já que a frase do dia fala em merda (confira no caput da postagem), vamos continuar no assunto: O depoimento de Lula,
marcado inicialmente para o último dia 3, mas adiado para hoje a pedido da
Polícia Federal e da Secretaria de Segurança Pública do Paraná, causou o
cancelamento dos prazos processuais e atendimento público na sede da Justiça
Federal do Paraná.
O molusco é acusado de crimes como corrupção (17 vezes), lavagem
de dinheiro (211 vezes), tráfico de
influência (4 vezes), organização
criminosa (3 vezes) e obstrução da
Justiça (1 vez); se condenado por todos eles, poderá pegar até 118 anos de
prisão, mas processo sub-judice na 13ª Vara Federal de Curitiba envolve o recebimento de propina da empreiteira OAS mediante a reserva e reforma de um
tríplex no edifício Solaris (no
Guarujá, litoral de São Paulo), em 2009, e o custeio do armazenamento de bens pessoais
do ex-presidente, entre 2011 e 2016.
Segundo a matéria
de capa da revista Época desta semana, as provas contra o petralha sacripanta apontam pagamentos em dinheiro, depósitos
bancários e imóveis ― para o capo di tutti i capi e sua família ― que chegam a R$ 80
milhões.
Tanto a sede Cabral quanto a sede Centro permanecerão
fechadas durante todo o dia, impossibilitando o acesso de magistrados,
servidores, estagiários e terceirizados. Só será permitida a entrada de pessoas
diretamente envolvidas com a realização e apoio da audiência e desde que
devidamente autorizadas pela Direção do Foro.
Por conta da expectativa de
protestos ― a favor e contra o petralha ―, foram instalados arames farpados nas
grades que cercam o prédio. O juiz Sérgio
Moro determinou que as manifestações serão permitidas, “desde que
pacíficas”, mas pediu ao povo que as evitasse. Em caso de episódios de violência, as responsabilidades deverão
ser “controladas e apuradas, inclusive a de eventuais incitadores”, concluiu o magistrado.
Como se vê, Lula continua dando prejuízo ao Brasil. E isso tendo apenas 9 dedos. Já pensou se ele tivesse todos os 10?
ATUALIZAÇÃO 18h00:
Depoimento de Lula começou às 14h18; portanto, já dura quase 4 horas!
ATUALIZAÇÃO 14h04min:
O Ministro Felix Fisher, do STJ, negou agora há pouco o
último dos 3 recursos de Lula para
tentar adiar depoimento. Nesse apelo, a defesa do petralha alegava falta de
imparcialidade do juiz Sérgio Moro. A audiência deve ter início a qualquer momento. Enquanto isso, assista a este vídeo.
ATUALIZAÇÃO08h30min
O CIRCO DA FÓRMULA LULA
Na tarde de ontem, o TRF-4 negou o pedido adiamento da audiência
em que Lula deve depor ao juiz Sérgio Moro. Irresignada, a defesa do
petralha ingressou no STJ com mais três pedidos de habeas corpus, visando
ao afastamento do juiz Sérgio Moro (por
suspeição), adiamento do depoimento e permissão de gravar a audiência de
maneira independente.
Vale lembrar que os 5.000 arquivos fornecidos pela Petrobras ― cuja análise demandaria pelo menos 90 dias, segundo os advogados do
molusco ― foram juntados aos autos a
pedido da defesa, o que deixa claro o propósito de pavimentar uma futura
alegação de cerceamento de defesa. O Tribunal ainda não se manifestou (mas
espera-se que o faça a qualquer momento, pois o início da audiência está
marcado para as 14 horas).
Em meio ao “circo da fórmula Lula” que está sendo armado por manifestantes favoráveis
e contrários ao petralha, dezenas de ônibus chegaram a Curitiba, trazendo apoiadores
do próprio Paraná e de outros estados. Já foram disparados rojões contra acampamentos
da CUT e MST (vale frisar que, dentre outras medidas de segurança, as
autoridades proibiram os manifestantes de acampar nas proximidades do edifício
da Justiça Federal).
Volto a qualquer momento com outras informações sobre esse
imbróglio despropositado (afinal, trata-se de uma audiência para oitiva de um
réu penal, não do nascimento de um príncipe ou fuzilamento de um Papa).
Se o assunto da semana passada foi o acolhimento dos habeas corpus de criminosos condenados
na Lava-Jato pela 2ª Turma do STF, o foco desta semana é a
audiência de quarta-feira, em Curitiba, quando Lula
prestará depoimento ao juiz Moro
numa das cinco ações penais em que é réu.
O molusco abjeto é acusado de crimes como corrupção (17 vezes), lavagem
de dinheiro (211 vezes), tráfico de
influência (4 vezes), organização
criminosa (3 vezes) e obstrução da
Justiça (1 vez); se condenado por todos eles, poderá pegar até 118 anos de
prisão, mas esse processo envolve o recebimento de propina da empreiteira OAS mediante a reserva e reforma de um
tríplex no edifício Solaris (no
Guarujá, litoral de São Paulo), em 2009, e o custeio do armazenamento de bens pessoais
do ex-presidente, entre 2011 e 2016.
No que concerne aos ministros Gilmar Mendes, Ricardo
Lewandowski e Dias Toffoli,
muito haveria a dizer além do que eu já disse nos últimos dias, mas esse assunto
já me cansou. Vale acrescentar apenas que a soltura de José Dirceu ― o guerrilheiro de araque que, mesmo preso, continuou
recebendo propina e escrevendo manifestos políticos contra o juizMoro, o Ministério Público
e a Lava-Jato, e que compara seus
delatores a “cães da ditadura” ― foi
um desserviço à Justiça e à população brasileira. A propósito, disse o general
da reserva Augusto Heleno Ribeiro
Pereira, uma das vozes mais conceituadas nas Forças Armadas: Será que os doutos ministros do STF avaliam
o mal que têm causado ao país, ou será que o Olimpo em que vivem os afasta
totalmente da consciência nacional?
Observação: Os ministros Toffoli e Lewandowski não só foram indicados por Lula, mas também emergiram das fileiras
do PT. Detalhe: dentre outras
exigências para integrar nossa mais alta Corte, o candidato deve ter reputação
ilibada e notável saber jurídico. Toffoli
não fez doutorado nem mestrado, foi reprovado duas vezes em concursos para juiz
de primeira instância, mas passou de advogado do PT ministro do Supremo. Lewandowski,
amigo de Lula e dos Demarchi, ingressou na vida pública
quando Walter Demarchi, então
vice-prefeito de São Bernardo do Campo,
convidou-o a ocupar a Secretaria de Assuntos Jurídicos daquele município. A
família Demarchi se orgulha de ter
sugerido seu nome quando surgiu uma vaga no STF, com o que Lula
concordou prontamente. Já o falante Gilmar
Mendes, lembrado pelo jornalista J.R.
Guzzo como uma “fotografia ambulante
do subdesenvolvimento brasileiro, mais um na multidão de altas autoridades que
constroem todos os dias o fracasso do país”, é casado com dona Guiomar Mendes, que trabalha no
escritório de advocacia Sergio Bermudes,
no Rio de Janeiro, que tem como cliente... Eike
Batista. E por mais uma dessas formidáveis coincidências da vida, foi
justamente Mendes que mandou para casa,
no dia 30 do mês passado, o ex-bilionário e empresário mais admirado por Lula e Dilma. Precisa dizer mais alguma coisa?
Quanto ao depoimento de Lula, o
que se tem de certo até agora é o dia, o horário e o local. Ou nem isso, melhor
dizendo, já que a defesa do
ex-presidente ingressou no TRF-4 com um pedido de suspensão do processo, na
tarde desta segunda-feira, alegando não dispor de tempo suficiente para
analisar os 5,42 gigabytes de documentos que a Petrobras anexou aos autos ―
estima-se que o arquivo tenha cerca 100.000 páginas (o Tribunal ainda não se
pronunciou acerca do recurso, mas deve fazê-lo em caráter de urgência). Sabe-se
também que o PT está mobilizando
militantes de todo o país para criar tumultos no entorno do edifício sede da
Justiça Federal em Curitiba, visando armar um circo em cujo picadeiro se dará
não a simples oitiva de um réu, mas um embate ideológico de proporções épicas. Observação: Depois que José Roberto Batochio,
Juarez Cirino Santos e Nilo Batista abandonaram a defesa do
molusco, ele vem sendo representado pelo advogado Roberto Teixeira, seu genro Cristiano
Zanin Martins, e suas filhas Valeska
e Larissa. Amigo de longa data e
corréu de Lula na ação que trata da
compra do terreno para a nova sede do Instituto
Lula e do duplex em São Bernardo, Teixeira
foi tutor e benfeitor do petista, a quem, em mais de 4 décadas de compadrio,
forneceu moradia gratuita, carro com motorista e outros “mimos pouco
republicanos”. A estratégia da banca de compadres é negar as acusações ― em vez
de contestar os fatos, já que não é fácil defender o indefensável ―, atacar a
Justiça ― notadamente o juiz Moro ―
e adotar toda sorte de medidas protelatórias, a exemplo do pedido de adiamento
que eu mencionei linhas atrás. De quem arrolou nada menos que 80 testemunhas,
com propósitos eminentemente procrastinatórias, não se poderia esperar coisa
muita diferente.