TUDO SERIA FÁCIL SE NÃO FOSSEM AS
DIFICULDADES.
O portal de
tecnologia Oficina da Net publicou, no último dia 5, a notícia de que o
Senado aprovou o PL 7182/17, que
proíbe a limitação de franquia de consumo nos planos de banda larga fixa.
Volto a
lembrar que essa novela começou no início do ano passado, quando as operadoras
anunciaram que implementariam cotas de dados no serviço, como já vinham fazendo
na banda larga móvel (detalhes nesta postagem).
Segundo o deputado
Rodrigo Martins, relator da proposta
aprovada pela Comissão de Defesa do
Consumidor, o principal objetivo é frear mudanças futuras, dando uma
garantia legal, uma vez que o projeto de lei prevê penalidades em relação às
operadoras.
A Associação Brasileira de Provedores de Internet
e Telecomunicações afirmou que ninguém quer que o usuário tenha uma sensação
ruim ao usar a internet, mas entende que não pode haver é uma proibição de
modelos de negócios variados. “Quem quiser fornecer sem limite que forneça sem
limite. Quem quiser ter limite vai oferecer com um preço apropriado para isso”,
disse ele.
Já Rafael Zanatta, do IDEC, entende que as empresas não tiveram êxito em demonstrar a
real necessidade da mudança proposta. Segundo ele, “não existe um problema
grave de congestionamento das redes no Brasil, não existe um problema de
usuários pesados que estão usando a internet para baixar jogos ou conteúdos
pesados, pelo contrário, as empresas estão com maior capacidade de transmissão
de dados e estão com uma infraestrutura cada vez melhor com cabeamento de fibra
ótica."
O processo
de tramitação continua e a proposta será analisada de forma prioritária pelas
comissões de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática, de Constituição e
Justiça e de Cidadania e finalmente pelo Plenário.
A sorte do entulho vermelho será selada pela 8ª Turma do Tribunal Regional
Federal da 4ª Região, composta pelos desembargadores João Pedro Gebran, Leandro Paulsen e Victor
Laus.
Antes da postagem do dia, uma notícia importante (que eu já adiantei na
tarde de ontem, mas enfim...):
Saiu a tão esperada sentença em que o juiz Sérgio Moro condenou Lula a 9 anos e seis meses de prisão. Mas é preciso ter em mente que só estaremos livres do sacripanta depois que o TRF4 julgar o recurso ― que certamente será interposto ― e confirmar a decisão de Moro.
Saiu a tão esperada sentença em que o juiz Sérgio Moro condenou Lula a 9 anos e seis meses de prisão. Mas é preciso ter em mente que só estaremos livres do sacripanta depois que o TRF4 julgar o recurso ― que certamente será interposto ― e confirmar a decisão de Moro.
Como se sabe, o entendimento firmado no STF em novembro do ano passado é
de que réus condenados em primeira instância só podem ser presos depois de a
sentença transitar em julgado ― ou, em havendo recurso, quando a decisão for
confirmada em segunda instância.
Moro até cogitou de pedir a prisão preventiva do molusco, notadamente em
virtude do comportamento do réu durante o processo ― de “intimidação da
Justiça, dos agentes da lei e até da imprensa”. Entretanto, considerando que “a
prisão cautelar de um ex-presidente da República envolve certos traumas, e a
prudência recomenda que se aguarde o julgamento pela Corte de Apelação antes de
se extrair as consequências próprias da condenação”, o magistrado decidiu que Lula
poderá apresentar a sua apelação em liberdade (para bom entendedor, meia
palavra basta, mas voltarei a esse assunto numa próxima oportunidade, depois
que sentença repercutir e que a poeira baixar).
Ainda não se sabe quando a defesa do ex-presidente petralha irá
apelar, nem quando Moro enviará os autos ao TRF4, mas dificilmente a confirmação da sentença se dará ainda
neste ano (com sorte, ela ocorrerá no primeiro semestre de 2018).
A palhaçada protagonizada anteontem pela patuleia nada fica devendo ao
que se vê na Venezuela, onde o Congresso é frequentemente invadido por
vândalos e os parlamentares, submetidos a pressões ilegais. Talvez inspiradas
no país vizinho, tão admirado pelos petistas e seus igualmente imprestáveis seguidores, quatro senadoras de esquerda, incentivadas por Lindbergh Farias ― estimulado, por sua vez, pelo ex-ministro guerrilheiro de
araque e atual condenado na Lava-Jato José Dirceu ―, se aboletaram na Mesa
Diretora do Senado, atrasando a votação da reforma trabalhista em quase seis
horas. Mesmo assim, o texto base foi aprovado por 50 votos a favor e 26
contrários.
A cena dantesca da “bancada da chupeta” traçando uma quentinha foi exibida reiteradamente por todos os telejornais, e o pior é que as protagonistas pareciam acreditar, realmente, que estavam promovendo uma ação histórica,
quando seu comportamento histérico
foi um flagrante desrespeito aos princípios mais elementares do Estado Democrático de Direito (confira no vídeo
abaixo).
A reforma trabalhista é essencial. Primeiro, porque a CLT remonta
aos anos 1940 (governo de Getúlio Vargas) e, portanto, está totalmente
divorciada da realidade atual. Segundo, porque temos 14 milhões de
desempregados; terceiro, porque é quase impossível estimular a criação de novos
postos de trabalho quando cada trabalhador custa ao empregador o dobro do que
lhe é pago a título de salário. Isso sem mencionar que a legislação em vigor é
indiscutivelmente populista e propicia enxurradas de reclamatórias: só
no ano passado foram registradas mais de três
milhões de novos processos trabalhistas ― 50 vezes mais do que a média dos
demais países ―, o que eleva o Brasil ao topo do ranking mundial nesse quesito.
Temer festejou a aprovação do texto base da reforma trabalhista,
mas, por via das dúvidas, continua se empenhando no aviltante troca-troca de
membros da CCJ, buscando amealhar votos suficientes para rejeitar o relatório
do deputado Sérgio Zveiter. Num momento delicado, em
que o governo não tem verba sequer para emitir passaportes, o Planalto liberou,
nos últimos dois meses, mais de 1 bilhão
de reais em verbas visando comprar o apoio dos deputados.
A rigor, a aprovação do relatório
de Zveiter não faz grande diferença,
já que a questão terá de ser debatida e votada no plenário da Câmara, onde o
presidente precisa de 172 votos para se manter no cargo ― pelo menos
temporariamente, já que Janot deve
apresentar mais duas denúncias contra ele.
Parece fácil, mas não é: devido à gravidade das denúncias, à
fragilidade da defesa e ao peso do relatório de Zveiter, a posição do governo vem se se fragilizando dia após dia. O relator registrou que impedir que
o Supremo julgue o presidente não lhe restabeleceria o vigor necessário
para sairmos desta crise, e deixar sem esclarecimentos os incontáveis indícios
de crime funcionaria como um ácido que corroerá diariamente sua já abalada autoridade.
O fato é que muita água ainda vai rolar por debaixo da ponte. Para o
governo, é importante liquidar a questão até a próxima segunda-feira, antes do
recesso parlamentar. Mas nada garante que isso venha a acontecer, e a cada dia
aumentam as chances de fatos novos fragilizarem ainda mais a já delicada
posição de Michel Temer nessa desgostante disputa pelo poder. E às favas com os interesses da nação!
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