“Em atenção à dignidade do cargo”, o juiz concedeu a Lula algumas
deferências especiais, como a opção de se entregar espontaneamente (o prazo
expira às 17 horas desta sexta-feira) e a proibição do uso de algemas “em
qualquer hipótese”, além de determinar que o prisioneiro seja acomodado num cômodo especial (algo tipo “sala de Estado Maior”), separado dos demais presos, sem
qualquer risco para sua integridade moral ou física. Mas a petralhada quer baderna,
quer sangue, quer o caos.
Durante toda esta manhã, especulou-se se e quando Lula se entregaria. Agora, porém, essa possibilidade parece ter sido descartada. O mulusco quer explorar ao máximo sua
postura vitimista, tanto é que um de seus advogados ― o conspícuo dr. Zanin ― recorreu (mais uma vez) à ONU, como se coubesse àquela entidade
se imiscuir em questões internas de um país soberano.
A defesa também ingressou com outro habeas corpus (agora não mais
preventivo, já que existe um mandado de prisão) no STJ. O pedido está sendo examinado pelo
ministro-relator Felix Fisher, mas
parece ser consenso entre os analistas que será indeferido. No entanto, não se pode tolher à defesa seu direito de espernear.
Lula continua
entrincheirado na sede do sindicato dos metalúrgicos do ABC, juntamente com alguns
cupinchas. Defronte ao prédio, um grupelho de militantes promove uma “vigília
permanente”. Agora há pouco, o
presidente estadual do PT, Luiz Marinho, disse que o comandante da ORCRIM fará um pronunciamento às 4 horas desta tarde ― uma hora antes, portanto, do final do prazo estabelecido pelo
juiz Moro.
A tática de Lula
é clara: pregar o discurso da resistência para manter a militância a postos até
o último minuto, para que a adesão à vigília
(que já não é nenhuma Brastemp) não caia. No entanto, a cúpula do
partido receia que os advogados abandonem sua, caso ele decida realmente descumprir
a decisão judicial. Até porque os nobres causídicos ficariam numa situação delicada se
compactuassem com essa estratégia.
Em 2016, o demiurgo
de Garanhuns afirmou que, se fosse condenado por algum crime, iria a pé até
Curitiba para ser preso. Agora, réu em 7 ações penais e condenado numa delas em
primeira e segunda instâncias, o petralha mudou o discurso. E como já são
quase 3 horas da tarde, seria impossível ele chegar a Curitiba antes das cinco.
E se resolver mesmo discursar, talvez não consiga chegar nem mesmo à
sede PF em São Paulo, que fica no
bairro da Lapa (zona oeste da cidade).
Nesse meio tempo, o ministro-deus Gilmar Mendes, que está voltando de Portugal, disse (ainda além-mar)
que a ordem de prisão foi "absurda" e que a situação atual no Brasil
é de "despotismo judicial". Mas demonstrou alguma coerência ao culpar
o PT por essa merdeira: segundo ele,
o partido “está sendo vítima de sua própria obra”.
Na minha modesta opinião, o ministro perdeu mais uma boa oportunidade
de ficar calado.
Visite minhas comunidades na Rede
.Link: