NÃO É QUE HAJA
MUITOS CORRUPTOS NA POLÍTICA BRASILEIRA; É QUE HÁ POUCA POLÍTICA PARA ATENDER A
TODOS.
É fato que o WannaCrypt se aproveitou de uma brecha de segurança do Windows (já corrigida pela Microsoft, mas não necessariamente pelos usuários de seu festejado sistema operacional) para sequestrar dados de mais de 300 mil computadores em 150 países.
Também é fato que o Brasil foi o quinto país mais atingido pelo mega ataque hacker desfechado no último dia 12 (que obrigou os postos do INSS a fechar mais cedo e o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo a desligar seus computadores), e que novos ataques de menor magnitude ocorreram nos dias 15 e 17, valendo-se de variações do WannaCrypt e atingir basicamente os mesmos objetivos ― quais sejam sequestrar (encriptar) arquivos e cobrar resgate para redisponibilizá-los.
Como eu já antecipei em outras postagens, 2016 foi considerado “o ano do ransomware” pelos analistas de segurança, mas esses mesmos analistas já alertavam que 2017 poderia ser ainda pior (curiosamente, o mesmo se deu no cenário político: depois de um ano especialmente conturbado pelo impeachment da anta vermelha, começamos 2017 com a morte do ministro Teori Zavascki e uma caudalosa sucessão de escândalos “cada um pior que o outro”, como diria minha falecida avó).
Por essas e por outras, a despeito de computadores convencionais serem mais susceptíveis a ataques dessa natureza, não pense que seu smartphone está fora de perigo. Talvez ele não seja vulnerável ao WannaCrypt, que foi escrito para se aproveitar de uma brecha no sistema operacional Windows, mas nada garante que a bandidagem não use outra praga similar que foque no Google Android, por exemplo, que é o sistema operacional para dispositivos móveis mais usado no mundo inteiro. E é sabido que a esmagadora maioria de smartphones é bem menos cuidadosa ao abrir arquivos, seguir links e navegar por sites suspeitos a partir dos telefoninhos do que quando o faz usando um notebook ou um desktop.
Barbas de molho, pessoal. Depois que a caca está feita, não adianta chorar, e nem sempre é fácil limpar.
AINDA A NOVELA DO FORO ESPECIAL POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO
Como a grandeza da renúncia (vide postagem anterior), a honestidade também anda em falta nas prateleiras da política tupiniquim. Para ficar apenas nos exemplos mais recentes (e emblemáticos), a Lista de Fachin ― resultante das delações dos 77 da Odebrecht ― envolveu nada menos que 1/3 do alto escalão do governo, 36% dos (81) senadores e 8% dos (513) deputados federais, e dos irmãos Joesley e Wesley Batista e mais 5 executivos da JBS/J&F, quase 2.000 políticos, dentre os quais o presidente Michel Temer (que também foi citado pelos delatores da Odebrecht, mas não se tornou alvo de investigação porque as denúncias apontavam atos praticados antes de ele assumir a presidência).
Mas parece haver uma luz no fim do túnel: o Senado aprovou anteontem, em segundo turno a PEC que extingue o foro privilegiado. Para entrar em vigor, no entanto, a medida precisa ser aprovada no plenário da Câmara (também em dois turnos) e receber sanção presidencial.
Paralelamente, na mesma quarta-feira o STF deu início ao julgamento de uma ação de relatoria do ministro Luiz Roberto Barroso, envolvendo o atual prefeito de Cabo Frio, Marcos da Rocha Mendes, que versa sobre o mesmo tema. Depois que o relator deu seu voto (favorável à restrição da prerrogativa de foro), a sessão foi adiada.
O julgamento foi retomado na tarde de ontem. Se a maioria dos ministros seguir o voto de Barroso, deputados e senadores somente responderão a processos criminais no STF se os fatos imputados a eles ocorrerem durante o mandato. Com isso, apenas 90% dos processos que estão em trâmite no Supremo serão encaminhados para outras instâncias do Judiciário, onde a tramitação costuma ser muito mais rápida.
Na quarta-feira, antes de Barroso anunciar seu voto, o Procurador-Geral da República defendeu regras mais restritas para o foro privilegiado, sem o que, segundo ele, o aumento exponencial de demanda de processos criminais não tardaria a paralisar o Supremo. Todavia, Janot concordou com a proposta do relator, no sentido de que os processos que já estão conclusos permaneçam no STF, para que a burocracia resultante da declinação de competência não atrase ainda mais os julgamentos. Para mais detalhes, siga este link.
E como hoje é sexta-feira, não deixe de assistir a este clipe imperdível!
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