Antes da matéria do dia, uma notícia que eu reputo
importante: Segundo a Folha publicou
em seu site no início da tarde de ontem, o ex-atleta Fabio Guerra confirmou que deu cerca de R$ 100 mil em dinheiro a Flávio Bolsonaro, como parte do
pagamento pela compra de um apartamento. Essa informação
corrobora o que o senador eleito disse nas entrevistas
que deu à Record e à Rede TV na noite do último domingo, mas, na noite de ontem, o Jornal Nacional noticiou que as datas não batem. Um detalhe interessante: segundo o blog PODER 247, tocado pelo "cumpanhêro" Leonardo Atuch ─ que se declara "independente", mas, como a maioria dos blogs financiados pelo PT e seus satélites, vive em um mundo fantasioso onde o presidente do Brasil, que foi eleito legitimamente pelas vias democráticas, é o líder de um “regime”, enquanto o ditador Nicolás Maduro, da Venezuela, é o chefe de um “governo" ─, a Globo está cada vez mais distante do “governo de extrema-direita”, enquanto a Record e o SBT tornaram-se as “emissoras extraoficiais do novo regime”. Volto oportunamente com mais detalhes.
Sob o título “NEM ÁTILA”, o jornalista J.R. Guzzo publicou mais uma pérola em sua coluna em Veja, que ultimamente vem atacando o governo Bolsonaro da primeira à última página. O texto de Guzzo quebrou essa hegemonia, interrompendo o tiroteio na penúltima página (a coluna do jornalista é publicada na última, que ele ocupa semana sim, semana não, alternando com Roberto Pompeu de Toledo). Na edição da semana passada, porém, os ataques começaram logo na capa, que exibiu uma montagem feita a partir da foto clássica de Jânio Quadros com os pés trocados (vide a ilustração desta postagem), que valeu a Erno Schneider o Prêmio Esso de Jornalismo em 1962. Mas passemos sem mais delongas ao que interessa, pois o tempo ruge e a Sapucaí é grande.
É realmente uma canseira, mas não tem outro jeito. A cada vez
que você vai escrever ou falar alguma coisa sobre a imprensa no Brasil, é
preciso explicar direitinho, se possível com desenho e quadro-negro, que o
autor não é —
repetindo: não é, de jeito nenhum, nem
pensem numa coisa dessas —
contra a liberdade de imprensa. Não está pedindo a volta da censura, mesmo
porque seria legalmente impossível. Não quer a formação de uma polícia para
fazer o “controle social dos meios de comunicação”. Não está “a favor dos
militares e contra os jornalistas”. Não acha, pelo amor de Deus, que é preciso
fechar nenhum jornal, revista, rádio, televisão, folheto de grêmio estudantil
ou seja o que for. Não lhe passa pela cabeça sugerir aos donos de veículos e
aos jornalistas que publiquem isso ou deixem de publicar aquilo; escrevam em
grego, se quiserem, e tenham toda a sorte do mundo para encontrar quem leia.
Com tudo isso bem esclarecido, então, quem sabe se possa dizer que talvez haja
um ou outro probleminha com a imprensa brasileira de hoje. Um deles é que a mídia está começando a revelar sintomas
de Alzheimer ou de alguma outra forma de demência ainda mal diagnosticada pela
psiquiatria.
É chato lembrar esse tipo de coisa, mas também não adianta
fazer de conta que está tudo bem quando dizem para você dia e noite, 100 mil
vezes em seguida, que o novo governo brasileiro provou ser o pior que a
humanidade já teve desde Átila, o
Huno. Não faz nexo. Até Átila
precisaria de mais de duas semanas de governo para mostrar toda a sua ruindade ─ e olhem que ele foi
acusado de comer carne humana e andava cercado de lobos, em vez de cachorros,
sendo que nenhum dos seus lobos era bobo o suficiente para chegar perto do dono
quando sentiam que o homem não estava de muito bom humor naquele dia. Além
disso, errar em tudo é tão difícil quanto acertar em tudo. Talvez fosse mais
racional, então, recuar para uma antiga regra da lógica: as ações devem ser
julgadas pelos resultados concretos que obtêm, e não por aquilo que você acha
delas. Um governo só pode ser avaliado depois de se constatar se as coisas melhoraram
ou pioraram em consequência das decisões que colocou em prática. O número de
homicídios, por exemplo ─
aumentou ou diminuiu depois de doze meses? A inflação está
em 2% ou em 20%? O desemprego caiu ou subiu? E por aí vamos.
Mas essa lógica não existe no Brasil de hoje. Está tudo
errado, 100% errado, porque é assim que decretam os estados de alma dos
proprietários dos veículos e dos jornalistas que empregam ─ e não porque mediram algum resultado concreto. Ou seja:
ainda não
aconteceu, mas o governo já
errou. A condenação começou no dia da posse de Bolsonaro e dali até hoje não parou mais. Os jornalistas,
denunciou-se já nos primeiros minutos, não receberam instalações à altura da
sua importância para a sociedade. Donald
Trump não veio. O discurso de estreia foi ruim — embora não tivessem publicado uma sílaba de algum discurso presidencial anterior, para
que se pudesse fazer uma comparação.
Há generais em
excesso no governo — e
qual seria o número
ideal de generais no governo? As médias
das administrações
de Sarney para cá? A média mundial?
O que é pior: o general A, B ou C ou os ministros Geddel, Palocci ou Erenice? Há poucos nordestinos. O
ministro do Ambiente acha que esgotos, por exemplo, ou coleta de lixo, são
problemas ambientais sérios. Conclusão: ele vai abandonar a Amazônia para os
destruidores de florestas.
Como o doente que repete sem parar a mesma coisa, não
consegue descrever o que vê pela janela, e esquece tudo o que lhe foi
demonstrado 1 minuto atrás, a imprensa travou. A prisão do terrorista Cesare Battisti foi uma “derrota” para Bolsonaro; imaginava-se que teria sido
uma derrota para Battisti, mas a mídia quer que você ache o contrário. O acesso
à armas de fogo para que um cidadão (só aquele que queira), tenha a chance de
exercer o direito de legítima defesa antes de ser assassinado, vai desencadear
uma onda de homicídios jamais vista na história. Como as armas de fogo são
caras, denuncia–se que a medida é “pró-elites”. E se vierem a baixar de preço?
Passarão a ser melhores?
Quando alguém começa a escrever coisas assim, e faz isso o
tempo todo, é porque parou de pensar; o cérebro não está mais ligando lé com cré.
É um problema. Os leitores, cada vez mais, estão percebendo que a imprensa é
inútil. Não só eles. No dia em que o governo descobrir que não precisa mais
prestar atenção à mídia, vai ver que está perdendo uma montanha de tempo à toa.
Dá para discordar?