segunda-feira, 18 de setembro de 2017

SOBRE RAQUEL DODGE NA PGR


A posse da nova procuradora-geral da República, Raquel Dodge, acontece na manhã de hoje e marca o fim de um dos mandatos mais intensos da instituição. Ela substitui Rodrigo Janot, que ocupou o cargo por dois mandatos, e a troca de comando acontece num momento de alta tensão, com a Lava-Jato incomodando 11 de cada 10 políticos e o presidente desta Banânia denunciado pela segunda vez, desta feita por formação de quadrilha e obstrução da Justiça.

A cerimônia de posse foi antecipada (das 10 para as 8 horas desta manhã) para contar com a participação do Temer ― líder do QUADRILHÃO DO PMDB na Câmara ―, que viaja mais tarde para os EUA. Janot não comparecerá à posse da sucessora, não só por ter considerado descortesia o prosaico convite que lhe foi enviado por email, mas também pelo fato de ambos serem tradicionais opositores na PGR.

Embora tenha dito que daria total apoio à Lava-Jato, Dodge resolveu dar um prazo de 30 dias para a saída da atual equipe da força-tarefa, que foi nomeada por seu antecessor ― a informação é da revista Época. Durante as eleições para a PGR, ela havia afirmado que todos integrantes da equipe de Janot estavam convidados a permanecer.

Pessoas próximas de Raquel Dodge dizem que, em seu discurso de posse, ela criticará vazamentos; ressaltará os danos de condenações midiáticas; defenderá o respeito ao devido processo legal e levantará a bandeira da harmonia entre os Poderes. A colegas do Judiciário, ela explicou que a decisão de criar uma estrutura para revisar delações não tem conexão com caça às bruxas ― ela quer encontrar lacunas para novas investigações e diz ter medo que, só com os relatos, as acusações não parem de pé. A pauta, decerto, agrada aos investigados, entre eles Michel Temer, que nomeou Dodge.

Ângelo Villela, preso pela PF e acusado de ter recebido propina da JBS, disse à Folha que Rodrigo Janot se referia a Dodge como “a bruxa”. E acrescentou: “Está no meu celular, que foi apreendido”. Aliás, em sua entrevista à Folha, o procurador afirmou que Janot tentou derrubar Michel Temer para impedir a posse de Dodge.

A luta de Janot para manter seu grupo no comando da PGR é um fato inquestionável. Mas igualmente inquestionável é o fato de Joesley Batista realmente ter repassado uma montanha de dinheiro imundo para os operadores de Michel Temer, Lula e Aécio Neves.