Nas próximas eleições, além da presidência da República,
estarão em jogo os governos estaduais, 2/3 do Senado, e a totalidade da Câmara.
Em 1989, disputava-se apenas a presidência ― o que dava mais força ao candidato
do que ao partido que o apoiava ―, e todas as grandes lideranças políticas
estavam na disputa. O embate final se deu entre os populismos de direita e de esquerda,
com Brizola sendo expelido no
primeiro turno e Collor derrotando Lula no segundo.
No pleito desse ano, os principais protagonistas são os populismos
de esquerda e de direita, encarnados, respectivamente, em Lula e Bolsonaro. Isso
se deve em parte ao fato de decadência moral e a crise econômica servirem de
adubo para populistas radicais, mas também por não ter surgido, pelo menos até
agora, um mísero candidato “de centro” que empolgue o eleitorado.
O último candidato não populista a presidente a derrotar um
rival populista foi FHC ― que venceu
Lula em dois pleitos consecutivos,
sempre no primeiro turno ―, menos pelo seu estilo de fazer política e mais pelo
Plano Real, que teve efeitos benignos
sobre o eleitorado (nada mais popular do que garantir ao povo uma melhoria
imediata de vida e uma moeda valorizada).
Melhorias de vida imediatas são geralmente produzidas por
medidas populistas. O Plano Cruzado,
por exemplo, garantiu a vitória dos acólitos de Sarney nas eleições majoritárias e proporcionais de 1986. Outro bom
exemplo é o Bolsa Família, que
alavancou o lulopetismo. Num país tão
desigual quanto o Brasil, Getúlio
sempre vencerá o Brigadeiro ―,
lembra Merval Pereira, referindo-se
às duas derrotas que Eduardo Gomes
sofreu na década de 40; uma para Dutra,
candidato de Getúlio, e outra para o
próprio Getúlio.
Para Michel Temer
e seu “legado”, o desafio será chegar às eleições sem se tornar a “Gení”, como aconteceu com Sarney em 1989. Ele aposta na melhora
da economia e parece mesmo acreditar que seu apoio será decisivo em outubro, e
em momentos de delírio explícito cogita até mesmo em se candidatar à reeleição.
Existe uma longa distância entre o que se deseja e o que se
obtém, e nada indica que, nos próximos meses, a melhoria da economia será significativa
a ponto o governo mais impopular da história num ativo eleitoral capaz de
neutralizar a ânsia da população por um “salvador da pátria” ― papel que Lula e Bolsonaro representam, ainda que por razões distintas.
Em última análise, o momento é de incerteza. Tudo que se tem
até agora não passa de mera especulação. O cenário só começará a se definir a
partir do próximo dia 24 ― Deus permita que com Lula fora do páreo e, se possível, dentro de uma cela no presídio.
Geraldo Alckmin
terá de “fazer o diabo” para crescer nas pesquisas e mostrar que foi acertada a
decisão do partido [de escolhê-lo em detrimento de João Doria]. Não é à toa que
Luciano Huck parece disposto a
voltar ao páreo. Além disso, até abril o cenário pode mudar, com a entrada de
nomes como Joaquim Barbosa, Henrique Meirelles, Marina Silva e outros quaisquer.
Infelizmente, nenhum entusiasma, todos decepcionam.
Pobre Brasil.
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