A diferença entre o “mortadela”
e o “coxinha” é que o primeiro quer
ver o criminoso Lula na presidência,
e o segundo quer ver o “criminoso” Aécio na cadeia.
Observação: Lula é réu em 7 ações e já foi condenado a 12 anos e 1 mês de prisão. Aécio se tornou réu pela primeira vez na semana passada. Se o tucano é culpado
dos crimes que lhe são imputados, a Justiça é que vai decidir, daí porque eu
escrevi “criminoso” Aécio entre
aspas. Mas volto a lembrar que não simpatizo com partido algum, acho que lugar de político corrupto é na cadeia e que todos devem pagar por seus
crimes, não importa a sigla, a ideologia, o credo
religioso, a marca da gravata ou do relógio.
Acho curioso as pesquisas apontarem que 84% dos brasileiros são a favor da
Lava-Jato (e, por extensão, contra a corrupção) e, ao mesmo tempo, que 37% dos pesquisados
se dizem propensos a votar em Lula. Faça as contas. Demais disso, por que diabos continuam incluindo o demiurgo de Garanhuns na lista de "presidenciáveis" se ele está preso, é
ficha-suja e não poderá disputar as eleições?
Depois de ter sido engaiolado, Lula caiu 6
pontos porcentuais nas pesquisas. No melhor cenário, há 31% de idiotas dispostos a votar
nele. Não é pouco se considerarmos que Bolsonaro e Marina estão
empatado tecnicamente com 17% e 15%, Alckmin não sai dos 6% e Joaquim
Barbosa ― que não é oficialmente candidato ― tem 10%. Mas essas pesquisas, além de não
serem 100% confiáveis (basta ver o que aconteceu nas eleições municipais de
Sampa em 2016), retratam o momento em que foram realizadas; se, como diz a Band News, em 20 minutos tudo pode mudar, imagine quanta água vai rolar até
outubro.
Joaquim Barbosa
ficou conhecido no julgamento do mensalão e tem tudo para chegar ao segundo
turno, sobretudo porque sua imagem é associada ao combate à corrupção. Ele pode granjear votos tanto dos órfãos de Lula que não votariam no PT de jeito
nenhum quando dos que não se
identificam com Bolsonaro. O
problema é que ele não é uma unanimidade (nem mesmo dentro do PSB), e ainda está arriscado a perder o
bonde se continuar nessa cruel indecisão ― o que favoreceria Marina Silva, a eterna sonhática, ou o próprio Alckmin, o eterno picolé de chuchu. Ciro Gomes
(que Deus nos livre e guarde de mais essa desgraça) também tem potencial, mas
seu temperamento explosivo não ajuda. Sem Lula
no páreo, ele teria melhores chances se conquistasse o apoio dos demais
partidos de esquerda, mas o PCdoB
quer Manuela D’Ávila, e o PSOL, Guilherme-sem-terra- Boulos.
É provável que o cenário fosse outro se Aécio Neves não estivesse mergulhado até os beiços em suspeitas de
corrupção. Depois de quase vencer a anta vermelha em 2014 ― e eu ainda acho que
ele perdeu devido a um número significativo de urnas eletrônicas com opinião própria e tendências esquerdistas ―, a pergunta não era se o tucano seria presidente, mas quando. Agora, feito réu no STF, ele terá que se dar por
feliz se conseguir uma vaga de deputado federal (isso se não for preso antes do
pleito). Aliás, para o atual presidente nacional do PSDB, Aécio deveria desistir
de qualquer pretensão eleitoral, fosse à reeleição ao Senado, fosse para
deputado.
A poucos meses do pleito mais imprevisível das últimas 3
décadas, a desgraça que se abateu sobre Aécio
desgraçou também o partido dos tucanos (não que a sigla precisasse de ajuda
para se trumbicar, como se pode inferir das considerações que eu expendi nesta postagem). Investigado em 9
inquéritos, o mineirinho safo se tornou réu por decisão unânime da 1ª Turma do STF, que
aceitou a denúncia da PGR por corrupção passiva e obstrução de Justiça.
Observação: Aécio foi gravado pedindo R$ 2 milhões a Joesley Batista, dono da JBS. O valor foi entregue em parcelas a
pessoas próximas ao senador, sendo que a PF
chegou a filmar a entrega de dinheiro vivo a seu primo Frederico Pacheco ― que é corréu no processo, juntamente com a irmã
do tucano, Andrea Neves da Cunha, e Mendherson Souza Lima, ex-assessor do
também senador tucano Zezé Perrella.
Aécio pode vir a ser processado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso de Furnas; por gestão fraudulenta,
falsidade ideológica, corrupção passiva e lavagem de dinheiro na CPI dos Correios, por pedir R$ 6 milhões em propina à Odebrecht nas eleições de 2014; por
corrupção passiva e ativa e lavagem de dinheiro também no pleito de 2014; por
receber propina para beneficiar a Odebrecht
no leilão das usinas de Santo Antonio
e Jirau; por armar um cartel nas
obras da sede do governo de Minas para obter propina; e por receber propina
entre 2014 e 2016 da JBS, além de
atuar para ocultar a origem do dinheiro.
Mas não é só. O açougueiro bilionário disse à PGR que
pagou R$ 50 mil por mês ao tucano, ao longo de dois anos, por meio de uma rádio da
qual o senador era sócio (o dinheiro para “custeio mensal
das despesas do senador”, segundo o dono da JBS). Pela
soma das notas fiscais, o total chegou a R$
864 mil. Reportagem da Folha de 13 de março revelou
que Aécio
vendeu suas cotas da rádio Arco Íris para Andrea Neves, sua irmã, por R$ 6,6 milhões em setembro de 2016. Nas
declarações de Imposto de Renda do tucano, obtidas pela PGR mediante quebra de sigilo autorizada pelo Supremo, o valor declarado das mesmas cotas em 2014 e 2015 foi de R$ 700 mil. Com essa negociata, o
patrimônio declarado de Aécio chegou
a R$ 8 milhões em 2016.
Resumo da ópera: Como
bem pontuou Roberto Pompeu de Toledo,
o avô Tancredo Neves não conseguiu
assumir a presidência em 1985 e, pela razão que se sabe, não teve oportunidade
de tentar novamente. O neto Aécio obteve 51 milhões de votos em 2014, o que lhe daria uma segunda chance em condições vantajosas, mas dissipou-a nos descaminhos, pontilhados
de um trambique aqui, outro acolá, que os políticos vão percorrendo em paralelo
à carreira, conforme prova a Lava-Jato.
Como este post já está longo demais, vou deixar Alckmin para uma próxima oportunidade.
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