Na última terça-feira, a 2ª Turma do STF avançou noite adentro para absolver, por unanimidade, a presidente da quadrilha vermelha, Gleisi Hoffmann, e seu marido, o ex-ministro petralha Paulo Bernardo, da acusação de corrupção passiva e lavagem de
dinheiro, e por 3 votos a 2, de falsidade ideológica eleitoral (crime
popularmente conhecido como “caixa 2).
O processo contra o casal petralha chegou à Corte em março
de 2015 e foi recebido pela segunda turma, também por unanimidade, no final de
setembro de 2016. A denúncia, fundamentada nas delações premiadas do ex-diretor
de abastecimento da Petrobras Paulo
Roberto Costa, do doleiro Alberto
Youssef e do advogado Antonio
Pieruccini, foi considerada “insuficiente” para embasar uma condenação.
Narizinho é alvo
de outras duas denúncias da PGR: uma
envolvendo o núcleo político do PT,
sob a acusação de que a sigla recebeu propina por meio da utilização da
Petrobras, do BNDES e o Ministério do Planejamento, e outra que trata de uma
linha de crédito entre Brasil e Angola, que teria servido de base financeira à
corrupção na campanha da senadora ao governo do Paraná em 2014.
Na próxima terça-feira, véspera do jogo do Brasil contra a
Sérvia, essa mesma turma julgará mais um recurso da defesa de Lula, que pede a concessão de efeito
suspensivo da condenação que levou o molusco abjeto à prisão.
Há quem veja a absolvição de Gleisi como um ensaio derradeiro do elenco que prepara para o
próximo dia 26 o ato mais audacioso da interminável ópera dos infames. Se os
ministros acharam as caudalosas provas que afogaram no pântano do Petrolão a
presidente do PT, o maridão e um
comparsa, podem fazer de conta que Lula
é mesmo a alma viva mais pura do planeta e, portanto, tirá-lo da cadeia.
De acordo com Augusto
Nunes, a opção pela miopia malandra levou a bancada dos libertadores de
delinquentes a atropelar o Código Penal e absolver a “menina” que, segundo Roberto Requião, “queria ser freira
para ajudar os pobres”. Essa espécie de miopia não é uma disfunção visual, mas
uma decorrência de fraturas no caráter. Se Lula
for absolvido no dia 26, a 2ª Turma
deixará de ser um tribunal para se transformar no departamento jurídico do
grande Clube dos Cafajestes. Caso se consume essa afronta ao país que pensa e
presta, os juízes de araque vão descobrir que podem muito, mas não podem tudo.
Mesmo num Brasil infestado de vigaristas verbosos, ainda existem juízes de
verdade. Existem também milhões de cidadãos honrados, todos decididos a
apressar o sepultamento da canalhice hegemônica.
Para outros analistas, porém, dificilmente o pedido da
defesa do criminoso de Garanhuns será acolhido, em que pese a absolvição de Gleisi. Até porque o assunto já se
esgotou com a decisão do plenário da corte de negar habeas corpus ao paciente. Se o julgamento não se encerrar numa única sessão, a decisão
ficará para agosto, devido ao recesso de meio de ano do Judiciário.
Gleisi se safou no STF, mas Lula deve continuar a cadeia. Uma coisa é desmontar as
denúncias de Rodrigo Janot, outra
coisa é reverter uma pena imposta por Sergio
Moro e corroborada por todos os desembargadores do TRF-4 e todos os ministros do STJ.