Questionado sobre as relações com
a China, o ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo negou que
houve hostilidade em relação ao país asiático (confira mais trechos do
depoimento clicando aqui). Perguntado se agradeceu à Venezuela
pela doação de oxigênio em janeiro, quando o Amazonas vivia uma
grave crise por falta do insumo, ele respondeu que não e que nem havia entrado em
contato com o governo venezuelano (acesse outros trechos do depoimento clicando aqui), e foi duramente criticado por não
ter intermediado uma viagem com aviões da FAB para agilizar a entrega
dos cilindros — feita por terra, a viagem demorou muito mais, e pessoas
morreram nesse entretempo.
O depoente desta quarta-feira será o o general Eduardo Pazuello, o mais longevo ministro da Saúde durante a pandemia, cuja gestão foi marcada por uma série de polêmicas. Entre outros pontos, os senadores deverão inquiri-lo sobre o colapso no sistema de saúde de Manaus; omissões do governo na compra de vacinas e insumos; orientações do ministério para produção, compra e uso de medicamentos comprovadamente medicamentos ineficazes contra a Covid, como a cloroquina.
Originalmente, o depoimento estava marcado para 5 de maio, mas, um dia antes, Pazuello, que é “expert em logística”, saiu pela esquerda alegando ter tido contato com pessoas que contraíram Covid e que, portanto, deveria permanecer em quarentena. No dia seguinte, o Estadão noticiou que o general esteve reunido com o ministro Onyx Lorenzoni, além de ter sido flagrado transitando sem máscara pelo hotel onde mora.
Na condição de testemunha, o deponente precisa falar a verdade, sob o risco de incorrer no crime de falso testemunho. O habeas corpus concedido pelo ministro Ricardo Lewandowski lhe dá o direito de ficar em silêncio apenas nos casos em que responder resultaria em autoincriminação (o ex-ministro é alvo de um inquérito criminal que investiga supostas omissões na crise que levou ao colapso de saúde em Manaus).
Vale ressaltar que o mesmo benefício não foi concedido por Lewandowski à secretária de Gestão do Trabalho e Educação na Saúde, Mayra Pinheiro — também conhecida como "Capitã Cloroquina" — cujo depoimento está marcado para amanhã. Ao negar o pedido, o magistrado disse que, ao contrário de Pazuello, ela não é investigada na esfera criminal ou administrativa sobre os fatos apurados pela CPI, sendo chamada na condição de testemunha.
Durante a
gestão de Pazuello, militares escolheram, sem licitação, empresas para
reformar prédios antigos no Rio de Janeiro. E, para isso, usaram a
pandemia como justificativa para considerar as obras urgentes. A AGU
identificou dispensas de licitação a duas empresas contratadas para reformas de
galpões na Zona Norte da capital e na sede do Ministério da Saúde no estado do
RJ.
Dito isso, passemos à postagem do dia.
As palavras têm poder. Tanto é que são o principal instrumento de populistas e vigaristas. Políticos demagogos utilizam-nas em promessas rocambolescas para obter votos e estelionatários, em suas narrativas para “depenar os patos” — sem a colaboração (ainda que involuntária) das vítimas, esses espertalhões “estariam na roça”. Não obstante, é preciso deixar claro que a culpa não é das palavras, mas de quem se serve delas de maneira criminosa e, em menor medida, dos inocentes úteis que dão ouvidos ao “canto da sereia”. Como se costuma dizer, armas não matam pessoas, pessoas matam pessoas.
Observação: A origem do termo “vigarista” advém de um episódio envolvendo a disputa de duas paróquias por uma imagem de Nossa Senhora. Reza a lenda que, para pôr fim à contenda, um dos vigários sugeriu amarrar a santa a um burro e soltá-lo no meio do caminho. O burro foi para uma das igrejas, que ficou com a imagem até que se descobriu que o dono do animal era o vigário daquela paróquia. Já as “sereias” são descritas como seres metade mulher e metade peixe (ou pássaro) que habitavam o Mar Tirreno e desorientavam os marinheiros com seu canto mavioso. Desgovernadas, as embarcações colidiam com os recifes e os marujos que conseguiam nadar até a praia eram devorados pelas sereias. Segundo a Odisseia (obra do poeta grego Homero), Odisseu ordenou à tripulação que tapasse os ouvidos com cera e, amarrado ao mastro do navio, resistiu ao canto das sereias. Uma delas, despeitada, atirou-se do alto do penhasco — a exemplo do que fez a Esfinge quando o Rei Édipo decifrou seu enigma.
Rivalidade na política sempre existiu, mas a polarização
exacerbada que dividiu o Brasil remonta ao primeiro pleito presidencial pelo
voto direto desde
a eleição de Jânio Quadros em 1960. Vale lembrar que Tancredo Neves
foi eleito
indiretamente em janeiro de 1985, mas baixou ao
hospital 12 horas antes da cerimônia de posse e morreu 38 dias e 7 cirurgias
depois, sem jamais ter vestido a faixa.
Após uma gestão calamitosa do vice do político mineiro — falo do maranhense José Sarney —, o carioca-alagoano Fernando Collor de Mello — um populista de direita travestido de “caçador de marajás” — derrotou Lula — um semianalfabeto malandro, mas dono de um carisma invejável, na eleição “solteira” de 1989, convocada exclusivamente para a escolha do novo presidente. Nenhum dos 22 postulantes ao cargo obteve mais de 50% dos votos no primeiro turno e os dois mais votados se enfrentaram no segundo, que resultou na vitória de Collor.
Ao ser empossado, o caçador de marajás de festim prometeu abater com um único tiro o “tigre da inflação” (que avançava a uma velocidade de 80% ao mês), mas o “Plano Collor”, que incluiu ações de impacto — como a redução da máquina administrativa com a extinção ou fusão de ministérios e órgãos públicos, a demissão de funcionários públicos, o congelamento de preços e salários e o confisco dos ativos financeiros pelo período de 18 meses — não demorou a fazer água. A mentora intelectual desse pacote de maldades foi a folclórica ministra da Fazenda que teria um tórrido affair com o ministro Bernardo Cabral — conhecido como Boto Tucuxi — e mais adiante desposaria Chico Anysio, “o humorista que se casou com a piada”. Em janeiro de 1991, Zélia lançou o Plano Collor II, que também não produziu resultados duradouros e foi substituído pelo Plano Marcílio — assim chamado numa alusão ao nome do economista Marcílio Marques Moreira, que assumiu o comando da pasta.
A opinião pública já vinha desgostosa com a petulância e o
despreparo da equipe collorida — um bando de jagunços comandados por um
presidente tão investido da aura de salvador que exalava arrogância por todos
os poros. Quando a caça às bruxa ganhou vulto, criou-se o clima de linchamento
propício ao afloramento dos sentimentos mais mesquinhos. Os escândalos se
sucediam em intervalos cada vez mais curtos, como se a mera exposição de um
amplo sistema de propinas não fosse suficiente. Um dia era o Fernandinho
“do pó”, no outro era o sujeito que fazia macumbas no porão da Casa
da Dinda, que cantou a cunhada, que era maníaco-depressivo e
que ficava em estado catatônico e precisava receber remédio na boca.
Observação: Entre o fim do Plano Marcílio e o início
do Plano Real — deflagrado em 1994, sob a presidência
de Itamar Franco e com Fernando Henrique Cardoso no
comando da Economia — a hiperinflação finalmente começou a ser debelada.
O primeiro impeachment da Nova República foi julgado
quatro meses depois que o homem macho de colhão roxo foi
afastado do cargo. A despeito de ter renunciado horas antes da sessão no
Senado, Collor foi condenado e teve os direitos políticos cassados por oito anos (pena prevista na Lei do Impeachment, que não seria aplicada em 2016, quando do impeachment de Dilma Rousseff, mas isso já é outra conversa). Ironicamente, a queda do caçador de marajás foi desencadeada por uma denúncia do próprio irmão, Pedro Collor, e pelo
pagamento de
um prosaico Fiat Elba com um “cheque fantasma”.
Seria improvável que um beócio se elegesse presidente da República, mesmo numa banânia como a nossa, e dois beócios conseguirem essa proeza seria virtualmente impossível. Só que não. Após ser derrotado mais duas vezes, o retirante nordestino que sempre ambicionou a vida fácil e se jactava de jamais ter lido um livro finalmente foi eleito Presidente. Mas vamos por partes.
Depois de decepar o dedo mínimo da mão esquerda num “acidente de trabalho” pra lá de suspeito, Lula deixou de ser torneiro mecânico e iniciou uma profícua carreira de sindicalista predador, iniciando e encerrando greves para ganhar dinheiro em acordos espúrios (detalhes no livro O Brasilianista Natural e o Petismo Era Lula - Volume I, escrito pelo ex-engenheiro sênior de metalurgia da CSN Lewton Verri, que conheceu o ex-metalúrgico na década de 70).
Tão logo encontrou quem pagasse a conta, afirma o autor da obra, o petista trocou a pinga vagabunda e os cigarros baratos por vinhos premiados, uísques caríssimos e charutos de US$ 100. Em 1980, valendo-se de seu extraordinário carisma, o desempregado que deu certo — que já não sabia o que era chão de fábrica desde 1972 — fundou o PT e passou a se dedicar em tempo integral à “arte da política”.
Observação: O general Golbery do Couto e Silva, ex-chefe da Casa Civil em dois governos da ditadura militar e arquiteto da “abertura lenta e gradual”, disse certa vez a Emílio Odebrecht que o pseudo militante comunista nada tinha de esquerda, que ele não passava de um “bon-vivant”. E o tempo provou quão acurada foi sua avaliação.
Lula jamais foi o que a construção de sua imagem pretendia, mas sim alguém avesso ao trabalho, que vivia de privilégios e mordomias conquistados através de contatos proveitosos e a poder da total ausência do conjunto de valores éticos e morais que permitem distinguir o aceitável do inaceitável.
Como desgraça pouco é bobagem, um ex-capitão do Exército que o general-ditador Ernesto Geisel definiu como um caso completamente fora do normal de mau militar numa entrevista a historiadores da FGV em 1993, e que aprovou dois míseros projetos em 28 anos como deputado do baixo clero da Câmara Federal, foi eleito Presidente em 2018 graças à formidável conjunção de fatores que já detalhei ad nauseam em outras postagens.
No primeiro turno do pleito de 2018 o esclarecidíssimo
eleitorado tupiniquim eliminou Álvaro Dias, Henrique
Meirelles, João Amoedo e Geraldo Alckmin — que não eram nosso “sonho
de consumo”, mas que poderíamos ter experimentado — juntamente Vera Lucia,
Eymael, Cabo Daciolo, João Goulart Filho, Guilherme
Boulos e outras bizarrices explícitas. Acabou que, para impedir a
volta daquele a quem nosso (ainda) presidente se referiu no último dia 12 como “ladrão de nove dedos”,
fomos forçados a apoiar quem não queríamos para evitar a volta de quem
queríamos menos ainda.
Gustavo Bebianno, que passou
de aliado a desafeto de Bolsonaro depois de ser penabundado do cargo
de ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência em fevereiro de 2019 — disse
em entrevista à Jovem Pan que foi demitido por Carlos
Bolsonaro, a quem classificou de “destruidor de reputações”. Na
mesma entrevista, o ex-amigo de fé, irmão, camarada e articulador da campanha chamou de
psicopata o presidente que ajudou a eleger e disse se sentir “vulnerável
e sob risco constante" por ter entrado em choque direto com o filho 02.
No evento que marcou sua filiação ao PSDB, o ex-ministro declarou
que “a
democracia estava em risco devido à postura de Bolsonaro” e atribuiu o
ambiente de “instabilidade política e econômica ao grau de loucura e
irresponsabilidade capitaneado pelo próprio presidente”.
Bebianno tencionava disputar a prefeitura do Rio de Janeiro em 2020, mas foi fulminado por um infarte agudo do miocárdio seguido de queda, em março do ano passado, quando estava escrevendo um livro sobre os bastidores da campanha do capitão (cujo título seria “Uma Eleição Improvável”). Por motivos óbvios, ele era um arquivo vivo da campanha, e foi para Bolsonaro o que PC Farias foi para Collor e Antonio Palocci para Lula.
Para os teóricos da
conspiração, a morte de Bebianno foi tão suspeita quanto a de Ulysses
Guimarães (o helicóptero em que o Sr. Diretas viajava de Angra dos
Reis para a capital paulista mergulhou
no mar próximo à Praia do Sono, poucos minutos após a decolagem),
do ex-presidente
Juscelino Kubitschek (no auge da ditadura militar, devido a um
estranho acidente automobilístico na via Dutra), do então candidato
à presidência Eduardo Campos (num acidente aéreo ocorrido em agosto de
2014) e do ministro
Teori Zavascki (idem, em janeiro de 2017). Isso sem mencionar os
assassinatos (jamais esclarecidos) dos prefeitos petistas Celso
Daniel (de Santo André) e Toninho
do PT (de Campinas).
Voltando o relógio até o tempo presente, muitos apostam que a eleição de 2022 será
um repeteco de 2018 — noves fora o fato de o ex-presidiário petista, agora
promovido à inusitada condição de “ex-corrupto”,
poder disputá-la de corpo presente em vez de encarnar no preposto-bonifrate Fernando
Haddad. Para que Lula fique novamente impedido de competir seria preciso que a Justiça
Federal do DF o condenasse no processo do tríplex (ou no do sítio) em tempo
recorde e o TRF-1 ratificasse a decisão com a mesma rapidez. Mas a possibilidade
de isso acontecer é a mesma de alguém que disponha de dois neurônios funcionais
engolir a narrativa de que “Lula é um democrata”.
Democratas não fraudam a democracia da forma como o petismo fez ao organizar os dois maiores esquemas de corrupção da história do país. O partido quis, por duas vezes, anular a separação de poderes por meio da compra de apoio no Legislativo, seja pela distribuição pura e simples de dinheiro, no caso do Mensalão, seja pela pilhagem das estatais com o apoio de partidos aliados e empreiteiras, no esquema desvendado pela (ora moribunda) Operação Lava-Jato.
No julgamento do mensalão no STF, o então ministro Ayres
Britto descreveu o esquema como “golpe nesse conteúdo da democracia, que
é o republicanismo”, pois tratava-se de perpetuar “um projeto de poder
(...). Não de governo, porque projeto de governo é lícito, mas um projeto de
poder que vai muito além de um quadriênio quadruplicado, muito mais de
continuidade administrativa”. E o Petrolão foi apenas a continuação do
mensalão por outros meios, como ficou amplamente demonstrado pelas evidências
levantadas pela Lava-Jato e nenhuma decisão judicial será capaz de
apagar.
No poder, o PT tentou controlar a atividade jornalística ao pressionar pela criação de um Conselho Federal de Jornalismo; depois de alijado do Planalto, o partido lamentou, em resolução oficial que tentava explicar as razões para o impeachment de Dilma, não ter colocado um cabresto na imprensa, no MPF, na PF e nas Forças Armadas. Sem falar, evidentemente, dos vários episódios de hostilização de jornalistas por parte de militantes, incluindo o ataque à sede da Editora Abril às vésperas do segundo turno da eleição de 2014, após a publicação, pela revista Veja, de uma reportagem sobre o Petrolão.
Em suma, a repetida tentativa de fraudar a democracia brasileira, o desejo de
controlar a imprensa e a amizade íntima com as ditaduras mais nefastas do
continente latino-americano não credenciam nenhum partido ou líder a se
denominar “democrata”.
A narrativa de que 2022 será um embate polarizado não entre
petismo e bolsonarismo, mas entre autoritarismo (representado por Bolsonaro)
e democracia (representada por Lula), não passa de uma fraude dos
defensores do petralha. Os brasileiros realmente comprometidos com a
democracia, com as liberdades, com o combate à corrupção e que porventura
estejam também descontentes com o atual governo não abraçarão o discurso de quem
pode até estar juridicamente “limpo”, mas não tem como apagar a verdade sobre o
que é, o que fez e o que defende.
Ricardo Rangel escreveu em sua coluna na revista Veja desta semana que Lula se assemelharia ao barítono da ópera da anedota,
que, brutalmente vaiado, alerta: “Não gostaram do barítono? Esperem para
ouvir o tenor!” O barítono Lula
parece determinado a mostrar que não desafina, e, incansável, perambula por
Brasília, conversa com todo mundo, lança pontes ao centro, busca vacinas,
produz um discurso com começo, meio e fim. Diante da insuportável cacofonia
produzida pelo tenor que ocupa o Planalto, o adversário surge com a maviosa voz
de um Fischer-Dieskau
redivivo. Mas quão afinado com a democracia está, de fato, o barítono Luiz
Inácio? Foi ele quem criou a polarização e o ódio político.
De novo: o “nós x eles” que impede o país de se reconciliar consigo mesmo começou contra Collor em 1989, intensificou-se no Mensalão, chegou ao paroxismo na Lava-Jato e no impeachment de Dilma. O hábito petista de chamar qualquer não petista de fascista, racista, homofóbico etc. perdura até hoje. Fake news foram usadas para assassinar a reputação de Marina Silva em 2014, e foi Lula que iniciou a campanha de desmoralização e descredibilização da “mídia golpista”.
Ao contrário do que diz a patuleia ignara, o esquema
de corrupção centralizada, administrada pelo Planalto, não foi algo que “sempre
existiu”. Foi algo novo: um método de governo
que comprava em dinheiro vivo o apoio dos parlamentares e, assim, atentava
contra um dos alicerces da democracia, a separação dos poderes, (o Tratoraço
de Bolsonaro é parecido). E o dinheiro desviado foi também para a
campanha eleitoral, reelegendo o PT mais três vezes, atentando contra
outro pilar da democracia, a alternância no poder. Afora os ataques à
democracia, ainda houve a “nova matriz econômica”, que provocou um
descalabro econômico.
Da feita que Lula afirma que o Mensalão e o Petrolão nunca existiram e atribui o desastre econômico a Temer, é lícito supor que, eleito, vá fazer tudo igualzinho outra vez. Ainda que admitamos (por amor à argumentação) que ele seja menos ruim que Bolsonaro, é preciso ter em mente que, quando se escolhe o menor entre dois males, o que se escolhe é um mal. Portanto, é bom examinar bem para ver se essa escolha é mesmo inevitável. E por enquanto não é.
O Brasil é um país onde terremotos
políticos se multiplicam — há pouco mais de um mês, Lula era inelegível,
a CPI da Covid não existia e nada se sabia sobre o Tratoraço do capitão,
por exemplo —, e ainda faltam dezessete meses para a eleição. Quem
vaticina que um segundo turno entre Lula e Bolsonaro é inevitável
não está fazendo análise política, está contribuindo para criar uma profecia
autorrealizável. E não é hora de crer em vaticínios e inevitabilidades, mas de criar alternativas.
É inaceitável para qualquer país minimamente civilizado o
favoritismo do líder do maior esquema de corrupção da história mundial, afirma
o jornalista, colunista e autodeclarado “contestador por natureza” Ricardo
Kertzman. Você pode dar razão ao STF e considerar que houve excessos
jurídicos por parte da Lava-Jato, mas negar o que ocorreu, você não
pode. Ou não deveria. Igualmente inaceitável é o apoio com que o psicopata
homicida ainda conta. Diante de tudo o que já
sabemos e conhecemos, de tudo o que esse amigo de miliciano já fez de mal ao
País e de tudo o que ainda pode fazer caso seja reeleito, 23% de apoio é um crime.
Para quem execra os extremos representados pelo lulopetismo e pelo bolsonarismo, o cenário que se descortina é mais que sombrio; é macabro e indiscutivelmente catastrófico — pior, só mesmo se Ciro Gomes estivesse no páreo. O lulopetismo aparelhou o Estado, corrompeu as Instituições, destruiu nossa economia e nos atirou nas mãos do devoto da cloroquina. O bolsonarismo, por seu turno, aparelhou o Estado, corrompeu as Instituições, destruiu a economia e ressuscitou, com os préstimos do STF, o meliante petista.
O lulopetismo é autocrata e totalitário. O bolsonarismo, idem. O
lulopetismo vive do populismo barato e de conchavos políticos espúrios. O
bolsonarismo, idem. O lulopetismo é sócio dos piores políticos e empresários do
Brasil. O bolsonarismo, idem. Ambos representam nosso desastre como nação.
Em 2018, por absoluta falta de alternativa, elegemos um candidato que se revelou tão ou mais nocivo e grotesco que Lula,
o PT e a corja que os cerca. Não podemos permitir que esse descalabro se
repita em 2022. O pai do senador das rachadinhas e da mansão de R$ 6 milhões de
reais reencontrou seu verdadeiro tamanho eleitoral (15% – 25%), ao passo que o
ex-tudo (ex-presidiário, ex-corrupto, ex-lavador de dinheiro, ex-chefe de
quadrilha) retomou o vigor político que sempre o levou ao menos até o 2º turno.
Esperar que uma “terceira via” alcance tais patamares de intenção de voto é esperar por um milagre que nunca aconteceu neste pobre pedaço de chão esquecido por Deus. Até porque, para que milagres aconteçam, é preciso acender velas e rezar. Mas não para os demônios da nossa política, como fazemos insistentemente a cada dois ou quatro anos.
Acorda, povo!