Nas primeiras semanas de fevereiro, três OVNIs e um balão de vigilância chinês foram abatidos pela Força Aérea dos EUA. Oficialmente, os objetos foram derrubados porque invadiram a faixa de altitude dos voos comerciais, e o balão, por ter sobrevoado bases militares como a de Malmstrom, que guarda um arsenal de mísseis intercontinentais, e a de Offutt, que sedia o comando do Departamento de Defesa encarregado do armamento nuclear americano.
O presidente Joe Biden relativizou a questão da segurança nacional e o impacto do episódio nas relações com a China, mas seu secretário de Estado classificou o incidente de "inaceitável e irresponsável" e adiou uma viagem que faria a Pequim (mais detalhes na postagem do último dia 27).
Vale lembrar que a sigla OVNI designa qualquer objeto voador não identificado, entre os quais balões meteorológicos, aeronaves militares, veículos privados e até fenômenos naturais. Por outro lado, o Projeto Blue Book estudou mas de 12 mil avistamentos de OVNIs e não conseguiu explicar boa parte deles.
Em 1947, o Roswell Army Air Field reconheceu que um “disco voador” havia caído na área rural de Roswell, mas, num segundo comunicado à imprensa, disse que se tratava de um balão meteorológico. O episódio transformou a cidade em ícone da ufologia e a Area 51 em palco de teorias conspiratórias envolvendo espaçonaves e seres extraterrestres. Décadas depois, o então presidente Bill Clinton determinou uma investigação federal sobre "o que estava acontecendo lá", e a CIA finalmente reconheceu a existência da base militar no deserto de Nevada, mas garantiu que ela era usada apenas em projetos secretos de vigilância aérea.
Em 2010, dezenas de oficiais norte-americanos avistaram OVNIs pairando sobre silos de mísseis nucleares na Base Aérea de Malmstrom, em Montana. O ex-capitão Robert Salas disse que ficou a menos de 10 metros de uma nave vermelha, brilhante, que flutuava acima do portão da frente da instalação. No Brasil, o caso Trindade, a Operação Prato e o ET de Varginha são exemplos emblemáticos de "contatos imediatos" de diversos graus (detalhes no post do dia 26 do mês passado).
Segundo o professor e pesquisador Rafael Antunes Almeida, autor da tese "Objetos intangíveis: ufologia, ciência e segredo", a ufologia toma emprestados elementos das diversas disciplinas científicas, mas utiliza seus próprios métodos e questiona a ciência por ignorar relatos sobre os avistamentos que teriam potencial para fazê-la “progredir”.
Radares não têm crença, mas, afora os documentos oficiais e fotografias de OVNIs — que são alvo de escrutínio constante por meio de ferramentas de análise de imagens —, as evidências com que os ufólogos trabalham são, em sua maioria, testemunhos pessoais submetidos a testes de confiabilidade pelos próprios ufólogos, que não raro conduzem a novas perguntas.
Continua...