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quinta-feira, 9 de agosto de 2018

ELEIÇÕES — RETROSPECTO E PREVISÕES (CONTINUAÇÃO)



Em meio às convenções partidárias, catorze pré-candidatos foram promovidos candidatos (confira a lista no post anterior). Ou treze, melhor dizendo, já que Manoela d’Ávila, do PCdoB, abriu mão de concorrer para ser “trice” na chapa do PT — que lançou Haddad como vice do presidiário que continuará posando de candidato até que a Justiça bote ordem no galinheiro.

O prazo para registro de candidatos termina no próximo dia 15, de modo que ainda pode haver novidades. Mas é curioso o fato de alguns partidos lançarem candidaturas sem a menor expressividade — quem já tinha ouvido falar, por exemplo, em Vera Lucia, do PSTU, ou em João Goulart filho, do PPL?

Combinadas com a cláusula de barreira e questões específicas das legendas, a ausência de novas lideranças e as indefinições geradas pelo PT ajudam a explicar essa fragmentação — num cenário em que ninguém é forte o suficiente, todos se acham na condição de bancar sua candidatura.

A disputa entre tucanos e petistas começou em 1994, e o fim da era do PMDB deu início à do PT. Em 2002, depois de eleger FHC por duas vezes — ambas no primeiro turno e graças ao Plano Real —, nosso “esclarecidíssmo” eleitorado buscou num Lula mais moderado (após duas derrotas consecutivas) e com o aval da Carta ao Povo Brasileiro (escrita por Antonio Palocci) a “nova política” e a decência na disputa eleitoral que a sigla encarnava, sem se dar conta de que o embrião da corrupção sistêmica do lulopetismo já germinava alegremente nos governos municipais.

Com a revelação do Mensalão, em 2005, e do Petrolão, nove anos depois, o PT e seu comandante voltaram a ser os mesmos radicais de 1989 — no governo Dilma, as ideias econômicas heterodoxas do partido que acusou o Plano Real de “estelionato eleitoral” foram postas em prática através da funesta “nova matriz econômica”, que causou a maior recessão que o Brasil já viveu — e vive até hoje.

Agora, novamente diante do desânimo nacional e da descrença na classe política, os eleitores tendem a repetir os erros do passado, buscando seu salvador em dois falastrões — que em vez de matar a inflação com um único tiro, como disse que faria o caçador de marajás de araque em 1989, prometem resolver os problemas do país à bala ou reencarnando o pai dos pobres.

O Lula radical de 1989 ressurge em 2018 porque vê na Presidência sua derradeira chance de não mofar na cadeia. Mesmo condenado e preso por chefiar o maior esquema de corrupção da história deste país, o demiurgo de Garanhuns ainda ilude milhões de eleitores com a promessa de repetir o prodígio de seu primeiro mandato — como se fosse possível voltar ao tempo em que “tirou milhões da pobreza” com projetos sociais insustentáveis — tanto que o “poste” que ele fez eleger em 2010 mandou essa “nova classe média” de volta à pobreza, que somente os bocós acreditaram ter sido extinta pelo mago de nove dedos.

Apesar da fragmentação, a tendência é de um afunilamento das pré-candidaturas. Na semana passada, o PRB desistiu de lançar Flávio Rocha. DEM e Solidariedade também vão abrir mão das candidaturas de Rodrigo Maia e Aldo Rebelo, respectivamente. Os 3 partidos do centrão, junto com PP e PR decidiram apoiar Alckmin em vez de Ciro.

No outro extremo do espectro político, Jair Messias Bolsonaro surge como um representante da “nova política” — como o próprio Lula em 1989, só que tão despreparado e ainda mais destemperado que o deus pai da Petelândia. Se esse povo não acordar desse sonho estapafúrdio, não haverá salvação para este pobre país.

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domingo, 29 de julho de 2018

AINDA SOBRE AS ELEIÇÕES 2018 — BOLSONARO, ALCKMIN E COMPANHIA



Por mais que estejamos desencantados com a política, com os políticos e, sobretudo, com os candidatos, as eleições estão aí. E para deixar o cenário ainda mais sombrio, uma parcela significativa do nosso qualificadíssimo eleitorado parece continuar dividida entre um criminoso condenado e um extremista de direita — candidatos em quem pessoas minimamente racionais não votariam sequer para presidir uma simples assembleia de condomínio.

A despeito de serem diametralmente opostas, essas duas correntes se equivalem em fidelidade canina e fanatismo desbragado, em vista de como se deixam levar facilmente pelas mentiras repetidas ad nauseam pelos líderes partidários. O presidiário Lula, comandante do maior assalto da história republicana e heptarréu na Justiça Penal, ainda consegue vender seu ramerrão de “perseguido político”, de “condenado sem provas”, de “vítima de uma conspiração para impedi-lo de disputar o pleito presidencial”. Todo conversa mole, naturalmente, mas não faltam idiotas dispostos a rezar pelo seu catecismo.

São milhões os desvairados que acreditam nas fake news sopradas todos os dias pela mídia “cumpanhêra” e replicadas massivamente nas mídias sociais, incapazes de perceber que foram dominados por um sistema doutrinário que hipnotiza, entorpece e deforma, e daí continuarem defendendo esse descalabro com unhas e dentes. 

Votar em Lula ou em Bolsonaro é o mesmo que dar a Herodes as chaves do berçário. As notórias “virtudes” do primeiro já foram cantadas em prosa e verso neste Blog, mas do segundo não havia por que eu falar até que ele despontasse como candidato à Presidência. Para preencher essa lacuna, começo por salientar que seu maior trunfo são as redes sociais, onde ele conta com milhões de seguidores (1/3 dos quais seriam fake) e promove debates acalorados sobre questões de gênero, sexualidade, direitos humanos, armas, e por aí afora.

Há quase trinta anos na Câmara, Bolsonaro atendia inicialmente aos interesses dos militares, sua primeira base eleitoral. Mais adiante, passou a mirar na questão da segurança pública — uma das mais vulneráveis do país e de maior apelo nas urnas. No entanto, dos mais de 170 projetos que apresentou em toda a sua trajetória política, apenas 2 viraram leis.

Militar de carreira, o capitão aposentado do Exército não esconde sua admiração pela ditadura e pelo torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra, que comandou DOI-CODI de 1970 a 1974. Nos anos 90, o deputado votou e militou contra o Plano Real — considerado um dos mais bem-sucedidos na área econômica —, contra a quebra dos monopólios do petróleo e das telecomunicações e contra as reformas administrativa e da Previdência. Durante a estabilização econômica, sempre se posicionou contrário à abertura do mercado brasileiro. Em maio de 1994, votou contra a conversão da moeda, a exemplo do que fizeram PT, PCdoB e PDT; em 1995, já filiado ao PPB, desfilou pela Câmara exibindo uma moeda falsa de real, avisando que pediria investigação da PF sobre o caso; em 1996, foi um dos deputados que votaram contra a reforma proposta por FHC; em 1999, foi contrário a proposta que instituía a cobrança previdenciária de servidores públicos inativos e aumentava a contribuição dos servidores em atividade (a medida fazia parte de um pacote de ajuste fiscal do governo FHC, que tentava também demonstrar ao FMI seu compromisso com as contas públicas).

Em entrevista concedida nos anos 1990, Bolsonaro defendeu o fuzilamento de FHC o fechamento do Congresso. Mais recentemente, fez apologia ao estupro, afirmou que ter filho gay é falta de porrada, além de ser pródigo em comentários de cunho racista. Para seus correligionários menos fanáticos, ele teria dito isso “da boca pra fora”, mas é impossível não reconhecer que o ora candidato não tem um plano de governo (aliás, não é só ele; a maioria dos postulantes ao Planalto também não tem) nem qualquer familiaridade com questões inerentes à Economia. Como se já não bastasse, suas opiniões mudam como o vento: o deputado já sustentou, por exemplo, que o Banco Central atua em favor do sistema financeiro e deveria ser alvo de uma intervenção; logo em seguida, disse achar fundamental manter a instituição independente para definir metas, diminuir juros, reduzir inflação e obter previsibilidade econômica.

Alvo recente de críticas por apresentar posições pouco aprofundadas na área econômica, Bolsonaro publicou um manifesto similar à Carta ao Povo Brasileiro redigida por Palocci e assinada por Lula em 2002. Na sua versão, ele afirma estar montando uma equipe repleta de “professores de algumas das melhores universidades do Brasil e da Europa” e que nenhum de seus membros defende “ideias heterodoxas ou apreço por regimes totalitários”. Mas o apoio dos demais partidos é pífio, e neste malfadado presidencialismo de coalizão o chefe do Executivo não consegue governar sem o suporte do Legislativo — não ter conseguido esse apoio foi um dos grandes erros de Dilma em seu segundo mandato; depois de várias decisões erradas politicamente, como não apoiar Eduardo Cunha para presidente da Câmara e ter o desarticulado Aloizio Mercadante como articulador político por muito tempo, ela perdeu o apoio do Congresso e acabou penabundada do Planalto.

Bolsonaro já está em maus-lençóis por disputar a eleição por um partido-nanico, que não lhe garantirá maioria no Congresso. Mas não é só. Conforme sua popularidade cresce, mais o seu nome fica em destaque, e mais acusações de desvio ético surgem contra ele. Não serei eu a dizer que ele foi ou é corrupto, mas salta aos olhos que fez o mesmo que seus pares na Câmara, e que agora acusa de corrupção. Um de muitos exemplos é o financiamento de sua campanha de 2014 com dinheiro doado pela JBS ao PP (partido ao qual o deputado era filado naquela época), que lhe repassou imediatamente a mesma quantia. Outro exemplo — que você pode conferir em detalhes nesta matéria da Folha — é o fato de tanto ele quanto seus filhos, que também exercem mandato,  receberem auxílio-moradia, embora residam em imóveis próprios em Brasília.

A lista é longa, mas eu vou abreviar a conversa porque não faltam canastrões postulando a Presidência. Claro que a maioria vai ficar pelo caminho — como já ficaram Luciano Huck, João Doria, Joaquim Barbosa, Flávio Rocha e Rodrigo Maia, por exemplo — e daqueles que restarem, apenas uns três ou quatro têm chances reais de passar para o segundo turno. Um deses é ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, também conhecido pelo maldoso apelido de picolé de chuchu, dada sua notória insipidez. Vamos a ele.

Como bem salientou o jornalista J.R. Guzzo em mais um brilhante artigo, Alckmin é o candidato mais natural, lógico e viável para se contrapor às forças do ex-presidente Lula, solto ou preso, e da turma toda que tenta copiá-lo. No entanto, por uma destas esquisitices comuns à política brasileira, até agora o seu nome foi o menos falado entre os 1.500 candidatos à Presidência, reais ou imaginários, sobreviventes ou já sepultados, que apareceram até o presente momento na campanha. 

Neste meio tempo, muito já se discutiu, com toda a seriedade do mundo, a “candidatura” do ex-ministro Joaquim Barbosa. Alguém ainda se lembra da “candidatura” do apresentador de televisão Luciano Huck? Discute-se diariamente, até hoje, cada sílaba dita por Marina Silva, que consegue desfilar há meses sua candidatura presidencial na mídia sem ter um único deputado na sua “base de apoio”. Até o próprio Michel Temer, imaginem se é possível, foi tido como candidato à sua própria sucessão. Só não se falava do único candidato de verdade para disputar a eleição em nome dos brasileiros que não querem Lula e os seus etcs. Ou, nas raras vezes em que se dizia alguma coisa a respeito, era para informar que sua candidatura estava para se desfazer, em meio a mais uma crise terminal.

Passa o tempo e, como seria inevitável acontecer, Alckmin enfim aparece com o tamanho que sempre teve, ao se constatar as realidades de uma eleição presidencial brasileira: a possibilidade, para ele, de ter cerca de 50% do tempo de propaganda obrigatória na TV, o apoio da caldeirada de partidos que existem unicamente para entrar no governo e a força de gravidade dos que só pulam na disputa depois de calcularem com cuidado quem tem mais chance de ganhar. Pronto: Geraldo Alckmin, que não existia, passou a existir como “o homem do segundo turno” e, como tal, começará a ter vida no noticiário. Breve aqui, portanto, um novo alvo para a artilharia da esquerda nacional — até agora concentrada no deputado Jair Bolsonaro, o inimigo mais evidente e, pelo que dizem, mais duro de roer. Mais: aguardem o fogo cerrado dos “liberais civilizados”, modelo tucano de luxo. Já começaram as conversas de que Alckmin não é “anti-Lula” o suficiente; que pode trazer de volta o imposto sindical; que gosta da Petrobras mais do que deveria, etc.

Ficam todos escandalizados, de repente, pelo fato de Alckmin ter aceitado o apoio de partidos “não-éticos”. Que horror, não é mesmo? Quem jamais ouviu falar que uma coisa dessas tenha acontecido algum dia na política brasileira? Há outros crimes, além desses. Alckmin não tem ideias brilhantes. Não tem posições firmes. Não tem uma “visão do Brasil e do mundo”. Não dá murro na mesa. Não é engraçado. Não grita. É como se os outros candidatos fossem gigantes da política; é como se a sucessão de Michel Temer estivesse sendo disputada entre Winston Churchill, Franklin Roosevelt e Santo Antonio de Pádua. Votar em Alckmin equivaleria a votar contra algum desses portentos — e não contra os que estão aí na vida real, incluindo o Homem do Aerotrem.

Lula, o PT e a sua coleção de minions, mais os antilulistas que se imaginam europeus, avançados e fiéis à uma “agenda social”, apostaram tudo, até agora, no combate à Jair Bolsonaro — na sua maneira de ver as coisas, um adversário “pronto”, odiado pelos comentaristas políticos, por toda a mídia e por quem se considera “contra os militares”, seja isso lá o que for. De tanto falar nele, construíram o fantasma Bolsonaro. Esqueceram que Alckmin existia. Agora terão de vencer os dois.

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sexta-feira, 27 de julho de 2018

ELEIÇÕES 2018 — O DESCALABRO


Dizer que político nenhum presta é generalizar, e toda generalização é perigosa. Por outro lado, toda regra tem exceção, não é mesmo? Acompanhe meu raciocínio.

Faltando pouco mais de 2 meses para nosso qualificadíssimo eleitorado escolher um novo presidente e novos governadores, além de renovar 2/3 do Senado e 100% das câmaras federal e estaduais, a maioria dos postulantes ao Planalto, sobretudo os que estão mal colocados nas pesquisas, apostam na anacrônica propaganda política obrigatória para vender seu peixe podre. 

No entanto, o período durante o qual essas incomodativas inserções na programação do rádio e da televisão (que por si só já é lamentável) será mais curto do que nas eleições anteriores. Além disso, os candidatos dos partidos nanicos não terão tempo sequer para piscar um olho, daí as coligações serem importantes para os que realmente têm chances de emplacar e lucrativa para os que não tem, que lhes vendem seu apoio a peso de ouro, mandando às favas a ideologia.

Tanto Ciro Gomes quanto Geraldo Alckmin “namoraram” o Centrão, embora suas propostas de governo sejam diametralmente opostas. O bloco decidiu apoiar o tucano, levando o candidato do PDT a correr atrás dos eleitores petistas, vendendo-se como a única esperança de soltura do criminoso de Garanhuns. Disse o cearense fajuto (Ciro nasceu em Pindamonhangaba, no interior paulista): “Lula só tem chance de sair da cadeia se a gente assumir o poder e organizar a carga, botar juiz para voltar para a caixinha dele, botar o Ministério Público para voltar para a caixinha dele e restaurar a autoridade do poder político”.

Com o apoio do Centrão, somados os quinhões a que têm direito os dez partidos que devem participar da coligação, Alckmin terá mais de 50% das duas horas diárias dedicadas às candidaturas, aí considerados os programas eleitorais e as muitas inserções ao longo do dia. A cada bloco do horário eleitoral destinado exclusivamente aos presidenciáveis, com 12 minutos e 30 segundos, cerca de 6 minutos e 50 segundos serão destinadas à propaganda do tucano, sem mencionar que o bloco representa também uma nada modesta fatia de R$ 440,4 milhões no fundo eleitoral. Por outro lado, Josué Gomes, filho de José Alencar, que foi vice de Lula, declinou do convite do PSDB para compor a chapa como vice de Alckmin. A meu ver, não se perdeu grande coisa.

A propósito: Rodrigo Maia desistiu de disputar a Presidência — conforme, aliás, eu já havia antecipado nesta postagem. Afinal, se ele pretendesse realmente concorrer ao Planalto e não à reeleição, não haveria por que se ausentar do país durante as viagens de Temer para o exterior. Na verdade, sua pré-candidatura era apenas um balão de ensaio, uma estratégia para valorizar o passe do DEM nas tratativas de coligação com outros partidos. De mais a mais, suas chances de vencer o pleito eram tantas quanto as de uma bola de neve sobreviver no inferno.

Depois que o Judiciário proibiu as doações eleitorais de pessoas jurídicas, o Legislativo se apressou em buscar outra forma de custear as campanhas milionárias. Como se não bastasse o famigerado fundo partidário de R$ 888,7 milhões, nossos parlamentares criaram um Fundo Eleitoral de R$ 1,7 bilhão — valor elevado posteriormente para R$ 2,5 bilhão com o aval do TSE. E o pior é que se trata de dinheiro público — fruto dos nossos suados impostos — malversado para bancar campanhas de corruptos enquanto o país atravessa seriíssimas dificuldades, com o maior rombo nas contas públicas da história e vários estados falidos, sem um centavo para investir em educação, saúde, segurança pública e atender outras necessidades prementes. 

Em vez de buscar uma solução para a crise, os parlamentares botam mais lenha na fogueira, aprovando, às vésperas do recesso, uma pauta-bomba que inviabilizará o próximo governo. Como se não bastasse, essa corja de fisiologistas corruptos fez diabo para dificultar a renovação dos quadros, visando permanecer eles próprios — e seus filhos e apaniguados — no poder. O próximo presidente, seja ele quem for, terá de administrar uma herança maldita. Veja, por exemplo, a permissão para aumento de salários do funcionalismo, que terá impacto de R$ 6 bilhões — se o benefício for estendido aos militares, o valor subirá para R$ 11 bilhões. Ou a permissão para ratear entre os consumidores as perdas com furto de energia nas distribuidoras de Rondônia e do Acre — o que representa um aumento médio de 5% na conta de luz. Ou, ainda, a permissão para que os municípios deixem de cumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal quando houver queda maior que 10% na transferência de impostos federais, ou, pior, a autorização para criação de 300 novos municípios com cinco a oito mil habitantes (que dependeriam de recursos da União para manter os cargos e as Câmaras de vereadores). 

Quer mais um exemplo? Então leve dois: Semanas atrás, a Câmara concedeu às transportadoras o direito de abater no imposto de renda tudo que pagarem de pedágio — ou seja, caberá à sociedade pagar o pedágio por elas — detalhe: o projeto foi relatado pelo deputado Nelson Marquezelli, que é um transportador e, portanto, legislou em causa própria. Outro caso parecido aconteceu com as dívidas previdenciárias dos produtores rurais, que provocou perdas de R$ 17 bilhões — a proposta foi relatada por um deputado que também é produtor rural.

Resumo da ópera
: Os parlamentares aprovam gastos e derrubam o que o governo propõe para equilibrar as contas. A atuação dos maus políticos dificulta o cumprimento da meta fiscal para o próximo ano, que já prevê um déficit de R$ 139 bilhões. De acordo com o Valor, tramitam no Congresso 42 projetos com impacto fiscal. Talvez alguns congressistas pensem estar agindo contra um governo enfraquecido, que caminha para seu melancólico fim, mas na verdade estão inviabilizando o país. E a burrice é tanta que os mesmos políticos que agora procuram agradar grupos específicos de eleitores buscam a reeleição — e, portanto, deverão participar do próximo governo.

E viva o povo brasileiro!

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sexta-feira, 20 de julho de 2018

SOBRE AS ELEIÇÕES 2018



O pleito presidencial se aproxima e as incertezas campeiam soltas. Como em 1989, o número de candidatos ao Planalto passa de 20, embora alguns tenham ficado pelo caminho e outros ainda ficarão.

Como plano de fundo para essa tragédia anunciada, o semestre começou com revisões para baixo na perspectiva de crescimento (1,55%), para cima na inflação (4,03%) e uma redução do desemprego aquém da esperada (está em 12,7%). Some-se a isso um câmbio que pode chegar a 5 reais, na visão de analistas mais pessimistas, e uma produção industrial que caiu 11% em maio, afetada pela greve dos caminhoneiros, e sinta-se na antessala do inferno, assistindo aos dois extremos da cegueira político-eleitoral disputarem a preferência dos ignorantes e inconsequentes que, no Brasil, nascem com o título de eleitor enfiado no rabo.

Em meio à indefinição sobre o futuro de Lula, o PT enfrenta dificuldades para ampliar o leque de alianças. Após desistir de lançar candidatura própria, o PSB iniciou um flerte com os petistas, mas, devido à grande rejeição dentro do partido, a tendência atual é apoiar Ciro Gomes. Já Manuela D’Ávila, do PCdoB, e Guilherme Boulos, do PSOL, não parecem dispostos a abdicar de suas candidaturas diante da falta de consenso sobre o nome que poderia unir os partidos de esquerda.

Observação: Deu ontem no Estadão que Dias Toffoli tem confidenciado a interlocutores que poderá por água no chope na festa dos petistas que contam com sua ajuda, quando ele assumir a presidência do STF, para derrubar o mais rapidamente possível a jurisprudência que mantém preso Lula, condenado em segunda instância. Não se sabe se ele está falando sério em adiar, no mínimo, para 2019 essa providência, até porque ele ainda não anunciou publicamente a posição. Certo é que a autorização para prender condenado por colegiado não põe o Brasil no grupo das democracias civilizadas que autorizam prisão após condenação na primeira, mas pelo menos mantém nossa Justiça distante da esquisitice das chicanas até as calendas.

No “Centrão” (ou “Blocão”), anseia-se por um nome capaz de aglutinar os indecisos — frise-se que a expectativa de votos brancos, nulos e abstenções quadruplicou em comparação com o pleito de 2014. Mas o tempo está passando e as perspectivas não são alvissareiras.

Depois da desistência do ex-ministro Joaquim Barbosa, uma parte do DEM aposta em Alckmin, enquanto a outra considera o “picolé de chuchu” mais um peso morto do que um puxador de votos — sobretudo no Nordeste, onde a rejeição do tucano supera 60% (não resta dúvidas de que a candidatura de Rodrigo Maia não passa de uma jogada de marketing para valorizar o passe do partido).

Alckmin, assombrado pela possibilidade de ser preterido por João Doria, tenta convencer potenciais aliados de que sua candidatura é viável, mas, com menos de 10% de intenções de voto nas pesquisas, a missão é quase impossível. Seu coordenador da campanha, Marconi Perillo, defendeu uma aliança com o MDB e sugeriu que Henrique Meirelles aceitasse ser vice na chapa tucana, mas o ex-ministro, que mal alcança 1% das intenções de voto, demonstrou uma superlativa e inquebrantável autoestima ao responder: “teremos grande satisfação em receber o apoio do PSDB no segundo turno”.

O ex-governador de São Paulo insiste na tese de que a campanha eleitoral não começou de verdade, que boa parte do eleitorado nem sabe quem são os candidatos, e prefere mirar o período de propaganda eleitoral gratuita, acreditando que pode crescer e atingir o desempenho alcançado em 2006, quando também começou por baixo e conseguiu chegar ao segundo turno. Mas não tem conseguido convencer nem seu próprio partido a se engajar em sua campanha.

Apesar das negativas, João Doria continua sendo incluído em algumas pesquisas, mas o resultado não vem sendo animador a ponto de justificar a troca. Em meados do mês passado, enquanto Alckmin era reprovado por 70% dos eleitores e aprovado por 18%, Doria tinha 65% de rejeição e 11% de aprovação. Por outro lado, 24% dos eleitores consultados não têm opinião formada sobre ele — mais do que os 12% que não têm opinião sobre Alckmin —, e as mesmas pesquisas apontam que 65% dos eleitores reprovam a conduta de Ciro, 64% desaprovam a atuação de Bolsonaro e 63% rejeitam Marina.

Sempre moderado em suas manifestações públicas, Alckmin defendeu recentemente facilitar o porte de armas em regiões rurais e liberar armamentos para guardas municipais, chegando mesmo a desafiar Bolsonaro para um debate sobre segurança por meio de suas redes sociais.

Observação: De acordo com um levantamento do Instituto Paraná Pesquisas em parceria com a rádio Jovem Pan, realizado com 1.540 eleitores do DF entre os dias 6 e 11 deste mês, o candidato de extrema-direita aparece com 25,2% das intenções de voto. Num segundo cenário, com inclusão de Lula, ele cai para 24,3%, mas permanece à frente do petralha, que fica com 21%. Ainda segundo a mesma pesquisa, Marina tem 10,6%; Ciro, 6,9%; Álvaro Dias, 5,4%; Alckmin, 3,7%; Meirelles, 1,7%; Manuela,1,3% e Amoedo,1%. 18,4% responderam que não votariam em nenhum deles, e 3,8 não souberam responder.

ATUALIZAÇÃO: A decisão do Centrão —  formado por PP, PR, DEM, PRB e Solidariedade — de apoiar a pré-candidatura de Geraldo Alckmin fará disparar o tempo de televisão do candidato. Somando os quinhões a que têm direito os dez partidos que devem participar da coligação, o tucano terá mais de 50% das duas horas diárias dedicadas às candidaturas, somando-se os programas eleitorais e as muitas inserções ao longo do dial. A cada bloco do horário eleitoral destinado exclusivamente aos presidenciáveis, com 12 minutos e 30 segundos, cerca de 6 minutos e 50 segundos serão destinadas à propaganda de Alckmin. Além disso, o bloco representa também uma nada modesta fatia de 440,4 milhões de reais no fundo eleitoral. O Mercado Financeiro reagiu positivamente à notícia — a Bovespa registrou alta de 2 pontos percentuais nesta sexta-feira.

Além do presidente e do vice, os eleitores escolherão em outubro governadores e vice-governadores dos 26 estados e do Distrito, além de deputados estaduais e distrital. Na Câmara Federal, quem não se reeleger perderá a boquinha, e o mesmo vale para 2/3 dos atuais integrantes do Senado. Considerando que o nível sócio-cultural do eleitorado não o qualifica sequer para escolher um síndico de prédio de periferia, o futuro é sombrio.

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quinta-feira, 12 de julho de 2018

LULA, HADDAD E AS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS



O sonho do hexa ficou para 2022, 2048 ou sabe Deus quando. Menos mal se esse fiasco estimular o povo a focar no que realmente interessa: com 13 milhões de desempregados, um presidente sem credibilidade nem voz ativa, um Congresso recheado de corruptos e um Judiciário sob a batuta de ministros como Mendes, Toffoli e Lewandowski, a Copa na Rússia deveria ser a menor das preocupações.

A menos de 3 meses das eleições, um criminoso condenado posa de pré-candidato à presidência, continua sendo incluído nas pesquisas e, como se não bastasse, aparece invariavelmente em primeiro lugar. É certo que o eleitorado tupiniquim é composto majoritariamente por analfabetos, desculturados e outros que tais, mas também é certo que o perfil dos demais concorrentes não ajuda em nada. 

Dos mais de 20 aspirantes ao Palácio do Planalto, apenas Bolsonaro, Marina e Ciro Gomes têm chances reais de disputar o segundo turno. E tanto a pulverização de candidaturas quanto o percentual crescente de votos brancos, nulos, e de eleitores que simplesmente não comparecem para votar favorece os primeiros colocados nas pesquisas.

Ainda que esses sonhadores jurem de pés juntos que levarão suas candidaturas até o (mais amargo) fim, quem tem um par de neurônios ativos e operantes sabe que isso não passa de mera cantilena para dormitar bovinos (apenas para ficar num exemplo notório, o PTC já desistiu de lançar a candidatura de Collor). Geraldo Alckmin e Henrique Meirelles, que seriam as opções “menos piores”, continuam patinando. 

Ao ex-governador de São Paulo — que teve respeitáveis 37 milhões de votos quando disputou a presidência em 2006, mas hoje mal chega a 7% nas pesquisas — falta carisma e sobra sensaboria. Já o ex-ministro da Fazenda, que respalda sua candidatura na revitalização da Economia, está irremediavelmente associado ao presidente mais rejeitado desde a redemocratização desta Banânia, e por isso amarga 1% das intenções de voto, como Rodrigo Maia e Flávio Rocha, atrás até mesmo de Fernando Haddad, Álvaro Dias e Manoela D’Ávila, que têm 6%, 5% e 2%, respectivamente.

Haddad, o poste número 2 de Lula, será o plano B do PT, que aposta na transferência de votos do presidiário — que mesmo atrás das grades seduz uma massa considerável de fanáticos e ignorantes. Mas essa transferência pode ser bem menor do que os petistas imaginam, da mesma forma que as intenções de voto no líder máximo da quadrilha estão longe de ser a apontada pelas “pesquisas”. Afinal, como imaginar que um prefeito que não conseguiu sequer se reeleger — Haddad foi derrotado no primeiro turno por João Doria — venha a se tornar um grande ativo eleitoral? 

Não é de se desconsiderar o risco petista, o fator Lula ou a carinha de “bom moço” do ex-prefeito paulista; afinal, estamos falando do Brasil, onde um criminoso condenado conta com o apoio incondicional de uma legião de idiotas ou canalhas que representa uns 20% do eleitorado. Se metade desse cacife eleitoral for transferido para seu ungido, talvez ele chegue a 10%, mas isso não é suficiente para garantir um segundo turno.

O sonho de alguém probo e preparado para governar este país surgir do nada, conquistar o apoio dos partidos de centro e atrair os votos dos indecisos e desiludidos é improvável. Com o demiurgo de Garanhuns fora da disputa, legendas que gravitavam em torno do PT, como PDT, PSOL e PCdoB, decidiram lançar candidatos próprios. Do centro para a direita, o PSDB perdeu sua força aglutinadora, notadamente depois do “caso Aécio”. Ademais, não bastasse o fato de terem sido atingidos em cheio pela Lava-Jato, os tucanos se associaram à Michel Temer, o que desgastou ainda mais sua imagem perante o eleitorado.

Segundo o cientista político Rafael Cortez, da Tendências Consultoria, se não houver união dos candidatos de centro-direita, nenhum deles chegará ao segundo turno. A pulverização seria menor se Alckmin conseguisse atrair apoios, mas isso não vem acontecendo. Volta e meia surgem rumores de que ele será substituído por João Dória, mas o tempo está passando e os tucanos, conhecidos por mijar no corredor quando há mais de um banheiro na casa, correm o risco de tomar essa decisão quando a vaca já tiver ido para o brejo.

Observação: Há que se levar em conta que o PSDB governou São Paulo — o maior colégio eleitoral do país — por mais de 20 anos e elegeram quase 800 prefeitos em 2016. A elite paulista deve atuar nos bastidores para que candidaturas radicais, como a de Bolsonaro, não prosperem nas urnas, mas para isso é preciso que surja um nome de peso.

Bolsonaro vem tentando acalmar o mercado e o empresariado, prometendo, dentre outras coisas, uma reforma tributária e leis trabalhistas mais favoráveis ao patronato. Mas já fala em aumentar para 21 o número de ministros do Supremo — requentando o AI-2, que em 1965 elevou de 11 para 16 o número de magistrados para aumentar as chances de aprovar medidas que fortalecessem o regime militar — em relação ao qual o pré-candidato nunca escondeu sua simpatia. Aliás, o esquerdista Hugo Chaves se valeu dessa estratégia na Venezuela, e foi imitado recentemente pelo direitista Andrzej Duda na Polônia.

Vale lembrar que caberá a Bolsonaro, se eleito, nomear pelo menos dois ministros do STF, visto que o decano Celso de Mello e seu colega Marco Aurélio deverão se aposentar até 2021, quando completarão 75 anos.

Por hoje é só. Até a próxima.        

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sexta-feira, 15 de junho de 2018

MAIS CRISE NO PAÍS DA CRISE



Os combustíveis retornaram às bombas e os hortifrutigranjeiros, às feiras livres e supermercados. Tudo voltou ao normal, ainda que os preços estejam bem mais altos que antes da paralisação dos caminhoneiros. Mas o Brasil é um país em crise permanente, com períodos de aparente normalidade, e neste momento, a quatro meses das eleições, é “normal” estarmos vivendo o mais absoluto caos.

ObservaçãoDois novos encontros com caminhoneiros e uma possível votação na Câmara dos deputados acrescentam mais um capítulo na novela da crise viária e política do país. Além da tabela de fretes rodoviários, será discutida a Medida Provisória dos Fretes e o aumento na pontuação de suspensão da carteira de motorista.

As greves dos caminhoneiros e dos petroleiros — esta última ficou mais na ameaça, mas enfim... — jogaram o Brasil de volta no atoleiro do populismo e causaram enormes danos à economia e à rotina da população. E num país onde nem o passado é previsível, como prever o que acontecerá em outubro, quando milhões de desinformados e outros tantos analfabetos de quatro costados escolherão presidente, governadores, senadores e deputados estaduais e federais a partir de um portfólio de opções onde, salvo raríssimas exceções, não há nada que valha míseros dois réis de mel coado?

A greve dos caminhoneiros deve continuar impactando a economia, a política, o orçamento e até o judiciário brasileiro ao longo de 2018, até porque baixar e controlar preços por decreto não funciona — que o diga o ex-presidente Sarney. Resta saber se os postos realmente baixarão o preço do diesel em 46 centavos, como o Planalto prometeu, ainda que, por lei, não possa tabelar o preço nas bombas. Marun disse que não se trata de tabelamento, mas se o governo anunciou multas de até 9,4 milhões de reais para postos que desrespeitarem a medida, o que seria, então?

Observação: Analistas estimam que os prejuízos decorrentes ultrapassam R$ 60 bilhões e seus efeitos para o PIB de 2018 ainda são imensuráveis. O mais provável é que a economia cresça menos de 2%, o que fulmine as candidaturas governistas e abre espaço para discursos mais extremados no processo eleitoral. A greve terminou, mas, pelo visto, os problemas políticos e econômicos continuam a pleno vapor.

Seria ingenuidade esperar algo diferente de um governo falido, de um presidente impopular, desacreditado e cercado de assessores igualmente suspeitos, investigados ou denunciados. Ou uma reação diferente dos investidores, a 4 meses de uma eleição na qual os candidatos mais cotados são um presidiário e um militar truculento, arrogante e de absoluta inexpressividade legislativa — com míseros 2 projetos aprovados em 26 anos como congressista.

Assim como ocorreu nas eleições de 2014, quando Dilma e Aécio dividiam a preferência do eleitorado, as pesquisas de intenção de voto serão acompanhadas de perto pelo mercado financeiro, e o fato de o que elas revelam não entusiasmar — com o demiurgo de Garanhuns fora do páreo, a disputa fica polarizada entre Jair Bolsonaro e Ciro Gomes —, devemos ter novas oscilações pela frente.

Como nenhum dos primeiros colocados é bem visto pelo mercado financeiro, a publicação dos resultados das pesquisas provocou quedas na Bolsa e altas no preço do dólar (na última quinta-feira, o IBOVESPA fechou em baixa de 2,98%, aos 73.851 pontos, e a moeda norte-americana subiu 2,28%, cotada a R$ 3,926). O fato de a sonhática Marina Silva aparecer ora em terceiro, ora em segundo lugar também não ajuda em nada, e nem Henrique Meirelles nem Geraldo Alckmin — que, se estivessem melhor colocados, acalmariam o mercado — parecem ter chances reais de chegar ao segundo turno.

Seja como for, a menos que se dê uma inconcebível — mas não impossível, que isto aqui é Brasil — reviravolta no cenário político-jurídico, Lula é carta fora do baralho, digam o que disserem os petralhas e sua militância atávica. O petralha, que também não é bem visto pelo mercado financeiro, está cumprindo pena e é réu em mais 6 ações criminais — duas das quais tramitam na 13ª Vara Federal, em Curitiba, e se não fossem os recorrentes pedidos de perícias, diligências e outras chicanas,  já teria sido sentenciado no processo que trata da cobertura em São Bernardo do Campo e do terreno comprado pela Odebrecht para sediar o folclórico Instituto Lula. Isso sem mencionar o sítio de Atibaia, cuja ação também está sob a pena do juiz Moro (os demais tramitam na Justiça Federal do DF, onde, a exemplo do que ocorre no STF, avançam a passo de tartaruga).   

Por essas e outras, para o dólar romper a barreira psicológica dos R$ 4 é o BACEN voltar a subir a taxa básica de juros é mera questão de tempo. Espera-se que, já na próxima reunião, o COPOM eleve a Selic em meio ponto percentual. Todavia, o uso da política monetária para conter o avanço do câmbio em vez de para controlar a inflação (que está baixa devido à recessão), o mercado pode interpretar a alta dos juros como um sinal de que o Banco Central está receoso em relação ao câmbio, e isso é tudo de que o governo não precisa neste momento.

Some-se a isso o fato de o Congresso estar parado, de reformas importantes — como a fiscal e a da Previdência — não avançarem, junte a demissão de Pedro Parente da presidência da Petrobras e veja como o molho desanda facilmente.

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quarta-feira, 6 de junho de 2018

ELEIÇÕES 2018 ― TEMPOS ESTRANHOS



Vivemos tempos estranhos, disse o ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal. E com efeito: a julgar pelas pesquisas ― nem sempre muito confiáveis, mas impossíveis de ser ignoradas ―, nosso esclarecidíssmo eleitorado está dividido entre um criminoso condenado, populista de carteirinha, e um militar aposentado, estadista de quatro costados.

A polarização da política ― fomentada em grande medida pelo “nós contra eles” do ex-presidente petista ― leva os “petralhas” a escolher um candidato que dificilmente disputará a presidência (e que deve apodrecer na prisão, em havendo justiça nesta terra), e os extremistas de direita a escolher alguém que emula a volta dos militares ao poder.

Pré-candidatos como Henrique Meirelles e João Doria são solenemente ignorados pela esmagadora maioria dos brasileiros incapazes de enxergar que a virtude não está nos extremos, e isso assusta, notadamente quando apenas quatro meses nos separam da eleição presidencial. A propósito, sugiro a leitura do artigo “Coxinhas e petralhas: o fandom político como chave de análise da audiência criativa nas mídias sociais”, publicado na revista Geminis, da Universidade Federal de São Carlos. 

Sobre Lula, não há muito a dizer além do que eu já disse em minhas minhas humildes postagens. Mas Bolsonaro só foi citado meia dúzia de vezes, se tanto, e mesmo assim de passagem. Portanto, resolvi preencher essa lacuna. Acompanhe.

O ex-capitão do exército que hoje vive dias de celebridade aparece com respeitáveis 20% nas pesquisas de intenção de voto ― a título de comparação, Geraldo Alckmin, o eterno picolé de chuchu, não chega a 1/3 disso ― e vive hoje sua terceira e melhor fase na pré-campanha presidencial. Há um ano, ele era considerado o candidato folclórico da disputa, como tantos outros o foram em todas as eleições desde a redemocratização. De alguns meses para cá, porém, surfando na derrocada do PT, começou a crescer nas sondagens e agora parece ter presença garantida no segundo turno.

Aos poucos, Bolsonaro construiu uma narrativa eloquente contra bandeiras tradicionais da esquerda, sem se importar com a pecha de machista, homofóbico e racista que viria junto. Além disso, explorou o fato de não estar envolvido em escândalos de corrupção, especialmente na Lava-Jato para se vender como um político diferente ― a despeito dos sete mandatos como deputado federal e um como vereador no Rio. Mas não é só. O deputado-capitão também atrai o voto de protesto que outrora era comum em eleições legislativas como a de 2014, quando foi eleito o palhaço Tiririca.

Tamanha é a frustração do brasileiro com a política e a economia que Bolsonaro virou uma espécie de refúgio dos indignados. “Ele atende aos descontentes com o Brasil atual, principalmente os descontentes com a corrupção”, diz David Fleischer, professor de ciências políticas da Universidade de Brasília. “A figura que ele encarna é quase ideal. É um personagem de um drama, comédia ou tragédia política”, afirma Roberto Romano, professor aposentado de Ética e Filosofia da Unicamp.

Com o pé no segundo turno, o debate que se impõe é: se eleito, Bolsonaro terá condições de presidir o país? Além disso, qual Bolsonaro seria presidente? O mais radical, com forte discurso contra a política e o sistema, ou o que agora começar a vestir um figurino um pouco mais flexível para atrair um eleitorado que ainda duvida de sua capacidade para conduzir o Brasil em um dos períodos mais conflagrados da história?

Capitão da reserva do Exército, Jair Messias Bolsonaro sempre balizou sua atuação política em assuntos caros a seu eleitorado original ― os militares. Foi erguendo bandeiras de interesse dos colegas de farda que se elegeu pela primeira vez. Era um rebelde nos quartéis, lutando por melhorias nas condições de trabalho de soldados e cabos (o baixo clero da caserna), e, da Câmara de Vereadores do Rio, levou a bandeira para a Câmara Federal, nos anos 1990 ― que atravessou com uma apagada atuação parlamentar, focada no atendimento de demandas corporativas das Forças Armadas.

A chegada de Lula ao poder, em 2003, daria ao deputado Bolsonaro um inimigo de peso para combater — e aparecer. Foi a partir daí que se deu sua primeira guinada política. Na era petista, ele ampliou o foco de sua atuação, passou a falar não apenas para os militares de baixo coturno e adotou bandeiras conservadoras para rebater as políticas públicas propostas pelo PT. Aos poucos, foi se consolidando como um dos mais virulentos críticos do petismo e ganhou protagonismo.

Ainda no governo Lula, Bolsonaro depois de ser abordado agressivamente Maria do Rosário durante um debate sobre redução da maioridade penal, disse que a deputada petralha gaúcha não merecia ser estuprada. No começo do governo Dilma, comprou a briga contra o chamado kit-gay ― uma espécie de cartilha contra a homofobia que o Ministério da Educação queria distribuir às escolas. Ao deputado Jean Willys, homossexual assumido, disse que teria vergonha de ter um filho como ele.

Cada polêmica era bem explorada pela equipe de Bolsonaro nas redes sociais, o que fez com que seu nome passasse a ser admirado país afora (e também odiado por grupos mais simpáticos às bandeiras de esquerda). Os vídeos foram viralizando — e, paulatinamente, ajudando o deputado a fidelizar o eleitorado antipetista. Com o recrudescimento da crise econômica e o avanço da Lava-Jato, seu número de eleitores saltou dos 120 mil, em 2010, para 464 mil, em 2014, quando foi reeleito para o sétimo mandato na Câmara e se tornou o terceiro deputado mais votado do país (só para constar: Tiririca teve 1,3 milhão de votos em 2010 e cerca de 1 milhão em 2014). Foi então que ele começou a cogitar a ideia de concorrer ao Palácio do Planalto. A hipótese foi aventada ainda em 2014, mas o deputado não encontrou apoio no PP ― partido que o abrigava àquela altura. Fez algumas abordagens ao presidente da sigla, o notório senador Ciro Nogueira, que sempre fugia do assunto. 

Bolsonaro abandonou o PP após a reeleição de Dilma, mas o PSC também não garantiu legenda para seu projeto nacional. Em 2017, vendo que teria mais chances de se candidatar a presidente em uma sigla menor, aproximou-se do nanico PEN ― rebatizado de Patriota a pedido do próprio Bolsonaro ― e, mais adiante, ingressou no PSL.

No Datafolha, Bolsonaro começou a aparecer com 4% das intenções de voto em 2015, subiu para 7% em 2016 e para 15% em 2017. A pecha de sectário, contudo, continuava a ser um problema a resolver, juntamente com a crítica frequente de que era leigo em relação a temas importantes para alguém que pretende comandar o país. Foi então que, no final do ano passado, ele passou a modular seu discurso e terceirizar a elaboração de propostas em algumas áreas cruciais. Para tentar uma aproximação com o mercado, ator relevante em eleições presidenciais, escalou o economista Paulo Guedes, fundador e ex-sócio do BTG Pactual e doutor em economia pela Universidade de Chicago. A ideia de convidá-lo para coordenar o programa econômico de sua campanha teve efeitos positivos. Ali, em meio ao deserto de opções que se desenhavam, o pré-candidato foi ganhando a simpatia de empresários e operadores de mercado e passou a participar de sabatinas organizadas por bancos e associações empresariais.

Durante a recente paralisação dos caminhoneiros, Bolsonaro apoiou as reivindicações da categoria e chegou mesmo a prometer que anistiaria as multas aplicadas aos grevistas. Mas ao longo da semana acabou assumindo uma posição mais crítica e condenou os bloqueios nas estradas. “Houve infiltração no movimento”, disse. E completou: “Caso seja presidente, não quero pegar o país pior do que está”.

Some-se à miopia política (para não dizer “ignorância”) de boa parte do eleitorado a absoluta ausência de candidatos ilibados e qualificados para presidir este arremedo de país e fica fácil compreender porque estamos nesta deplorável situação.

Que Deus nos ajude em outubro, nos próximos quatro anos e nos demais que estão por vir.

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terça-feira, 24 de abril de 2018

A LAVA-JATO CHEGA AO TUCANATO ― 2ª PARTE




Tucano que honra a plumagem fica nas matas, não em cima de muro. O PSDB, que já foi o principal partido de oposição aos governos corruptos de Lula e Dilma, tornou-se tão inútil quanto um copo d’água para um afogado. 

O verbete “consenso” não consta do vernáculo dos tucanos, que tiveram seu momento de glória ao eleger presidente Fernando Henrique Cardoso, mas deixaram a esquerda criar asas. Indecisos a mais não poder, eles são capazes de mijar no corredor se a casa tiver mais de um banheiro. Depois de perderem a presidência para Lula, acharam que poderiam recuperá-la em 2010 ― e teriam conseguido se não se tornassem um cemitério de egos que brigam entre si como treinamento para lutar contra os verdadeiros adversários. 

Com a derrota de Aécio em 2014, o partido entrou em parafuso. Sua crise intramuros se aprofundou a tal ponto que ora atinge o estado de São Paulo, maior colégio eleitoral do país e tradicional reduto do tucanato. Em 2006, quando deixou o governo para disputar a presidência, Alckmin tinha com 66% de aprovação, mas foi derrotado por Lula. Agora, com apenas 36% de aprovação, a coisa tende a ficar pior devido ao tsunami da Lava-Jato.

Aécio Neves, ex-presidente da sigla e investigado em 9 inquéritos, tornou-se réu pela primeira vez na última terça-feira 17 (detalhes na postagem anterior). Também na semana passada, Paulo Preto, operador financeiro dos tucanos, teve a prisão preventiva mantida pelo STJ ― ele é suspeito de envolvimento em desvio de dinheiro público nas obras do Rodoanel, cujas investigações atingem também o senador José Serra ― outro tucano de alta plumagem e ex-presidenciável que caiu em desgraça ― e o chanceler Aloysio Nunes Ferreira ― apontado como o tucano mais íntimo de Paulo Preto. Nos próximos dias, a Justiça analisará o derradeiro recurso de Eduardo Azeredo ― que, como Aécio, também foi presidente do PSDB e governador de Minas Gerais ―, e o resultado poderá colocá-lo atrás das grades pela condenação no escândalo que ficou conhecido como “mensalão tucano”.

Alckmin, candidato natural do PSDB à presidência, quase perdeu a vez para João Doria ― seu afilhado político e ex-prefeito de Sampa, que desagradou os paulistanos por ter descumprido a promessa de cumprir integralmente o mandato ao se lançar candidato a governador (detalhes nesta postagem). Sucessor de Aécio na presidência do partido, o ex-governador paulista, ungido oficialmente candidato a presidente, não decola nas pesquisas: seus míseros 6% de intenções de voto representam o pior resultado obtido por um candidato tucano desde 1989.

Alckmin comemorou a notícia de que o inquérito que o investiga pelo recebimento de mais de R$ 10 milhões via caixa 2 da Odebrecht foi enviado à Justiça Eleitoral, mas o alívio durou pouco: na sexta-feira 20, o MP-SP abriu um inquérito civil para investigá-lo por suspeita de improbidade administrativa. Três delatores da empreiteira acusam Alckmin de ter recebido propina através de seu cunhado, Adhemar César Ribeiro, com a finalidade de custear suas campanhas ao governo de São Paulo em 2010 e 2014.

Alckmin diz que “vê a investigação de natureza civil com tranquilidade, que está à disposição para prestar quaisquer esclarecimentos e que tem total consciência da correção dos seus atos” ― nada muito diferente do que a gente ouve de todos os políticos investigados, denunciados e processados pela Lava-Jato e suas derivações, e que merece tanto crédito quanto conversa de camelô paraguaio. Com a movimentação do MP-SP, as acusações contra ele voltarão a ser apuradas para além da esfera eleitoral, onde as penas são baixas e os crimes são considerados de mais difícil punição. Respondendo por improbidade administrativa, ficará sujeito a sanções administrativas, como a reparação dos danos ao Erário e perda dos direitos políticos.

São múltiplas as causas da derrocada do PSDB no cenário político-partidário. Dentre outras, destaco sua demora em aderir à defesa do impeachment contra Dilma ― com a queda da anta vermelha, o partido permitiu que sua agenda reformista fosse capturada pelo governo de Michel Temer, mas nada fez para influenciar esse governo pouco confiável, sem grandeza e sem projeto. Isso refletiu na composição ministerial, gerou turbulências e explodiu com as delações da JBS, levando o Planalto a se sujeitar aos interesses escusos do Congresso e a se preocupar em esvaziar a Lava-Jato e recompor oligarquias e práticas clientelistas, trocando a grande política pela pequena política.

Mesmo diante de tantos revezes, os tucanos tiveram bom desempenho nas eleições de 2016, quando passaram a governar 24% da população tupiniquim ― marca recorde desde 2000. Mas seria esperar demais que esse cenário positivo não se revertesse com as denúncias da Lava-Jato, as divisões internas da sigla, a oposição pífia aos petistas e a pusilanimidade na hora de decidir se desembarcavam ou não do atual governo quando o vampiro do Jaburu foi flagrado com as calças na mão e manchas de batom na cueca pelas gravações de Joesley Batista.

Mesmo com a imagem seriamente comprometida pelo afastamento judicial de Aécio Neves ― cuja pose de bom moço enganou meio mundo, inclusive este que vos escreve ―, a cúpula do PSDB não teve colhões para lhe cassar o mandato. Agora, a transformação do senador mineiro em réu pelo STF pode ser vista como um divisor de águas: assim como a prisão de Lula reforçou a jurisprudência sobre a possibilidade de cumprimento da pena após a condenação em segunda instância, o recebimento da denúncia contra Aécio confirmou o entendimento, iniciado no mensalão, de que não é preciso um ato “de ofício” para que se configure crime de corrupção passiva, e de que as provas obtidas através da delação da JBS continuam valendo, ainda que o acordo de colaboração e os benefícios concedidos aos delatores tenham sido suspensos.

Observação: A exigência do ato de ofício livrou o rabo de Collor em dezembro de 1994, quando, por 5 votos a 3, o STF o absolveu do crime de corrupção passiva por não haver provas concretas que o ligassem ao esquema de arrecadação ilegal de PC Farias (que posteriormente foi encontrado morto em circunstâncias que nunca ficaram bem explicadas). Esse entendimento começou a mudar em 2012, e agora pode complicar a vida de Michel Temer ― que já teve duas denúncias barradas pela Câmara ―, pois será possível atribuir-lhe “ato de ofício em potencial” por ter indicado a Joesley seu assessor Rodrigo Rocha Loures como interlocutor para tratar dos interesses da J&F em processos do CADE.   

O PSDB deu as costas para a opinião pública e perdeu a oportunidade de resgatar sua imagem de alternativa lógica para quem não suporta mais corruptos como os do PT e do PMDB. Agora é tarde, e não adianta chorar sobre o leite derramado.

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domingo, 4 de fevereiro de 2018

É PRECISO PACIFICAR O PAÍS. MAS COMO?



Diante da dificuldade em defender o indefensável, a defesa de Lula ataca duramente o juiz Sérgio Moro durante toda a tramitação do processo sobre o tríplex do Guarujá na 13ª Vara Criminal Federal da Seção Judiciária de Curitiba, no Paraná.

Condenado a 9 anos e 6 meses de prisão, o petralha recorre ao TRF-4. A 8.ª Turma mantém a condenação, aumenta a pena em 1/3 e determina sua execução assim que se esgotarem os recursos no âmbito daquele Tribunal.

Descontente com o resultado do recurso, Lula desce a lenha em Moro e nos desembargadores, antes, durante e depois dos julgamentos. E como lhe faltam argumentos sólidos para respaldar sua defesa ― “não sei, não vi, não me lembro” não ajudaram em nada ―, continua atacando ferozmente o Judiciário. Seu pedido de habeas corpus preventivo é negado pelo STJ, e o juiz do trabalho Maurício Marchetti, do TRT-2, sai em defesa da classe e manda a bordoada pelo Facebook:Lixo humano!!! O Brasil só vai ter paz com você na cadeia, seu filho da puta”.

Xingamentos, beligerância e trocas de acusações de parte a parte não levam a nada. O Brasil precisa de serenidade. Senão, as próximas eleições ― que nos oferecem a valiosa oportunidade de escolher não só o próximo presidente da República, mas também todos os 513 deputados federais e 2/3 dos 81 senadores ― serão mais um espetáculo circense de quinta classe, como tantas outras no passado. Portanto, há que se conscientizar o eleitorado da importância de votar com bom senso ― eu diria mesmo "com sabedoria", mas o grau de instrução e a desinformação dos nossos eleitores ... enfim, como eu costumo dizer, a cada segundo nasce um idiota neste mundo, e os que nascem no Brasil já vêm com título de eleitor.

Eduardo Cunha, Sérgio Cabral, Paulo Maluf e outros monstros sagrados da apodrecida política tupiniquim provavelmente se elegeriam se lhes fosse dada a chance de concorrer, a despeito de serem criminosos condenados e de estarem cumprindo pena.

O macróbio José Sarney continua dando as cartas no Maranhão e palpitando no governo de Michel Temer ― outro que só não está sendo investigado no STF porque barrou as denúncias por corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha mediante uma escandalosa compra de votos das marafonas do Congresso.

Fernando Collor de Mello, o caçador de marajás de araque e autodeclarado “homem macho de colhão roxo” ― que renunciou à presidência para não ser cassado ―, voltou ao palco da política como Senador pelo Estado de Alagoas, e a despeito de responder a 7 inquéritos no STF e ser réu em um deles, resolveu posar de pré-candidato à presidência desta Banânia.

Pior ainda Lula  ― hepta-réu já condenado por corrupção e lavagem de dinheiro em primeira e segunda instâncias ― continuar em primeiro lugar nas pesquisas de intenção de voto. Depois, quando alguém fala que o brasileiro não sabe votar ― como fez Pelé há cerca de 4 décadas ―, o pessoal cai de pau.

Lula, fundador e presidente de honra da imundície atualmente comandada por uma senadora vermelha fanática ― figura bizarra que não perde a chance de envergonhar o país defendendo tiranetes como Castro, Maduro, Chávez e companhia, além de, juntamente com outras aberrações como o senador Lindbergh Farias, insuflar a militância a reagir com truculência à condenação de seu amado líder ―, quer porque quer concorrer à presidência. Na sua óptica distorcida, decisão judicial só vale quando é favorável a ele, a seus apaniguados e ao seu espúrio projeto de poder.

A dificuldade que os demais partidos enfrentam para lançar candidaturas alternativas às de Lula e Bolsonaro ― o petralha é carta fora do baralho à luz da lei da Ficha-Limpa, mas continua sendo o preferido dos apedeutas de plantão ― traz a lume a situação desesperadora em que nos encontramos. Nenhum deles tem qualquer projeto de governo, qualquer ideia capaz de reverter o marasmo que tomou conta dos cidadãos de bem, que não aguentam mais tanta corrupção, mas se cansaram de esmurrar ponta de faca protestando contra a permanência dos corruptos no poder.

O PT e o PSDB polarizaram a política nos últimos 20 anos, mas acabaram atolados no lodaçal de corrupção ― no caso dos tucanos, some-se à corrupção a pusilanimidade, inoperância e incompetência desses políticos.

O emplumado senador Aécio Neves, que viu descer pelo ralo o respeitável capital eleitoral que amealhou quando disputou a presidência com a Rainha Bruxa do Castelo do Inferno, só não foi cassado devido ao espírito de corpo de seus pares, e só não está preso graças à decisão estapafúrdia do Judiciário, que deixou a chave do galinheiro nas mãos das raposas.

Mas se o mineirinho safo  também é carta fora do baralho, quem resta para disputar a presidência nas próximas eleições?  FHC ― que, com 86 anos nas costas e conhecedor como ninguém do submundo das campanhas eleitorais  ― já disse não, muito obrigado.

João Doria, que foi eleito prefeito de Sampa em 2016 logo no primeiro turno, também não decolou, em parte devido à resistência de seu padrinho político, mas também porque sua popularidade despencou ao longo dos 13 meses que completou à frente da maior metrópole da América Latina.

Sobra apenas Geraldo Alckmin ― aquele que, ao recuar na defesa das privatizações durante a campanha de 2006, jogou por terra a coerência partidária tucana e abriu as portas para a disputa do poder pelo poder, numa ação mercadológica equivocada. 

Mutatis mutandis, o mesmo se deu com a coerência ideológica petista, que virou fumaça quando o partido ― fundado para fazer política de “maneira diferente” ― se revelou useiro e vezeiro em recorrer à corrupção como estratégia política e a um esquema criminoso de causar inveja à Camorra Siciliana. Lula e o PT não só não combateram a corrupção, que até então era um câncer sem caráter de metástase, mas também a disseminaram alegremente por todos os órgãos institucional da nação, o que acabou por corroer suposto ideal do partido e transformá-lo em mero instrumento de interesses patrimonialistas.

No momento em que o país vive uma das piores crises de sua história, é fundamental que seus reais problemas sejam incluídos no debate eleitoral sem que o populismo impeça o enfrentamento de questões centrais, como as reformas estruturantes. Mas buscam-se nomes em vez de ideias e, para combater promessas irresponsáveis, mais irresponsabilidades são oferecidas ao eleitorado.

Esperemos que a ampliação do espaço de debate abra caminho para candidatos que defendam projetos de interesse do país e deixe para trás a radicalização, à esquerda e à direita, que faria desta campanha presidencial a mais lamentável dos últimos tempos.

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sábado, 6 de janeiro de 2018

ELEIÇÕES E CORRUPÇÃO NA POLÍTICA ― A CADA ENXADADA, UMA MINHOCA


Gostemos ou não, as eleições 2018 ainda vão dar muito pano pra manga, até porque são determinantes para o futuro do Brasil. Por enquanto, todavia, o que se tem é um amontoado de incertezas, a começar pela situação de Lula, que é o nome mais lembrado ― e, curiosamente, também o mais rejeitado ― nas pesquisas.

Se houver justiça nesta Banânia, a condenação imposta por Moro ao petralha será mantida. Em assim sendo, a lei da ficha-limpo botará um paradeiro em sua falácia de candidato. Claro que seu time de chicaneiro irá recorrer, mas aí voltamos ao campo das incertezas, pois cabeça de juiz, barriga de criança e pinto de padre... Enfim, só nos resta aguardar. E torcer. E acompanhar este vergonhoso governo lotear ministérios para garantir votos na reforma da Previdência.

Já o pato-manco que morreu e não sabe ― ao menos do ponto de vista moral ― continua movendo mundos e fundos para concluir seu mandato. Diz-se à boca pequena que ele aspira à reeleição, mas eu não acho que seja estúpido o bastante para acreditar que tem chances. Aliás, seu fiel pitbull ― o indigesto Carlos Marun ― já acenou com a possibilidade de o PMDB (ou MDB, como o partido pretende voltar a ser chamado) apoiar a candidatura do tucano Geraldo Alckmin, o picolé de chuchu que nem em São Paulo consegue entusiasmar o eleitorado. Volto amanhã com mais detalhes sobre Michel Temer.

Doria, depois do mal-estar que sua pré-candidatura provocou no ninho dos tucanos, desistiu de concorrer para não bater de frente com seu padrinho político (o tal picolé de chuchu). Fala-se que ele deve disputar o governo do Estado, mas é provável que volte a pleitear a presidência se a candidatura de Alckmin realmente não decolar. Afinal, estamos no Brasil, onde nem o passado é previsível.

Luciano Huck também disse que não vai participar do pleito, mas pode mudar de ideia a qualquer instante. De acordo com a coluna Radar da revista Veja, ele admite em conversas particulares que a decisão vai depender do desempenho de Alckmin; se a candidatura do governador não decolar até abril, Huck pode lançar a própria.

O PSDB está mais sujo que pau de galinheiro. Seu capital político, representado pelos mais 50 milhões de votos que Aécio Neves obteve em 2014, evaporou quando o mineirinho safado despiu o manto de santarrão-do-pau-oco. 

Generalizações são perigosas, e por isso não devemos dizer que político nenhum presta ― só que não me ocorre nenhum que esteja acima de qualquer suspeita. Mas é impressionante como, nessa seara, cada enxadada produz uma minhoca. Parece caixinha de lenço de papel, de onde se puxa um e sai um monte. Aliás, ouvi ontem a notícia que o “lixão da Estrutural” ― que fica em Brasília e é considerado pela ONU o maior lixão a céu aberto da América Latina ― será desativado até outubro. Pronto, pensei eu, vão demolir o Congresso e terraplenar a Praça dos Três Poderes.

Falando em lixo, não deixe de assistir ao clipe abaixo (se o vídeo não abrir, use este link: https://youtu.be/oemBQQvlTkQ). Eu acrescentaria algumas considerações, mas estou tão enojado de ouvir falar nesse sujeito que vou me abster. 


Bom dia a todos e até a próxima.

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