O Brasil vire uma
era gangrenada, em que as pessoas têm medo de ficar em casa e ser assaltadas
por bandidos comuns, e de ir votar para presidente e ser assaltadas pela falta
de opções. Uma era em que o
presidente ― o primeiro da nossa história a ser denunciado por crime comum no
exercício do cargo ― sobrevive graças a tudo que existe de ruim na caixa de
ferramentas do poder; em que um deputado acompanha mulheres de chefões do
tráfico até o ministro da Justiça para propor a retomada das visitas íntimas; em que uma ministra decorativa (?!) pugna pela mudança da lei de proventos em
benefício próprio.
A sociedade assiste, inerte, a todos esses
desmandos, mas, embora muitos ladrem nas redes sociais, poucos saem às ruas para
morder. E, pior: diante da inexistência de um remédio que dê jeito, já se pensa
em amputação ― e, pior ainda: com o risco de a democracia ir de embrulho.
Do mequetrefe seboso
e hepta-réu em plena pré-candidatura antecipada e ilegal ao político militar da reserva ― cujo nome
do meio é “Messias” ―, nossa falta de opção envolve nomes testados e
reprovados ― como o de Marina Silva, da Rede que não pega peixe, e de Geraldo
Alckmin, o tucano da asa quebrada. Sem falar nos neófitos Luciano Huck,
que promete trocar o ENEM pelo SOLTERANDO; o engenheiro, administrador de
empresas, economista, palestrante e fundador do Partido Novo João Amoedo;
e ― pasmem! ― o médico Robert Rey, vulgo Dr. Hollywood, que se
autodefine como “a última esperança” e, dentre outras bobagens, quer
tornar obrigatória a execução do Hino Nacional todas as manhãs, quando todos
deverão ficar em pé e colocar a mão direita no lado esquerdo do peito. É ou não um SANATÓRIO GERAL?!
Some-se a isso o
fato de nossa mais alta Corte abrigar ministros do quilate de Gilmar Mendes,
o divino, e dar a chave galinheiro às raposas. E como se não bastasse, o que
parecia ser a luz no fim do túnel é, sabe-se agora, o farol da locomotiva que
vem em desabalada carreira: o PSDB, que já foi a nossa esperança de pôr
fim à espúria administração lulopetista ― que roubou a mais não poder e, por
obra e graça da incompetenta que sucedeu ao bandido, quebrou o país ―, não sabe
para que lado se atira.
Com sua vocação inata para se envolver em processos indecisórios, o partido que ganhou a
disputa ao Planalto por duas vezes consecutivas (e no primeiro turno) e ficou
em segundo lugar nos quatro pleitos subsequentes tem agora quatro ministros
indesejados, um presidente afastado (Aécio), cuja imoral salvação do
mandato abriu as portas da impunidade para políticos do país afora, um
presidente substituto (Jereissati) que passou de candidato a efetivo a
destituído; um postulante ao cargo (Perillo) que clama por elegância e
um presidente de honra macróbio (FHC), mas lúcido o bastante para
alertar o tucanato do risco de o partido virar linha auxiliar do PMDB.
Isso para não mencionar os baixos índices de intenção de voto de três políticos
mais do que conhecidos nacionalmente (Serra, Alckmin e o próprio Aécio),
Vivemos num país de
chatos, onde se vai inventando, de cima para baixo, uma sociedade mal-humorada,
neurastênica e hostil à liberdade de expressão, que convive mal com a
observação dos fatos, a ciência e o raciocínio lógico. Às vésperas do apagar
das luzes de 2017, temos um cenário político ainda pior do que o de 2016, cujo
fim a gente aguardava ansiosamente, acreditando que tudo seria melhor a partir
do ano novo.
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