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sexta-feira, 26 de outubro de 2018

ELEIÇÕES 2018 — FALTANDO DOIS DIAS PARA O SEGUNDO TURNO



Termina nesta sexta-feria a abjeta propaganda eleitoral obrigatória e depois de amanhã, a aborrecente novela eleitoral edição 2018 — a mais polarizada desde a redemocratização e com o nível da campanha em patamares abissais. 

Na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes, as pesquisas apontam empate técnico entre João Doria e Márcio França, enquanto ambos disputam a tapa a preferência dos indecisos — o primeiro, com um retumbante discurso antipetista e o segundo, tentando assobiar e chupar cana, acenando para a esquerda e, ao mesmo tempo, afagando os que não querem ver o PT nem pintado.

No pleito presidencial, o Capitão Caverna — que lidera as pesquisas com 57% dos votos válidos — “joga parado” e tenta manter na coleira seus ferozes pitbulls, embora nem sempre consiga controlar a própria língua.

Atualização: Segundo pesquisa Datafolha divulgada no início da noite de ontem, Bolsonaro tem 56% das intenções de voto e Haddad, 44%. Não se sabe se essa mudança de humor do eleitorado é uma tendência ou se tem a ver com as últimas acusações contra o capitão — os entrevistados podem ter sido influenciados pelas fake news que não se confirmaram, como a acusação de que o vice do capitão seria um torturador, além do caso WhatsApp e o vídeo de Eduardo Bolsonaro falando no “fechamento do STF”. Os números do Datafolha sugerem que a diferença, que no levantamento anterior era de 18 pontos percentuais, caiu para 12, mas na prática ela era de 9 e caiu para 6, pois cada ponto que um candidato ganha, o outro perde em disputas polarizadas. Isso significa cerca de 5 milhões de votos por dia para serem revertidos, e esse feito não foi conseguido nos últimos dias.

Na última quarta-feira, os advogados do capitão pediram o arquivamento da ação aberta pelo TSE para apurar as acusações de que empresas compraram pacotes de disparos em larga escala de mensagens contra o PT e a campanha de Haddad

A alegação é que a denúncia publicada pela Folha é vazia, sem fundamento nem evidências de conduta ilegal, e que a coligação rival, por estar muito atrás nas pesquisas, tenta criar um “fato político inverídico e a partir daí produzir celeuma midiática” (segundo o Ibope/Estado/Globo, 73% dos entrevistados disseram não ter recebido críticas ou ataques a candidatos via WhatsApp na semana que antecedeu o primeiro turno).

Do outro canto do ringue, o fantoche do presidiário insiste num debate ao vivo e em cores, sem o qual, ressalta ele, esta será a primeira vez que uma eleição presidencial chega ao final sem que pelo menos um debate entre os postulantes ao Planalto seja realizado e transmitido ao vivo pela TV. 

Bolsonaro compareceu a dois debates antes do primeiro turno, mas foi alvo de um atentado e ficou hospitalizado por semanas a fio. Agora, a despeito de os médicos terem deixado a decisão a seu critério, ele se recusa estrategicamente a participar, dizendo, inclusive, que “quem conversa com poste é bêbado”. 

Salvo melhor juízo, debates são importantes quando envolvem ideias e projetos. No entanto, a julgar pelo que se viu nos embates entre os postulantes ao governo de estado, a coisa provavelmente se resumiria a uma abjeta troca de acusações e ofensas de parte a parte que não ajuda em nada o eleitor indeciso a definir seu voto. Haddad pleiteou no TSE que o debate marcado para esta sexta-feira, na Globo, fosse convertido em entrevista, mas o pedido foi negado pelo ministro Sérgio Banhos.

Fernão Lara Mesquita, em recente artigo publicado no Estadão e reproduzido no blog Vespeiro, faz uma análise lúcida da situação atual. Confira o excerto a seguir:

Sobre a semana de “Desespero” que passou, nada mais a dizer. Sobre “ameaças à democracia” no país que caminha para os finalmentes de uma lição exemplar sobre a real proporção da viagem na maionese de quem quer que acredite que pode tornar-se dono dele e ditar-lhe regras, não há mais qualquer preocupação. Arrancamo-nos do século 20 e, dele, ninguém nos pega mais. Podemos voltar a dar-nos o luxo de pensar o futuro. Mas a verdade nos libertará?

Sem dúvida, somente a verdade nos poderá libertar. Mas se será desta vez ou não que a “conheceremos”, essa é a dúvida que, resolvida a eleição, ainda remanesce. Há uma promessa de olhar para o quadrante onde os problemas de fato estão na economia e em outras vertentes não totalmente desprovidas de importância no espaço aberto entre a história real e a narrativa do drama brasileiro. Não é pouco, considerado o ineditismo e a distância que tomamos da realidade, mas é só o que há.

Atacar questões como as da Previdência e do resto do sistema de privilégios e colonização do Estado [...] é um imperativo de sobrevivência. Os 0,5% da população empregados pelo Estado, que os outros 99,5% sustentam, consomem integralmente os 40% do PIB que o Estado toma à Nação e mais o que contrata de dívida por ano nas costas dela sem nenhuma contrapartida de merecimento. [...] Os 63 mil assassinados por ano são a forma final que essa fatura assume depois de vir espalhando miséria no corpo e na alma do Brasil pelo caminho afora. Isso vai ter de parar. Vai ter de voltar para trás. Não há mais escolha.

Mas tudo isso ainda são efeitos. A causa de tudo ainda é a política. Tudo o mais que nos atropela é decorrência direta da inexistência de um sistema real de representação do País real no País oficial e da inexpugnável blindagem dos mecanismos de decisão contra qualquer interferência da massa dos excluídos, da plebe, da ralé também dita “eleitorado”. Os países são feitos para quem tem a última palavra no seu processo de tomada de decisões. E muito pouca coisa para além dessa verdade é verdade no blablablá com que nos engambelam desde Tiradentes. Existe democracia se e quando há uma ligação aferível dos representados de cada representante eleito e estes dispõem de instrumentos efetivos para impor a sua lei àqueles. É simples assim. Tem o poder quem tem o poder de demitir. É isso que decide se o país será construído pelos representantes eleitos para eles próprios e para “os seus” ou para o povo, para os eleitores.

Hoje a dúvida sobre para quem é feito o Brasil é zero. É dado à plebe, à ralé, ao eleitorado ir às urnas a cada quatro anos, como irá mais uma vez domingo, mas daí por diante e até a próxima eleição, em mais quatro anos, ele estará totalmente excluído da discussão do seu próprio destino. [...] E, no entanto, passa batida, como a expressão da mais pura verdade estabelecida, a afirmação, diariamente repetida pela situação e pela oposição e amplificada pelos “contra” e pelos “a favor”, de que tocar em qualquer desses privilégios seria “altamente impopular”. É um resumo eloquente da extensão da imunodeficiência nacional à mentira.

A mera exposição honesta e didática das parcelas que compõem a miséria do Brasil conduzirá à libertação do nó cego de mentiras que mantêm atadas as contas públicas. [...] Mas até aí estaremos falando apenas de manter viva a galinha dos ovos de ouro. E de assegurar a disputa pelo “direito” de ser o primeiro a colhê-los. O lugar de honra do panteão dos heróis da História continuará vago até que chegue quem seja honesto o bastante para fazer a reforma política que tornará impossível que, “como regra, a mentira esteja acima de tudo no nosso meio político”, seja quem for o eleito da vez para fazer o seu turno “lá”. [...] Voto distrital puro para garantir a fidelidade da representação do País real no País oficial e para tornar operacional mudar com segurança no ritmo da necessidade, direito de retomada de mandatos e referendo das leis dos Legislativos a qualquer momento para lembrar sempre quem é que manda, eleições de retenção de juízes para prevenir marchas à ré. Eis a verdade que nos libertaria.

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quinta-feira, 25 de outubro de 2018

FALTANDO 3 DIAS PARA O SEGUNDO TURNO



Na mais recente pesquisa do Ibope, Bolsonaro aparece com 57% das intenções de votos válidos, o que representa uma vantagem de 14% em relação a Haddad

A redução em comparação com os números da pesquisa anterior, que está dentro da tal “margem de erro”, pode ter a ver com declarações, vídeos e “revelações polêmicas” que inundaram a mídia e as redes sociais nos últimos dias, mas também pode ser uma “acomodação de camadas”, e não o terremoto que alguns vêm alardeando. Prova disso é que os mercados financeiros têm demonstrado confiança na vitória de Bolsonaro e na expectativa de continuidade da agenda de reformas — o que levou o IBOVESPA a se firmar acima dos 85 mil pontos, além de reduzir significativamente a desvalorização do real em relação do dólar.

Na avaliação de Merval Pereira, a vantagem Bolsonaro a três dias da eleição mostra como os votos cristalizados dos dois candidatos praticamente inviabilizam uma reviravolta na reta final, a não ser que algo inacreditável aconteça. Em vez de uma bala de prata, o PT gastou várias, mas nenhuma acertou o alvo. Mesmo assim, o número de pessoas que não votariam no capitão aumentou, superando o dos que votarão com certeza. Paralelamente, a rejeição a Haddad diminuiu, ainda que a diferença esteja dentro da tal margem de erro.

O suposto escândalo das mensagens inverídicas de WhatsApp, baseado numa denúncia jornalística inepta, acabou sendo soterrado pelo próprio Haddad, que se precipitou em avalizar a denúncia de que o general Mourão, vice de Bolsonaro, teria torturado o cantor e compositor Geraldo Azevedo em 1969 — até porque, na época, Mourão tinha apenas 16 anos (aliás, o próprio Azevedo voltou atrás em sua declaração). Mas o problema causado pela denúncia da Folha não justifica os arroubos retóricos do capitão em mensagem enviada aos manifestantes na Avenida Paulista, pois revelam uma preocupante visão autoritária da relação entre a imprensa e o mandatário de um país. Aliás, o mesmo destempero acomete o presidente Trump, dos Estados Unidos, e o ex-presidente Lula, que também se valeram de sua popularidade para incitar militantes e apoiadores contra os órgãos de imprensa que os vigiam.

Os esquerdistas assumiram postura autoritária ao exigir, em discursos inflamados, não apenas a anulação da eleição, mas também a censura ao WhatsApp até o final do segundo turno. É inacreditável que o PT pleiteie medidas drásticas com  base apenas numa denúncia de jornal, sem que as autoridades abram investigações. Quando mais não seja, porque os petistas sempre desacreditaram denúncias de jornal contra os seus — principalmente contra Lula — e criticaram o que qualificaram de rito sumário das decisões da Justiça na Operação Lava-Jato. Anular uma eleição é decisão gravíssima, e que, como destacou a ministra Rosa Weber, atual presidente do TSE, não pode ser tomada fora do tempo da Justiça “que não é o tempo da política”.

Resumo da ópera; Dificilmente a diferença que separa Bolsonaro de Haddad poderia ser revertida nos poucos dias que nos separam do segundo turno, mas a redução da distância entre ambos, que pode ser confirmada ainda nesta semana pelo Datafolha, é um alerta ao futuro presidente, que, por mais votos que receba, não terá um cheque em branco da sociedade.    

Para concluir esta postagem (que a síndrome do macaco não me permite espichar demais), relembro que esta vem sendo a eleição presidencial mais polarizada da nossa história e a primeira calcada precipuamente meio virtual, ainda que a anacrônica propagando política obrigatória continue a ser veiculada. E continuará a sê-lo até a próxima sexta-feira, permitindo que os candidatos se digladiem no mar de ofensas e acusações, numa deplorável sucessão de baixarias, como as que se viram nos debates entre os postulantes ao governo do estado de São Paulo — no âmbito do governo federal, Bolsonaro preferiu administrar sua vantagem e “jogar parado” a aceitar os recorrentes desafios do preposto do criminoso de Garanhuns (dizendo até que quem conversa com poste é bêbado).

Nessa terra de ninguém, onde é quase impossível separar o joio do trigo, o Projeto Comprova vem em socorro dos eleitores, com uma equipe de jornalistas que checam a veracidade das mensagens que lhe são repassadas pelo WhatsApp 11 97795-0022, a exemplo de site como Aos Fatos, Agência Lupa e Fato ou Fake, que também buscam desmentir as fake news

Seja como for, desconfie sempre de mensagens de cunho político com linguagem sensacionalista ou abundante em adjetivos, com textos em maiúsculas e/ou que apresentem erros gramaticais excessivos, pontos de exclamação em demasia e outros indicativos de maracutaia — sobretudo quando elas vêm acompanhadas do indefectível pedido de compartilhamento.

Observação: É bom lembrar que fotos não bastam para garantir a veracidade das mensagens, pois muitos disseminadores de boatos se valem de imagens antigas, editadas, ou associam fotos e vídeos verdadeiros a informações falsas. Nesse caso, vale recorrer à ferramenta de busca reversa de imagem do Google para verificar o contexto em que a foto foi publicada. No Google Imagens, por exemplo, basta carregar um arquivo de imagem ou pesquisar pelo link da foto.

Ainda em dúvida? Anote aí alguns telefones úteis:

Estadão Verifica: (11) 99263-7900
Aos Fatos: (21) 99956-5882
Folha Informações: (11) 99490-1649
Boatos.org: (61) 99177-9164
Fato ou Fake: (21) 97305-9827

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