A IGUALDADE
PODE SER UM DIREITO, MAS NUNCA SERÁ UM FATO.
A Internet
nasceu como um experimento militar, mas acabou se tornando uma ferramenta
utilíssima para os mais variados fins. A Web reúne bilhões de páginas, e, através
delas, a gente acessa um universo de informações sobre praticamente tudo que se
pode imaginar. Mas nem tudo que se lê ou vê na Web é confiável, como tampouco o
é aquilo que a mídia divulga ou que ouvimos de parentes, amigos, colegas de
trabalho.
O ser humano
não inventou a mentira. Ela existe desde que o mundo é mundo e está presente na
natureza, como comprova o gambá que se finge de morto, o camaleão que muda de
cor e o inseto que se disfarça de planta, por exemplo. Mas é inegável que o
Homem a tenha aprimorado a tal ponto que muitos fazem dela um meio de vida, como
é o caso de golpistas, vigaristas e assemelhados.
O conto do vigário não nasceu com a Web,
mas foi aprimorado no “mundo virtual”, onde pessoas mal-intencionadas se valem
da “engenharia social” para explorar a
empatia, a comiseração, a ingenuidade e, por que não dizer, a ganância de suas
vítimas em potencial. O golpe ganhou esse nome porque o malandro pedia à vítima
que cuidasse uma mala ou sacola, supostamente cheia de dinheiro, que teria
recebido de um vigário ― daí o termo
“vigarice” ― enquanto ia tratar de
um assunto urgente. E para reforçar a credibilidade do engodo, pedia ao “pato”
uma quantia em dinheiro ou um objeto de valor como garantia. Claro que quem
desaparecia era o golpista, deixando a vítima com um monte de jornal velho ou
qualquer outra coisa sem valor.
Outro golpe
velho como a serra, mas que é ressuscitado na Web de tempos em tempos, é do
suposto príncipe (ou ditador, dependendo da versão) de um
país africano qualquer, que envia um email dizendo ter sido preso injustamente
e oferecendo uma polpuda recompensa ao destinatário, caso ele lhe adiante o
dinheiro da fiança. Em outro famoso 171 ― aplicado de forma recorrente em salas
de bate-papo virtual ―, o malandro troca mensagens com diversas vítimas em
potencial, escolhe a mais adequada (não faltam corações solitários em chats
online), avança com a relação até fase das juras de amor eterno e aí sugere um
encontro tête-à-tête e pede o dinheiro para a passagem ― o vigarista
invariavelmente “mora em outra cidade” e está “momentaneamente descapitalizado”,
mas promete devolver o dinheiro no segundo encontro, e blá, blá, blá. O resto
você já pode imaginar: a vítima fica sem o dinheiro e com o coração partido, ao
passo que o espertinho volta às salas de bate-papo com outro nickname (apelido)
para escolher seu próximo alvo.
A Web está
coalhada de mentiras, mas ainda assim, segundo um estudo do Reuters Institute, 46% dos americanos
usam redes sociais como fonte de informação ― e 14% afirmam que elas são sua
fonte principal. No Brasil, os números são ainda maiores: 72% e 18%, respectivamente,
o que denota o perigo de manter o Facebook,
o Google e o Twitter em territórios sem lei. Por outro lado, controlar o que é
publicado esbarra numa questão delicada: a
censura.
Observação: Mesmo que a maioria dos autores e replicadores de notícias falsas
queira apenas alavancar a audiência de seus sites espúrios para faturar com
anúncios, sempre há extremistas e os ideológicos que se aproveitam do número
potencial de leitores para propagar o ódio, o preconceito e a baixaria política
(volto a essa questão numa próxima oportunidade).
Igualmente
perigosos (ou ainda mais perigosos) são os malwares
― nome que designa softwares maliciosos,
como vírus, trojans, spywares e
assemelhados), mas isso já é assunto para a próxima postagem. Abraços a todos e até lá.
Antes de encerrar, vale lembrar que prosseguem as investigações sobre a morte do ministro Teori Zavascki. Confira abaixo um trecho da conversa entre o piloto e a torre de controle do Aeroporto de Paraty (vale lembrar que não existe aeroporto em Paraty, apenas um modesto campo de pouso que nem torre de controle tem; portanto, o vídeo é uma piada - talvez de humor negro, mas com um triste fundo de... enfim, assista e tire você mesmo suas próprias conclusões).
A
eleição de Eunício Oliveira para a
presidência do Senado e a reeleição de Rodrigo
Maia para a da Câmara deram a Temer
uma base parlamentar forte e coesa. Com cerca de 400 deputados, o peemedebista
não tem desculpa para não aprovar as reformas e deixar sua marca na história
como “o cara que recolocou o Brasil nos trilhos do crescimento”, como afirmou
mais de uma vez que gostaria de ser lembrado. No Senado, a situação é ainda
melhor: Até o PT fez acordo para
ficar na Mesa. Claro que, em alguns pontos, Temer terá de negociar, de abrir mão de alguma coisa, mas isso é
regra do jogo no presidencialismo de coalizão. Claro, também, que a Lava-Jato pode abalar essa base ― o
recesso do Judiciário terminou, Sergio
Moro voltou das férias, as delações dos 77 da Odebrecht foram homologadas e outras que estão por vir têm
potencial para atingir em cheio o núcleo do poder. Enfim, vamos aguardar.
A
reeleição de Rodrigo Maia foi alvo
de diversas ações na Justiça. Para muitos juristas e palpiteiros de plantão, o
deputado ascendeu à presidência da Casa em julho do ano passado para concluir o
mandato de Eduardo Cunha, e o
regimento interno proíbe reeleição na mesma legislatura. Ou seja, como o
mandato dos atuais deputados vai até 2018, Maia,
em tese, só poderia voltar a ocupar a presidência a partir de 2019, caso viesse
a se reeleger deputado. Maia se defendeu
afirmando ter sido eleito para um “mandato-tampão” e, por ter ocupado a
presidência por um período menor do que o previsto no regimento, não estaria
enquadrado na regra que impossibilita a reeleição. Sua posição
foi avalizada pelo relator da CCJ da Câmara, Rubens Pereira Junior, para quem “inexiste “vedação expressa” que
impeça a candidatura, já que a situação “excepcional” de mandato-tampão não é
prevista na Constituição. Os deputados Jovair
Arantes, Rogério Rosso, André Figueiredo e Júlio Delgado recorreram ao STF
para barrar o pleito (além dessa, pelo menos outras três ações naquela Corte
contestaram a eleição), mas o ministro Celso
de Mello rejeitou os pedidos e liberou a candidatura de Rodrigo Maia ― embora a decisão seja
meramente liminar; dependendo da decisão do plenário, a eleição ainda pode vir
a ser anulada (isso se chama Brasil, minha gente).
Por
último, mas não menos importante: O deputado peemedebista mineiro Fábio Ramalho, eleito vice-presidente
da Câmara, foi um dos primeiros a chegar à festa de comemoração, em um
restaurante chique às margens do Lago Paranoá. O parlamentar, que usa dois
celulares simplórios, sem conexão com a Internet, por entender que “smartphone é trem do capeta”, creditou
sua vitória aos concorridos jantares que costuma oferecer toda quarta-feira a
deputados do baixo e do alto clero. Fiel a seus hábitos, ele deixou cedo o
restaurante, pois as panelas já estavam no fogo em seu apartamento funcional,
onde, diferente do ambiente sofisticado da comemoração de Rodrigo Maia, sua “festa da vitória” se deu em mesinhas espalhadas
pela sala, ao som da dupla sertaneja Jorge e Mateus, num vídeo exibido na TV.
Em vez de camarões, filés e profiteroles com sorvete do cardápio da festa do
Democratas, ele serviu feijão tropeiro, porco assado, linguiça de porco com
pimenta e pé de moleque trazidos de Malacacheta. À curiosidade dos jornalistas
sobre a fama de que seus jantares ofereciam bem mais do que leitão à pururuca,
o político com jeitão mineiro do interior jurou que seus convidados são quase
sempre homens. Como
dizia o velho Jack Palance,
“acredite se quiser”...
Observação: Para quem não se lembra, na legislatura anterior o vice era Waldir Maranhão ― aquele que assumiu
interinamente a presidência com o afastamento de Eduardo Cunha e tentou anular a votação do impeachment da anta
vermelha. Pelo jeito, a Câmara trocou um cachaceiro por um putanheiro.
Antes de encerrar, vale lembrar que prosseguem as investigações sobre a morte do ministro Teori Zavascki. Confira abaixo um trecho da conversa entre o piloto e a torre de controle do Aeroporto de Paraty (vale lembrar que não existe aeroporto em Paraty, apenas um modesto campo de pouso que nem torre de controle tem; portanto, o vídeo é uma piada - talvez de humor negro, mas com um triste fundo de... enfim, assista e tire você mesmo suas próprias conclusões).
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