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domingo, 10 de fevereiro de 2019

AINDA SOBRE LULA LÁ — E QUE FIQUE POR LÁ



Para concluir esta abordagem sobre nosso “caro” presidiário-estrela — cuja hospedagem na PF nos custa R$ 10 mil por dia —, preparei um breve apanhado sobre seus demais processos, cujas penas máximas, se aplicadas, acresceriam 110 anos aos 25 a que ele já foi condenado (pelas penas mínimas, o acréscimo seria de 31 anos, o que já teria potencial para tirar o sono de qualquer um).

Claro que ninguém fica preso por um século no Brasil, e tampouco se espera que um septuagenário tenha um século de vida pela frente. Mas o fato é que neste arremedo de Banânia — que ora atende por “Pátria amada, Brasil”, após ter ostentado orgulhosamente os epítetos “Um país de todos” no governo de Lula, “Pátria educadora” no de Dilma e “Ordem e progresso” no de Temer — é público e notório que o crime compensa, que a polícia prende e a Justiça solta, e que não raro o criminoso deixa a delegacia pela porta da frente antes mesmo de a vítima conseguir registrar a ocorrência. E a coisa é ainda pior nos andares de cima do Judiciário.

Há no Supremo gabinete distribuindo senha para soltar corrupto, sem qualquer forma de direito e numa espécie de ação entre amigos, afirmou o ministro Luís Roberto Barroso, sem dar nomes aos bois, mas numa referência clara a Gilmar Mendes, a quem ele já havia classificado publicamente comouma pessoa horrível, uma mistura do mal com o atraso e pitadas de psicopatia“ e acusara de “desmoralizar o Tribunal”.

Falando nisso, o ministro-deus subiu nas tamancas quando Veja revelou que a Receita Federal abriu um procedimento para identificar supostos "focos de corrupção, lavagem de dinheiro, ocultação de patrimônio ou tráfico de influência", tanto dele quanto de sua mulher, Guiomar Mendes. Além de entrar com uma petição na PGR e na própria Receita, o laxante de toga exigiu do presidente do STF “providências urgentes” para apurar a iniciativa dos auditores fiscais (volto a esse assunto oportunamente).

Deixemos de lado a encarnação de Deus na Terra e voltemos à autodeclarada “alma viva mais honesta da galáxia”, que coleciona processos com potencial para prolongar sua estada na cadeia por um bom tempo. A não ser, naturalmente, que alguma maracutaia o tire de lá pela porta dos fundos, o que não é nada difícil, como comprova a estapafúrdia liminar que o ministro Marco Aurélio publicou minutos depois do início do recesso do Judiciário, em dezembro, com o nítido propósito de favorecer Lula, mas que, por tabela, abria as portas da cadeia para quase 170 mil presos que estão cumprindo penas sem que a condenação tenha transitado em julgado.

Como vimos no post anterior, Lula foi condenado em duas ações criminais. Na do tríplex do Guarujá, que resultou em sua prisão depois que a decisão da primeira instância foi confirmada pelo TRF-4 e a pena aumentada de 9 anos e meio para 12 anos e um mês, a defesa apelou ao STJ, alegando que as decisões do Regional contrariaram diversos dispositivos de leis federais, como a impossibilidade de o processo ser julgado por um juiz que perdeu a isenção. O relator do REsp, ministro Felix Fischer, rejeitou monocraticamente o apelo, alegando que acolhê-lo exigiria o reexame das provas, e que é vetado pela Súmula 7 do STF. Aguarda-se agora a decisão da 5ª Turma do STJ, mas tudo indica que as chances de êxito do petralha são remotas.

No processo sobre o sítio em Atibaia, a juíza substituta Gabriela Hardt condenou Lula a 12 anos e 1 mês de prisão. Horas antes, a defesa havia pedido ao STF que ação deixasse a 13ª Vara Federal do Paraná e fosse enviada a Brasília. Cristiano Zanin e companhia argumentam que, ao determinar que os termos de delação premiada de executivos da Odebrecht fossem enviados a Brasília, a 2ª Turma do Supremo "reafirmou a incompetência" do Juízo de Curitiba para julgar ações relacionadas àquelas informações, e pedem que todas as decisões tomadas pela substituta de Moro sejam anuladas. O pedido foi apresentado dentro de uma reclamação discutida desde maio de 2018 no STF, que está sob a relatoria da ministra Cármen Lúcia. Em outubro, a PGR se manifestou contrariamente à pretensão da defesa, afirmando que os advogados de Lula tentam burlar o processo de Justiça.

Lula se tornou réu pela terceira nas asas da Operação Janus. Segundo a denúncia — aceita pelo juiz Vallisney Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal de Brasília —, ele teria usado sua influência no BNDES e em outros órgãos para favorecer a Odebrecht em contratos e obras de engenharia em Angola. Em troca, a empreiteira teria pago propina de cerca de R$ 30 milhões.

A quarta vez foi em dezembro de 2016, no âmbito da Zelotes, por suspeitas de tráfico de influência, lavagem de dinheiro e organização criminosa. A denúncia — segundo a qual o molusco teria interferido na compra de 36 caças suecos pelo governo brasileiro, além de ter atuado para prorrogar medida provisória que concedia incentivos fiscais a montadoras de veículos — também foi aceita pelo juiz federal Vallisney.

Em setembro de 2017, o juiz Vallisney aceitou mais denúncia do MPF contra Lula, esta por crime de corrupção resultante da participação do ex-presidente na "venda" da medida provisória 471, de 2009, que prorrogou os incentivos fiscais a montadoras instaladas nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Nove meses antes, Lula havia se tornado réu pela quinta vez (a terceira na âmbito da Lava-Jato), depois que Moro aceitou a denúncia do MPF por corrupção passiva e lavagem de dinheiro em contratos firmados entre a Petrobras e a Odebrecht. Segundo os procuradores, sua insolência teria recebido propina da empreiteira por intermédio do ex-ministro Antonio Palocci — que também réu na ação. Parte do dinheiro (R$ 12,4 milhões) teria sido usada na compra de um terreno no qual seria erguida a nova sede do Instituto Lula, e o restante, na compra da cobertura vizinha à de Lula em São Bernardo do Campo (SP). Os autos estão conclusos para sentença, mas o julgamento não deve ficar a cargo da juíza substituta Gabriela Hardt, e sim de Luiz Antônio Bonat — o juiz federal com maior tempo de carreira em toda a jurisdição do TRF-4 —, que assumirá a 13ª Vara Federal em Curitiba e ficará responsável por todos os inquéritos da Lava-Jato no Paraná.

Em 2017, o ministro Fachin enviou à Justiça Federal de Brasília — e o juiz Vallisney aceitou — a denúncia em que Rodrigo Janot acusa Lula e Dilma por formação de quadrilha no esquema que teria coletado propinas de R$ 1,48 bilhão entre 2002 e 2016 (e que ficou conhecido como "quadrilhão do PT"). No mês seguinte, Lula virou réu mais uma vez, desta feita acusado de receber R$ 1 milhão, disfarçado como doação para o Instituto Lula, em troca de favorecer o grupo ARG em negociações com o presidente da Guiné Equatorial. O processo tramita na 2ª Vara Federal de São Paulo, especializada em crimes financeiros e lavagem de dinheiro.

Lula também é investigado por ter sido nomeado por Dilma ministro-chefe da Casa Civil, em março 2016, com o propósito de obter prerrogativa de foro e evitar sua prisão (um mês antes ele fora conduzido coercitivamente para depor à PF na Sala da Presidência do Pavilhão das Autoridades do Aeroporto de Congonhas, na capital paulista). Para fechar a lista, em abril do ano passado Lula foi denunciado pela PGR (juntamente com Antônio PalocciGleisi Hoffmann e o maridão Paulo Bernardo) por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Com uma capivara dessas, só acredita que esse pulha é a alma viva mais honesta do Brasil quem, a exemplo dos camarões e dos sectários da seita do inferno, têm os intestinos na cabeça. E viva o PT.  

domingo, 19 de fevereiro de 2017

SOBRE A LAVA-JATO E OUTRAS QUESTÕES AFINS

A Operação Lava-Jato foi deflagrada em março de 2014 e ganhou esse nome porque, a princípio, investigava crimes de lavagem de dinheiro praticados por um grupo que usava uma rede de lavanderias e postos de combustíveis para movimentar os valores. Curiosamente, o posto que deu origem às investigações fica no Distrito Federal e não tem um lava-jato entre suas instalações.

Às vésperas de seu terceiro aniversário, a Lava-Jato contabiliza 1.500 processos, 71 acordos de colaboração premiada, 9 acordos de leniência, 57 acusações criminais contra 260 pessoas (sem repetição de nome) e 127 condenações que, somadas, correspondem a mais de 1.300 anos de prisão. Dentre outros figurões que se julgavam intocáveis, o juiz Sérgio Moro já condenou 87 indivíduos ― alguns mais de uma vez, por diferentes crimes, totalizando 127 sentenças. Todavia, entre os políticos com direito ao deplorável foro privilegiado, apenas 4 se tornaram réus (até agora).

Isso se explica ― ao menos em parte ― pelo fato de o STF demorar 617 dias, em média, para receber uma denúncia criminal, coisa que na primeira instância não leva mais que uma semana. O problema é que essa morosidade na tramitação dos processos em nossa mais alta Corte abre uma janela para a impunidade, como se vê no caso do senador e ex-presidente do Congresso Renan Calheiros, que é alvo de 13 inquéritos, mas só se tornou réu em um deles (até agora).

O juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, cuida apenas de processos penais, ao passo que o Supremo tem como função precípua garantir a aplicação da Constituição Federal. Simultaneamente aos casos da Lava-Jato envolvendo políticos com foro, a Corte julga dezenas de outras ações, muitas delas urgentes. Em tese, todo processo que tramita no STF tende a ser mais demorado do que numa vara comum, não só pelo número de ações que toca a cada um dos onze ministros, mas também pela complexidade delas. Por conta disso, muitos juristas defendem mudanças no regime de foro privilegiado ― prerrogativa criada para evitar perseguições políticas contra autoridades e pressões de investigados poderosos sobre juízes de primeiro grau.

Existem várias propostas sendo debatidas no meio jurídico, mas uma mudança teria que ser aprovada no Congresso. Todavia, considerando que boa parte dos nossos congressistas (a quem o mandato de deputado ou senador garante a prerrogativa de foro) tem rabo preso com a Justiça, a conclusão é óbvia. Para o jurista Miguel Reale Júnior, um dos autores pedido de impeachment que levou à cassação de Dilma, as perspectivas de mudanças são quase inexistentes, pois dificilmente os rufiões da pátria e proxenetas do Parlamento aprovariam uma proposta que prejudicasse a si próprios e a seus pares. 

Para minimizar a impressão de que o governo compactua com a corrupção, o presidente Michel Temer prometeu afastar definitivamente ministros do seu governo que venham a ser processados no âmbito da Lava Jato ― mas a lentidão do STF contribui para isso demore a ocorrer, para a alegria dos suspeitos, delatados e investigados, pois os atos ilícitos por eles cometidos podem caducar antes mesmo de os processos serem instaurados.

Segundo uma matéria publicada recentemente pela revista Veja, a Lava-Jato mirou e acertou cabeças coroadas ao longo do ano passado. Em Curitiba, Rio de Janeiro ou Distrito Federal, seja pelo escândalo de corrupção na Petrobras ou investigações derivadas dele, foram parar no banco dos réus pesos-pesados como o ex-presidente Lula, o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral, o ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil Antonio Palocci e o marqueteiro João Santana. O juiz Moro e os demais magistrados de primeira instância à frente destas ações penais, a exemplo de Vallisney Oliveira, da 10ª Vara Federal do Distrito Federal, levam uma média de seis a nove meses entre o recebimento de denúncias do Ministério Público Federal e os julgamentos. Considerando a velocidade das canetas de quem vai julgá-los, estes nomes outrora poderosos devem figurar em sentenças judiciais em 2017. Vejamos alguns deles:

Lula é réu em cinco ações penais na Justiça Federal, e deve conhecer suas primeiras sentenças judiciais ainda neste ano (há quem aposte que a primeira desponte ainda neste semestre, o que seria providencial). O petralha foi feito réu pela primeira vez em julho de 2016, quando o juiz federal Ricardo Leite, da 10ª Vara Federal do Distrito Federal, aceitou a denúncia do Ministério Público Federal que o acusa de ter participado da tentativa de obstrução das investigações da Lava-Jato mediante a compra do silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró. Dois meses depois, Moro abriu a segunda ação penal contra o ex-presidente, desta feita por crimes de corrupção e lavagem de dinheiro no caso do famoso triplex construído pela OAS no Guarujá e no armazenamento de seu acervo pessoal, também bancado pela empreiteira. O terceiro processo foi aberto no mês seguinte pelo juiz Vallisney Oliveira, também da 10ª Vara Federal do Distrito Federal, no âmbito da Operação Janus. Neste, pesam contra Lula acusações de organização criminosa, lavagem de dinheiro, corrupção e tráfico de influência em contratos do BNDES que teriam favorecido a empreiteira Odebrecht. Nos dias 16 e 19 de dezembro, respectivamente, os magistrados Oliveira e Moro aceitaram mais duas denúncias contra sua insolência no âmbito da Operação Zelotes ― por tráfico de influência, lavagem de dinheiro e organização criminosa ―, e em mais um processo da Lava-Jato ― por recebimento de propinas da Odebrecht. E o cara ainda ronca prosa, diz ser a “alma viva mais honesta do Brasil” e, como um egun mal despachado, assombra o país ameaçando voltar à presidência nas próximas eleições (e o pior é que conta com o apoio da patuleia ignara de sempre, iludida pelas benesses auferidas durante a gestão do nove-dedos à custa da roubalheira insana que resultou na crise econômica, política e moral que aí está).

Outra criatura diabólica que se achava intocável, o ex-deputado e ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha ― preso em Curitiba desde outubro do ano passado ― é acusado em três ações penais e também deve ser julgado nos próximos meses pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão fraudulenta de divisas ― por supostamente ter recebido propina na compra de um campo de petróleo na África, pela Petrobras ―, por suposto recebimento de 5 milhões de dólares em propina oriundos de contratos de afretamento de navios-sonda da Samsung Heavy Industries (também pela Petrobras), e por crimes de corrupção, lavagem de dinheiro, prevaricação e violação de sigilo funcional em aportes de fundos de investimento administrados pela CEF. Dizendo-se portador de um aneurisma ― como o que acarretou a morte da ex-primeira-dama vermelha Marisa Leticia, ora canonizada pela ignara militância petista ―, mas recusando-se a fazer o exame médico comprobatório, Cunha tentou se livrar do xadrez, mas seu pedido de habeas corpus foi negado pelo juiz Moro. Em seu despacho, o magistrado disse que o “poder político de Cunha põe em risco não só a instrução processual, mas também a própria conclusão regular do processo, já que os expedientes do acusado, como se verificou no trâmite do Conselho de Ética, também eram destinados a turbar o desenvolvimento regular do processo pelos agentes públicos encarregados”.

Quer mais? Então vamos lá: o ex-ministro petralha Antonio Palocci, preso em setembro passado durante a “Operação Omertà”, tornou-se réu na Lava-Jato no início de novembro e deve conhecer a sentença de Moro dentro de mais alguns meses. A ele são atribuídos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro por ter recebido e intermediado ao PT pagamentos de propina que chegam a 128 milhões de reais.

O publicitário João Santana ― marqueteiro nas campanhas de Lula e Dilma ―, preso em fevereiro de 2016 no âmbito da 23ª fase da Lava-Jato (Acarajé) por lavagem de dinheiro, havia deixado a cadeia em agosto e negociava um acordo de delação premiada. No início deste mês, ele e sua mulher, Monica Moura, foram condenados pelo juiz Sergio Moro a 8 anos e 4 meses de prisão. Dentre outros corréus na ação estava o operador petralha João Vaccari ― o próximo da nossa lista ―, que foi sentenciado a 10 anos por corrupção passiva.

Ex-tesoureiro do PT, Vaccari ― também conhecido como “MOCH” devido à inseparável mochila onde transportava o dinheiro das propinas, já se encontrava preso no Complexo Médico-Penal de Pinhais, em Curitiba. Em setembro de 2015, ele havia sido condenado a 15 anos e 4 meses de prisão por crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro; em maio do ano passado, foi agraciado com mais 9 anos por desvio de dinheiro da diretoria de Serviços e Engenharia da Petrobras, e quatro meses depois, a mais 6 anos e 8 meses por corrupção passiva.

Outro ilustre hóspede da Justiça Penal, o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral, preso na Operação Calicute (outro desdobramento da Lava-Jato), também deve encerrar 2017 com pelo menos uma condenação em primeira instância. O juiz federal Marcelo Bretas, responsável pelos processos da Lava-Jato no Rio, aceitou no início de dezembro a denúncia do MPF pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Cabral é acusado pelos procuradores de ter liderado um esquema de corrupção que desviou 224 milhões de reais de contratos públicos do Estado com as empreiteiras Andrade Gutierrez e Carioca Engenharia.

Fecho a lista com o “cumpanhêro” José Dirceu, que foi condenado a 7 anos e 11 meses de prisão no mensalão e a mais 20 anos e 10 meses no petrolão. Ex-ministro da Casa Civil de Lula, o guerrilheiro de araque está preso em Curitiba desde agosto de 2015, e deve ser brindado com outra sentença ainda este ano, desta vez por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no suposto recebimento de propina em contratos do setor de compras da Petrobras.

Por hoje chega, gente. O resto fica para outra vez. 

MAIS IMPORTANTE QUE A NOTÍCIA É O QUE ESTÁ POR TRÁS DOS FATOS QUE ELA DIVULGA. CONFIRA NO VÍDEO.


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BOM DOMINGO A TODOS.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

CONFIAR DESCONFIANDO

A IGUALDADE PODE SER UM DIREITO, MAS NUNCA SERÁ UM FATO.

A Internet nasceu como um experimento militar, mas acabou se tornando uma ferramenta utilíssima para os mais variados fins. A Web reúne bilhões de páginas, e, através delas, a gente acessa um universo de informações sobre praticamente tudo que se pode imaginar. Mas nem tudo que se lê ou vê na Web é confiável, como tampouco o é aquilo que a mídia divulga ou que ouvimos de parentes, amigos, colegas de trabalho.

O ser humano não inventou a mentira. Ela existe desde que o mundo é mundo e está presente na natureza, como comprova o gambá que se finge de morto, o camaleão que muda de cor e o inseto que se disfarça de planta, por exemplo. Mas é inegável que o Homem a tenha aprimorado a tal ponto que muitos fazem dela um meio de vida, como é o caso de golpistas, vigaristas e assemelhados.

O conto do vigário não nasceu com a Web, mas foi aprimorado no “mundo virtual”, onde pessoas mal-intencionadas se valem da “engenharia social” para explorar a empatia, a comiseração, a ingenuidade e, por que não dizer, a ganância de suas vítimas em potencial. O golpe ganhou esse nome porque o malandro pedia à vítima que cuidasse uma mala ou sacola, supostamente cheia de dinheiro, que teria recebido de um vigário ― daí o termo “vigarice” ― enquanto ia tratar de um assunto urgente. E para reforçar a credibilidade do engodo, pedia ao “pato” uma quantia em dinheiro ou um objeto de valor como garantia. Claro que quem desaparecia era o golpista, deixando a vítima com um monte de jornal velho ou qualquer outra coisa sem valor. 

Outro golpe velho como a serra, mas que é ressuscitado na Web de tempos em tempos, é do suposto príncipe (ou ditador, dependendo da versão) de um país africano qualquer, que envia um email dizendo ter sido preso injustamente e oferecendo uma polpuda recompensa ao destinatário, caso ele lhe adiante o dinheiro da fiança. Em outro famoso 171 ― aplicado de forma recorrente em salas de bate-papo virtual ―, o malandro troca mensagens com diversas vítimas em potencial, escolhe a mais adequada (não faltam corações solitários em chats online), avança com a relação até fase das juras de amor eterno e aí sugere um encontro tête-à-tête e pede o dinheiro para a passagem ― o vigarista invariavelmente “mora em outra cidade” e está “momentaneamente descapitalizado”, mas promete devolver o dinheiro no segundo encontro, e blá, blá, blá. O resto você já pode imaginar: a vítima fica sem o dinheiro e com o coração partido, ao passo que o espertinho volta às salas de bate-papo com outro nickname (apelido) para escolher seu próximo alvo.

A Web está coalhada de mentiras, mas ainda assim, segundo um estudo do Reuters Institute, 46% dos americanos usam redes sociais como fonte de informação ― e 14% afirmam que elas são sua fonte principal. No Brasil, os números são ainda maiores: 72% e 18%, respectivamente, o que denota o perigo de manter o Facebook, o Google e o Twitter em territórios sem lei. Por outro lado, controlar o que é publicado esbarra numa questão delicada: a censura.

Observação: Mesmo que a maioria dos autores e replicadores de notícias falsas queira apenas alavancar a audiência de seus sites espúrios para faturar com anúncios, sempre há extremistas e os ideológicos que se aproveitam do número potencial de leitores para propagar o ódio, o preconceito e a baixaria política (volto a essa questão numa próxima oportunidade).

Igualmente perigosos (ou ainda mais perigosos) são os malwares ― nome que designa softwares maliciosos, como vírus, trojans, spywares e assemelhados), mas isso já é assunto para a próxima postagem.  Abraços a todos e até lá.

SOBRE A REELEIÇÃO DE RODRIGO MAIA E SMARTPHONE SER “TREM DO CAPETA”

A eleição de Eunício Oliveira para a presidência do Senado e a reeleição de Rodrigo Maia para a da Câmara deram a Temer uma base parlamentar forte e coesa. Com cerca de 400 deputados, o peemedebista não tem desculpa para não aprovar as reformas e deixar sua marca na história como “o cara que recolocou o Brasil nos trilhos do crescimento”, como afirmou mais de uma vez que gostaria de ser lembrado. No Senado, a situação é ainda melhor: Até o PT fez acordo para ficar na Mesa. Claro que, em alguns pontos, Temer terá de negociar, de abrir mão de alguma coisa, mas isso é regra do jogo no presidencialismo de coalizão. Claro, também, que a Lava-Jato pode abalar essa base ― o recesso do Judiciário terminou, Sergio Moro voltou das férias, as delações dos 77 da Odebrecht foram homologadas e outras que estão por vir têm potencial para atingir em cheio o núcleo do poder. Enfim, vamos aguardar.

A reeleição de Rodrigo Maia foi alvo de diversas ações na Justiça. Para muitos juristas e palpiteiros de plantão, o deputado ascendeu à presidência da Casa em julho do ano passado para concluir o mandato de Eduardo Cunha, e o regimento interno proíbe reeleição na mesma legislatura. Ou seja, como o mandato dos atuais deputados vai até 2018, Maia, em tese, só poderia voltar a ocupar a presidência a partir de 2019, caso viesse a se reeleger deputado. Maia se defendeu afirmando ter sido eleito para um “mandato-tampão” e, por ter ocupado a presidência por um período menor do que o previsto no regimento, não estaria enquadrado na regra que impossibilita a reeleição. Sua posição foi avalizada pelo relator da CCJ da Câmara, Rubens Pereira Junior, para quem “inexiste “vedação expressa” que impeça a candidatura, já que a situação “excepcional” de mandato-tampão não é prevista na Constituição. Os deputados Jovair Arantes, Rogério Rosso, André Figueiredo e Júlio Delgado recorreram ao STF para barrar o pleito (além dessa, pelo menos outras três ações naquela Corte contestaram a eleição), mas o ministro Celso de Mello rejeitou os pedidos e liberou a candidatura de Rodrigo Maia ― embora a decisão seja meramente liminar; dependendo da decisão do plenário, a eleição ainda pode vir a ser anulada (isso se chama Brasil, minha gente).

Por último, mas não menos importante: O deputado peemedebista mineiro Fábio Ramalho, eleito vice-presidente da Câmara, foi um dos primeiros a chegar à festa de comemoração, em um restaurante chique às margens do Lago Paranoá. O parlamentar, que usa dois celulares simplórios, sem conexão com a Internet, por entender que “smartphone é trem do capeta”, creditou sua vitória aos concorridos jantares que costuma oferecer toda quarta-feira a deputados do baixo e do alto clero. Fiel a seus hábitos, ele deixou cedo o restaurante, pois as panelas já estavam no fogo em seu apartamento funcional, onde, diferente do ambiente sofisticado da comemoração de Rodrigo Maia, sua “festa da vitória” se deu em mesinhas espalhadas pela sala, ao som da dupla sertaneja Jorge e Mateus, num vídeo exibido na TV. Em vez de camarões, filés e profiteroles com sorvete do cardápio da festa do Democratas, ele serviu feijão tropeiro, porco assado, linguiça de porco com pimenta e pé de moleque trazidos de Malacacheta. À curiosidade dos jornalistas sobre a fama de que seus jantares ofereciam bem mais do que leitão à pururuca, o político com jeitão mineiro do interior jurou que seus convidados são quase sempre homens. Como dizia o velho Jack Palance, “acredite se quiser”...

Observação: Para quem não se lembra, na legislatura anterior o vice era Waldir Maranhão ― aquele que assumiu interinamente a presidência com o afastamento de Eduardo Cunha e tentou anular a votação do impeachment da anta vermelha. Pelo jeito, a Câmara trocou um cachaceiro por um putanheiro.

Antes de encerrar, vale lembrar que prosseguem as investigações sobre a morte do ministro Teori Zavascki. Confira abaixo um trecho da conversa entre o piloto e a torre de controle do Aeroporto de Paraty (vale lembrar que não existe aeroporto em Paraty, apenas um modesto campo de pouso que nem torre de controle tem; portanto, o vídeo é uma piada - talvez de humor negro, mas com um triste fundo de... enfim, assista e tire você mesmo suas próprias conclusões).


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quinta-feira, 18 de agosto de 2016

MALWARE SIMULA WHATSAPP PARA ANDROID E ROUBA INFORMAÇÕES CONFIDENCIAIS DO USUÁRIO

CONHEÇA SEU INIMIGO COMO A SI MESMO E VOCÊ NÃO TERÁ QUE TEMER O RESULTADO DE CEM BATALHAS.

Segundo o site de tecnologia Canaltech, a PSafe identificou um malware ― batizado de WhatsApp.CreditCardStealer ― que simula o WhatsApp para Android e exibe uma tela que solicita ao usuário informar os dados do seu cartão de crédito.

Para aliciar as vítimas, os crackers enviam um email convidando o destinatário a instalar “um Novo WhatsApp recheado de funções inéditas”. Ao acessar o link, o usuário recebe uma mensagem de erro e o aplicativo falso desaparece, mas o WhatsApp continua funcionando normalmente. A praga remove o ícone de atalho da Play Store e impede o acesso à loja virtual, evitando a instalação de aplicativos de segurança ou antivírus que possam detectá-lo, mas, para burlar o antivírus instalado, fica inativa por cerca de quatro horas antes de solicitar os dados do cartão de crédito para liberar o acesso à Play Store.

Além dos dados do cartão serem repassados aos cibervigaristas, o número do celular é cadastrado automaticamente em um serviço de SMS pago, que consome os créditos do aparelho, castigando ainda mais o bolso da pobre vítima.

Outro golpe via WhatsApp busca enganar os usuários com a oferta de um pacote de emoticons românticos. De acordo com a empresa de segurança digital ESET, as vítimas recebem um link falso ― que supostamente levaria à instalação do pacote ― que os instrui a compartilhar a mensagem com 10 pessoas ou 3 grupos diferentes de contatos. Ao seguir as instruções, elas são inscritas em serviços de mensagens pagas, destinados a encher as burras dos cibercriminosos.

Para evitar mais esses golpes, as recomendações são as de sempre: jamais baixe e instale apps de fontes não oficiais, evite clicar em links desconhecidos recebidos por e-mail ou SMS e fique esperto em relação às permissões de acesso solicitadas pelos programas que você instala. Demais disso, é de fundamental importância dispor de um antivírus ativo, operante e devidamente atualizado. Como se costuma dizer, “em rio que tem piranha, jacaré nada de costas”.

Boa sorte e até a próxima.

terça-feira, 7 de outubro de 2014

ELEIÇÕES – PERÍODO PROPÍCIO PARA A AÇÃO DE CIBERCRIMINOSOS

MAIS DO QUE DE BONS POLÍTICOS, O BRASIL PRECISA DE BONS ELEITORES.

A ENGENHARIA SOCIAL é um estratagema que a bandidagem digital utiliza para levar os incautos a abrir as portas de seus sistemas a programinhas que capturam senhas bancárias, números de cartões de crédito e informações afins.
Para tanto, os crackers costumam inserir anexos ou links maliciosos com mensagens atraentes em emails – afinal, você pega mais moscas com mel do que com vinagre – ou se valer de redes sociais, banners, janelas pop-up e até mesmo webpages maliciosas para ilaquear a boa fé dos desavisados.
Como cautela e canja de galinha não fazem mal a ninguém, é fundamental dispor de um sólido arsenal de defesa (com antivírus, antispyware, firewall, etc.) e manter o sistema operacional e demais aplicativos devidamente atualizados (para mais detalhes, insira “segurança” ou outros termos-chave adequados na caixa de buscas, no canto superior esquerdo da página).
Vale lembrar que o perigo aumenta em determinadas épocas do ano – tais como a Páscoa, o Dia dos Namorados, as Festas Natalinas, etc. – ou por ocasião de eventos chamativos – como o acidente que causou a morte do político pernambucano Eduardo Campos, sem mencionar o próprio período eleitoral, quando são comuns mensagens falsas de cancelamentos de título, convocação para mesário, recadastramento de dados, e por aí vai. E como teremos segundo turno (felizmente!), é bom por as barbichas de molho.

Não deixe de assistir ao clipe abaixo. Muito divertido, para variar.
Abraços e até a próxima.