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segunda-feira, 29 de julho de 2019

VAZA-JATO — NEM TUDO É O QUE PARECE SER



Vermelho, ora conhecido como “o hacker de Araraquara”, revelou à PF como acessou o telefone do procurador de Deltan Dallagnol depois de invadir celulares da ex-presidanta Dilma o do ministro Alexandre de Moraes. Disse ainda que entrou em contato com Verdevaldo através da ex-deputada Manuela D’Ávila, candidata a vice na chapa encabeçada pelo bonifrate de Lula em 2018, e que lhe forneceu, de forma anônima e não remunerada, o material obtido criminosamente. Acredite você se quiser, se não vir problema em ser misólogo ou ter sua inteligência insultada por um bando de intrujões hipócritas. 

No depoimento publicado pela GloboNews, o hacker benemérito — que é dono de uma capivara de dar inveja a muito criminoso de quatro costados — disse que acessou a caixa postal das vítimas para conectar-se a suas contas no Telegram, mas especialistas em cibersegurança apontam incoerências entre seu relato e o modus operandi necessário para uma invasão de tal magnitude e tamanha abrangência. Segundo o ex-hacker Daniel Lofrano Nascimento, dono da consultoria de segurança digital DNPontoCom, a narrativa do invasor não se sustenta. Primeiro, porque método de invasão por caixa postal é "ultrapassado" e não seria usado por um hacker com capacidade de chegar aos principais nomes do cenário político nacional; segundo, porque uma invasão como essa levaria bem mais do que uns poucos meses para ser executada: "Eles ligaram para mais de 1.000 caixas postais, uma por uma, em poucos meses? É muito trabalho. Não dá para hackear 1.000 telefones, mesmo que estivéssemos falando de quatro hackers de ponta”.

O Spoofing — técnica que consiste em enganar uma rede ou uma pessoa fazendo-a acreditar que a fonte de uma informação é confiável — é mais usado para levar o alvo a acreditar, por exemplo, que está acessando um site de internet banking, quando na verdade trata-se de uma página falsa, construída para roubar informações confidenciais das vítimas. De acordo com Lofrano, um ataque como o que foi executado pelo grupo começa pela invasão da operadoras telefônicas para espelhamento das linhas, que ficam ativa tanto no aparelho da vítima quanto no do hacker, e a partir daí este último pode agir como se fosse o verdadeiro titular da linha. 

Ao contrário do que a mídia vem noticiando, o grupo ora preso em Brasília não teria usado a caixa postal, mas sim solicitado e recebido o código do Telegram via SMS, que, uma vez autenticado no chip clonado, dá acesso ao aplicativo também na versão web. Como eu mencionei na sequência em que comparei a segurança do Telegram com a do WhatsApp, esse procedimento é padrão no mensageiro russo, mas não na maioria dos concorrentes, como o próprio WhatsApp, que vincula o acesso ao histórico de mensagens a uma senha criada pelo próprio usuário.

Invadir uma operadora demanda expertise, dá trabalho e leva de tempo. Para atingir mais de 1.000 pessoas, entre elas o “crème de la crème” do panorama político e jurídico nacional, a técnica mais provável seria um "ataque zumbi", que recruta um pelotão de máquinas de terceiros e as comanda remotamente para disparar ataques em massa contra os dispositivos das vítimas. Ainda que não se descarte a possibilidade de Vermelho ter tido acesso físico aos dispositivos as autoridades — ou que houvesse proximidade geográfica que permitisse acesso à mesma rede Wi-Fi que elas utilizam —, isso parece pouco provável.

A maneira de invadir o celular de uma "pessoa comum" comum é, basicamente, a mesma usada para hackear figuras de alta patente política. Todavia, nos casos internacionais de hackeamento, tanto os métodos de segurança como a técnica dos invasores costumam ser mais sofisticados. A título de exemplo, cito o vazamento dos emails que então secretária de Estado Hillary Clinton enviou a partir de um servidor particular. Mas o que mais chama a atenção no furdunço tupiniquim é a rejeição do alto escalão desta república de bananas aos celulares encriptados recomendados pela Abin (que tanto Moro quanto Bolsonaro já adotaram), talvez porque não seja possível instalar nesses aparelhos aplicativos de terceiros, como o WhatsApp e o próprio Telegram.

No despacho em que determinou a prisão provisória do bando, o juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal de Brasília, disse haver “fortes indícios de que os investigados integram organização criminosa para a prática de crimes e se uniram para violar o sigilo telefônico de diversas autoridades públicas brasileiras via invasão do aplicativo Telegram". Mesmo que isso não seja uma referência direta às mensagens vazadas trocadas por Moro e Dallagnol e publicadas pelo The Intercept como produto do material supostamente recebido de Vermelho e sua gangue, tanto o ex-juiz da Lava-Jato quanto o coordenador da força-tarefa em Curitiba — e praticamente toda população minimamente racional deste país — somaram dois mais dois e acharam quatro. O hacker de Araraquara, aliás, já confessou ser o protagonista das invasões e a “fonte anônima” do Intercept.

Vallisney menciona ainda que a tecnologia VOIP utilizada pelos hackers é provida pela empresa Brvoz, cujos clientes podem utilizar a função identificador de chamadas para realizar ligações telefônicas simulando o número de qualquer terminal telefônico como origem das chamadas, inclusive o da própria vítima. Segundo o magistrado, a PF apurou que as ligações efetuadas para o telefone de Moro partiram de um usuário registrado na operadora, e a partir daí identificou os IPs de onde partiram os ataques.

Observação: Uma das muitas dúvidas não esclarecidas é o fato de Moro não usar o Telegram desde 2017: mesmo sem o aplicativo instalado, é possível que ele apareça como dono de uma conta web para ser alvo potencial do golpe? Os responsáveis pela plataforma dizem que não, que as mensagens são apagadas de seus servidores depois que o usuário deixa de acessar o app pelo período de seis meses. Outra questão controversa remete ao material vazado a conta-gotas por Greenwald e seus satélites, já que, ao se recusar a identificar a fonte, o gringo bucéfalo impede a autenticação do conteúdo, que pode ter sido adulterado, e como os envolvidos não têm mais acesso aos originais, não há como checar. Na impossibilidade de comprovar a veracidade das conversas divulgadas pelo Intercept e, principalmente, pela fato de a obtenção criminosa (hackeamento digital) tornar o material imprestável como prova na Justiça, por que diabos esse sujeito insiste em continuar divulgando essa merdeira?

O advogado que representa o DJ Gustavo Santos e sua mulher afirmou que seus clientes atribuem a Vermelho o golpe contra as autoridades e afirma que seu objetivo era vender as informações para o PT — a até aí, nenhuma surpresa, embora a deputada Gleisi Hoffmann, presidente nacional da seita dos picaretas, acuse Moro de tramar contra o partido: "Tenha vergonha Moro, você não pode comandar investigação na qual está envolvido", escreveu a “amante” em postagem publicada nas redes sociais.

Para a maioria dos espectadores que acompanham as publicações do folhetim partidário de Verdevaldo das Couves e associados (Folha/UOL, El Pais, Veja, BandNews, Reinaldo Azevedo, etc.), o elo entre o grupo detido e as publicações do Intercept é de uma clareza meridiana. Os primeiros vazamentos ocorreram no dia 9 do mês passado, o que caracterizaria, segundo o site panfletário, desvio de conduta de Moro e Dallagnol, e justificaria a anulação das condenações impostas ao pseudo parteiro do Brasil Maravilha, ora reduzido à condição de presidiário em Curitiba. Mas tudo isso já foi discutido ao longo de incontáveis postagens; só faço essa remissão para lembrar que a novela da Vaza-Jato começou há quase dois meses e, ao que tudo indica, terá tantos (e tão emocionantes) capítulos quanto a folhetim global Malhação, que está na 27ª temporada (o primeiro episódio foi ao ar em 1995). 

A conferir.

domingo, 10 de fevereiro de 2019

AINDA SOBRE LULA LÁ — E QUE FIQUE POR LÁ



Para concluir esta abordagem sobre nosso “caro” presidiário-estrela — cuja hospedagem na PF nos custa R$ 10 mil por dia —, preparei um breve apanhado sobre seus demais processos, cujas penas máximas, se aplicadas, acresceriam 110 anos aos 25 a que ele já foi condenado (pelas penas mínimas, o acréscimo seria de 31 anos, o que já teria potencial para tirar o sono de qualquer um).

Claro que ninguém fica preso por um século no Brasil, e tampouco se espera que um septuagenário tenha um século de vida pela frente. Mas o fato é que neste arremedo de Banânia — que ora atende por “Pátria amada, Brasil”, após ter ostentado orgulhosamente os epítetos “Um país de todos” no governo de Lula, “Pátria educadora” no de Dilma e “Ordem e progresso” no de Temer — é público e notório que o crime compensa, que a polícia prende e a Justiça solta, e que não raro o criminoso deixa a delegacia pela porta da frente antes mesmo de a vítima conseguir registrar a ocorrência. E a coisa é ainda pior nos andares de cima do Judiciário.

Há no Supremo gabinete distribuindo senha para soltar corrupto, sem qualquer forma de direito e numa espécie de ação entre amigos, afirmou o ministro Luís Roberto Barroso, sem dar nomes aos bois, mas numa referência clara a Gilmar Mendes, a quem ele já havia classificado publicamente comouma pessoa horrível, uma mistura do mal com o atraso e pitadas de psicopatia“ e acusara de “desmoralizar o Tribunal”.

Falando nisso, o ministro-deus subiu nas tamancas quando Veja revelou que a Receita Federal abriu um procedimento para identificar supostos "focos de corrupção, lavagem de dinheiro, ocultação de patrimônio ou tráfico de influência", tanto dele quanto de sua mulher, Guiomar Mendes. Além de entrar com uma petição na PGR e na própria Receita, o laxante de toga exigiu do presidente do STF “providências urgentes” para apurar a iniciativa dos auditores fiscais (volto a esse assunto oportunamente).

Deixemos de lado a encarnação de Deus na Terra e voltemos à autodeclarada “alma viva mais honesta da galáxia”, que coleciona processos com potencial para prolongar sua estada na cadeia por um bom tempo. A não ser, naturalmente, que alguma maracutaia o tire de lá pela porta dos fundos, o que não é nada difícil, como comprova a estapafúrdia liminar que o ministro Marco Aurélio publicou minutos depois do início do recesso do Judiciário, em dezembro, com o nítido propósito de favorecer Lula, mas que, por tabela, abria as portas da cadeia para quase 170 mil presos que estão cumprindo penas sem que a condenação tenha transitado em julgado.

Como vimos no post anterior, Lula foi condenado em duas ações criminais. Na do tríplex do Guarujá, que resultou em sua prisão depois que a decisão da primeira instância foi confirmada pelo TRF-4 e a pena aumentada de 9 anos e meio para 12 anos e um mês, a defesa apelou ao STJ, alegando que as decisões do Regional contrariaram diversos dispositivos de leis federais, como a impossibilidade de o processo ser julgado por um juiz que perdeu a isenção. O relator do REsp, ministro Felix Fischer, rejeitou monocraticamente o apelo, alegando que acolhê-lo exigiria o reexame das provas, e que é vetado pela Súmula 7 do STF. Aguarda-se agora a decisão da 5ª Turma do STJ, mas tudo indica que as chances de êxito do petralha são remotas.

No processo sobre o sítio em Atibaia, a juíza substituta Gabriela Hardt condenou Lula a 12 anos e 1 mês de prisão. Horas antes, a defesa havia pedido ao STF que ação deixasse a 13ª Vara Federal do Paraná e fosse enviada a Brasília. Cristiano Zanin e companhia argumentam que, ao determinar que os termos de delação premiada de executivos da Odebrecht fossem enviados a Brasília, a 2ª Turma do Supremo "reafirmou a incompetência" do Juízo de Curitiba para julgar ações relacionadas àquelas informações, e pedem que todas as decisões tomadas pela substituta de Moro sejam anuladas. O pedido foi apresentado dentro de uma reclamação discutida desde maio de 2018 no STF, que está sob a relatoria da ministra Cármen Lúcia. Em outubro, a PGR se manifestou contrariamente à pretensão da defesa, afirmando que os advogados de Lula tentam burlar o processo de Justiça.

Lula se tornou réu pela terceira nas asas da Operação Janus. Segundo a denúncia — aceita pelo juiz Vallisney Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal de Brasília —, ele teria usado sua influência no BNDES e em outros órgãos para favorecer a Odebrecht em contratos e obras de engenharia em Angola. Em troca, a empreiteira teria pago propina de cerca de R$ 30 milhões.

A quarta vez foi em dezembro de 2016, no âmbito da Zelotes, por suspeitas de tráfico de influência, lavagem de dinheiro e organização criminosa. A denúncia — segundo a qual o molusco teria interferido na compra de 36 caças suecos pelo governo brasileiro, além de ter atuado para prorrogar medida provisória que concedia incentivos fiscais a montadoras de veículos — também foi aceita pelo juiz federal Vallisney.

Em setembro de 2017, o juiz Vallisney aceitou mais denúncia do MPF contra Lula, esta por crime de corrupção resultante da participação do ex-presidente na "venda" da medida provisória 471, de 2009, que prorrogou os incentivos fiscais a montadoras instaladas nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Nove meses antes, Lula havia se tornado réu pela quinta vez (a terceira na âmbito da Lava-Jato), depois que Moro aceitou a denúncia do MPF por corrupção passiva e lavagem de dinheiro em contratos firmados entre a Petrobras e a Odebrecht. Segundo os procuradores, sua insolência teria recebido propina da empreiteira por intermédio do ex-ministro Antonio Palocci — que também réu na ação. Parte do dinheiro (R$ 12,4 milhões) teria sido usada na compra de um terreno no qual seria erguida a nova sede do Instituto Lula, e o restante, na compra da cobertura vizinha à de Lula em São Bernardo do Campo (SP). Os autos estão conclusos para sentença, mas o julgamento não deve ficar a cargo da juíza substituta Gabriela Hardt, e sim de Luiz Antônio Bonat — o juiz federal com maior tempo de carreira em toda a jurisdição do TRF-4 —, que assumirá a 13ª Vara Federal em Curitiba e ficará responsável por todos os inquéritos da Lava-Jato no Paraná.

Em 2017, o ministro Fachin enviou à Justiça Federal de Brasília — e o juiz Vallisney aceitou — a denúncia em que Rodrigo Janot acusa Lula e Dilma por formação de quadrilha no esquema que teria coletado propinas de R$ 1,48 bilhão entre 2002 e 2016 (e que ficou conhecido como "quadrilhão do PT"). No mês seguinte, Lula virou réu mais uma vez, desta feita acusado de receber R$ 1 milhão, disfarçado como doação para o Instituto Lula, em troca de favorecer o grupo ARG em negociações com o presidente da Guiné Equatorial. O processo tramita na 2ª Vara Federal de São Paulo, especializada em crimes financeiros e lavagem de dinheiro.

Lula também é investigado por ter sido nomeado por Dilma ministro-chefe da Casa Civil, em março 2016, com o propósito de obter prerrogativa de foro e evitar sua prisão (um mês antes ele fora conduzido coercitivamente para depor à PF na Sala da Presidência do Pavilhão das Autoridades do Aeroporto de Congonhas, na capital paulista). Para fechar a lista, em abril do ano passado Lula foi denunciado pela PGR (juntamente com Antônio PalocciGleisi Hoffmann e o maridão Paulo Bernardo) por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Com uma capivara dessas, só acredita que esse pulha é a alma viva mais honesta do Brasil quem, a exemplo dos camarões e dos sectários da seita do inferno, têm os intestinos na cabeça. E viva o PT.