Em 2 de outubro de 2016, exatos 32 dias depois que Dilma foi definitivamente penabundada
do Planalto, o PT perdeu
mais da metade das prefeituras que tinha em 2012. Nas capitais,
só conseguiu emplacar um comparsa em Rio Branco (AC) e levar outro ao
segundo turno no Recife; nos
645 municípios paulistas, elegeu apenas 8 prefeitos — contra 72 que havia
emplacado em 2012.
O cenário atual é bem diferente, mas ainda mais alarmante: a dois meses do primeiro turno, 35 partidos com pouca ou nenhuma
representatividade popular fazem alianças baseadas na conveniência e no oportunismo,
dê olho nos votos de um eleitorado apático, descrente da política e dos
políticos. Para piorar, desde o ano passado que as pesquisas de intensão de voto apontam
como “preferidos do eleitores” um esquerdista preso e um extremista de direita — e ambos, cada qual a sua maneira, regurgitam discursos que
ameaçam nossa frágil democracia.
O PT desafia o Judiciário com a candidatura de um condenado
que cumpre pena por corrupção e lavagem de dinheiro. No outro extremo do
espectro político, o dublê de deputado e capitão reformado do Exército diz sentir saudades da ditadura e exibe
um despreparo desconcertante para lidar com questões vitais para o país, como
economia, educação e saúde. Ambos contam com milhões de seguidores — cuja fidelidade canina chega às raias do fanatismo religioso.
Lula precisa permanecer
“candidato” para continuar ditando os rumos do partido e não acabar relegado
ao esquecimento na cela em que se encontra. Daí sua insistência de negar o plano B, ora consubstanciado na
bizarra chapa tríplice onde Haddad subirá de posto quando o TSE
finalmente negar a candidatura do molusco, e Manuela
d’Ávila, que abriu mão de sua improvável candidatura pelo PCdoB, passará a vice da chapa petista. Os mais maldosos garantem que o PT só descartou uma
coligação com o PCC porque Marcola, a exemplo de Lula, está na cadeia e Gegê do Mangue foi morto no início do
ano.
Em suma: Para ser candidato, Lula precisa continuar preso, tanto que sua defesa abriu mão da possibilidade de o petista ganhar liberdade diante da chance de o STF declará-lo inelegível desde já.
Em suma: Para ser candidato, Lula precisa continuar preso, tanto que sua defesa abriu mão da possibilidade de o petista ganhar liberdade diante da chance de o STF declará-lo inelegível desde já.
O prazo para a Justiça Eleitoral se pronunciar acerca
da inelegibilidade dos candidatos termina em 17 de setembro. Segundo o presidente do TSE, Lula não é um candidato sub judice, mas sim um candidato inelegível:
“não pode concorrer um candidato que não
pode ser eleito; aqueles que já
tiveram sua situação definida pela Justiça não são candidatos sub judice, são
candidatos inelegíveis”, afirmou o ministro Luiz
Fux.
Como se não bastasse todo esse imbróglio, 60% dos eleitores estão
em dúvida sobre anular o voto, votar em branco ou simplesmente não comparecer
às urnas. Mas não é só: no Brasil, 29% de jovens e adultos de 15 a 64 são considerados analfabetos funcionais — 8% são analfabetos absolutos e 21% estão no nível considerado rudimentar (os dados são do Datafolha).
Sempre que o brasileiro buscou um salvador da pátria, a vaca foi para o brejo. Basta relembrar as eleições de 1989, quando Collor foi eleito, e
de 2002, quando Lula finalmente
conseguiu se eleger. Em ambas ocasiões — como agora — o eleitorado estava
frustrado com as experiências anteriores e buscava soluções fáceis, que se
revelaram apenas ilusões. Em sua coluna do último sábado, Merval Pereira relembra que, na primeira eleição direta pós
redemocratização, o país, que havia amargado a morte de Tancredo — outro que parecia o salvador da pátria, mas não teve
tempo de ser testado —, levou para o segundo turno ninguém menos que o caçador de marajás de araque e o demiurgo de Garanhuns.
Collor venceu, e Lula reconheceu mais tarde (em 2010) que não estava preparado para presidir o país: “Hoje eu agradeço a Deus por não ter ganhado em 1989, porque eu era muito novo, muito mais radical do que eu era em 2002 e, portanto, eu poderia ter feito bobagem, não porque eu quisesse fazer, mas pela impetuosidade, pela pressa de fazer as coisas”. Mas o caçador de marajás de araque também não era boa bisca, tanto que renunciou para evitar a cassação (mas perdeu os direitos políticos mesmo assim). O hoje candidato ao governo de Alagoas não faz autocrítica, mas já lamentou não ter sabido lidar com o Congresso — ao contrário de Lula, como atestam o Mensalão e o Petrolão, e de Temer, como ilustra a ultrajante compra de votos para barrar as denúncias da PGR. Mas isso já é outra história.
Collor venceu, e Lula reconheceu mais tarde (em 2010) que não estava preparado para presidir o país: “Hoje eu agradeço a Deus por não ter ganhado em 1989, porque eu era muito novo, muito mais radical do que eu era em 2002 e, portanto, eu poderia ter feito bobagem, não porque eu quisesse fazer, mas pela impetuosidade, pela pressa de fazer as coisas”. Mas o caçador de marajás de araque também não era boa bisca, tanto que renunciou para evitar a cassação (mas perdeu os direitos políticos mesmo assim). O hoje candidato ao governo de Alagoas não faz autocrítica, mas já lamentou não ter sabido lidar com o Congresso — ao contrário de Lula, como atestam o Mensalão e o Petrolão, e de Temer, como ilustra a ultrajante compra de votos para barrar as denúncias da PGR. Mas isso já é outra história.
Dos vinte e tantos pré-candidatos ao Planalto, restaram no páreo Álvaro Dia (Podemos); Cabo Daciolo (Patriotas); Ciro Gomes (PDT); Geraldo Alckmin (PSDB); Guilherme
Boulos, (PSOL); Henrique Meirelles
(MDB); Jair Bolsonaro (PSL); João Amoedo (Novo); João Goulart Filho (PPL) José Maria Eymael (DC); Marina Silva (Rede) e Vera Lucia (PSTU). Manuela d’Ávila, que concorreria à presidência pelo PCdoB, agora é “trice” de Haddad, que é vice de Lula, mas só até o TSE botar ordem nesse galinheiro.
A propósito: por que os partidos nanicos lançam desconhecidos que não têm a menor chance de passar para o segundo turno? Eis uma boa pergunta. A resposta fica para amanhã.
A propósito: por que os partidos nanicos lançam desconhecidos que não têm a menor chance de passar para o segundo turno? Eis uma boa pergunta. A resposta fica para amanhã.
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