COMECE DE ONDE ESTÁ, USE O QUE TEM E FAÇA O QUE PODE.
Se você é usuário do onipresente WhatsApp (e
quem não é?), saiba que a criptografia "ponta-a-ponta" adotada pelo Facebook
como forma de manter o sigilo das mensagens trocadas pelos 2 bilhões de pessoas
que utilizam o app mensageiro não garante esse sigilo de forma total.
Segundo a organização sem fins lucrativos ProPublica, sediada em Nova Iorque e
voltada ao jornalismo investigativo de interesse público, uma inteligência
artificial analisa as mensagens trocadas, intercepta o conteúdo que julga
"problemático" e o envia para análise de contratados do Facebook,
que decidem se as mensagens serão ou não entregues a seus destinatários.
Mais de mil pessoas instalados em Dublin, na Irlanda,
Cingapura, no sudeste asiático, e em Austin, no Texas, fazem
esse trabalho e levam menos de um minuto para liberar as mensagens ou reter os
que despertam suspeitas de fraude, spam, pornografia, pedofilia, terrorismo
etc. Contatado pela ProPublica, Carl Woog, diretor de
comunicações do WhatsApp, reconheceu que esse trabalho realmente ocorre,
mas disse que o objetivo é evitar abusos, sem quebra da privacidade.
Sabe-se que informações provenientes do WhatsApp
foram compartilhadas pelo Facebook com órgãos de segurança — que,
compreensivelmente, pressionam a plataforma para que o sigilo seja quebrado
sempre que a quebra ajude em investigações, mas o fato é que o Facebook pagou
US$ 22 bilhões pelo aplicativo em 2014, e o fornece gratuitamente para
os usuários, de modo que precisa encontrar uma maneira de se monetizar.
Para os simples mortais que usam o popular Zap, o
jeito é não dar o sigilo como 100% garantido — e vale destacar que o mesmo ocorre
com o Telegram, o WeChat e apps que tais, visto que privacidade
na Web e honestidade na política são artigos em extinção.
Falando no WhatsApp, o programinha mudou a
aparência no último dia 16, e muita gente se assustou com as cores levemente
alteradas nos modos claro e escuro. No modo escuro, por exemplo, o fundo de
tela adotou uma tonalidade mais intensa de preto em vez do acinzentada de
antes, enquanto o botão de envio ficou com um verde mais fechado.
Na tela principal, usuários do tema claro devem notar
também um verde mais chamativo — na comparação com a tonalidade antiga —, e a
barra de status, na parte de cima do app, agora fica da mesma cor do cabeçalho
do Android, como se ambos fossem uma só coisa. Demais disso, os status
dos contatos também ganharam novos contornos verdes, a exemplo dos ícones de
compartilhamento no chat (aqueles que ficam no atalho do clipe de papel).
A alteração foi recebida com reações mistas nas redes
sociais por parte dos usuários, que se sentiram confusos ao perceberem as novas
cores. Um número considerável de pessoas reclamou da mudança, mas o WhatsApp
ainda não se posicionou oficialmente.
O Google Trends — plataforma que exibe as
buscas mais populares na Internet — registrou um aumento repentino na procura
por vários termos relacionados ao WhatsApp a partir da manhã do dia da
alteração. Termos como "whatsapp mudou de cor" e "meu
whatsapp mudou de cor sozinho" estavam em alta nas buscas, à medida
que a atualização do mensageiro era liberada na Play Store para
os usuários de dispositivos com sistema Android.
Apesar de ter sido flagrada em fase de testes no beta
para Android mês de agosto pelo WABetaInfo,
a nova paleta de cores causou estranhamento — muitos usuários da versão 2.21.18.17
pensaram que os novos tons eram resultado de um bug.
Houve também comparações da atualização com os mods do WhatsApp.
Usuários relataram que a mudança fez o mensageiro ficar parecido com as versões
alteradas do aplicativo desenvolvida por terceiros, conhecidas por liberarem
funções extras (como GB WhatsApp, WhatsApp Gold, JT
WhatsApp, NS WhatsApp, Yo WhatsApp e WhatsApp
Plus, entre outras modificações não-oficiais do aplicativo original
para Android.
Observação: Essas alterações são conhecidas
como APKs e trazem uma série de funcionalidades e recursos extras, entre
as quais deixar a interface colorida. Mas vale destacar que elas podem resultar
em riscos de segurança ao dispositivo e aos dados do usuário, bem como levá-lo
ao banimento definitiva da plataforma. O uso de APKs implica
modificar uma configuração do dispositivo que permite ativar a opção "Instalar
Apps Desconhecidos". Ao realizar esse procedimento, o usuário pode
colocar em risco a segurança do próprio aparelho.
Por se tratar de uma "herança" da versão beta,
é bem provável que a nova aparência do WhatsApp seja definitiva, de modo
que o jeito é se acostumar com a novidade ou ir para o Twitter reclamar.