TUDO QUE É BOM NESTA VIDA OU É PROIBIDO, FAZ MAL OU ENGORDA.
Depois da tempestade vem a cobrança: Lula trabalhava com a perspectiva de uma queda consistente no preço dos alimentos em 2024, mas a tragédia gaúcha levou os economistas a reverem suas previsões para cima e as pesquisas mais recentes a apontar que sua avaliação positiva continua em queda e a reprovação segue ascendente. Uma das causas da aproximação dessas duas linhas foi a percepção popular de que a economia piorou, a despeito de o governo ter reequilibrado uma economia que herdou em mau estado, criado novos empregos e aumentado o salário-mínimo. Nada disso consegue evitar que o humor dos brasileiros seja envenenado quando os preços na quitanda e na feira se movem para cima.
O azeite de oliva (se me concedem a redundância) surgiu há cerca de 6.000 anos e já era usado pelos egípcios, gregos e romanos muito antes de Adão e Eva serem acomodados no Jardim do Éden.
Observação: Baseados em elementos cronológicos mencionados na Bíblia e em cálculos encontrados na antiga literatura judaica, os criacionistas afirmam que Deus criou o mundo em 3761 a.C., mas o livro The Annals of the World, publicado em 1658 pelo arcebispo irlandês James Ussher é ainda mais preciso: o mundo foi criado no dia 23 de outubro de 4004 a.C. Você pode acreditar no que quiser, mas não custa lembrar que uma miríade de cientistas, escorada numa miríade de evidências, concluiu que a Terra tem 4,5 bilhões de anos e que a espécie humana surgiu há cerca de 300 mil anos, a partir da evolução de outros primatas.
Até não muito tempo atrás usava-se uma viga de madeira ligada a um contrapeso para extrair o óleo das azeitonas. Atualmente, a polpa, a pele e o caroço das frutinhas são triturados mecanicamente e a pasta resultante é prensada a frio (ou por centrifugação), separada da água e de outros resíduos, armazenada em barricas e finalmente envasada em latas e vasilhames de vidro.
Para ser considerado "extravirgem", o azeite deve ter acidez inferior a 0,8%, mas é quase impossível perceber sensorialmente a diferença entre um produto com 0,1% de acidez de outro com 0,8%. Segundo estudos recentes, o consumo de 10g diárias de azeite extravirgem pode reduzir em até 30% o risco de morte por doenças neurodegenerativas, cardiovasculares e respiratórias, além de contribuir para o controle dos níveis de colesterol, facilitar a digestão, prevenir úlceras estomacais e até câncer.
Itália, Espanha, França e Grécia são responsáveis por 90% da produção mundial de azeite, O Brasil é o terceiro maior importador (atrás apenas dos EUA e da Grécia), mas também produz azeites premium de excelente qualidade (caras e difíceis de encontrar nas gôndolas dos supermercados). As principais diferenças entre o azeite premium e o comum (além do preço) são a qualidade das azeitonas, o processo de produção, o sabor, a origem.
Os azeites encareceram escandalosamente de 2022 para cá, devido a períodos atípicos de seca e calor extremo na Europa que prejudicaram a safra das azeitonas. No Brasil, as garrafinhas de 250 ml e 500 ml do tipo extravirgem ficaram 51,4% e 43% mais caras nos últimos 12 meses. Como desgraça pouca é bobagem, manteiga, requeijão, iogurte, leite condensado e demais laticínios também estão pela hora da morte — fabricantes e revendedores culpam o preço do leite e a escalada do dólar, o que explica, mas não justifica: é fato que o litro do leite chegou a ser vendido por R$ 10 em 2022, mas fato é que o preço caiu pela metade nos últimos meses, e o dólar continua orbitando os R$ 5.
A manteiga surgiu por volta de 4.000 a.C., nas pegadas do desenvolvimento da pecuária leiteira na Europa Central e Atlântica, quando alguém descobriu que bater a nata que se formava na superfície do leite resultava na pasta cremosa em questão — que, em algumas culturas, chegou a ser vista como símbolo de status social e riqueza. O processo manual seguiu até meados do século XIX, a partir de quando o advento das centrífugas que separam o creme do leite ensejou a industrialização.
A textura, o sabor e o teor de gordura da manteiga variam conforme o país de origem — as europeias, com destaque para as franceses, têm sabor mais acentuado e textura mais leve do que as produzidos no Brasil e nos EUA. Por alguma razão, marcas tradicionais, como Viaducto e Mococa, desapareceram das prateleiras, e o sabor da tradicional Aviação evoca uma vaga lembrança do produto de antigamente.
O azeite é mais usado para regar saladas verdes e massas, no preparo de refogados e em frituras em fogo baixo; a manteiga, além de ser consumida in natura, é utilizada no preparo de bolos, biscoitos, recheios e assemelhados, serve para untar, fritar e dar sabor aos pratos. Ambos são versáteis e benéficos à saúde quando consumidos com moderação: o azeite é rico em gorduras monoinsaturadas e antioxidantes, enquanto a manteiga fornece vitaminas A, D e E.
Continua...