segunda-feira, 21 de abril de 2025

A REPÚBLICA DO CENTRÃO

HÁ MALES QUE VÊM PARA O BEM E BENS QUE VÊM PARA O PIOR.

O golpe militar de 1889, por exemplo — também conhecido como Proclamação da República — defenestrou D. Pedro II do trono, substituiu a monarquia parlamentarista do Império pelo presidencialismo republicano e cortou os grilhões que ainda atrelavam esta banânia ao reino de Portugal. No entanto, se analisarmos os últimos 135 anos da história, veremos que o resultado ficou bem aquém do esperado.

A renúncia de Jânio serviu de estopim para o golpe de 1964 e o governo militar, que era para ser transitório, tornou-se "provisoriamente permanente" por longos 21 anos. Em 1985, a eleição indireta de Tancredo encheu o coração dos brasileiros de uma esperança que baixou a sepultura há exatos 40 anos, junto com o político mineiro, que morreu sem jamais ter tomado posse.


Essa nova trapaça do destino trouxe José Sarney, um oligarca da política de cabresto nordestino que desgovernou o país por longos 5 anos e transferiu a faixa para Fernando Collor, um pseudo caçador de marajás que acabou impichado em 1992, quando então o baianeiro Itamar Franco passou de vice a titular. 


Em 1994, cavalgando o sucesso do Plano Real, Fernando Henrique foi alçado ao Planalto. Em 1998, depois de comprar a PEC da reeleição, ele conquistou seu segundo mandato, mas já não tinha novos truques na cartola. Assim, Lula derrotou José Serra em 2002, dando início a 13 anos, 4 meses e 12 dias de jugo petista. 


Com o impeachment de Dilma (em agosto de 2016) e o fim do mandato tampão de Temer (em dezembro de 2018), a aversão chapada ao lulopetismo corrupto tirou do armário a direita radical e elegeu presidente uma combinação mal ajambrada de mau militar — que deixou a caserna pela porta lateral — e parlamentar medíocre — que aprovou míseros dois projetos ao longo de 27 anos no baixo clero da Câmara Federal.


A era do bolsonarismo boçal deveria ter terminado em 2023, com o início do terceiro mandato do ex-presidiário que os ventos do antibolsonarismo sopraram da carceragem da PF para o Palácio do Planalto, mas não terminou, já que a abjeta polarização que tomou conta do país.


"In medio stat virtus", diz um velho ditado romano, sugerindo que a virtude reside no equilíbrio entre os extremos. Mas o que era bom na Roma Antiga não é necessariamente bom no Brasil de hoje: quando o Centrão "nasceu", em meio à Assembleia Nacional Constituinte, o grupo reunia parlamentares de perfil conservador e moderado, alinhados ideologicamente, de partidos como PFL, PDS, PTB e setores do PMDB. Passadas quase quatro décadas, o nome sobreviveu — mas a natureza mudou. 


O Centrão "evoluiu" de grupo ideológico para uma "coalizão pragmática" que se articula com quem estiver no poder, desde que tenha acesso a verbas, cargos e influência no Orçamento. A ascensão de Hugo Motta à presidência da Câmara consolida essa transformação: Aos 35 anos, o deputado paraibano é o novo perfil do Centrão — discreto, técnico, eficaz, mas extremamente poderoso. Sob sua liderança, o bloco controla a pauta da Câmara, os acordos legislativos e a liberação das emendas que irrigam as bases eleitorais dos deputados.


Hoje, o Centrão não apenas governa junto, mas impõe as regras do jogo negociando a cada votação, mas sem jamais se comprometer com projetos de governo. Esteve com FHC, com Lula 1 e 2, com Dilma, com Temer, com Bolsonaro e com Lula 3, ou seja, está sempre com quem ocupa o Palácio do Planalto, desde que esse alguém lhe garanta retorno político. Se no passado o bloco foi importante para equilibrar a Constituinte, hoje ele é uma força que não se assume como base, mas que nenhum governo consegue ignorar. 


Em suma, o Centrão continua sendo o centro — o centro do poder.

domingo, 20 de abril de 2025

BACALHAU AO UÍSQUE

SE FOR COZINHAR, NÃO BEBA, SE FOR BEBER, NÃO COZINHE

 

Diz a tradição que domingo de Páscoa é dia de bacalhau. A maior parte do bacalhau consumido em Portugal é importada da Noruega, mas os portugueses se orgulham de ter uma receita de bacalhau para cada dia do ano.

No Brasil, em épocas de alta demanda (como a Semana Santa), maus comerciantes vendem como bacalhau vários peixes que, depois de secos e salgados, fica muitos parecidos com o verdadeiro original. 

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Como bem observou Einstein, o Universo e a estupidez humana são infinitos. O Diabo sabe disso não por ser o Diabo, mas por ser velho. Pastores e políticos populistas sabem disso não por terem estudo, mas por perceberem, na prática, que a estupidez deixou de ser uma característica negativa para se tornar pré-requisito — e que a ignorância é uma aliada eficaz quando se trata de ludibriar eleitorados majoritariamente apedeutas e desaculturados.
O folclórico pronunciamento de Bolsonaro, em inglês macarrônico, na avenida Paulista, gerou milhares de memes e deboches por parte da esquerda e adjacências, mas foi calorosamente aplaudido pelos puxa-sacos anencéfalos do refugo da escória da humanidade. Afinal, a denúncia que o "mito" tartamudeou numa língua parecida com o inglês provocou empatia em seus seguidores — gente que não tem medo do ridículo, nem vergonha de passar vergonha.
Vale destacar que isto não é uma crítica, mas a constatação de que a complexidade, o conhecimento e a profundidade encontram barreiras diante de uma estupidez sem limites — e, talvez, sem precedentes. 
Triste Brasil.

Para não levar gato por lebre, atente para a textura e para formação de lascas, que no bacalhau legítimo são largas e consistentes, mas têm carne mais desfiada ou compacta nos similares. Além disso, o bacalhau deve ter cor de palha e ser reto ou ligeiramente encurvado para dentro — segure o peixe pela "cabeça" e solte a cauda; se ele ficar reto (ou quase reto), é porque está bem curado.
 
Dito isso, a dica de hoje é "Bacalhau ao Uísque". Você vai precisar de:
 
— 1 garrafa de uísque (single malt);
— Bacalhau em postas;
— Sal e pimenta-do-reino a gosto;
— 350 ml de azeite de oliva;
— 500 g de bacon em fatias.
 
Modo de preparar:
 
1) Envolver o peixe no bacon, temperar com sal e pimenta e massagear com azeite.
 
2) Pré aquecer o forno por aproximadamente 10 minutos;

3) Servir-se de uma dose (caprichada) de uísque enquanto espera o forno esquentar;

4) Colocar o bacalhau numa assadeira, servir-se de mais uma dose (dupla), ajustar o termostato na marca 3 e, depois de uns 20 minutos, botar pra assar o peixe. Ou era frango? Ah, tá valendo.

5) Tomar mais uma dose ou duas, abrir a porta do forno, dar aquela conferida na assadura do... do... do negócio aí. Pegar a garrafa de uísque e derramar uma dose (no copo, se conseguir mirar).

6) Depois de meia hora, abrir a borra da... porta do forno, isso. Tentar virar o bicho. Queimar a mão, dizer um palavrão respeitável, tentar sentar na cadeira, servir-se de ooooooutra dose (bem caprichada).

7) Deixar o filho da buta no vorno para cozer (?), costurar (?), cozinhar (?), sei lá, voda-se o beru. Tentar retirar a merda da travessa. Mandar mais umas boas doses para dentro, tentar novamente tirar o sacana do do vorno, porque na brimeira dendadiva dãããõooo deeeeeuuuu.

8) Pegar o peixe que gaiu no jão, enxugar o filho da buta com o bano de brato e cologá-lo numa pandeja ou em qualquer outra borra, bois avinal, você nem gossssssssssta muito desta posta besbo!
Bronto.
 
PS: Não vumita no vrango, garaio!
 
Em http://bacalhau.com.br/ você encontra informações preciosas e receitas deliciosas de bacalhau (eu, particularmente, fico com a minha picanha, mas o que seria do verde se todos gostassem somente do amarelo?).

Boa Páscoa.

sábado, 19 de abril de 2025

CHATGPT X GEMINI NO ANDROID

NA POLÍTICA, A BURRICE NÃO É OBSTÁCULO.

IA do Google até tenta, mas não consegue alcançar o nível da concorrente da OpenAI, que se comporta como um interlocutor de carne e osso. 


A boa notícia é que usuários de smartphones Android já podem substituir o Gemini pelo ChatGPT como assistente inteligente, mesmo que não seja assinante da versão Plus.


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"O golpe deles só não foi perfeito porque, no dia 30 de dezembro de 2022, eu saí do Brasil. Algo me avisou que alguma coisa ia acontecer. Se eu tivesse [sic] no Brasil, seria preso na noite de 8 de janeiro e estaria apodrecendo na cadeia até hoje ou, quem sabe, assassinado por esses mesmos que botaram esse vagabundo na presidência", discursou Bolsonaro na Av. Paulista. 

Na verdade, ele abandonou na porta dos quartéis as massas de manobra que acreditaram em suas narrativas, parte delas (sobre urnas eletrônicas) plantadas pelo "pessoal" de Mauro Cid na internet. Agora, réu por tentativa de golpe, ele reconhece o que somente cego não veria: que ele acendeu o pavio e se homiziou na cueca do Pateta, de onde assistiu ã "explosão" que culminou com a prisão dos aloprados que ele já chamou de "bobos", de "baderneiros", e agora chama de "pobres coitados" porque precisa deles para camuflar em pedido de anistia geral sua articulação pela própria impunidade. 

Bolsonaro só pensa nele e, no máximo, nos filhos dele. 


Para isso:


1) Acesse este link, inscreva-se na versão beta do ChatGPT para Android, toque em Become a tester;


2) Aguarde até que a atualização apareça na Google Play e proceda baixe a versão mais recente (1.2025.070).


2) Abra o app, toque no seu avatar (na parte inferior direita) e, no menu lateral, selecione Voz e ative Conversas em segundo plano;


3) Volte à janela de chat, toque no ícone de "ondas" (no canto inferior direito da caixa de texto) e, quando a voz avançada for carregada, mantenha pressionado o botão de ligar/desligar para abrir o assistente de voz e escolher o ChatGPT em vez do Gemini.

 

4) Se o seletor de assistente não aparecer automaticamente, acesse as Configurações do sistema, localize a opção Aplicativos padrão, toque nela, encontre a opção Assistência e entrada de voz — dependendo do modelo do seu celular, o nome pode variar um pouco — e escolha o ChatGPT como assistente digital padrão. Se mesmo assim o seletor não aparecer (isso acontece em alguns aparelhos), desinstale e reinstale o ChatGPT, faça login e refaça todos os passos anteriores.


Aproveitando o embalo: Se seu smartphone for antigo e, portanto, não estiver na lista dos modelos que receberão o Android 15, você pode fazer o upgrade usando o LineageOS 22.1, que inclui os patches de segurança de março a novembro de 2024, novas versões do WebView e uma série de mudanças, tanto voltadas a desenvolvedores quanto de interesse direto aos usuários (mais detalhes neste artigo).

sexta-feira, 18 de abril de 2025

O QUE SERIA DOS ESPERTOS SE NÃO EXISTISSEM TROUXAS?

É FALTA DE EDUCAÇÃO CALAR UM IDIOTA, MAS É CRUELDADE NÃO FAZÊ-LO.

Era uma vez um coelhinho que estava flertando com uma coelhinha. 
Um belo dia, a coelhinha o convidou para uma festa e enviou a rota pelo "Jungle Maps". Todo feliz, o coelhinho saiu rumo ao evento, mas alegria de pobre dura pouco: quando chegou ao rio infestado de piranhas separava seu lado do bosque do lado em que a coelhinha morava, ele descobriu que a ponte fora levada por uma tempestade. 

Como a ponte mais próxima ficava 20 léguas rio abaixo, nosso herói sacou do celular e já ia digitar uma mensagem quando avistou, ao lado da toca de uma coruja — ave conhecida por sua sabedoria —, uma placa com os dizeres: "Consultoria $ 200. Pagamento adiantado. 10% de desconto no PIX e 20% de acréscimo com nota fiscal". 

O preço da consulta era metade do dinheiro que o coelhinho reservara para uma possível esticada com a coelhinha no Motel Bosque Encantado, mas situações desesperadoras exigem medidas desesperadas. 

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A propaganda dos Trump Sneakers que foi ao ar em fevereiro mostra que, mesmo não melhorando o desempenho na quadra de basquete, os tênis de Trump dão a capacidade de convencer todos ao redor de que os usa de que, com eles, pode-se fazer uma cesta de três pontos mesmo com um arremesso errado. 
Trump recuou de seu tarifaço na semana passada, mas, combinadas com um discurso agressivo, essas idas e vindas são claramente parte de uma estratégia, até porque não faltam apoiadores para "explicar" o que Trump deliberadamente prefere deixar confuso. 
Esse tipo de guerra comercial não serve nem aos interesses dos EUA em nem aos da China. Aliás, após a escalada nos aumentos tarifários, Trump acenou com um recuo ao excluir computadores, smartphones e microchips do "tarifaço", talvez por ter percebido que perdeu popularidade e prestígio junto aos seus bilionários de estimação.
Enquanto Washington eliminava a taxação sobre os produtos de alta tecnologia, Pequim suspendia suas exportações de minerais e ímãs estratégicos usados pelo setor de defesa, inclusive por empresas fornecedoras do governo americano. E  já prepara o próximo lance, que promete ser ainda mais incômodo para Trump. 
E viva os eleitores americanos, que parecem estar aprendendo com seus pares tupiniquins a fazer sempre as piores escolhas.

Depois de contar e guardar o dinheiro, a coruja aconselhou o coelhinho a tomar distância, correr a toda velocidade e saltar até o outro lado. Quando o coelhinho ponderou que não seria possível chegar à outra margem com um único salto, a coruja argumentou: "Isso não é problemaBasta você se transformar em piranha antes de cair na água, terminar a travessia a nado e reassumir a forma de coelho na outra margem, quando já estiver em segurança."
 
O coelhinho seguiu as instruções e, quando estava pronto para saltar, freou bruscamente e voltou até a toca da coruja. 
Ao ver o coelhinho de volta, a ave perguntou o que havia acontecido. O coelhinho explicou que havia abortado o plano porque ela não sabia como se transformar em piranha. 

A coruja apontou a placa com uma asa e estendeu a outra para o coelhinho, que lhe entregou o restante do dinheiro que tinha na carteira. Depois de conferir o valor, a consultora olhou o consulente bem nos olhos e disse: "Meu filho, a consultoria foi dada; agora é só uma questão de implementação."

quinta-feira, 17 de abril de 2025

GOOGLE PLAY PROTECT

UM ADVOGADO PODE ROUBAR MAIS COM SUA PASTA DO QUE 100 HOMENS ARMADOS COM METRALHADORAS.

 

Quase 4 bilhões de pessoas utilizam o Android, e essa popularidade faz do sistema um prato cheio para a bandidagem. No âmbito dos smartphones, a insegurança também se deve em grande medida dos aplicativos, sobretudo os que não são obtidos a partir de fontes oficiais. 

Mas parte do problema toca aos fabricantes dos aparelhos, que recebem do Google o código "bruto" e, quando customizam os menus, recursos e funções, comprometem, ainda que involuntariamente, a segurança dos aparelhos.  

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Os bastidores de Brasília passaram a emanar um incômodo cheiro de acordo. Mesmo com o Parlamento esvaziado por causa do feriado de Páscoa, o deputado Sóstenes Cavalcante, líder do PL na Câmara e cupincha do pastor caga-raiva Silas Malafaia, protocolou o requerimento de urgência para o projeto que anistia bolsonaristas condenados pelos ataques de 8 de janeiro. A aprovação da urgência evitaria que alguns parlamentares sucumbam às pressões do STF e do Planalto e retirem suas assinaturas. 
Cabe a Hugo Motta, atual presidente da Câmara, decidir se e quando a matéria será votada. Mas ele está de férias até 22 de abril, e já avisou que não pretende pautar propostas que gerem "crises institucionais". 
Com o argumento falacioso de pacificar o país, os parlamentares bolsonaristas trabalham contra o equilíbrio democrático. Mais da metade dos deputados do União Brasil — cujo líder na Câmara, Pedro Lucas, irá assumir o Ministério das Comunicações de Lula — assinou o requerimento, e ainda há a proposta de um "acordão" para beneficiar Bolsonaro e os generais palacianos que aderiram à tentativa de golpe. 
De acordo com o Datafolha, a anistia é repudiada por 56% dos brasileiros, e 52% acham que Bolsonaro deveria apodrecer na cadeia. Mas seus puxa-sacos passam pano para os golpistas, estimulando-os, ainda que indiretamente, a tentarem de novo quando bem lhes aprouver. 
Para garantir a reforma do Imposto de Renda ou a PEC da Segurança, nossos "representantes" não têm tanta pressa nem disposição sobrando. Mas a pergunta é: por que 23 senadores pediram ao Supremo para conversar com o general Braga Netto, que está preso na Vila Militar do Rio? Qual a pauta? Os kids pretos?

Muitos usuários relutam em aposentar um celular em perfeitas condições de conservação e funcionamento quando ele deixa de receber atualizações do sistema e patches de segurança. 
Pesquisas dão conta de que dois em cada cinco smartphones Android em uso não recebem mais updates de segurança, deixando os usuários ainda mais vulneráveis à ação de criminosos.
 
O Google Play Protect verifica as instalações, faz checagens periódicas e remove aplicativos potencialmente nocivos, mas ficou em último lugar num teste realizado pela AV-TEST com 17 ferramentas de segurança. 
 
Migrar para o iOS não resolve o problema — além de custar os olhos da cara, o iPhone não é exatamente uma fortaleza inexpugnável —, de modo que o melhor a fazer é manter o Android e os apps atualizados, baixar programas somente do Google Play Store e das lojas de aplicativos dos fabricantes dos aparelhos, verificar as permissões que eles solicitam durante a instalação e manter um antivírus de terceiros ativo e operante.

Boa sorte.

quarta-feira, 16 de abril de 2025

DE VOLTA ÀS VIAGENS NO TEMPO — 18ª PARTE

VULNERANT OMNES ULTIMA NECAT.

Implicações energéticas e relativísticas impedem que qualquer coisa com massa atinja a velocidade da luz — denotada pela letra "c" —, mas a ciência está em constante evolução, e teorias inovadoras sugerem que, em determinados contextos, velocidades superluminais podem ser mais do que mero matéria-prima para enredo de filme de ficção científica. 

O "xis da questão", no entanto, não é apenas ultrapassar "c" (aproximadamente 1,08 bilhão km/h), que é considerado limite máximo universal, e sim entender em que condições isso seria possível sem violar os princípios fundamentais da física moderna. 

Se encararmos "c" como uma fronteira entre diferentes regimes físicos, abre-se a possibilidade de existirem objetos superluminais que, em nosso referencial, nunca poderiam desacelerar abaixo dessa velocidade. No entanto, do ponto de vista dessas partículas, como os hipotéticos táquions, as velocidades que consideramos subluminais seriam naturais. Assim, "c" atuaria como um divisor entre esses domínios, mas não impediria a existência de entidades que já nascem superluminais, respeitando tanto a causalidade quanto a teoria da relatividade especial de Einstein.

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Bolsonaro foi submetido a mais uma cirurgia para tratar uma suboclusão intestinal causada pela formação de aderências que surgiram após as cirurgias feitas em decorrência da facada que ele sofreu em 2018. Inicialmente, os médicos haviam descartado a necessidade da intervenção, mas mudaram de ideia, e "a mais complexa das operações já realizadas desde o atentado" durou 12 horas .
Um grupo de apoiadores se reuniu "de forma espontânea" defronte ao hospital DF Star, em Brasília, e entoaram entoaram orações e músicas religiosas, como "Faz um milagre em mim", de Regis Danese, e "Nossa Senhora", de Roberto Carlos. 
Em 2018, quando Lula foi preso, militantes petistas acamparam nas proximidades da Superintendência da PF em Curitiba, e só desmontaram o acampamento 580 dias depois, quando o condenado foi posto em liberdade. 
A pérola da sabedoria popular "as moscas mudam, mas a merda é a mesma" foi cunhada pelo político e escritor lusitano Brito Camacho, no início do século passado, e é usada em tom cínico e pessimista para criticar a repetição de erros ou a substituição de pessoas sem que haja uma mudança significativa na raiz da questão. As "moscas" representam os indivíduos, os grupos, os governos, ou qualquer elemento que esteja associado à "merda" (o problema central), e a mudança das moscas sugere uma troca de pessoas ou de aparências, mas o problema subjacente não se resolve. 
É fato que, no que tange a Lula e Bolsonaro, tanto a merda quanto as moscas diferem entre si, mas o fanatismo e a abjeta polarização são rigorosamente os mesmos. 
Triste Brasil.
 
Estamos anos-luz distantes de realizar viagens relativísticas e voltar no tempo, mas paradoxos como o do avô — segundo o qual alguém que volta ao passado e mata o avô inviabiliza a própria existência — são objeto de discussões acadêmicas. Segundo o princípio da autossuficiência, um evento capaz de alterar o passado e provocar uma inconsistência no Universo tem zero chance de ocorrer, de modo que uma viagem ao passado só seria possível se não causasse nenhum paradoxo que implicasse alterações no futuro. E vale frisar que a simples chegada do viajante ao passado já modificaria o rumo dos acontecimentos. 
 
De acordo com a conjectura da proteção cronológica (proposta por Stephen Hawking em 1992), as leis da física obstam o surgimento de curvas fechadas do tipo tempo (ou seja, impedem que algo volte a um ponto do passado e continue se movendo até chegar novamente ao ponto de partida). Um dos mecanismos sugeridos para essa "conspiração" é a necessidade de energia negativa para estabilizar os buracos de minhoca. 

De acordo com a relatividade geral, esses fenômenos funcionariam como atalhos cósmicos, ligando diferentes regiões do espaço-tempo. No entanto, sem um tipo exótico de matéria com densidade de energia negativa — prevista pela mecânica quântica em fenômenos como o efeito Casimir —, suas paredes tenderiam a colapsar antes que qualquer partícula pudesse atravessar. E ainda que eles fossem atravessáveis, efeitos quânticos surgiriam para preservar a causalidade.

O Nobel de Física Kip Thorne e outros astrofísicos renomados acreditam que é possível viajar para o passado sem criar paradoxos, mas não ao nosso passado, e sim a um "passado alternativo de um universo paralelo". Segundo eles, se o espaço-tempo pode ser curvado, distorcido e expandido, então também pode se desdobrar em múltiplas versões coexistentes.

Nesse cenário, em vez de anular sua própria existência ao matar o avô, o viajante do tempo criaria uma nova ramificação da realidade para acomodar aquele evento — uma ideia que se alinha à interpretação dos muitos mundos de Everett.

Continua... 

terça-feira, 15 de abril de 2025

A REPUBLIQUETA DE BANANAS E A PIRA COLETIVA

A HISTÓRIA ACONTECE COMO TRAGÉDIA E SE REPETE COMO FARSA.

A célebre frase "Le Brésil n’est pas un pays sérieux" é indevidamente atribuída a Charles de Gaulle, mas isso não muda o fato de que a descoberta de Pindorama foi uma fraude, a independência, comprada e a Proclamação da República, o primeiro de uma série golpes militares. 

 

Oito dos 40 presidentes não concluíram seus mandatos (começando pelo próprio Deodoro da Fonseca); dos cinco que foram eleitos diretamente desde o fim da ditadura, dois acabaram impichados (seriam três se Rodrigo Maia e Arthur Lira não tivessem blindado o capetão golpista dos mais de 140 pedidos de impeachment protocolados na Câmara). 


Nosso "melhor" mandatário foi Tancredo Neves, mas apenas porque morreu sem tomar posse. Mas sua herança foi maldita: o vice José Sarney um neto que envergonharia o país. Ao final da intragável gestão do oligarca maranhense, o esclarecidíssimo eleitorado, podendo escolher Ulysses GuimarãesMario Covas ou Leonel Brizola entre os 22 candidatos ao trono, optou por despachar para o segundo turno um caçador de marajás demagogo e populista e um ex-metalúrgico populista e demagogo.

 

Collor derrotou Lula, tomou posse em março de 1990 e foi penabundado em dezembro de1992. Condenado em 2023 a mais 8 anos de reclusão, o sevandija segue livre, leve e solto graças a sucessivos embargos procrastinatórios. Já seu ex-adversário foi eleito em 2002, reeleito 2006, preso em 2018 e libertado 580 dias depois, a pretexto de nos livrar do refugo da escória da humanidade e pior mandatário desde Tomé de Souza, que ora responde por tentativa de golpe de Estado e outros crimes.

 

Em diferentes momentos da ditadura, Pelé e o general Figueiredo advertiram sobre os riscos de misturar brasileiros com urnas em eleições presidenciais. Ambos foram duramente criticados, mas o tempo lhes deu razão. Ignorante e despreparado, o eleitorado tupiniquim repete a cada dois anos, por estupidez, o que Pandora fez apenas uma vez, movida pela curiosidade. E como ninguém revogou a lei da causalidade, o país segue prisioneiro de dois populistas abjetos, que se valem do mandato para corromper, saquear e posar de salvadores da pátria.

 

A história ensina a não confiar em políticos, mas a maioria dos brasileiros, cega pelo fanatismo e lobotomizada pela polarização, insiste em idolatrar bandidos travestidos de agentes públicos. Não surpreende, portanto, que o Brasil seja governado como uma usina de processamento de esgoto, onde entra merda por um lado e sai merda pelo outro. 


Entre a porta de entrada (as eleições) e a de saída (a troca de comando), a merda muda de aparência, de nome, de embalagem — mas continua sendo merda. Reprocessou-se o governo Lula e deu no governo Dilma; reprocessou-se o de Dilma e deu no de Temer; a péssima gestão de Bolsonaro ensejou a volta do xamã petista numa versão macróbia e piorada. Desde 2003, o conteúdo da usina não mudou. O que muda — quando muito — são as moscas.

 

Em Ensaio sobre a cegueira, o escritor português José Saramago anotou que "a pior cegueira é a mental", pois torna as pessoas incapazes de reconhecer o que está diante de seus olhos. Isso explica por que milhões de cegos mentais acreditam que Lula é a "alma viva mais honesta do Brasil" e outros tantos que Bolsonaro é um patriota de mostruário perseguido injustamente por "Xandão" e seus pares de toga. A despeito de tudo que fez, o capetão ainda conta com o apoio de milhares de anencéfalos, que bebem seus garranchos verbais em português sofrível — e, mais recentemente, em inglês macarrônico. 


Lula e Bolsonaro só continuam vivos politicamente porque se retroalimentam e porque os brasileiros se comportam como gado tocado dos currais para ao matadouro. Mas o que seria de esperar da escumalha abjeta que o Criador, acusado de nepotismo, escalou para povoar a terra onde "em se plantando, tudo dá"? 


Assim como o "Führer" dos nazistas, a calopsita alaranjada, o molusco eneadáctilo e o capetão golpista deixaram claro o que pretendiam fazer, e foram aplaudidos, pois o populismo autoritário entra pela porta da frente, ovacionado. Hitler dizimou a Europa; Trump atacou criminosamente a economia global; e Lula bateu asas da cadeia e voou para o Planalto, onde posa de "parteiro do Brasil Maravilha". 


Marx ensinou que "a história acontece como tragédia e se repete como farsa". Os populistas anunciam o caos, mas a multidão primeiro os aplaude e depois diz que "não sabia". Eleitores dessa catadura não deveriam votar sequer em assembleia de condomínio.


O populismo é uma pira coletiva onde todos acham que só os outros vão arder.