quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

MAIS UM ANO QUE SE VAI. TORÇAMOS PARA QUE O PRÓXIMO NÃO SEJA AINDA PIOR!


O presidente que disse que cagou para a CPI, e que rejeitou a alcunha de genocida agora se empenha em acrescentar "infanticida" à sua coleção de epítetos. Contrariando a ciência pela enésima vez, Jair Herodes Bolsonaro vem criando toda sorte de empecilhos à imunização de crianças contra a Covid

Fosse apenas mais uma bizarrice surreal de sua alteza irreal, ainda assim chocaria pelo inusitado e pelo risco embutido na ordem num momento em que o avanço da Ômicron leva o mundo a temer um revival da doença.

Filho da ignorância e irmão do negacionismo, o capetão reitera a sua clara aversão aos preceitos básicos da Ciência, prega o evangelho do morticínio e se engaja em batalhas abertas para sabotar a cruzada da imunização. 

O mandatário que "por onde passa espalha fezes" diz que vacina pode causar AIDS, trombose, embolia pulmonar. Do alto de sua sabedoria de especialista em fake news, cita uma lista interminável de efeitos colaterais sem qualquer respaldo médico, transportando a população menos informada para o plano da dúvida, do receio, quando não do pavor.

Trata-se da maior autoridade do País, que (pelo menos em tese) deveria zelar pelo bem-estar geral, pela tranquilidade e correção dos fatos. Mas não Bolsonaro. Como não governa, sobra-lhe tempo ocioso, que ele gasta conspirando para o caos, pela consagração da mentira, da realidade paralela. 

Vai morrer gente? “E daí? É da vida!”, costuma dizer. Não faz um único movimento para atenuar o sofrimento pelo qual passaram e passam tantos brasileiros nos últimos tempos. Não há solidariedade, compaixão, comiseração, nada. Insensível, o mefistofélico se deixa levar por intenções politicamente rasteiras, pessoais e obscuras. 

Ao incitar a anarquia e a aglomeração, Bolsonaro contribuiu para a morte de mais de 600 mil brasileiros. Suas atitudes e declarações tipificam o comportamento de um doente mental. Não há outra explicação para tantos desatinos. 

Na penúltima confusão armada para ratificar o seu desprezo pelo controle da Covid, o capetão fez de tudo para impedir a exigência do passaporte vacinal de viajantes que desembarcam no País. Chegou mesmo a exigir do ministro da Saúde que se posicionasse firmemente contra. 

E Pesadelo 2.0, movido por ambições políticas e um apetite pantagruélico por poder, não só aquiesceu como ecoou o suserano — “melhor perder a vida do que a liberdade" —, acrescentando mais uma mancha a seu já maculado currículo. 

Caso a determinação presidencial prosperasse, o Brasil ficaria na condição sui generis de única nação no mundo civilizado a adotar tal política. Felizmente, o Supremo mandou exigir o bendito comprovante, sujeitando a aberração que chefia o Executivo a mais uma humilhação. 

Mesmo assim, Bolsonaro não recua: “Se eu não tomei [a vacina], por que vou obrigar os outros a comprovar que tomaram?”, perguntou o despirocado, sabe-se lá se por teimosia, questão de honra, tática eleitoreira, ou se para manter acirrada sua récua de apoiadores radicais.

É irresponsável deixar o destino de um país que anseia por civilidade e retomada da prosperidade nas mãos de um irresponsável tão inepto e descontrolado. De alguém cujas estultices representam indiscutível ameaça à sobrevivência de todos nós, que conspira a favor de um totalitarismo tacanho que garanta seu lugar no poder, que não quer vacina, nem passaporte nas fronteiras, nem gente usando máscara, nem crianças imunizadas, a quem basta a ineficaz cloroquina para iludir as massas. Se “todo mundo morre um dia”, diz o mestre das trevas, para quem quanto antes melhor.

Certos anos, quando acabam, proporcionam suspiros de alívio. Foi assim em 2020, de modo enganoso, pois imaginou-se, então, que a pandemia arrefeceria. Agora, ao fim de 2021, nada autoriza a mesma ilusão nem ninguém provido de bom senso acredita que dias melhores virão em 2022. Não no quesito atribulações políticas.

Na teoria do mundo oficial e segundo o permitido pela legislação, será uma campanha curta, de 45 dias; no universo paralelo da prática, terá sido a mais longa da história recente, com a duração exata do intervalo entre a eleição passada e a seguinte. A razão? Um presidente sob forte rejeição, que, à falta de atributos para reverter a situação, insiste na condição de candidato criador de casos, imaginando que só assim alcançará a reeleição.

Costuma-se dizer que a diferença entre o veneno e o remédio está na dose, e que as consequências sempre vêm depois. Por exagerar na dose, Bolsonaro amarga 21% de intenções de voto contra 48% do líder nas pesquisas. Talvez isso não torne sua reeleição impossível, mas certamente não contribui para seu projeto de poder. 

Observação: Já vimos candidatos qualificados perderem eleições e governantes bem avaliados sofrerem derrotas, mas jamais o contrário

É fato que o histórico estatístico não determina o resultado do pleito, e que a caneta e a cadeira palacianas foram determinantes na vitória de todos presidentes reeleitos desde a 1998. Mas nada está decidido nem muito menos garantido.

Lula termina o ano em alta, mas tem pela frente a árdua tarefa de sustentar dianteira tão ampla. Criar atrativos ao noticiário — como convidar Geraldo Alckmin para vice — não basta para o petralha escapar ileso dos estilhaços de seu imenso telhado de vidro (que os adversários certamente vão explorar). 

A decisão teratológica e execrável do STF promoveu o ex-presidente de presidiário a ex-corrupto, mas não o absolveu das acusações, pois as nulidades decretadas são processuais, e nenhuma delas lhe conferiu atestado de inocência.

A entrada de Sergio Moro na disputa complica as coisas, porque traz de volta à cena o tema da corrupção, que até então vinha sendo substituído, no radar do eleitorado, pelas agruras da sobrevivência, como inflação, desemprego e carestia. 

Como que para confirmar a tese de Magalhães Pinto — segundo a qual "a política é como as nuvens no céu; a gente olha e elas estão de um jeito, olha de novo e elas já mudaram" —, o ex-juiz termina o ano em situação completamente diferente daquela do início. De carta fora do baralho, Moro assumiu a posição de cortejado no campo alternativo às pontas do embate mais acirrado, em terceiro lugar nas pesquisa. 

Nesse processo rápido e agitado de mudanças, Ciro Gomes vê-se espremido, com mais um oponente de peso para atacar ao mesmo tempo que precisa segurar seu próprio partido para impedir uma corrida ao PT. A unanimidade no PDT em torno dele foi quebrada, e já não são poucas as vozes que defendem sua desistência. 

 Doria é um caso à parte — na verdade, um “case” enquadrado naquela categoria dos governantes eficientes sem reconhecimento eleitoral à altura. Embora tenha inaugurado em janeiro a vacinação contra a Covid no Brasil, o governador paulista aparece em dezembro empatado com o desconhecido André Janones e o folclórico Cabo "Glória a Deus" Daciolo.

A estrada é longa, mas o caminho não é deserto, e o lobo mau passeia por perto. A campanha eleitoral que se avizinha será dura e agressiva. Lideram-na, por enquanto, duas personalidades egocêntricas que, para o bem e para o mal, têm inegável carisma. Isso os favorece na corrida eleitoral, mas, para a escolha de alguém capaz de levar adiante um país, conviria ao eleitor lembrar-se de frase atribuída à ex-chanceler alemã Angela Merkel: “Os problemas não são resolvidos com carisma”.

Com Carlos José Marques e Dora Kramer

PROBLEMAS COM O TECLADO DO PC

ACEITE O DESCONHECIDO. MUITAS VEZES AQUILO QUE VOCÊ DESCONHECE ACABA SE TORNANDO O SEU MAIOR TRUNFO.

Devido a suas dimensões reduzidas e configuração de hardware mais limitada que a de seus "irmãos maiores", o smartphone não é a melhor alternativa quando é preciso digitar textos longos, editar vídeos e executar outras tarefas que tais.

Laptops (ou notebooks, como se convencionou chamar os microcomputadores portáteis) integram monitor e teclado nativos, que são muito úteis no uso em trânsito. Porém, quando esses aparelhos são utilizados como substitutos do PC de mesa, o resultado é melhor se os conectarmos a um monitor de tela grande e um combo de teclado e mouse wireless.

Teclados físicos podem ser encontrados a preço de banana, mas bons teclados sem fio (como os da Logitech e da Microsoft, p. ex.) são outros quinhentos. A boa notícia é que eles duram anos se você não os tratar aos coices nem tiver o péssimo costume de comer enquanto operam o computador (dada a possibilidade de derramar líquidos no teclado ou enchê-lo de migalhas de pão, bolacha, batatas chips etc.).

Quanto o teclado simplesmente deixa de responder ao pressionamento das teclas, verifique primeiramente se o botão liga/desliga (se existir) está na posição "ligado", se as pilhas estão em boas condições e se o dongle (ou o cabo USB, nos modelos com fio) está conectado à portinha do PC. Se tudo estiver em ordem, convém testar o dispositivo em outro computador. 

São diversas as causas que levam um teclado a adquirir vocação para a psicografia, do driver (programinha que funciona como "ponte" entre o dispositivo e o sistema) ao próprio Windows, além dos inevitáveis malwares. A primeira coisa a fazer nessa situação é reiniciar o computador, ou melhor, desligar a máquina, esperar um ou dois minutos e então tonar a ligar.

Observação: Não é recomendável usar o comando reiniciar, pois o intervalo entre o "desligamento" e o boot subsequente pode impedir que a energia acumulada nos capacitores se esgote totalmente, a exemplo dos dados armazenados nos chips de memória volátil. 

Se o teclado não votar ao normal, rode o antivírus. Se nenhuma praga for encontrada, repita a varredura com um antivírus online, como o Security Scanner (da própria Microsoft), o ESET Online Scanner (da ESET), House Call Free Online Virus Scan (da TrendMicro) ou o Norton Security Scan (da Symantec).

Descartada a possibilidade da infecção viral, experimente conectar outro teclado ao computador (se você não tiver um dispositivo de reserva, peça emprestado). Se o problema não se repetir, compre um teclado novo; se o egun mal despachado continuar a atormentá-lo, faça o teste "ao contrário", ou seja, use o teclado problemático em outro computador. Caso o "fantasma digitador" continue ativo e operante, compre um teclado novo (ou peça ajuda a um exorcista).

Continua...

quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

A VITÓRIA DO ESCÁRNIO

Churchill disse que não há argumento melhor contra a democracia do que cinco minutos de conversa com um eleitor mediano.  

Figueiredo — que era um sábio e não sabia — disse que um povo que não sabe escovar os dentes não está preparado para votar

O escritor português José Saramago, Nobel de Literatura em 1998, escreveu que a cegueira é uma questão pessoal entre as pessoas e os olhos com que nasceram

Com a cambada que ascendeu ao Congresso graças à cabeça oca e ao dedo podre do eleitor brasileiro, aprendemos que quem parte e reparte e não fica com a a melhor parte é burro ou não tem arte

Num cenário de terra arrasada, com mais de 600 mil mortos por Covid, mais de 13 milhões de desempregados, mais de 20 milhões de brasileiros passando fome, a inflação de volta à casa dos dois dígitos e a recessão batendo à porta mais uma vez, os nobres congressistas despacham para as calendas as reformas estruturantes, mantêm trancafiadas na gaveta PECs como as da prisão em segunda instância e do fim da reeleição e, felizes como pintos no lixo, derrubam o veto paraguaio do mandatário de fancaria ao fundo eleitoral de R$ 5,7 bilhões.

Essa vergonha contou com o aval de 317 dos 513 deputados federais, unindo governistas, independentes e oposição. Horas depois, por 52 votos contra 21, os senadores ratificaram a decisão da Câmara. Assim, o fundo de financiamento da campanha, criado em 2017 e que ficou em torno de R$ 2 bi nas eleições de 2018 e 2020, será o maior da história em 2022. 

Em julho, quando o Congresso aprovou o fundão de R$ 5,7 bi, uma reportagem da Folha baseada em estudo do Movimento Transparência Partidária abrangendo dados de 25 das principais nações deu conta de que o Brasil seria o campeão desse tipo de gasto, tanto nominalmente (em dólar), quanto proporcionalmente a seu PIB.

Bolsonaro, que está em campanha pela reeleição desde 1º de janeiro de 2019 e se amancebou recentemente com o PL do mensaleiro ex-presidiário Valdemar Costa Neto será um dos grandes favorecidos pela derrubada de seu veto, visto que o partido ocupou a 8ª colocação no ranking das siglas que mais receberam dinheiro na campanha de 2018.

O uso de dinheiro público para financiar campanhas eleitorais cria divergência entre os grupos de sustentação de Bolsonaro. Para a base ideológica, o capetão deveria sinalizar que é contrário ao fundo, mas o Centrão — coalizão de partidos que passaram a integrar a base do governo após a liberação de cargos e emendas — quer rios de dinheiro para torrar nas próximas eleições.

Para justificar um aumento tão significativo no fundo, a politicalha argumenta que na eleição de 2022 há um número maior de candidatos. De fato, com 33 partidos, 23 dos quais com representação no Congresso, e mais de 80 aguardando registro no TSE, não há dinheiro que baste nem outra maneira de governar o país que não esse espúrio presidencialismo de cooptação (que Bolsonaro vituperou durante a campanha, dizendo que a "velha política do toma-lá-dá-cá" não teria lugar no seu governo). Mas não vale a pena gastar boa vela com mau defunto explicando por que não se deve levar em conta o que o "mito" dos despirocados diz.

"Não tem solução ideal. Nós não temos o financiamento privado [de campanha]. A gente precisa discutir isso", disse Arthur Lira, o réu que preside a Câmara e é um dos mandachuvas do Centrão. Já o pajé da cloroquina, pressionado por sua récua de apoiadores, chegou a dizer que o valor do fundão era "astronômico". Mas não demorou para deixar o dito pelo não dito e, pior, afirmou que não vetaria o valor total para não incorrer em crime de responsabilidade, mas que barraria o que chamou de "excesso".

Já perdemos as contas de quantos crimes de responsabilidade Bolsonaro cometeu desde que tomou posse, e só Deus e o diabo sabem quantos mais serão cometidos até o final de sua funesta gestão, já que o sultão do bananistão conta com a blindagem de Aras na PGR e de Lira na Câmara (o procurador finge que investiga o presidente, e o réu que manda e desmanda na Casa do Povo diz que não tem prazo para decidir o que fará com os 141 pedidos de abertura de processo de impeachment).

O fundão é dinheiro público, até porque o governo não gera recursos. Quando você compra pão na padaria, abastece o carro no posto ou a despensa no supermercado, você está contribuindo para o fundão. Ademais, se o valor mínimo legal é de R$ 800 milhões, como justificar a elevação da pilhagem a quase R$ 6 bi se falta dinheiro para a Saúde, para a Educação e para o Auxílio Brasil?

O Congresso tem movido montanhas para conseguir recursos abundantes e livres de fiscalização ou de limites de qualquer natureza para o ano eleitoral. Tudo em nome de um "bem maior", naturalmente. Mas não fala em remanejar despesas e reluta a dar nomes aos bois quando se trata das famigeradas "emendas de relator" — ou do "orçamento secreto", como queiram. 

Como que cúmplices da ladroagem institucionalizada, integrantes da mais alta cúpula do Judiciário vem se dedicando em tempo integral a anular, seletivamente, um sem-número de processos — como o que provou a prática de rachadinha no gabinete do então deputado Flávio Bolsonaro e os que condenaram por corrupção Eduardo Cunha e Sérgio Cabral

De uma hora para outra, suas excelências se deram conta de que as punições a crimes como desvios de recursos, cobrança de propina ou enriquecimento ilícito foram todas aplicadas nas instâncias erradas e pelos juízes errados — mesmo tendo tramitado por anos sem que ninguém tivesse se dado conta de nada.

Felizes com a virada nos ventos, os mesmos que comemoram a prescrição dos processos de Lula e a possível aliança com ex-tucano Geraldo Alckmin se referem aos tucanos Aécio Neves e José Serra como denunciados por corrupção, esquecendo-se, mui convenientemente, de que são todos alvo da mesma investigação.

Nos bastidores das negociações entre os partidos, tudo é possível. Alckmin e Lula são só a face mais visível das conversas que comportam composições de todo tipo — do PT com o PSD de Gilberto Kassab e, se necessário, até com o União Brasil (fusão do DEM com o PSL). 

Bolsonaro se amancebou com PL do mensaleiro e ex-presidiário Valdemar Costa Neto — e disse estar se sentindo em casa —, enquanto mantém no governo o PP de Ciro Nogueira e Arthur Lira, a quem não se cansa de bajular.

O grande consenso nacional é que não deve haver limites para ganhar a eleição. A campanha será sangrenta e o funil, estreito. Mas até aí, noves fora o "astronômico fundão", nenhuma novidade. 

Em 2013, a ex-gerentona de araque (de nada saudosa memória) disse que "faria o diabo" para se reeleger, e repetiu a dose cinco anos depois, quando afirmou que o PT faria aliança até com o diabo para combater Bolsonaro (pode faltar tudo à cria e pupila do ex-presidiário de Curitiba, menos intimidade com o Tinhoso)

Em 2022, vai-se fingir que o dinheiro do toma-lá-dá-cá com emendas parlamentares é limpo, que os limites para os gastos públicos não estão sendo arrombados, que somente os adversários espalham fake news e que é normal "sentir-se em casa" junto de quem, em outro momento histórico, chamou-se de "corrupto" e "condenado".

A impressão que se tem é a de que o meticuloso trabalho de destruição institucional levado a cabo pelo "mito" dos despirocados fulminou também os limites do aceitável. Talvez não haja mesmo outra forma de devolver a política a um nível minimamente razoável, ou de resgatá-la do domínio do terraplanismo, mas é triste constatar que, entre tantas coisas que o bolsonarismo boçal nos tirou, estão o respeito a certos limites e a falta de vergonha de ser cínico.

E viva o povo brasileiro.

WHATSAPP SEM PLAY STORE

SE ESTÁ ESCRITO TAMANHO ÚNICO, É PORQUE NÃO SERVE EM NINGUÉM.

Você sabia que é possível instalar o WhatsApp no smartphone Android sem baixá-lo do Play Store? Pois é, a possiblidade existe. Mas a pergunta é: por que fazer isso? A resposta é: para ter acesso a recursos que não estão disponíveis na versão oficial do aplicativo, como usar o mensageiro sem deixar explícito, através do status, que está online, ou ler e até responder mensagens sem que ninguém saiba. Mas vamos por partes.

WhatsApp avisa, através da barra de notificações do telefone, que uma mensagem foi recebida pelo destinatário. Por meio dela, é possível ler o conteúdo e até respondê-lo (se for em poucas palavras) sem entrar na plataforma, de modo a não ativar o status de online. 

Além disso, basta ativar o modo avião para ler e responder as conversas tranquilamente, já que essa função interrompe a conexão com a internet e impede os contatos de saber que a pessoa está no aplicativo. Mas é bom lembrar (apesar de ser óbvio) que é preciso desativar o modo avião para que as respostas serem enviadas.

Smartphones Android dispõem de uma função semelhante às notificações, que é o widget. Com ele, as mensagens recebidas aparecem em uma janela pop-up e podem ser respondidas sem que seja preciso abrir o WhatsApp (se você usa um iPhone, morda-se de inveja). 

Basta acessar a aba de Conta nas Configurações e clicar em Privacidade para desabilitar a confirmação de leitura, mas é bom lembrar que esse recurso não impede a exibição do status online, apenas evita que o contato saiba se você leu a mensagem ou não. 

Voltando ao que foi dito no início desta postagem, para instalar o WhatsApp no smartphone Android sem baixá-lo da loja oficial do Google é preciso recorrer a APKs, que funcionam como um instalador manual e são utilizados por quem deseja testar aplicativos ou versões não lançadas oficialmente. Mas atenção: o maior vetor de infecções em celulares é justamente o download de aplicativos baixados de fontes não oficiais. Portanto, faça-o por sua conta e risco e não venha dizer que não avisei.

Antes de tentar baixar o mensageiro pelos APKs, habilite a instalação de fontes externas nas configurações do seu aparelho. Em seguida, acesse o site oficial do WhatsApp pelo navegador do celular. No final da página, é possível visualizar o APK do Android sob a divisão de Download. Baixe a versão disponível, clique no pop-up, depois em WhatsApp.apk e em "Instalador do pacote" e confirme quando lhe for perguntado se deseja prosseguir com a instalação.

Se preferir baixar o app pelo APK Mirror, faça o download do APKMirror (Android) no Play Store, abra o navegador, acesse o site do APKMirror (Web), clique na lupa no canto superior direito, busque por WhatsApp, baixe a versão desejada, abra o aplicativo APKMirror (Android) que você baixou, clique em "Browse Files", encontre o WhatsApp e proceda à instalação.

Outra maneira: Abra o site do APKPure (Web) e clique no botão de download. Quando for perguntado se você quer mantê-lo, clique em “Ok” para que o download seja finalizado. Quando um pop-up chamado APKPure aparecer, clique sobre ele para realizar a instalação. Feito isto, abra o aplicativo, autorize o acesso às configurações de armazenamento, pesquise por WhatsApp e toque sobre o arquivo para realizar a instalação.

terça-feira, 21 de dezembro de 2021

MAIS LEXOTAN NA VEIA


Desde 2020 que se delineia um cenário marcado pela violência, e o que assistimos no último Sete de Setembro será potencializado em escala nunca vista no Brasil ao longo do ano que vem, relembra o professor Marco Antonio Villa. Na avaliação do historiador, Bolsonaro quer o caos social em 2022, e a caterva que o apoia usará e abusara de fake news para evitar sua derrota. A campanha eleitoral será agressiva e torpe como nunca se viu, e, a exemplo de Trump, o "mito" não se conformará com a derrota nas urnas nem acatará a decisão da Justiça, pouco importante quantos Lexotans o chefe do GSI injete na veia até lá.

Dora Kramer vê nas declarações do ministro um bocado de artificialismo. Nem o general toma calmantes na veia, nem Bolsonaro tem condições de tomar quaisquer medidas contra o Supremo. Mais fácil ocorrer o contrário (aliás, já passou da hora).

A pantomima se destina a reavivar o clima de beligerância contra tudo e todos: depois do aconteceu ao longo dos últimos três anos, se voltar a agitar bandeiras contra a corrupção e a "velha política”, como fez em 2018, Bolsonaro não convenceria nem a Velhinha de Taubaté (caso Luiz Fernando Veríssimo resolvesse ressuscitá-la).

Volto a dizer que o maior cabo eleitoral de Bolsonaro foi o lulopetismo corrupto, e que ninguém (em sã consciência) acreditava que aquele deputado do baixo clero, que jamais se destacou pelo entendimento das complexas questões de Estado, se convertesse num bom governante. Mas poucos podiam imaginar, em 1º de janeiro de 2019, que a cerimônia de posse no Palácio do Planalto seria a pedra fundamental do pior governo desta "Nova República".  

Bolsonaro ignora a Constituição que jurou defender — da qual só leu "quatro linhas" — e espanca o Estado Democrático de Direito para levar ao delírio uma caterva de eleitores que não tem olhos para ver nem cérebro para raciocinar — entre os quais existe inclusive gente estudada, supostamente esclarecida. E, ao assumir a barbárie como visão de mundo, essa escumalha se reencontrara com os valores mais reacionários da história do Brasil.

Neste domingo (19), durante "merecido descanso" no litoral paulista — onde deve permanecer até a próxima quinta-feira, na boa companhia de Pedro Guimarães, presidente da CEF, de assessores especiais e de grande comitiva — o mandachuvas e trovoadas do Planalto disse a apoiadores que o Ministério da Saúde exigirá de pais e responsáveis de menores de 12 anos um termo de responsabilidade que autorize a vacinação das crianças.

"O que pretendemos fazer? Vacina para crianças só se autorizada pelos pais. Se algum prefeito, governador ou ditador quiser impor é outra história, mas do governo federal tem que ter autorização dos pais e uma receita médica", perorou o despirocado, que em outras ocasiões já tentou barrar a vacinação de menores de 18 anos.

Bolsonaro disse ainda que pediu a divulgação do nome dos técnicos da Anvisa que aprovaram a aplicação do imunizante da Pfizer em crianças de 5 a 11 anos, o que causou reação da agência. Vale destacar que, apesar da liberação, o início da vacinação não pode ocorrer imediatamente, já que o Ministério da Saúde ainda não providenciou as doses específicas para imunizar 70 milhões de crianças.

O pesadelo que estamos vivendo é produto da nossa história política. Bolsonaro não é um acidente, um acaso ou um fenômeno natural, como uma erupção vulcânica ou um tsunami. Portanto, é imperativo revermos o processo de redemocratização — notadamente os 21 anos do condomínio PSDB-PT —, porque algo de muito errado aconteceu.

A tarefa democrática e civilizatória para 2022 é de varrer o reacionarismo bolsonarista. A derrota dos extremistas nazifascistas é condição sine qua non para a preservação da democracia e dos valões consubstanciados na Constituição. Claro que isso não inclui a vitória do ex-presidiário, de modo que precisamos 1) torcer para que Bolsonaro seja descartado no primeiro turno; 2) votar mais uma vez em quem não queremos para evitar a vitória de quem queremos menos ainda.

Triste Brasil.

EDITORES DE FOTOS PARA ANDROID

A MENTIRA É O ÚNICO PRIVILÉGIO DO HOMEM SOBRE TODOS OS OUTROS ANIMAIS.

Nos tempos de antanho, fotografar era uma arte que dependia não só da câmera, mas também do filme (ou película) e de um processo conhecido "revelação" (hoje quase desconhecido). 

Em suma, a gente comprava o filme (para 12, 24 ou 36 fotos em P&B ou coloridas), carregava a câmera (de preferência num local escuro) e, depois de bater a última foto, rebobinava o filme, retirava-o da câmera, deixava-o numa foto-óptica que contasse com um laboratório fotográfico e, dali alguns dias, ia buscar o negativo revelado e as cópias em papel.

Com o advento das câmeras digitais, lá pelo final do século passado, tanto a compra do filme quanto os serviços de revelação e cópia deixaram de ser necessários. As fotos clicadas passaram a ser transferidas do cartão de memória para o PC e impressas em papel sulfite (ou fotográfico, caso o usuário fosse exigente). 

A partir de 2002, as câmeras digitais começaram a perder espaço para os celulares, e hoje em dia é praticamente impossível encontrar um smartphone que não seja capaz de tirar fotos e gravar vídeos.

Conforme as redes sociais foram conquistando usuários — e os usuários, por algum motivo que eu não consigo entender, são vocacionados a fotografar cada peido que soltam e postar a imagem no Insta, no Face, no Twitter ou na PQP —, tirar fotos deixou de ser suficiente: é preciso editá-las, seja para anular o indesejável efeito "olhos de vampiro", seja para fazer uma lipo e esconder a barriga de cerveja. Ou disfarçar o queijo de bruxa, sumir com a papada, apagar as rugas de expressão, enfim, fazer como fazem políticos populistas: vender o que não são, entregar o que são e se tornarem ainda piores ao longo do mandato.

Além do mundialmente conhecido Adobe Photoshop, há uma sem-número de editores de imagem, pagos ou gratuitos, ao alcance de uns poucos cliques do mouse, mas a genialidade de Steve Jobs transformou algo que nasceu para ser um telefone sem fio de longo alcance num computador pessoal ultraportátil, e a partir de então passamos a usar mais o smartphone do que o tradicional PC (de mesa ou portátil).

Nada nos impede de tirar fotos e editá-las no PC, mas é possível obter bons resultados (com menor custo e menos trabalho) a partir do próprio telefone. AppleSamsung, Motorola, entre outros fabricantes, incluem ferramentas para edição de imagens em seus smartphones, que quebram bem o galho, embora sejam mais espartanas que os apps dedicados. Veja a seguir algumas sugestões:

O Adobe Lightroom é pago, mas também conta com uma versão freeware, cujo inconveniente é a enxurrada de anúncios, ofertas de apps e tudo aquilo que você certamente conhece se utiliza aplicativos gratuitos no seu smartphone. O programinha é mais robusto e completo que o Photoshop Express e, além de oferecer ferramentas de edição rápida, conta com recursos de organização e armazenamento de imagens, permitindo, inclusive, que você faça backup de suas obras de arte na nuvem.

O Snapseed é gratuito e muito bem cotado. Desenvolvido pelo próprio Google, o ele é repleto de funcionalidades (cortes, colagens, ajustes de cor, nitidez, brilho, perspectiva, etc.) que deixarão suas fotos do jeito que você desejar.

Observação: O Instagram é uma das redes sociais mais badaladas e um dos melhores editores de fotos para Android. Além de oferecer diversos tipos de filtros e ferramentas de edição, ele permite compartilhar fotos com seus seguidores diretamente do app, e suas funções de edição são fáceis de usar.

O AirBrush é gratuito e, além das tradicionais ferramentas de edição, conta com várias funções de embelezamento, como remoção de espinhas e olhos vermelhos, clareamento de dentes e ajustes de iluminação. Ele possui filtros e efeitos que podem ser incluídos em suas imagens e, de quebra, permite postá-las diretamente no Instagram, Facebook, Snapchat e outras redes sociais. 

O PicsArt Photo Studio é considerado um dos melhores editores de fotos para Android. Com ele, além de utilizar diversas ferramentas de edição, você pode desenhar em suas fotos ou estiliza-las com filtros, além de ter acesso a milhões de adesivos criados pelos usuários. Além da versão gratuita há uma opção paga (Gold), que conta com mais ferramentas e uma galeria ainda maior de efeitos. 

Boa diversão

segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

INFINITO COMO O UNIVERSO E A ESTUPIDEZ HUMANA


A exemplo do universo e da estupidez humana, o negacionismo de Bolsonaro parece não ter limites — vale a pena ouvir a análise de Lauro Jardim e Fernando Gabeira

Como o escorpião da fábula, o "mito" dos despirocados é incapaz de agir contra a própria natureza. Menos de três meses depois do recuo estratégico que se sucedeu ao quase-autogolpe de 7 de setembro, o lobo do Planalto despiu a pelagem de cordeiro e voltou a arreganhar os dentes para o STF.

No discurso de encerramento dos trabalhos do Judiciário — que só serão retomados em fevereiro próximo —, o ministro Luiz Roberto Barroso, atual presidente do TSE, exaltou a pronta intervenção dos togados contra os arroubos antidemocráticos de Bolsonaro

Na visão do eminente ministro, as instituições brasileiras "resistiram" a ataques contra o processo eleitoral e à democracia e afastaram o "fantasma do retrocesso". Rechaçaram ameaças de fechamento do Congresso, do STF, de descumprimento de decisões, do atraso que rondou nossas vidas ameaçadoramente. "O debate público foi dominado muitas vezes pela mentira, pela desinformação e pelo ódio", disse Barroso, sem citar nomes nem explicar por que não foram tomadas medidas mais incisivas para exorcizar de uma vez por todas o egum maldespachado que nos assombra desde o Palácio do Planalto.

Num país que se desse minimamente ao respeito, um presidente que é alvo de 141 pedidos de impeachment, investigado em 5 inquéritos e apontado pela CPI como autor de pelo menos 9 crimes já teria sido apeado do cargo. No Brasil, a deusa Têmis — que simboliza a Justiça — fica sentada defronte ao prédio do STF, como que para simbolizar a morosidade do Judiciário e a inércia das supremas togas. Como se sabe, uma suprema decisão tanto pode levar horas quanto anos para ser proferida, a depender do magistrado e do bandido de estimação cujo destino lhe cabe decidir.

Basta lembrar que no apagar das luzes de 2019 o plenário da Corte reverteu, por 6 votos a 5, o entendimento sobre a constitucionalidade da prisão após condenação em segunda instância, restaurando o império da impunidade e pavimentando o caminho que levou à anulação de quatro processos contra Lula na 13ª Vara Federal Penal de Curitiba (PR).

Mais adiante, as denúncias espúrias de Verdevaldo das Couves e seu site panfletário vieram de encomenda para que um passarinho contasse ao relator da Lava-Jato no STF (com seis anos de atraso) que o juiz Sergio Moro não tinha competência para julgar os crimes do petista. E assim os processos contra o ex-presidiário foram encaminhados para a Justiça Federal do Distrito Federal, que pautou o novo julgamento para o Dia de São Nunca. E como se essa bizarrice surreal já não bastasse, a colenda segunda turma, capitaneada pelo versão togada de Amon-Rá, sepultou a reputação do ex-juiz de Curitiba sob a lápide da parcialidade.

De fato, havia um erro na questão da competência para julgar Lula. Todo mundo sabe que ele só poderia ser julgado numa vara onde houvesse um juiz capaz de atestar a idoneidade do ladrão. E isso não aconteceu. O ex-presidente foi condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro (duas vezes) porque o judiciário de primeira instância, de segunda instância (TRF-4) e de terceira instância (STJ) estava muito mal equipado, sem um único magistrado "cumpanhêro" que pudesse compreender a complexidade desse homem bom que assaltou o povo sem querer prejudicar ninguém. Os quase R$ 5 bilhões devolvidos pela quadrilha do petrolão poderiam ter sido usados para comprar um pouco mais de compreensão.

De uma hora para outra, ficou entendido que a tal vara federal de Curitiba só podia julgar processos relacionados à Petrobras. A OAS ganhou de Lula contratos fraudulentos com a estatal e pagou a ele e seu bando propinas oriundas do caixa de corrupção da empreiteira. Mas nenhum azulejo do triplex do Guarujá tinha o carimbo “Obrigado, Lula, pela grana que nós roubamos juntos da Petrobras”.

No Brasil, uma coisa é um agente público roubar honestamente a maior empresa pública do país porque tem o legítimo desejo de ficar rico que nem os seus comparsas, e ou coisa é a Justiça querer diferenciar o que foi propina decorrente da negociata e o que foi só um presentinho do amigo empreiteiro. Obviamente, isso é questão de foro íntimo, e o ex-juiz da 13ª Vara de Curitiba terá de responder por invasão de privacidade.

O que o STF fez ao inocentar o pai dos pobres e mãe dos ricos foi demonstrar que o grande erro da operação Lava-Jato foi "não saber com quem estava falando". E não foi por falta de aviso. A intelectualidade de cabresto, a burguesia decadente, as subcelebridades e a bandidagem do bem alertaram desde sempre os homens da lei de que para Lula não há lei. E o escândalo do mensalão era a prova cabal disso: José Dirceu foi preso por montar um propinoduto entre empresas estatais e o PT para comprar deputados e outras bugigangas — e Lula saiu assobiando numa boa, porque Dirceu era seu braço direito, mas nem todo mundo sabe o que seu braço direito faz. Nem sua mão boba.

A Lava-Jato não quis entender isso. Recusou-se a obedecer a lei máxima nacional segundo a qual roubar não é crime quando se é um picareta festejado por estrelas cadentes da MPB e por uma legião de inocentes úteis e inúteis. Ressuscitando sua lendária militância em favor de Dilmanta, a musa dos intelectuais, o ministro Fachin sacou sua faquinha e tchum! Adeus, roubalheira. Aí foi só correr para o abraço das togas esvoaçantes, exuberantes como asas de urubu em perfeita coordenação para envolver e proteger a carniça. Lula livre!

Agora ninguém segura. Se as eleições fossem hoje, o ex-presidiário promovido a "ex-corrupto" seria eleito com 171% dos votos, de acordo com a mais recente pesquisa do Instituto DataVenia. Aos cidadãos de bem deste país, restam apenas duas opções: arrumar um padrinho na cleptocracia ou levantar a bunda do sofá e avisar que não vão permitir que essa escumalha volte a assalta-los.

Triste Brasil.

Com Guilherme Fiuza

NATAL, COMPRAS VIRTUAIS E OUTROS QUE TAIS

A DESCONFIANÇA É A MÃE DA SEGURANÇA.

Quando eu comecei a me entender por gente, as crianças perdiam os dentes de leite bem antes de deixarem de acreditar em Papai Noel, e o “Espírito do Natal” dava ar da graça lá pelo final de novembro — a princípio timidamente, depois num crescendo, como o do apito de um trem que aproxima da estação. 

Naqueles tempos, os “votos de boas festas” pareciam mais sinceros. As pessoas desejavam um feliz Natal — e um feliz Ano Novo — a torto e a direito, inclusive a desconhecidos com quem simplesmente cruzavam na rua. E enfeitar a árvore, armar o presépio e pendurar a guirlanda na porta de casa fazia parte da festa.

De uns anos para cá, o "Espírito do Natal" resolveu frequentar exclusivamente hipermercados, shopping centers e assemelhados. No afã de fazer a clientela "entrar no clima", os lojistas removem a decoração do Halloween e, ato contínuo, penduram os ornamentos natalinos. Mas a coisa se tornou impessoal, sem graça, e com a pandemia, então, nem se fala. 

Ainda que as pessoas armem árvores de Natal e pendurem redes de lampadinhas pisca-pisca nas janelas e varandas, o clima é artificial e os votos carecem de calor humano. Em época de vacas magras, presente virou lembrancinha e lembrancinha virou cartão virtual (para economizar o selo postal).

Nem sempre dá para escapar de comprar um presentinho cá, outro acolá, seja porque algumas pessoas realmente merecem, seja porque... enfim, o fato é que é impossível evitar. Mas dá para evitar os tradicionais engarrafamentos, transporte público lotado, lojas apinhadas e aborrecimentos que tais recorrendo às compras online.

Em quase dois anos de convívio com a Covid, a maioria dos brasileiros comprou pelo menos um produto pela Internet. Até quem era avesso ao comércio virtual acabou se rendendo. Cerca de 13 milhões de pessoas fizeram compras online pela primeira vez em 2020 no Brasil (número equivalente à população do Estado da Bahia), e o pagamento com cartão de crédito é a opção preferida, tanto por consumidores quanto por lojistas — o boleto bancário e o Pix disputam o segundo lugar, e as demais opções não vêm ao caso para efeito desta abordagem.

Observação: Para saber mais sobre como surgiu o "dinheiro de plástico", esta postagem dá início a uma sequência que eu publiquei há alguns anos.

O Brasil fechou 2020 com 134 milhões de cartões de crédito (um aumento de 12% na comparação com o ano anterior). Por outro lado, a proporção das famílias que se encalacraram com o uso do dinheiro de plástico alcançou um recorde de 81,8% em junho deste ano — maior patamar desde o início da pesquisa, em 2010. Mas isso é outra conversa. 

Importa dizer que a segurança no pagamento com cartão será maior se você não usar a função débito e, em vez de informar os dados do cartão de crédito "físico", utilizar uma "versão virtual" do instrumento de crédito convencional.

Observação: O cartão de débito é vinculado à conta corrente e utilizá-lo é o mesmo que fazer um pagamento à vista com dinheiro, pois o valor da transação é debitado no ato. Se o saldo não for suficiente, mas o portador do cartão dispuser de um limite de crédito pré-aprovado (o famoso "cheque especial"), a compra será autorizada, mas serão cobrados juros escorchantes sobre o limite e o tempo utilizados. A maior inconveniência, por assim dizer, de pagar compras online "no débito" é que fica muito mais difícil cancelar uma transação fraudulenta ou reclamar se o produto não for entregue ou tiver um defeito qualquer. E o mesmo se aplica ao pagamento via Pix.

O cartão de crédito funciona como qualquer transação financeira. No caso, a empresa emissora e o portador do cartão fazem um acordo: a instituição concede ao cliente um limite de crédito para ser usado no pagamento de compras e serviços, e o cliente se compromete a quitar a fatura na data de vencimento. Quando a fatura mensal é paga, o limite contratual torna a ficar disponível — em havendo compras parceladas, a liberação do limite total se dá somente quando a última parcela for quitada.

Resista estoicamente à tentação de pagar a parcela mínima e rolar o restante da dívida, pois os juros e demais encargos são escorchantes. Só parcele o pagamento se o financiamento for feito pela loja (preço à vista em "x" vezes "sem juros", p. ex.), e fique atento para a "melhor data": compras efetuadas 10 dias antes do vencimento da fatura são lançadas no mês subsequente, de modo que você só desembolsará o dinheiro dali a 40 dias.

No que concerne à "anuidade", o valor e a forma de cobrança (de uma só vez ou em parcelas mensais) variam de uma instituição pra outra. Como a oferta de cartões sem anuidade é cada vez maior, você pode conseguir um bom desconto (ou mesmo a isenção da anuidade) negociando com a operadora. Via de regra, quanto o cliente usa o cartão, mais chances ele tem de reduzir o valor da anuidade, que, como dito, pode até chegar a zero.

Quando você paga com cartão numa loja física, a leitura dos dados é feita pela "maquininha" e a transação é autorizada depois que você digita sua senha no teclado do dispositivo. Nas compras pela Internet não existe maquinha. Você preenche um formulário online com seu nome, bandeira, número e vencimento do cartão e, ao final, informa o CVV (sigla em inglês para “Card Verification Value” ).

O CVV é um "código de segurança" — geralmente formado por três ou quatro algarismos — que vem impresso no verso do cartão. Nesse caso, para se passar por você, o fraudador não precisa da mídia (o cartão propriamente dito) nem de sua senha, ou por outro, qualquer pessoa que tiver acesso aos dados exigidos pelo formulário poderá fazer compras e pagá-las com o cartão. Em tese, esse código não fica armazenado nos servidores das lojas em texto puro, mas isso não significa que ele não possa ser descoberto. Daí ser mais seguro usar um cartão virtual (ou um cartão pré-pago, caso você não disponha de um cartão de crédito convencional que gere uma versão virtual).

O cartão virtual é atrelado ao cartão "físico", mas seu número é diferente do número da versão de plástico e muda toda vez que ele é gerado. Via de regra, o limite de crédito, as cobranças e a fatura são as mesmas do cartão ao qual ele é vinculado, mas a validade é limitada — ou seja, ele "expira" minutos ou horas depois de ser gerado e só pode ser usado uma única vez (para evitar clonagem e outros tipos de golpes).

Diferentemente dos cartões pré-pagos, que servem tanto para pagamento em lojas físicas quanto em sites, os cartões virtuais só funcionam em compras online. Alguns podem ser usados tanto em sites nacionais como internacionais e permitem parcelar o pagamento das compras normalmente. Os principais bancos comerciais disponibilizam seus próprios cartões virtuais, e utilizá-los costuma ser muito simples. Na maioria dos casos, o próprio cliente gera os dados (através do app do banco ou do serviço de netbanking).

As regras de utilização também podem variar de um banco para outro — se as informações disponibilizadas no site não forem suficientes, esclareça as dúvidas com seu gerente. O Itaú, por exemplo, emite um cartão de crédito virtual para cada transação online, e sua validade é de 48 horas. Findo esse prazo, o serial deixa de funcionar, inibindo a ação de fraudadores e assemelhados. 

Em suma, você pode gerar um cartão virtual sempre que precisar e cancelá-lo se desistir de usar, sem pagar nada por isso. Também não há limite quanto ao número de vezes que o recurso pode ser utilizado.

Boas compras e boas festas.