quarta-feira, 29 de outubro de 2025

O TEMPO PERGUNTOU AO TEMPO QUANTO TEMPO O TEMPO TEM… (FINAL)

WE ARE ALL TIME TRAVELERS.

Se o futuro é uma possibilidade e o passado é uma lembrança, então o único estado de coisas que realmente existe é o presente. Mas como afirmar isso se a própria existência do tempo não é uma unanimidade entre os filósofos e cientistas?

Na visão do cosmólogo Carlo Rovelli, o tempo não é uma e linha reta pela qual as coisas fluem do passado para o futuro, mas uma variável resultante do aumento da entropia do cosmos ao longo dos últimos 13,8 bilhões de anos. 

Segundo o metafísico J. M. E. McTaggart, é possível atestar a inexistência do tempo usando somente o pensamento lógico e um baralho de cartas

Grande Pirâmide de Gizé foi erguida no presente do faraó Queóps, que para nós significa 4,5 mil anos atrás. Se a realidade depende do ponto de vista do observador, então o presente não é uma data fixa no calendário, e um ponto de vista objetivo deve excluir o presente, o passado e o futuro. Esse mesmo raciocínio se aplica quando alguém diz "eu" — se esse pronome designa sempre a pessoa que fala, então ele não existe objetivamente, da mesma forma que "aqui" e "lá".

Se, assim como o espaço, que compreende apenas relações entre lugares (afastamento/proximidade), o tempo comporta somente relações entre acontecimentos mensuráveis (anterioridade/posterioridade), uma descrição objetiva do mundo não comporta presente, passado e futuro.

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Lula já se definiu como "metamorfose ambulante" — talvez “metástase fosse uma definição mais adequada, mas isso é outra conversa. 

Na última quinta-feira, discursando num evento do PCdoB, o molusco ensinou que a esquerda precisa "acreditar que o deputado é importante", lançando uma profusão de candidatos ao Legislativo. Passados apenas quatro dias, fez exatamente o oposto do que lecionou ao nomear Boulos para um ministério palaciano.

Na prática, ele condenou o deputado a permanecer em seu governo até o final, tirando das urnas o maior puxador de votos da esquerda — que chegou à Câmara com pouco mais de 1 milhão de votos — 55 mil a mais que Carla Zambelli e 259 mil a mais que Eduardo Bolsonaro. 

No discurso da semana passada, Lula ensinou que PT, PCdoB, PDT, PSB e também o PSOL, partido de

Em tese, o macróbio não precisaria puxar o tapete do PSOL para usufruir das conexões sociais de Boulos. Sua incorporação à caravana da reeleição não estava condicionada à obtenção de uma poltrona de ministro, mas o gesto sinalizou para os partidos aliados que ele continua cultivando um tipo muito peculiar de parceria: “todos no mesmo barco e cada um por si”.

Se, à luz da Teoria da Relatividade, dois acontecimentos simultâneos deixam de sê-lo quando um observador está parado e o outro, em movimento, então nem o presente nem o futuro são absolutos, pois variam de acordo com a posição do observador. Uma mesa ou uma cadeira são reais do ponto de vista físico, já que são objetos formados por átomos, elétrons e quarks. Mas nem tudo o que existe no mundo segue as leis da física clássica. 

Mesmo que não existam no mundo real, o passado e o futuro nos parecem tão reais quanto a mesa ou a cadeira, já que o presente delimita o que deixou de ser real de um lado (o passado) e o que ainda não é real (o futuro). No entanto, a metáfora do “rio do tempo” (vide capítulos anteriores) rejeita o paralelismo entre o "aqui" e o "presente", posto que este não pode ser subjetivo no mesmo sentido que aquele. 

Quando estamos aqui e vamos a algum lugar, esse lugar passa a ser nosso "aqui", e o lugar de onde saímos, nosso "lá". Mas isso não se aplica ao "agora", já que o presente nos é imposto, o passado está fora do nosso alcance. Já avançar rumo ao que consideramos como futuro não só é possível como necessário, mas não depende de nós, e sim da realidade do tempo.

Explicando melhor: a decisão de ir a um lugar no espaço depende de cada um de nós, mas é o tempo que determina o que acontece antes e depois, organizando os fatos de forma irreversível. Isso significa que podemos nos mover pelo espaço, mas não podemos controlar o fato de o presente acontecer agora e depois virar passado, que acontece conforme a ordem do tempo. É por isso que temos a impressão de que o tempo se desloca em relação a nós, de que ele está sempre em movimento, queiramos ou não.

Como vimos nos capítulos anteriores, as metáforas do rio do tempo e do trem do tempo têm cada qual seus defensores e detratores. Os partidários da primeira acreditam no presente, e os partidários da segunda acham que o presente é apenas uma ilusão subjetiva. Mas não dá para dizer quem está certo: por um lado, o que acontece agora nunca aconteceu e, portanto, é objetivamente real; por outro, dizemos que uma coisa acontece agora porque somos contemporâneos dela, e o que se nos apresenta como passado ou futuro é tão objetivamente real quanto o que é presente para nós.

Na imagem do trem do tempo os acontecimentos estão ligados entre si por relações imutáveis de simultaneidade, anterioridade e posterioridade, mas a descrição realista do mundo é inexoravelmente atemporal. O Natal de 2024 aconteceu antes do Réveillon de 2025, que precedeu ao Carnaval, à Páscoa e ao Dia das Crianças. Isso era verdadeiro no passado, é verdadeiro agora e continuará sendo verdadeiro para sempre — tão atemporalmente verdadeiro quanto o fato de dois e dois serem quatro tanto hoje como ontem. Mas como pode haver tempo se nada muda? 

Não faz sentido falar em mudanças se não se pode distinguir o que é do que foi e do que será, se tudo é fixo, imutável, invariável. Para quem vê o mundo de fora — ou seja, do ponto de vista eternalista de um Deus onisciente, que abarca tudo num único olhar —, o tempo não existe: se não estamos no mundo e pensamos fora dele, não há que falar em passado, em futuro, e tampouco em tempo.

Por outro lado, pensar em mudanças nos leva a mergulhar de novo no rio do tempo e admitir que tudo muda o tempo todo: o que é futuro se torna presente, e o presente se torna passado. Mas se há presente no mundo, e se ele não é somente uma ilusão devida à nossa posição na história, então o passado não é real, já que o presente cessa tão logo se torna passado. E o futuro é ainda menos real, pois sequer chegou a ser real. No entanto, se há somente o presente, como explicar as mudança? 

Um ser consciente do estado do mundo, mas que não tivesse memória do passado nem imaginação do futuro, saberia tudo da realidade presente, mas nada veria mudar. Para dizer que uma coisa muda, é preciso poder dizer que ela não era o que passou a ser. Mas a memória do passado e a imaginação do futuro não são características do mundo, e sim da nossa consciência. Num mundo em que o presente é real, ele é o único a existir, e isso nos leva a outra negação do tempo.

A imagem do trem do tempo nos permite pensar a realidade das relações entre os acontecimentos sem presente, passado nem futuro, na medida em que implica uma visão eternalista que não exclui o tempo. Em contrapartida, a imagem do rio nos permite pensar a realidade do presente, mas exclui a realidade do passado e do porvir, impondo uma visão presentista que nos impede igualmente de pensar o tempo.

Ainda que o tempo não seja somente uma ilusão — o que se admite apenas por amor à argumentação —, é impossível encerrá-lo num conceito sem esbarrar em dificuldades insuperáveis ou em contradições. E mesmo que o presente não seja uma ilusão, é impossível dizer se ele existe fora de nós ou por nós, se depende do mundo ou de nossa consciência. Já o futuro é, dos três modos da temporalidade, aquele que tem menos existência, seja por ainda não ser, seja por mudar o tempo todo.

Vivemos necessariamente no presente. O passado e o futuro não existem, o que existe é um presente relativo ao passado — a memória —, um presente relativo ao presente — a percepção — e um presente relativo ao futuro — a expectativa. Para a consciência, porém, há somente o presente, pois o passado não é senão a memória presente do passado, e o futuro não é senão a imaginação presente do futuro.

Por esse prisma, o futuro não difere do passado ou do presente — que também mudam o tempo todo —, mas existe somente em nossa imaginação, pois varia em função do nosso presente, que é o hoje, não o ontem nem o amanhã. Por acharmos o futuro demasiado lento e ao apressarmos seu curso, esquecemo-nos do passado, mas, imprudentes que somos, não pensamos no único tempo que nos pertence, sonhamos com o que não existe mais e evitamos refletir sobre o único que subsiste. Assim, em vez de vivermos, esperamos viver.

Quando nos lembrarmos desse presente no futuro, ele será o passado que traremos de volta ao presente, ou seja, outro presente. Mas viver no presente exige inevitavelmente considerar o futuro — ou seja, ver a água do futuro fluir em torno de nós. Para estarmos aqui, devemos olhar adiante, para além de nós, e a todo instante ver e prever o porvir. Viver no presente é querer, é desejar, é esperar outra coisa que não é o presente, é projetar-se no futuro. Por isso sabemos que morreremos um dia, embora nos seja difícil imaginar isso, e por pensamos que a morte é somente o nada, a ausência de consciência, temos medo de partir desta vida demasiado cedo, quando ainda estamos vivos, de ficar do mundo enquanto ele continua a avançar sem nós, que continuamos a desejar no presente outro futuro, pois viver é estar voltado sempre para o futuro imediato de nossas intenções, ainda que distante das nossas aspirações.

Talvez a imagem do rio seja ilusória, mas é uma ilusão vital. O futuro é seguramente uma ilusão, já que existe apenas em função da nossa imaginação, em nossos temores, esperanças, medos e desejos. Até porque só o presente existe, e é nele que vivemos, mesmo que não seja ele que nos faça viver. Se nos ocupássemos somente do que o presente nos dá, não viveríamos: apenas sobreviveríamos sem finalidade, sem memória nem desejo, sem qualquer razão para viver. 

Estamos condenados a viver no presente, mas dele nos libertamos pela imaginação do futuro que não existe, mas que nos faz existir, dando sentido à nossa existência. Um futuro que não é mais o que era, que está sempre por se reinventar. 

Essa é a verdadeira definição da liberdade humana.

terça-feira, 28 de outubro de 2025

DO SMARTPHONE AO NOTEBOOK

OUÇA CONSELHOS, MAS JAMAIS ABRA MÃO DE SUA PRÓPRIA OPINIÃO.

Não se sabe se o ábaco surgiu na China, no Egito ou na Mesopotâmia, mas sabe-se que ele foi criado milhares de anos antes da era cristã e que sua desenvoltura na execução de operações aritméticas só foi superada no século XVII, quando Blaise Pascal criou uma engenhoca que Gottfried Leibniz aprimorou com a capacidade de multiplicar e dividir. 

Já o processamento de dados teve início no século XVII com o Tear de Jacquard  e evoluiu com o tabulador estatístico criado por Herman Hollerith — cuja empresa daria origem à gigante IBM. No início dos anos 1930, Claude Shannon aperfeiçoou um dispositivo de computação movido a manivelas mediante a instalação de circuitos elétricos baseados na lógica binária. Mais ou menos na mesma época, Konrad Zuse criou o Z1 — primeiro computador binário digital. 

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Enquanto a defesa de Bolsonaro se equipa para usar o caso Collor como pretexto para evitar que seu cliente seja trancado na penitenciária da Papuda, os deuses da jurisprudência oferecem um espetáculo que desmoraliza o caráter "humanitário" da prisão domiciliar em três atos.

No primeiro, Collor, condenado a 8 anos e 10 meses de prisão em regime inicial fechado, foi autorizado a cumprir a pena em sua mansão na orla de Maceió depois de passar uma semana em um presídio alagoano. No segundo, sua tornozeleira eletrônica saiu do ar por 36 horas. No terceiro, o apagão do monitoramento ocorreu nos dias 2 e 3 de maio, mas o Centro de Monitoramento Eletrônico de Pessoas de Alagoas demorou cinco meses para comunicar a falha ao STF.

Graças a uma trapaça do destino, o relator do processo de Collor é Alexandre de Moraes, o mesmo que cuida do caso da trama do golpe. Abespinhado, o magistrado exigiu explicações. A resposta veio na última sexta-feira (24). A Secretaria de Ressocialização e Inclusão Social do governo de Alagoas alegou que desconhecia o e-mail do gabinete de Moraes. Superada a dúvida quanto à origem e à segurança da comunicação, as providências cabíveis foram imediatamente adotadas, com o envio integral dos relatórios requisitados ao e-mail.

A honestidade preenche requerimento, marca hora e leva chá de cadeira. A corrupção sempre encontra seus atalhos. Num mundo convencional, o endereço eletrônico de Moraes poderia ser obtido com um simples telefonema. No universo dos privilegiados, a coisa é diferente.

Na prática, o governo de Alagoas coloca Moraes em posição constrangedora. O ministro havia ameaçado devolver Collor ao presídio. Os responsáveis por monitorar o trânsito do "preso" entre a sauna e a piscina do seu elegante domicílio prisional pedem ao ministro que faça o papel de bobo em benefício do bem-estar do condenado.

Os homens nunca foram iguais, mas não eram tão desiguais até que veio a civilização. E alguns viraram Collor, que desfrutou da impunidade por 33 anos. Denunciado por assaltar R$20 milhões de um cofre da Petrobras em gestões petistas, demorou oito anos para ser condenado. Embora a sentença fosse suprema, ficou solto por dois anos após a condenação.

Poucas horas depois da detenção de Collor, sua defesa encaminhou petição a Moraes alegando que seu cliente tem 75 anos e é atormentado por doença de Parkinson, apneia grave do sono e transtorno afetivo bipolar — moléstias que exigiriam cuidados contínuos e acompanhamento médico especializado, coisas indisponíveis na cadeia.

A defesa esqueceu de combinar a estratégia com o paciente. Na audiência de custódia que antecedeu o encarceramento, Collor, sorridente, vendia saúde. Acompanhado de um dos seus advogados, foi interrogado por videoconferência pelo juiz Rafael Henrique, da equipe de Moraes. A certa altura, o doutor perguntou: "O senhor tem alguma doença, faz uso de algum medicamento de uso contínuo?" E Collor, categórico: "Não".

Os advogados omitiram que o Rei Sol talvez sofresse de uma amnésia que o levava a esquecer dos outros males que o afligiam. De repente, surgiram os atestados médicos que justificavam a concessão da prisão domiciliar em caráter "humanitário", abrindo um atalho que os advogados de Bolsonaro certamente trilharão.

O Brasil não perde a oportunidade de perder oportunidades para qualificar o seu sistema prisional. Há três décadas, Collor vangloriava-se no Planalto de ter "colhões roxos" — expressão precursora do célebre "imbrochável." Quando vende saúde, a desqualificação é poupada. Quando finalmente é condenado, o desqualificado alega que não pode servir de exemplo para a qualificação das cadeias.

O ex-presidente da França Nicolas Sarkozy, 70, foi condenado por aceitar contribuições espúrias do antigo ditador líbio Muammar Kadafi para a campanha eleitoral da qual saiu vitorioso, em 2007. Preso na semana passada, cumprirá pena de cinco anos na penitenciária La Santé, em Paris, trancafiado na ala de isolamento de uma das prisões mais seguras da França.

Enquanto isso, o brasileiro é como que condenado a conviver com uma dúvida perpétua: os criminosos de grife vão para a cadeia nos países ricos porque as cadeias são melhores ou as cadeias são melhores porque a elite as frequenta? 

Nas pegadas de Collor, o Brasil está na bica de desperdiçar com Bolsonaro mais uma chance de aprimorar as instalações e os serviços de suas prisões com a qualificação progressiva da população carcerária.

A II Guerra Mundial deu azo ao surgimento do Mark I, do Z3 e do Colossus. Na década seguinte, pesquisadores da Universidade da Pensilvânia construíram o ENIAC, que teria causado um formidável apagão quando foi ligado pela primeira vez (talvez isso não passe de lenda urbana, mas houve realmente flutuações e quedas de energia pontuais na Filadélfia, mesmo porque o monstrengo consumia 10% da capacidade total da rede elétrica da cidade). 

Embora fosse um monstrengo de 18 mil válvulas e 30 toneladas, ele era capaz de realizar "apenas" 5 mil somas, 357 multiplicações ou 38 divisões simultâneas por segundo — uma performance incrível para a época, mas que qualquer videogame dos anos 1990 já superava com um pé nas costas. Suas válvulas queimavam à razão de uma a cada dois minutos, e como sua memória interna só comportava os dados da tarefa em execução, qualquer modificação exigia que os programadores corressem de um lado para outro da sala, desligando e religando dezenas de cabos.

 

O EDVAC veio à luz em 1947, já com memória, processador e dispositivos de entrada e saída de dados. Foi seguido pelo UNIVAC, que utilizava fita magnética em vez de cartões perfurados. Mas foi o advento do transistor que revolucionou a indústria dos computadores — notadamente a partir de 1954, quando o uso do silício como matéria-prima barateou significativamente os custos de produção.


Os primeiros mainframes totalmente transistorizados foram lançados pela IBM no final dos anos 1950. Na década seguinte, a Texas Instruments revolucionou o mundo da tecnologia com os circuitos integrados, compostos por conjuntos de transistores, resistores e capacitores, e usados com sucesso no IBM 360 (lançado em 1964). Já no início dos anos 1970, a Intel desenvolveu uma tecnologia capaz de agrupar vários circuitos integrados (CIs) numa única peça silício, dando origem aos microprocessadores e viabilizando o surgimento do Altair 8800 (vendido sob a forma de kit e responsável, ainda que indiretamente, pela fundação da Microsoft), do PET 2001 (lançado em 1976 e considerado o primeiro microcomputador pessoal) e dos Apple I e II (este último já com unidade de disco flexível).

 

O sucesso estrondoso da Apple incentivou a IBM a criar seu PC (acrônimo de Personal Computer), cuja arquitetura aberta e a adoção do MS-DOS acabaram se tornando padrão de mercado. A primeira interface gráfica com sistema de janelas, caixas de seleção, fontes e suporte ao uso do mouse foi criada pela Xerox e incorporada ao LISA por Steve Jobs. Quando a Microsoft lançou sua interface gráfica que rodava sobre o MS-DOS, a Apple já estava anos-luz à frente, mas foi o Windows, e não o macOS, que se tornou o sistema operacional para microcomputadores mais popular do planeta.

 

Tudo isso para dizer que o que hoje chamamos de computador — seja um desktop, um notebook, um smartphone ou um tablet — evoluiu ao longo dos séculos em etapas que misturam avanços científicos, engenhocas eletromecânicas e uma boa dose de ousadia criativa. No início, eram máquinas enormes, barulhentas e com um apetite pantagruélico por energia. Os primeiros sequer tinham disco rígido, quanto mais mouse, tela colorida ou sistema operacional amigável, e a interação com o usuário era feita por meio de cartões perfurados, fitas magnéticas e comandos crípticos. Mas já dizia o poeta que não há nada como o tempo para passar.

 

Microcomputadores rudimentares, mas já voltados ao consumidor final (como Apple I, Commodore 64 e afins) surgiram nos anos 1970 e começaram a se popularizar entre os usuários domésticos em meados dos anos 1990. Na década seguinte, os "micros" (como as pessoas chamavam seus PCs) já tinham presença garantida em escritórios, escolas e lares de classe média. Os laptops vieram logo depois, seguidos pelos netbooks e, mais adiante, pelos ultrabooks — versões mais compactas e baratas que sacrificavam desempenho em nome da mobilidade.

 

Meu primeiro portátil — um Compaq Evo n1020v Intel Celeron 1,7 GHz/20 GB/128 MB — custou R$ 4,4 mil no início de 2003 (cerca de R$ 12 mil, se atualizado pelo IGPM, ou R$ 30,4 mil, pela variação do salário-mínimo). Hoje, notebooks de entrada custam a partir de R$ 3 mil, como é o caso do IdeaPad 1 da Lenovo, que integra um chip AMD Ryzen 3 7320U e tela grande (15,6 polegadas). Mas ele vem com míseros 4 GB de RAM e SSD de 256 GB, sem falar que no sistema operacional, que é uma distro Linux.

 

Atualmente, qualquer smartphone básico tem mais "poder de fogo" do que os computadores que levaram o homem à Lua — o que explica, pelo menos em parte, por que desktops e notebooks foram relegados a situações que exigem telas de grandes dimensões, teclado e mouse físicos, além de processamento, memória e armazenamento superiores aos que os "pequenos notáveis" de entrada e intermediários conseguem oferecer. Mas quem precisa de um note para fazer o que não consegue fazer com o celular terá de investir cerca de R$ 4 mil num Samsung Galaxy Book 4, por exemplo, que integra um processador Intel Core i3-1315U, 8 GB de RAM, 256 GB de SSD — e vem de fábrica com o Windows 11.

 

Se você quer portabilidade sem abrir mão de uma tela grande e hardware potente, o Galaxy Book 4 Ultra oferece painel AMOLED de 16 polegadas com resolução QHD e taxa de atualização de 120 Hz, Intel Core Ultra 9-185H e Nvidia GeForce RTX 4070 — suficientes para rodar a maioria dos jogos atuais sem problemas —, além de respeitáveis 32 GB de RAM e 1 TB de SSD. Mas não espere pagar menos de R$ 10 mil por essa belezinha.

 

Por último, mas não menos importante: quem é fã do iOS não tem como não gostar do macOS — e, se é para mudar de sistema operacional, nada como fazê-lo em grande estilo. O Apple MacBook Pro M4 é capaz de executar com desenvoltura tarefas exigentes como edição de vídeo, gráficos 3D, desenvolvimento de IA e até simulações científicas. 


Ele oferece ampla gama de portas para periféricos e monitores externos — incluindo três portas USB-C/Thunderbolt 5 e uma HDMI 2.1 —, não esquenta e praticamente não faz barulho. No entanto, como a RAM e a unidade de armazenamento vêm soldadas à placa-mãe, convém escolher a melhor configuração que o bolso suportar, já que upgrades de hardware estão fora de cogitação.

segunda-feira, 27 de outubro de 2025

O TEMPO PERGUNTOU AO TEMPO QUANTO TEMPO O TEMPO TEM… (QUINTA PARTE)

WHAT'S DONE CANNOT BE UNDONE 


Como vimos nos capítulos anteriores, a ciência ainda não sabe ao certo se o tempo existe ou é apenas uma convenção que foi criada pelo homem para colocar alguma lógica no caos. Supondo que exista, que tipo de coisa é? Uma estrutura, uma substância ou uma metáfora? É ele que passa para nós ou somos nós que passamos por ele? 


Para tentar responder a essas perguntas, lembro inicialmente que o conceito de flecha do tempo — proposto pelo astrônomo britânico Arthur Eddington — se baseia no aumento irreversível da entropia para sustentar a unidirecionalidade do tempo.


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Uma pane num data center instalado no estado americano da Virgínia desligou da tomada milhões de usuários da unidade de serviços em nuvem da Amazon na semana passada. O problema afetou aplicativos ao redor do mundo, tumultuou a rotina de mais de 500 empresas, inclusive no Brasil, e reforçou a percepção de que, como qualquer engrenagem medieval, sistemas sofisticados de dados também podem dar defeito — a diferença está no tamanho da encrenca.

O apagão fez lembrar o penúltimo tumulto na internet, no ano passado, quando o mau funcionamento da companhia CrowdStrike paralisou sistemas tecnológicos em hospitais, bancos e aeroportos ao redor do planeta.

A pergunta é: "onde é que isso vai acabar?" A resposta é: não acaba. Quanto maior o desenvolvimento tecnológico, maiores as perspectivas de desastre.


A entropia é a única lei da física com forte direcionalidade temporal que perde essa característica quando se fecha o foco em coisas muito pequenas. Em outras palavras, a "flecha" que avança do passado para o futuro surge somente quando nos afastamos do mundo microscópico em direção ao macroscópico.

 

Se compararmos o tempo a um trem que segue pelos trilhos em velocidade constante, hoje é o amanhã de ontem e o ontem de amanhã, o presente é o ponto transitório entre o passado e o futuro, e a sucessão dos eventos segue uma ordem linear, com o Réveillon antes do Carnaval e o Halloween antes do Natal, por exemplo. 


Ocorre que essa direção unívoca do tempo não se encaixa na física quântica, onde sistemas podem existir em múltiplos estados ao mesmo tempo até a medição, sem que haja uma definição clara e única de presente, passado ou futuro. A metáfora do Gato de Schrödinger ilustra essa ideia: o gato permanece vivo e morto simultaneamente até abrirmos a caixa e fazermos a observação. Então, se o sistema não segue a flecha temporal clássica nos seus estados definidos antes da observação, o presente pode estar em múltiplos pontos no tempo ou não estar restrito a um ponto temporal específico. 


Quanto a nós, nada indica a priori como ficamos. O que realmente importa é a relação entre os acontecimentos, de modo que podemos estar em qualquer ponto, vendo o mundo e seus acontecimentos passarem como um trem, ou imersos em um rio onde o tempo escoa do futuro para o passado enquanto ficamos presos ao “agora”, sem poder voltar a ontem e avançando para amanhã um dia de cada vez. No entanto, embora compartilhem da mesma topologia de tempo linear, unidirecional e sem lacunas, essas duas metáforas são contraditórias.


No caso do “trem”, a flecha do tempo impõe datações objetivas — o sábado vem antes do domingo, janeiro antes de fevereiro, etc. — e nos informa objetivamente sobre como os acontecimentos se situam uns em relação aos outros — antes, depois, e até mesmo simultaneamente. No caso do “rio”, as datações são relativas ao falante, com ontem, hoje, amanhã, presente, passado e futuro, e a flecha do tempo se limita a apontar a posição subjetiva que os eventos ocupam em relação a nós — ou seja, se eles existem enquanto falamos, anteriormente a nós e posteriormente ao nosso presente. 


No “trem”, o tempo parece seguir do passado para o presente e deste para o futuro; no “rio”, o futuro parece vir até nós, torna-se presente e se afasta como passado. Isso nos leva a duas perguntas: 1) Será que tempo é como a flecha que vemos passar ou como o rio em que estamos? 2) Será que o futuro é o que vem ao nosso encontro ou o que deixamos para trás? 


De certo modo, a resposta para a segunda pergunta está na primeira, onde há relações temporais (anterior, posterior, simultâneo), mas não há presente. Na segunda, embora haja propriedades temporais absolutas (presente, passado e futuro), estamos fora da flecha do tempo e dentro do rio do tempo


No trem, a flecha do tempo aponta a mudança das coisas, a sucessão dos acontecimentos; no rio, o mesmo presente tem sempre um conteúdo distinto, como se houvesse um ponto fixo em relação ao qual a flecha iria em sentido inverso, com os acontecimentos se tornando passado à medida que o tempo passa. Vemos o desenrolar do tempo a partir da posição fixa que ocupamos no presente — que é sempre o mesmo enquanto presente; mas sempre outro em seu conteúdo.

 

Isso nos leva às seguintes perguntas: O presente, o passado e o futuro existem objetivamente ou apenas subjetivamente? A ideia de que o passado é necessário e diversos futuros são sempre possíveis seria uma ilusão? Se o tempo não é o que pensamos, o que mais em nossa experiência pode ser apenas uma mentira bem contada?


É o que veremos no próximo capítulo.

domingo, 26 de outubro de 2025

FORNO DE MICRO-ONDAS DESCASCADO? VEJA COMO RESOLVER.


CADA VEZ QUE FICO DOENTE ME TORNO MAIS SÁBIO; QUANDO MORRER, SEREI UM GÊNIO. 

 

O forno de micro-ondas foi inventado acidentalmente em 1945 pelo engenheiro Percy Spencer, quando ele reparou que uma barra de chocolate que levava no bolso havia derretido quando ele trabalhava com radares. 


O primeiro modelo comercial surgiu dois anos depois e revolucionou nossas cozinhas, embora muita gente utilize esses forninhos apenas para descongelar alimentos, aquecer refeições e, claro, estourar pipoca. Mas eles fazem muito mais que isso. Confira:

 

Sanduíches não perderão a textura por causa da umidade se você os reaquecer envolvidos em papel-toalha. Limões darão mais suco sem você cortá-los ao meio e aquecê-los por 10 a 20 segundos. Dentes de alho soltarão a casca mais facilmente se forem aquecidos por 15 segundos. Mel cristalizado reassumirá a consistência original depois de aquecidos por 2 minutos em potência média. Pães amanhecidos ficarão crocantes se você os envolver em um pano de prato umedecido e aquecê-los por cerca de 10 segundos.

 

Para evitar que batatas, tomates e similares “explodam” devido ao vapor retido dentro deles, perfure a casca com um garfo ou faca antes de aquecê-los. Batatas fritas que não foram comidas ainda quentes recuperarão a crocância se você as envolver em papel-toalha e aquecer em intervalos curtos de 20 a 30 segundos. Para deixar o bacon bem seco e crocante, corte-o em fatias, disponha-as sobre folhas de papel toalha, aqueça inicialmente por 3 minutos, verifique o ponto e, se necessário, continue aquecendo em intervalos de 30 segundos, até que elas fiquem bem crocantes.


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A transferência do ministro Luiz Fux — que ficou isolado após votar pela absolvição de Jair Bolsonaro e outros réus — para a 2ª Turma pode redesenhar a correlação de forças nos dois colegiados do Supremo. Embora seu perfil seja distinto do terrivelmente evangélico André Mendonça, indicado por Bolsonaro, ambos divergem de seus pares em casos relacionados ao 8 de Janeiro. 

Fux é o relator do recurso de Bolsonaro contra a decisão do TSE que o tornou inelegível por abuso de poder político e uso indevido do Palácio da Alvorada, e com sua ida para a 2ª Turma, há incerteza sobre o destino do caso. À luz da “prevenção”, o ministro que muda de colegiado continua relator, embora o caso continue sendo analisado onde começou. Assim, o substituto de Fux na 1ª Turma não votaria. Mas essa questão foi vista de forma diferente e discutida em 2004 pelo plenário do STF: quando o então ministro Joaquim Barbosa mudou para a 2ª Turma e levou consigo todos os processos sob sua relatoria, os réus da Operação Anaconda alegaram que deveriam ser julgados pela 1ª Turma. 

A questão foi levada ao plenário, e a maioria decidiu que a prevenção da Turma é uma regra “excepcional” e não absoluta. O então presidente da Corte, ministro Nelson Jobim, destacou que, naquele caso específico, cabia a Barbosa julgar os HCs, mesmo após a mudança de Turma.

Situação semelhante ocorre com os casos da Lava-Jato relatados por Fachin, que passaram para Barroso quando o colega assumiu a presidência, e, portanto, continuam no colegiado. A tendência é que Fux fique como relator, mas é possível que sejam redistribuídos, como já ocorreu com outros processos em outras ocasiões.

Dependendo de como se alinhar com os demais ministros, Fux, que tem perfil garantista, pode influenciar o placar da 2ª Turma. Mendonça, por exemplo, já votou pela validade de atos da Lava-Jato contra Palocci e é o relator da repactuação dos acordos de leniência com empreiteiras, demonstrando afinidade com pautas da operação.

 

Essas são algumas das muitas utilidades dos fornos de micro-ondas, mas o mote desta abordagem é o descascamento da pintura interna e o aparecimento de ferrugem nos locais descascados. Isso me levou a aposentar um aparelho em perfeitas condições de funcionamento e desembolsar R$ 700 na compra de um novo, já que a ferrugem não só contamina os alimentos como aumenta o risco de faíscas e, em casos extremos, de vazamento da radiação (micro-ondas). Como isso já havia acontecido anteriormente com um modelo de outra marca, fiz uma rápida pesquisa na WEB e descobri que se trata de um problema recorrente, mas que pode ser evitado com a adoção de alguns cuidados. Confira:

 

Para evitar que a umidade resultante do aquecimento de alimentos com alto teor de água — como sopas, vegetais, etc. — crie um ambiente propício para a corrosão, basta deixar a porta entreaberta por alguns minutos. Caso haja formação de gotículas, limpe o gabinete com um pano seco ou toalha de papel — evite esponjas abrasivas, palha de aço e produtos de limpeza agressivos. Limpe também respingos de molhos e alimentos líquidos, que podem criar "pontos quentes" e danificar a pintura. 

 

Para prolongar a vida útil do forninho, cubra os alimentos sólidos com tampas plásticas próprias para micro-ondas e os líquidos com papel-toalha. Tomates, molhos ácidos e frutas cítricas, que podem reagir com o revestimento interno e acelerar o descascamento, devem ser aquecidos em recipientes apropriados — de vidro, cerâmica ou plástico próprios para micro-ondas. Eventuais respingos devem ser limpos imediatamente.

 

Evite recipientes de metal, alumínio ou com detalhes metálicos (aquelas bordas douradas em louças, por exemplo); além de causar faíscas, eles podem danificar o revestimento, e assegure-se de que a porta fecha corretamente — uma vedação inadequada pode causar vazamentos de radiação, vapor e umidade. A borracha ao redor da porta (gaxeta) evita o vazamento de ondas. Limpe-a regularmente com um pano úmido para garantir que a porta feche perfeitamente, mantendo a eficiência e a segurança.

 

Faça uma faxina completa semanalmente usando apenas água e detergente neutro. Se precisar de algo mais forte, use uma solução de água com vinagre ou bicarbonato de sódio. Colocar uma tigela com água e rodelas de limão ou vinagre e aquecer por dois ou três minutos também ajuda a soltar a sujeira.

 

Inspecione o interior do gabinete regularmente. Quando a ferrugem aparece, não tem mais volta. Se o descascamento ou ponto ferrugem for pequeno, você pode fazer o reparo com tinta própria para micro-ondas — tintas comuns não suportam altas temperaturas e podem liberar vapores tóxicos na comida. Mas se área descascada for grande e a ferrugem estiver avançada, a única solução é o recoating (revestimento). Caso o orçamento supere 50% do preço do aparelho, compre um novo e descarte o antigo corretamente. 

 

Seguindo essas dicas simples, você garante que seu forno de micro-ondas funcione de maneira eficiente por muito mais tempo.

sábado, 25 de outubro de 2025

DO TELEFONE DE D. PEDRO AO CELULAR (5ª PARTE)

O HORROR VISÍVEL TEM MENOS PODER SOBRE A ALMA DO QUE O HORROR IMAGINADO.

Palavras  como"bom" e "ruim" e comparativos como "melhor" e "pior" traduzem conceitos subjetivos. O melhor produto — seja um carro, um eletrodoméstico ou um par de tênis — é aquele que atende às necessidades do usuário por um preço que ele pode pagar. 


No caso específico dos smartphones, os chineses têm design inovador, resistência elevada, carregamento ultrarrápido, ficha técnica robusta e preços acessíveis. Por outro lado, sua política de atualização de software deixa a desejar, o suporte técnico costuma ser restrito e a compra no mercado cinza limita a garantia e dificulta a assistência técnica.


CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA


Ao arquivar o pedido de cassação de Eduardo Bolsonaro, o Conselho de Ética da Câmara comprovou o que já se sabia: ética na política é algo tão irreal quanto o Coelho da Páscoa, a Fada do Dente e o Bicho-Papão.

Visando defender a impunidade do pai golpista, o filho expatriado violou até mesmo a ética dos canhões, mas o tiro não acertou o alvo: seu progenitor foi condenado e está na bica de ser transferido da prisão domiciliar — que vem cumprindo desde agosto — para o Complexo Penitenciário da Papuda.

No final dos anos 40, o decoro precisava de calças: por se deixar fotografar de cuecas, o deputado Barreto Pinto foi cassado. Hoje para salvar um traidor da pátria, a facção legislativa do bolsonarismo e o Centrão exibem o pior tipo de nudez: a nudez que ninguém quer ver.

A Câmara precisa urgentemente de um Conselho de Falta de Ética.

 

Os produtos da Apple se destacam pela qualidade, mas têm hardware e software proprietários e custam os olhos da cara — não só, mas também em razão da carga tributária praticada no Brasil. Samsung e Motorola detêm, respectivamente, 36%, 19% do mercado brasileiro de smartphones e oferecem aparelhos de entrada por menos de R$ 1 mil e intermediários por R$ 2 mil a R$ 3 mil. 

 

As famílias Moto G e Edge contam com várias opções a preços mais "palatáveis" — lembrando que "caro" e "barato" também são conceitos subjetivos. O Edge 50 Pro 5G 12, com GB de RAM + 12 GB RAM Boost e 256 GB de armazenamento, oferece desempenho superior, a melhor câmera entre as da Motorola e proteção contra água e poeira IP68 por cerca de R$ 2 mil (preço cotado em julho). Mas minha sugestão é o G75, lançado em outubro do ano passado.


Esse modelo vem como chip Snapdragon 6 Gen 3, 256 GB de armazenamento (expansível via microSD até 1 TB) e 8 GB de RAM (mais 8 GB com o RAM Boost Inteligente, que utiliza parte do armazenamento interno como memória virtual) e suporte a duas linhas, desde que uma seja via eSIM.  Sua tela Full HD+ de 6,8" e 120 Hz proporciona uma experiência visual fluida, o Bluetooth 5.4 e o NFC dão conta do recado, o WiFi 6E é rápido e o 5G não decepciona (desde que a rede móvel da operadora cumpra sua parte). Não há conector P2 para fones de ouvido com fio, mas é possível conectá-los à porta USB-C usando um adaptador (vendido separadamente). 

 

Turbinada pela IA da Motorola, a bateria de 5.000 mA/h promete até 50 horas em stand-by ou 25 horas de uso moderado, e o carregador TurboPower de 33W, que acompanha o aparelho, reduz o tempo de recarga a 1 hora e 16 minutos —15 minutos na tomada fornecem aproximadamente um terço da carga; 30 minutos, cerca de 60%. 

 

Observação: Eu estava em dúvida entre o Moto G75 e um Samsung Galaxy de configuração e preço equivalentes, mas optei pelo aparelho da fabricante americana devido à certificação MIL-STD-810H — que garante o funcionamento em altitudes de até 4.570 m, sob temperaturas de -20°C a 55°C e 95% de umidade relativa do ar, resistência a vibrações intensas e quedas de até 1,5 m —, à proteção IP68 — que dá suporte a até 30 min de imersão e em água doce a até 1,5 m de profundidade e bloqueia a entrada de partículas com mais de 1 mm —, bem como pela garantia de atualizações até o Android 19 e seis anos de patches de segurança. 

 
O Gorilla Glass 5 que recobre o display é resistente, mas uma película de vidro temperado 3D/5D ajuda a proteger a tela contra arranhões e trincas (as de hidrogel e poliuretano protegem apenas dos riscos). Gabinetes nas cores azul e cinza vêm com acabamento em "couro vegano", mas o preto fosco é de plástico liso feito quiabo — daí ser essencial usar uma capinha de silicone para evitar que o telefone escorregue da mão.  

Como nos demais modelos da Motorola, a interface permite ampla personalização de cores, fontes e ícones. As notificações e atalhos aliam o estilo clássico a um design moderno, semelhante ao HyperOS da Xiaomi, com ícones minimalistas sem legendas. A Barra Lateral, acessível a partir de qualquer borda da tela, dá acesso rápido aos aplicativos mais usados. 


O sistema suporta até cinco aplicativos em janelas flutuantes redimensionáveis e oferece funcionalidades como o acionamento da lanterna por agitação e a abertura da câmera com a rotação do aparelho. É possível encerrar aplicativos com um duplo toque na parte traseira (embora a capinha de silicone atrapalhe um bocado), e o Smart Connect facilita o pareamento com tablets e PCs, além de permitir o espelhamento de tela em monitores ou TVs compatíveis com a tecnologia Miracast

 

Fica a sugestão.