domingo, 16 de novembro de 2025

MAIS SOBRE PÃES DE QUEIJO…

SE UMA PESSOA O ENGANA, A VERGONHA É DELA; SE ELA O ENGANA OUTRA VEZ, A VERGONHA É SUA. 

Pão de queijo é uma delícia, e o melhor é que podemos fazê-los em casa, em poucos minutos, como vimos no post do domingo passado.


A versão original surgiu em Minas Gerais, no século XVIII, quando os tropeiros utilizavam ingredientes simples, como polvilho e queijo curado, para criar pãezinhos saborosos e que durassem nas viagens. A versão de frigideira é uma adaptação moderna, rápida e acessível, pensada para a vida corrida dos tempos atuais.


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O STF concluiu na última sexta-feira o julgamento virtual dos embargos declaratórios interpostos pela defesa de Bolsonaro, que foram rejeitados por unanimidade. O aspirante a golpista está em prisão domiciliar desde agosto, mas o início do cumprimento da pena de 27 anos e três meses por tentativa de golpe só será decretado após o transito em julgado da ação penal, Se o acórdão for publicado nesta segunda, abre-se um prazo de cinco dias corridos para novos recursos. Como o CPP prevê que prazos que terminam em fim de semana sejam prorrogados para o dia útil seguinte, a data limite será segunda-feira, 24, o que colocaria Bolsonaro na prisão antes de dezembro. O cenário mais provável é que ele seja levado a uma área especial do Complexo Penitenciário da Papuda, no DF, reservada a policiais militares presos, com infraestrutura mais adequada à sua condição de ex-chefe de Estado. 
A defesa estuda apresentar embargos infringentes — que só são aceitos quando há pelo menos dois votos pela absolvição, e apenas Fux divergiu dos demais ministros — e se equipa para emular estratégia usada pela defesa de Collor, que foi condenado a 8 anos e 10 meses de prisão, começou a cumprir pena em regime fechado no presídio Baldomero Cavalcanti, em Maceió, e obteve prisão domiciliar uma semana depois, alegando problemas de saúde. 
Segundo os advogados, o "mito" enfrenta câncer de pele, refluxo, soluços persistentes, pressão alta, apneia do sono e complicações abdominais decorrentes da facada de 2018. Curiosamente, ele sempre se orgulhou de ser "imbrochável" e "imorrível", chegando mesmo a afirmar que, para alguém com sua saúde e preparo físico, a Covid não passava de uma "gripezinha". 

Mesmo a receita tradicional não oferece maiores dificuldades, embora leve mais ingredientes, dê mais trabalho e demore mais para ficar pronta. Uma vez aprendida a técnica, podemos usar outros tipos de queijo e de polvilho, mas eu recomendo começar com a receita tradicional, que leva queijo meia-cura e polvilho azedo, já que queijos mais úmidos ou gordurosos exigem algumas alterações nas proporções de gordura e de polvilho. 


Para a receita tradicional, você vai precisar de:


— 200 g de queijo meia-cura ralado grosso;

— 200 g de polvilho azedo;

— 100 ml de leite;

— 40 g de manteiga;

— 1 ovo inteiro;

— Sal a gosto.


Enquanto espera o forno atingir 180ºC, esquente o leite e a manteiga. Quando levantar fervura, acrescente o polvilho, mexa até obter uma pasta, junte o queijo ralado, misture, adicione o ovo, torne a misturar e acerte o ponto do sal. Modele os pães com as mãos (untadas com óleo) e asse-os em fogo médio até ficarem dourados, lembrando que no forno frio os pãezinhos ficam disformes e com a casca mole, e que o ponto do pão de queijo está mais para dourado do que para amarelo.


Dicas: Evite polvilho de má qualidade, pois afeta a textura final, e sempre pré-aqueça bem o forno, para o pão de queijo não murchar. Se quiser intensificar o sabor, misture queijos diferentes (meia-cura + parmesão, por exemplo). Sirva sempre quente, para que a casquinha crocante e o miolo macio se destaque. Se esfriar, reaqueça em forno médio por alguns minutos, para recuperar a textura. Se sobrar, guarde na geladeira — por até 2 dias, em recipiente fechado. Quando for consumir, leve ao micro-ondas por 20 segundos.


O pão de queijo de frigideira é uma solução perfeita para quem quer um lanche prático, saboroso, que fica pronto em poucos minutos. Você vai precisar de:


— 1 ovo;

— 3 colheres (sopa) de polvilho azedo;

— 2 colheres (sopa) de queijo meia-cura ou parmesão ralados;

— 1 colher (sopa) de leite;

— 1 pitada de sal;

— 1 colher (chá) de óleo ou manteiga para untar a frigideira


Misture o ovo com o polvilho azedo, o queijo ralado, o leite e o sal, e mexa até formar uma massa homogênea e sem grumos. Unte a frigideira com o óleo ou a manteiga, leve ao fogo médio, despeje a massa, espalhe bem, tampe a frigideira e deixe cozinhar por cerca de 2 minutos de cada lado — ou até dourar.


Dicas: Use queijo meia-cura para um sabor mais tradicional e acrescente 1 colher (sopa) de requeijão para deixar a massa mais cremosa.

Bom proveito.

sábado, 15 de novembro de 2025

O MODO CORRETO DE DESINSTALAR APLICATIVOS — CONTINUAÇÃO

O QUE ABUNDA NÃO EXCEDE, MAS QUANDO É DEMAIS ENCHE.

Os aplicativos são responsáveis pela maioria das tarefas que o computador executa, mas ocupam espaço e consomem recursos preciosos (memória, processamento, bateria e dados). 


Ainda que os HDDs e SSDs atuais sejam verdadeiros latifúndios e os smartphones intermediários contem com 128 a 256 GB de armazenamento, instalar uma miríade de apps de pouca ou nenhuma utilidade não só prejudica o desempenho como abrem as portas para apps maliciosos e cibercriminosos.


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Formou-se em torno da COP-30 uma tempestade perfeita. Países em desenvolvimento, como Brasil, Índia e Indonésia, querem que as nações ricas elevem os repasses que deveriam financiar a transição climática de US$300 bilhões — jamais desembolsados — para US$1,3 trilhão. Trump e Xi Jinping, líderes dos países mais poluidores, não apareceram. A União Europeia, assediada pela guerra de Putin na Ucrânia, prioriza investimentos bélicos.

Há na praça dois tipos de perdedores ambientais: os bons perdedores e os que não conseguem fingir. Os primeiros continuam sustentando que nada pode ser mudado até ser enfrentado; os outros lamentam que nem tudo o que se enfrenta pode ser mudado. Diante da inevitabilidade do desastre, começam a considerar mais prioritário adaptar o mundo ao que está por vir.

 

Nos tempos de antanho, para instalar programas era preciso adquirir as respectivas mídias de instalação. Com a popularizado da Internet, basta baixar os apps dos sites dos respectivos desenvolvedores ou de repositórios de software, no caso dos PCs, ou,  da Google Play Store e das lojas próprias dos fabricantes, no caso de dispositivos Android, e da App Store no caso dos iPhones e iPads. Isso não assegura 100% de proteção contra malwares, mas reduz significativamente os riscos de infecção.

 

Versões vetustas do Windows ofereciam um utilitário nativo — Adicionar/Remover programas. Ele continua presente na versão atual do sistema (para acessá-lo, clique em Painel de Controle > Programas > Programas e Recursos), mas os celulares se tornaram verdadeiros microcomputadores de bolso, e a maioria das pessoas só se lembra do desktop ou do notebook quando a tarefa requer teclado e mouse físicos, telas maiores e hardware mais poderoso. Dito isso, vamos deixar os PCs de lado e focar os telefoninhos inteligentes.

 

Como vimos no capítulo anterior, os fabricantes smartphones Android engordam seus lucros pré-instalando vários aplicativos de utilidade duvidosa. Em teoria, tudo que não faz parte do sistema operacional pode ser descartado; na prática, porém, é mais fácil falar do que fazer. 

 

Para remover um app, acessamos Configurações > Apps > Mostrar todos os "x" apps (o "x" corresponde ao número de aplicativos instalados), selecionamos o item em questão e tocamos em Desinstalar. Se essa opção não estiver disponível (como ocorre com a maioria dos apps pré-instalados), tocamos em Interromper > Desativar . Isso impede que o app seja executado desnecessariamente em segundo plano e consuma recursos que fazem falta para os programinhas realmente necessários. 

 

Observação: É possível desinstalar esses apps teimosos mediante um processo conhecido como "root" (que significa raiz e foi emprestado do universo Linux). O Android é um sistema de código aberto, de modo que não existe qualquer impedimento legal. Por outro lado, fazê-lo pode anular a garantia e transformar o aparelho em "peso de papel", já que as chances de algo dar errado são consideráveis. Isso sem falar que o root potencializa o risco de arquivos importantes do sistema serem modificados ou excluídos acidentalmente, além de aumentar a vulnerabilidade a malwares.

 

Na maioria dos dispositivos Android é possível remover aplicativos instalados pelo usuário mantendo o dedo sobre o ícone e arrastando-o para a opção "Desinstalar" que é exibida na tela — o que é prático, mas pode deixar "restos" que fatalmente acabarão minando o desempenho do sistema. O mais indicado é tocar em Configurações > Apps > Mostrar todos os apps, selecionar o programinha em questão e, em Armazenamento e cache, tocar em "limpar cache", depois em "limpar dados", e então proceder à desinstalação tocando no ícone da lixeira (Desinstalar). Esse procedimento garante que nenhum arquivo temporário ou dado residual permaneça no sistema.

 

Adicionalmente, apps como o CCleaner e o Avast Cleaner, entre outros, ajudam a recuperar espaço no armazenamento e a manter o desempenho do celular "nos trinques" limpando o cache de todos os aplicativos de uma só vez e sugerindo outras medidas (como exclusão de arquivos duplicados, fotos de má qualidade, etc.). 


Fazer essa faxina manualmente é possível, mas demora e dá um bocado de trabalho quando se tem centenas de apps instalados no celular.

sexta-feira, 14 de novembro de 2025

DE VOLTA ÀS VIAGENS NO TEMPO — 53ª PARTE

QUANDO A SORTE TE BAFEJA, ATÉ UM BOI TE DÁ UM BEZERRO.

Embora o tempo seja uma das únicas certezas da vida, como a morte, os impostos e a incompetência do eleitorado tupiniquim, que faz a cada eleição o que Pandora fez uma única vez, sabe-se muito pouco sobre ele. 


Até Einstein publicar sua famosa teoria, a compreensão do tempo se baseava principalmente na física newtoniana, segundo a qual o tempo fluía de maneira uniforme e constante em todo o universo, independentemente do observador ou das circunstâncias. À luz dessa premissa, tempo e espaço eram dimensões independentes, e o tempo passava sempre na mesma velocidade, sem acelerar ou desacelerar sob nenhuma circunstância. 


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Presenteado por Hugo Motta com o posto de relator do projeto anti-facção de Lula, o deputado Guilherme Derrite apresentou-se como um anjo da tecnicidade a serviço da segurança pública, mas perdeu as asas ao propor que o crime organizado seja blindado contra a Polícia Federal. 

Em 72 horas, Derrite produziu dois textos. Nas duas versões, ele equipara crimes cometidos por facções criminosas e milícias ao terrorismo. No primeiro, proibia a PF de investigar sem a requisição dos governadores; no segundo, permite que a PF atue contra o crime organizado desde que comunique previamente às autoridades estaduais.

A PF não é um canteiro de rosas, mas ainda fornece os melhores espinhos de que o Estado dispõe para espetar as organizações criminosas. Derrite, que é unha e carne com o governador bolsonarista de São Paulo, sabe que as más companhias das polícias estaduais fazem a PF parecer melhor do que é.

Um capitão da PM lotado no Gabinete Militar de Tarcísio foi pilhado pela PF ajudando a lavar dinheiro do PCC em bancos digitais, outro operador de lavanderias da facção foi executado quando delatava o vínculo do PCC com a polícia paulista, pelo menos 15 policiais e um delegado foram indiciados e três PMs foram acusados de disparar os tiros que mataram o delator.

No Rio de Janeiro, a polícia civil de Cláudio Castro passou cinco anos investigando a execução de Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes. E não esclareceu o crime. Acionada, a PF mostrou que as investigações patinavam porque a vereadora foi emboscada por dois milicianos egressos da PM, a mando de um deputado e um conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, sob a proteção de um delegado.

Após críticas do Palácio do Planalto, governadores de direita, parlamentares da base e oposição, além de especialistas em Segurança Pública, Derrite apresentou a quarta versão do texto, mas não houve consenso e a votação foi adiada para próxima terça-feira. Os principais problemas apontados são quanto ao financiamento da PF e à caracterização do crime de “facção criminosa”. Paralelamente, cinco governadores de direita pediram ao presidente da Câmara que consulte o STF para evitar questionamentos judiciais no futuro.

Se a proposta que blinda a criminalidade contra a PF prevalecer no plenário, a Câmara provará ao país que o crime, quando organizado, compensa.


Einstein mostrou que o tempo pode se dilatar ou contrair ao sabor da velocidade e da gravidade, que está intrinsecamente ligado ao espaço (formando o espaço-tempo), e que a simultaneidade é relativa — ou seja, que a velocidade com que o tempo passa para um determinado observador é inversamente proporcional à velocidade com que esse observador se movimenta. Mais adiante, Stephen Hawking explorou o comportamento do tempo em condições extremas, como na proximidade do horizonte de eventos de um buraco negro. 

 

Einstein previu a existência dos buracos negros em suas equações, mas foi o astrônomo norte-americano John Wheeler quem deu esse nome aos corpos celestes resultam de colisões entre estrelas de nêutrons ou se formam quando estrelas supermassivas com pelo menos 10 vezes a massa do Sol explodem como supernovas, dando origem a uma região cósmica densa, compacta, onde a atração gravitacional é tamanha que nem a própria luz consegue escapar.

 

Einstein tampouco foi o primeiro a propor a existência dos buracos negros. Em 1783, o clérigo e cientista inglês John Michell propôs a existência de "estrelas escuras" e sugeriu que seria possível detectá-las se houvesse estrelas luminosas orbitando ao redor por seus efeitos gravitacionais em objetos próximos, e o matemático e astrônomo francês Pierre-Simon de Laplace publicou a mesma conclusão no livro Exposition du Système du Monde, mas foi a famosa teoria do físico alemão que forneceu as bases matemáticas modernas para a existência desse corpos celestes e ajudou a popularizá-los na ficção científica. Ironicamente, ele morreu sem ver sua teoria comprovada: foi somente em 2019 que o Event Horizon Telescope fotografou o buraco negro que fica no centro da galáxia Messier 87, a 53 milhões de anos-luz da Terra. 

 

Costuma-se dizer que os buracos negros são como ninjas do universo: invisíveis, misteriosos, capazes de transformar qualquer coisa que se aproxime de seu horizonte de eventos num pontinho infinitesimal de densidade extrema (conhecido como singularidade), mas mantendo sua massa original.  Vale realçar que o termo singularidade não designa o buraco negro em si, mas o elemento essencial dentro dele, o que torna o buraco negro o melhor exemplo de locais onde a singularidade pode existir.

 

O que acontece no horizonte de eventos, que representa o limite a partir do qual qualquer informação sobre o que é engolido deixa de existir para o restante do Universo, é um mistério que a ciência ainda tenta decifrar. Mas sabe-se que a força gravitacional dos buracos negros é tamanha que nem a a própria luz conseguir escapar, o que torna invisíveis, obrigando os cientistas a detectá-los mediante a observação do comportamento de objetos e da radiação a seu redor.

 

Observação: horizonte de eventos não é uma superfície física, mas uma região matemática no espaço-tempo que cresce quando massa é absorvida e encolhe à medida que o buraco negro "evapora" através da radiação de Hawking (um processo quântico fundamentado no princípio da Incerteza de Heisenberg). 


A NASA usou um supercomputador para criar uma simulação baseada em Sagittarius A* levando em conta dois cenários diferentes: no primeiro, a câmera — que representa o astronauta — erra o horizonte de eventos e dispara de volta; no segundo, ela cruza a fronteira e sela seu destino. Vale a pena conferir.

 

Continua...

quinta-feira, 13 de novembro de 2025

UM POUCO DE HISTÓRIA E O MODO CORRETO DE DESINSTALAR APLICATIVOS

QUEM SABE FAZ A HORA, NÃO ESPERA ACONTECER.

Na pré-história da cibernética, os cérebros eletrônicos (como eram chamados os computadores de então) não tinham sistemas operacionais por um motivo muito simples: ainda não existiam sistemas operacionais. Operar aqueles jurássicos mastodontes era um suplício, pois exigia "abastecê-los" manualmente com as informações necessárias a cada tarefa.


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É criminoso o ritmo de toque de caixa adotado pela Câmara na tramitação da proposta sobre o hipotético aperfeiçoamento do combate ao crime organizado. Escolhido como relator do projeto, o deputado Guilherme Derrite, aliado de Tarcísio de Freitas, introduziu alterações no texto original mais ou menos como quem joga merda na parede. Se colar, colou, só que não colou.

Derrite foi anunciado como relator na noite da última sexta-feira. Duas horas depois, apresentou o seu relatório. Cedendo a uma obsessão da direita, equiparou ao terrorismo onze crimes típicos de facções como o PCC e o Comando Vermelho. Numa evidência de que há males que vêm para pior, remou contra a maré da unificação de esforços federativos, privilegiou as polícias estaduais e impôs restrições à atuação da Polícia Federal e do Ministério Público.

Crivado de críticas, Derrite produziu um segundo relatório — que também não colou. Vieram críticas do diretor-geral da PF, do ministro da Justiça, da Associação Nacional dos Procuradores da República e do promotor Lincoln Gakiya, uma das vozes mais respeitadas do país no enfrentamento do crime organizado. Após reuniões com os líderes partidários e com o ministro da Justiça, o presidente da Câmara adiou a votação que ocorreria na última terça-feira, mas não abriu mão de votar o projeto ainda esta semana. Vem aí o terceiro relatório de Derrite, preservando as prerrogativas da Polícia Federal e do Ministério Público.

O Brasil teve pelo menos dez planos de segurança pública nas últimas duas décadas. Os resultados foram pífios para o Estado, mas exuberantes para o crime, que se tornou ainda mais organizado. Nessa matéria, a pressa mais atrasa do que adianta. Um bom começo seria uma autocrítica coletiva. Algo que evitasse a confusão entre a celeridade necessária e o açodamento indesejável.


Um sistema computacional é formado por dois subsistemas distintos, mas interdependentes: o hardware, que é o conjunto de componentes "físicos" (gabinete, teclado, monitor, placa-mãe, placas de expansão, memórias etc.), e o software, que corresponde à parte lógica (sistema operacional, aplicativos, drivers de dispositivos, BIOS, etc.). Antigamente, usuários iniciantes ouviam dos mais experientes que o hardware era "tudo que se podia chutar", e o software, "o que só dava para xingar".

 

Atualmente, qualquer computador — seja de grande porte, de mesa, portátil ou ultraportátil — é controlado por um "software-mãe" conhecido como sistema operacional, sem o qual a máquina seria como um corpo sem vida. Os vetustos mainframes dos anos 1950/60 operavam com dois tipos de linguagem: a linguagem de máquina, a partir do qual toda a programação era feita, e a lógica digital, a partir da qual os programas eram efetivamente executados. Até que, um belo dia, alguém teve a ideia de criar um "interpretador" — software que lê código-fonte a partir de uma linguagem de programação interpretada e o converte em código executável.

 

Observação: Os compiladores, que traduzem o código-fonte inteiro da execução, foram particularmente importantes para a eficiência computacional da época, pois permitiram que o hardware passasse a executar somente um conjunto de microinstruções. Com isso, a quantidade de circuitos e, consequentemente, o tamanho dos aparelhos diminuiu, e o trabalho dos operadores/programadores ficou menos penoso.

 

Dentre outras funções essenciais ao funcionamento do computador, cabe ao sistema operacional gerenciar o hardware, atuar como elemento de ligação entre os componentes físicos e o software, prover a interface usuário/máquina, servir de base para a execução dos aplicativos e por aí afora. Por outro lado, em que pese sua relevância, ele é um programa como outro qualquer, e por mais "eclético" que seja, não é capaz de suprir todas as necessidades do usuário nas tarefas do dia a dia. Isso nos leva aos aplicativos — como são chamados os programas destinados à execução de tarefas específicas.

 

No âmbito da informática, um "programa" é um conjunto de instruções em linguagem de máquina que descreve uma tarefa a ser realizada pelo computador; "instrução" é cada operação executada pelo processador — que pode ser qualquer representação de um elemento num programa executável, tal como um bytecode —; e "conjunto de instruções", a representação do código de máquina em mnemônicos

 

Se um computador sem sistema operacional é como um corpo sem vida, um sistema sem aplicativos é um ser vivo sem alma — ou quase isso, já que diversos recursos introduzidos nas novas versões do Windows, macOS, Android, iOS e das distros Linux tornaram os sistemas capazes de realizar várias tarefas que até então dependiam de apps de terceiros.

 

Por falar em aplicativos, a quantidade de programas instalados em nossos dispositivos cresceu tanto que a maioria de nós nem sabe para que servem. É como se cada novo app fosse a solução para um problema que a gente nem sabia que tinha — se é que tinha. A questão é que instalar é fácil; difícil é se livrar do "bloatware" — e é aí que mora o perigo.

 

Continua...

quarta-feira, 12 de novembro de 2025

O TEMPO DE TRÁS PARA FRENTE

O PROBLEMA DO MUNDO DE HOJE É QUE AS PESSOAS INTELIGENTES ESTÃO CHEIAS DE DÚVIDAS E AS IDIOTAS, CHEIAS DE CERTEZAS. 

Por que nos lembramos do passado, mas não do futuro? Por que um ovo quebrado nunca volta a ser inteiro? Essas perguntas intrigaram o astrônomo britânico Arthur Eddington, que foi buscar a explicação no conceito de entropia — previsto na Segunda Lei da Termodinâmica — que mede a desordem ou aleatoriedade de um sistema. Em um sistema isolado (como o Universo), a desordem permanece a mesma ou aumenta, mas jamais diminui espontaneamente. 


Um vaso de porcelana, por exemplo, é uma estrutura altamente ordenada até cair e se espatifar em centenas de cacos, quando então ele se move de um estado de baixa entropia (ordem) para um estado de alta entropia (desordem). Como o processo inverso jamais acontece sozinho, ou seja, os cacos não se juntam espontaneamente, a "seta termodinâmica do tempo" é a seta da entropia e, portanto, unidirecional.


O "passado" é o estado em que as coisas eram mais ordenadas e o "futuro", a direção para onde a desordem é maior. Como o universo está preso nessa jornada inevitável da ordem para a desordem, o tempo como o conhecemos só pode avançar, e assim o passado molda o presente e o presente constrói o futuro.


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Moraes rejeitou o pedido de avaliação médica feito pelo governo do DF para determinar se Bolsonaro tem condições de cumprir pena no complexo prisional da Papuda, onde José Dirceu, Sérgio Cabral e Valdemar Costa Neto, entre outros políticos famosos, já estiveram presos. A expectativa é que o pedido volte a ser analisado depois que o cumprimento da pena for decretado.

Outros seis réus condenados no mesmo processo também podem ter o cumprimento de pena decretado em breve, inclusive três ex-generais do Exército que foram ministros no governo Bolsonaro: Augusto Heleno, Walter Braga Netto, e Paulo Sérgio Nogueira. Como benefício do acordo de colaboração premiada, Mauro Cid foi condenado a apenas dois anos de reclusão em regime aberto. Os demais devem ficar detidos em presídios comuns, como o Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, ou em salas especiais dentro de quartéis do Exército e da Marinha em Brasília e no Rio de Janeiro.


Diz o ditado que o diabo mora nos detalhes, e o detalhe é que o mundo que vemos — o microcosmo — obedece às regras da física clássica (como as leis de Newton e a relatividade de Einstein). Nesse universo, tudo é intuitivo e determinístico, mas basta mergulhar no microuniverso das partículas subatômicas para essas regras deixarem de funcionar. Nos domínios da física quântica, regidos por leis completamente diferentes e anti-intuitivas, lida-se com possibilidades, não com certezas.


Uma partícula pode existir em múltiplos estados ao mesmo tempo (ou seja, estar em vários lugares simultaneamente) até o momento em que a medimos. Além disso, duas partículas podem estar conectadas de forma que, ao medir uma, sabemos o estado da outra, não importa a distância que as separa. Essa divisão entre o mundo clássico e o quântico é um dos maiores mistérios da física moderna, e a busca por uma Teoria de Tudo é, em essência, a tentativa de encontrar um conjunto único de leis que unifique essas duas realidades.


Segundo o físico Yakir Aharonov, da Universidade de Chapman, na Califórnia, há indícios de que as escolhas feitas agora (ou seja, no presente) podem influenciar o estado de uma partícula no passado. Conhecida como retrocausalidade quântica, essa hipótese sustenta que a relação tradicional de causa e efeito pode se inverter em certas condições, o que desafia o senso comum sobre o fluxo do tempo.


Para compreender isso, é preciso revisitar a dualidade onda-partícula — conceito segundo o qual elétrons e fótons podem se comportar ora como ondas, espalhando-se em várias direções ao mesmo tempo, ora como partículas, seguindo um caminho definido. Note, porém, que esse comportamento não depende apenas da partícula em si, mas da forma como ela é observada — em outras palavras, é o ato de medição que decide se veremos um padrão de interferência (onda) ou um ponto localizado (partícula). 


Essa curiosa dependência entre observação e realidade levou os físicos a questionarem até onde vai a relação entre causa e efeito. Na década de 1970, o físico John Wheeler propôs o Experimento da Escolha Atrasada, sugerindo que a decisão do observador — feita após a partícula atravessar um aparato — pode influenciar como ela havia se comportado antes. Décadas depois, o Apagador Quântico de Escolha Retardada reforçou essa ideia ao mostrar que, no caso de duas partículas entrelaçadas, mesmo separadas por grandes distâncias, a medição de uma parece definir instantaneamente o estado da outra, como se a “ligação” entre as duas transcendesse o espaço e o tempo.


Por estar restrita ao mundo subatômico, onde as leis da natureza parecem seguir uma lógica própria — ou talvez várias lógicas simultâneas — essa “retrocausalidade” não significa necessariamente que seja possível viajar no tempo, reencontrar o passado e alterar grandes eventos, apenas que o estado de uma partícula depende não só das condições iniciais, mas também do resultado final da medição. Em outras palavras, o passado e o futuro estariam entrelaçados em uma mesma estrutura, e a realidade surgiria desse elo duplo.


Alguns físicos consideram essa hipótese uma alternativa elegante às interpretações mais ousadas da mecânica quântica, como a dos “muitos mundos” ou do “colapso aleatório da função de onda”. Se a retrocausalidade estiver correta, talvez não haja necessidade de múltiplos universos se ramificando — basta uma teia quântica onde causas e efeitos se estendem em duas direções temporais.


Sob a lente da filosofia, se o futuro pode influenciar o passado, o que dizer do livre-arbítrio? E se nossas escolhas já estivessem “escritas” nas condições futuras que ainda não aconteceram? Seríamos autores de nossas decisões ou apenas personagens de uma história que se ajusta em ambas as pontas do tempo?


Para tentar responder a essas perguntas, é preciso ter em mente que a retrocausalidade não viola a causalidade clássica nem permite enviar informações instantaneamente. O fenômeno respeita as restrições da relatividade e não contradiz o fato de que, no mundo macroscópico, o tempo segue sua marcha adiante. Por outro lado, ele demonstra que o tempo, no nível quântico, não é tão rígido quanto costumamos imaginar.


Talvez o universo funcione como um roteirista que escreve o enredo, assiste ao desfecho e, insatisfeito com o resultado, reescreve as cenas iniciais para que tudo faça sentido. A diferença é que, nesse caso, nós somos os personagens — e o roteiro, por mais estranho que pareça, ainda está sendo editado em tempo real… ou quase.


No fim das contas, talvez o tempo não seja uma estrada que percorremos, mas uma tapeçaria tecida em duas direções, com o futuro puxando os fios do passado enquanto o presente tenta dar sentido ao desenho. Se for assim, cada escolha nossa seria não o início de algo novo, mas o eco de um resultado que já estava lá, esperando para acontecer.


Um pensamento desconfortável, é verdade… mas quem disse que o universo está preocupado com nosso conforto?