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sexta-feira, 3 de outubro de 2025

ACREDITE SE QUISER

UMA MEIA-VERDADE BEM CONTADA PODE LEVAR ALGUÉM A CULPAR O INOCENTE E APLAUDIR O MENTIROSO.

Acreditar no que bem entender é, em última instância, exercer o direito de livre arbítrio. Seja para abraçar a ideia de uma Terra plana como quem segura um mapa mal dobrado, seja para negar veementemente qualquer possibilidade de vida extraterrestre, mesmo diante de uma avalanche de relatos de OVNIs, esse direito inalienável de pensar bobagens com convicção permite que bocórios patológicos coexistam em paz, cada qual em sua bolha, orbitando certezas que desafiam a gravidade da lógica. 

 

Argumentar com quem renunciou à lógica é como medicar defuntos. No fim das contas, talvez o maior mistério do universo não seja se há vida lá fora, mas como o livre arbítrio continua sendo usado para negar o óbvio com tanto entusiasmo. No romance Contato, o astrofísico Carl Sagan anotou que "ausência de evidência não é evidência de ausência". Segundo o cientista, se não existir ninguém além de nós, o universo é um imenso desperdício de espaço.


CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA


O PSDB nasceu de uma costela do PMDB e alcançou seus 15 minutos de fama graças ao sucesso do Plano Real, que ensejou a vitória de FHC sobre Lula em 1994 e 1998 (sempre no primeiro turno). Mas deitou na cama, deixou a esquerda criar asas e perdeu a presidência para o PT em 2002. O sonho de voltar ao poder em 2010 poderia ter se concretizado se o tucanos tivessem se empenhado mais, mas tucano que é tucano mija no corredor sempre que há mais de um banheiro na casa e acha que brigar entre si serve como treino para lutar contra os verdadeiros adversários. 

Depois de décadas como o maior partido de oposição aos governos corruptos de Lula e Dilma, o PSDB se tornou inútil como um casaco de peles sob o sol do Saara. Consenso entre os tucanos sempre foi raro como nota de US$ 1.000 em bolso de mendigo. Eles faziam reuniões e mais reuniões, mas nada ficava decidido. Com a derrota de Aécio Neves (2014), entraram em parafuso. Deixaram-se impregnar pelos interesses escusos do Congresso, deram as costas para a opinião pública e deixaram passar a oportunidade de resgatar a imagem de alternativa lógica para quem não suporta mais corruptos como os do PT, do PL e do Centrão. 

Em 2022, o partido amargou uma queda drástica no número de deputados federais eleitos (de 59 em 2002 para apenas 13 em 2022) e a perda de prefeituras em diversas capitais. Após 27 anos de governança no estado de São Paulo, não elegeu um sucessor em 2022 e, em 2024, perdeu todos os vereadores da Câmara Municipal da capital paulista. Hoje, enfrenta um processo de enfraquecimento e “desaparecimento” político marcado por perdas eleitorais expressivas. 

A perda da identidade política e de lideranças importantes, aliada a rupturas internas e o fim da federação com o Cidadania — que visava fortalecer ambos os partidos — foi desfeita em março de 2025, resultando em menos representação política e agravando ainda mais a crise de um partido cuja trajetória é associada à evolução da redemocratização pós-ditadura militar e à ordem constitucional imposta pela Carta Magna de 1988. Mas o ciúme e a disputa entre egos gigantescos resultaram em rachas e traições, e a busca por uma fusão — como a cogitada com o Podemos — expôs a dificuldade do tucanato em se organizar e apresentar propostas sólidas. Para piorar, o desaparecimento da sigla pode estimular uma polarização ainda mais intensa e perigosa entre a esquerda e uma extrema-direita conservadora, chegando mesmo a sinalizar o fim da “nova república”.

Sem os tucanos para fazer oposição civilizada ao PT e seus satélites, o PL e o Centrão assumiram o protagonismo — e o que já era ruim ficou pior. Os governadores de Goiás (Ronaldo Caiado), de Minas (Romeu Zema) e do Paraná (Ratinho Jr.) já se apresentam como pré-candidatos ao Planalto em 2026. Já o chefe do executivo paulista (Tarcísio de Freitas) não caga nem desocupa a moita, isto é, não sabe será candidato à Presidência ou se disputará novamente o Palácio dos Bandeirantes. 

A única postura digna com os potentados da política é a que teve Diógenes, que morava numa barrica, ao dizer a Alexandre, o Grande, quando este apeou de seu majestoso Bucéfalo: “De você não quero nada; só quero que saia da frente do Sol, pois está a me fazer sombra. Não me tire o que não pode me dar". 

 

Uma das teorias científicas mais fascinantes é a da existência de dimensões além das que conhecemos. Diversos estudos teóricos já apresentaram essa ideia para (tentar) explicar alguns mistérios da física, mas nenhum deles chegou a uma resposta definitiva. Não obstante, são justamente as perguntas mais intrigantes que impulsionam grandes descobertas, e novas descobertas vêm mudando o que sabemos sobre o universo quase como imagens a cada giro de um caleidoscópio. 
 
Segundo a Relatividade Geral — exaustivamente testada e comprovada em observações espaciais, tanto no universo macroscópico quanto no quântico —, vivemos em um Universo quadridimensional, sendo três dimensões espaciais e uma temporal. Para entender melhor como funcionariam as hipotéticas dimensões adicionais, imagine um mundo como uma folha de papel, onde os seres que habitam conseguem acessar a largura e o comprimento das coisas, mas não a altura delas. 

 

Se colocássemos uma caixa tridimensional nesse universo de papel, os seres que lá vivem a veriam como um quadrado bidimensional, e se falássemos com eles, eles ouviriam uma voz vindo do nada. Mas se um hipotético "cientista bidimensional" medisse a energia sonora nesse mundo bidimensional , ele notaria que parte da energia "sumiu" (na verdade, ela "vazou" para a terceira dimensão, à qual ele não tem acesso). 

 

No nosso Universo, o som se propaga em todas as direções. Não conseguimos ver a dimensão que existe hipoteticamente acima da nossa, medir a energia sonora nos permitiria descobrir se alguma coisa está "vazando" para uma quarta dimensão espacial. Os cientistas que fizeram essa experiência sempre encontraram a energia na mesma medida — o que significa que ela não "vaza" —, mas o fato de não haver evidências que sustentem a existência de uma dimensão espacial além das três que já conhecemos não afasta a possibilidade de existirem "micro dimensões".

 

De acordo com a Teoria das Cordas, todas as partículas (elétrons, quarks, bósons etc.) são formadas por "cordas vibrantes" menores que o núcleo atômico. O encontro de duas ou mais delas produz ondas estacionárias (mais ou menos como as notas musicais que produzimos quando dedilhamos um violão). Em 1995, durante a "segunda revolução das cordas", os físicos propuseram que cinco diferentes teorias das cordas seriam faces da Teoria de Tudo, que busca unificar todos os fenômenos físicos juntando a Relatividade Geral e a Mecânica Quântica em uma única estrutura teórica. 
 
Em linhas gerais, essa teoria sugere que cada partícula é um minúsculo laço de corda, e que o universo tem onze dimensões que podem se propagar através do espaço-tempo. Para entender isso melhor, imagine uma pilha de panquecas recobertas com mel, na qual nosso Universo é a panqueca que fica sob todas as outras. O mel que escorre não nos deixa perceber existência das demais, mas isso não significa que elas não estão lá.
 
Teoria das Cordas é a solução matemática mais elegante criada até agora para esclarecer questões nebulosas, como da gravidade quântica. Uma de suas primeiras versões pressuponha a existência de 26 dimensões, mas não explicava a matéria bariônica, apenas os bósons. Outras versões foram propostas até desaguaram na Teoria M, que apresenta conceitos como supercordas e supersimetria e reduz o número de dimensões para onze — sete além das três espaciais e uma temporal que já conhecemos.
 
Uma analogia que facilita a compreensão da Teoria das Cordas usa como exemplo... uma corda — que para nós tem apenas uma dimensão. Quando andamos sobre ela, só podemos ir para frente ou para trás, mas formiga caminhando pela mesma corda pode também andar para os lados e contornar o diâmetro — ou seja, acessar a dimensão da profundidade. Se em vez da corda imaginarmos uma mangueira de jardim, teremos o interior do tubo como uma dimensão adicional que é inacessível para nós, mas não para água com que regamos o jardim.
 
A dificuldade em comprovar a existência de outras dimensões advém do fato de elas serem tão pequenas que nem mesmo toda a energia dos aceleradores de partículas consegue encontrar. Seria possível fazer esse teste aproximando duas partículas ao comprimento de Planck (cerca de um bilionésimo de um bilionésimo de um bilionésimo de metro), mas nem mesmo o LHC, que é o maior acelerador de partículas do mundo, consegue medir forças atrativas ou repulsivas em distâncias inferiores ao diâmetro de um próton (8,33 x 10
-16 m).
 
Se fossem constatados desvios (vazamentos) no comportamento esperado da força eletromagnética nos experimentos já realizados, o LHC os teria detectado, mas os resultados foram os mesmos previstos pelo Modelo Padrão, o que dispensa dimensões extras para explicá-los. O resultado poderia ser outro se os testes fossem feitos em escalas de 10
19 m até o número de Planck, mas eles exigiriam uma quantidade de energia muito superior à dos aceleradores de partículas. 

 

Enquanto nossa tecnologia não evoluir, não há como confirmar (nem descartar) a existência das dimensões superiores. Mas isso não torna a Teoria das Cordas menos tentadora. Além de funcionar lindamente na matemática, ela explica gravidade quântica num cenário que os cientistas chamam de universo holográfico, onde a própria ação da gravidade poderia gerar as demais forças naturais

 

Tudo isso é fascinante, sobretudo para os físicos teóricos que buscam a Teoria de Tudo — que, como dito parágrafos acima, busca unificar a gravidade a mecânica quântica. Como ainda não há evidências de que outras dimensões além das que conhecemos existem, resta aos cientistas procurar respostas em hipóteses mais fáceis de testar.

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

DE VOLTA ÀS VIAGENS NO TEMPO — 6ª PARTE

MESMO OS FATALISTAS — SEGUNDO OS QUAIS TUDO É DETERMINADO DE ANTEMÃO E NADA PODE SER FEITO PARA MUDAR COISA NENHUMA — OLHAM PARA OS LADOS ANTES DE ATRAVESSAR A RUA.

Há tempos que os físicos tentam acomodar a Relatividade e a Mecânica Quântica num único modelo matemático. A Teoria das Cordas busca conciliar a relatividade com a mecânica quântica, e a Teoria de Tudo, reunir todas as forças fundamentais da natureza (incluindo a gravidade). Já a Teoria M, que unifica cinco versões anteriores da Teoria das Cordas, postula que o Universo se desenrola em dez dimensões espaciais e uma temporal, onde membranas quadrimensionais servem de pontos de fixação para minúsculas 'cordas', cujos modos vibracionais moldam a estrutura do cosmos.

ObservaçãoAs sete dimensões adicionais podem estar compactificadas em escalas da ordem do comprimento de Planck, dificultando sua detecção, que exigiria uma quantidade de energia muito maior do que a do Large Hadron Collider.

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

Sob orientação do novo chefe da Secom, Lula fez um pronunciamento em rede nacional na última segunda-feira. A boa notícia é que a lengalenga durou cerca de dois minutos. A má notícia é que vai haver repeteco a cada 15 dias, como se a fissura na popularidade do macróbio pudesse ser colada com saliva.
Pronunciamentos presidenciais em rede nacional costumam acontecer em datas festivas ou quando alguma medida emergencial ou de grande impacto do governo os justifica. Lula 3 vai mal das pernas, e papagaiar conquistas falaciosas entremeadas de "olha que legal" ou "é tudo de graça" não basta para ressuscitar
 o voto-gratidão de seus eleitores desiludidos, sem falar que ele não foi eleito para passar 4 anos malhando seu imprestável predecessor. 
No mais, a "Farmácia Popular" foi lançada há duas décadas, sucateada por Bolsonaro e recriada há dois anos. A novidade é que o número de remédios gratuitos subiu de 39 para 41. Mas a ministra da Saúde (demitida nesta terça-feira para dar lugar a Alexandre Padilha) já havia batido esse bumbo três semanas atrás. Já o "Pé-de-Meia" surgiu há mais de um ano, a partir de um projeto da deputada Tábata Amaral, e foi relançado dezenas de vezes pelo ministro da Educação, em sua turnê pelos estados.

Einstein teria dito que o Universo e a estupidez humana são infinitos (quanto ao Universo, ele ainda não estava 100% certo) e Nelson Rodrigues, que os idiotas vão dominar mundo (não pela capacidade, mas pela quantidade). Talvez isso explique por que a Teoria das Cordas e a Teoria M ainda sejam vistas como "pseudociência" por alguns cientistas renomados, enquanto outros buscam obstinadamente o "santo graal" das viagens no tempo. No fim das contas, ainda há esperança de um dia colhermos o fruto mais cobiçado da árvore da relatividade.


O matemático Kurt Gödel postulou que as curvas temporais fechadas, resultantes do movimento rotacional do Universo, permitem que uma nave volte à Terra antes da partida sem contrariar a relatividade. Para entender isso melhor, imagine o espaço-tempo como um rio que corre para o mar ao mesmo tempo em que gira em grandes redemoinhos e a nave como um barco que, pego por um desses redemoinhos, dá uma volta completa e retorna ao ponto de partida. Mas, segundo Stephen Hawking, as leis da física conspiram para inviabilizar as tais curvas temporais.  

Após viver dois meses no fundo de uma caverna, sem ter como medir o tempo — sua única fonte de luz era a lâmpada de mineração usada para cozinhar, ler e escrever um diário pessoal —, o cientista francês Michel Siffre constatou que seus ciclos passaram a ser de 48 horas ao invés de 24. O experimento deveria durar 30 dias, mas o pesquisador só deixou a caverna depois de 2 meses — que lhe pareceram menos de um, pois seu tempo psicológico ficou reduzido à metade do tempo cronológico. Suas anotações deram origem ao livro "Beyond Time", lançado em 1964.
  
Refém das limitações impostas pela ciência no alvorecer do século XX, Einstein introduziu a constante cosmológica em suas equações. Quando Hubble descobriu que o Universo estava em expansão, o físico alemão disse que havia cometido seu maior erro. Décadas depois, os cientistas resgataram a constante cosmológica e a associaram à energia escura (um dos grandes mistérios da física moderna) para explicar como a expansão do cosmos está acelerando, e "o maior erro de Einstein" se tornou um dos pilares do modelo cosmológico atual.
 
Einstein criticou a interpretação probabilística da mecânica quântica e chamou o entrelaçamento quântico de "ação fantasmagórica à distância" — ele acreditava que a mecânica quântica era incompleta e que devia existir uma teoria subjacente com variáveis ocultas que explicasse os fenômenos de maneira determinística. Mas a verdadeira "beleza" da ciência não está nas respostas, e sim nas novas perguntas que cada resposta suscita. Ademais, não há nada como o tempo para passar: a viagem que Pedro Álvares Cabral levou 44 dias para fazer em1500 é feita atualmente em cerca de 10 dias por mar e em menos de 10 horas por ar.

Continua...

sábado, 27 de setembro de 2025

DE VOLTA ÀS VIAGENS NO TEMPO — 48ª PARTE — A FÍSICA ALÉM DO VISÍVEL

SABER O QUE SE SABE E SABER QUE NÃO SE SABE O QUE NÃO SE SABE: EIS O VERDADEIRO SABER.


Existem na natureza quatro forças fundamentais. A fraca, a forte e a eletromagnética são descritas com sucesso pelo Modelo Padrão da física, funcionando por meio de partículas intermediadoras chamadas bósons (como o fóton no caso da força eletromagnética), mas a gravidade continua sendo um enigma.


Embora esteja presente em todo o universo observável, a gravidade parece não se manifestar em escalas extremamente pequenas — por exemplo, entre partículas subatômicas. Nos átomos e moléculas, os componentes se atraem principalmente por meio da força eletromagnética, mas a gravidade, por ser muito mais fraca, é insignificante nesse nível. No entanto, em escalas maiores — como entre planetas, estrelas e galáxias — ela domina completamente.


CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA


Uma das dificuldades para alcançar a cura da neurose é o fato de o neurótico cultivar o mal que o aflige. A democracia brasileira se comporta como um neurótico típico: age como se não sofresse com a perturbação que a atormenta ou, quando não, apaixona-se por ela. Essa paixão se manifesta em sucessivos acordos que, a pretexto de curar, prolongam a neurose nacional.

Em 2016, sem saber que estava sendo gravado por um delator, o então senador Romero Jucá, vírus político da cepa do centrão, disse que a oligarquia política precisava costurar um grande acordo para "estancar a sangria" provocada pela cruzada anticorrupção, “com o Supremo, com tudo". Decorridos apenas nove anos, verifica-se que "efeito Caju” não só prevaleceu como consolidou o processo de restauração perpétua da neurose.

Arma-se um novo acordo chamado por Michel Temer, amigo e correligionário de Jucá, de "pacto republicano". Coisa a ser costurada "de comum acordo com o Supremo e com o Executivo" para estancar a sangria do golpismo por meio de um projeto de anistia rebatizada de dosimetria.

O acordão antevisto por Jucá resultou na institucionalização da malversação de verbas públicas, que agora vazam impunes, em catadupas, através de emendas parlamentares. 

Alega-se que a redução das penas da lei que pune os crimes contra a democracia produzirá uma ansiada "pacificação" política, mas, se isso fosse verdade, o ativista de extrema-direita Charlie Kirk não teria sido assassinado nos Estados Unidos, pois Donald Trump, logo que retornou à Casa Branca, anistiou todos os condenados pela invasão do Capitólio, em 6 de janeiro de 2021. 

Aqui, como lá, o mais provável é que a atenuação das penas sirva de estímulo à perversão antidemocrática. De acordão em acordão, a democracia brasileira parece condenada a morrer na praia de suas neuroses.

Recentemente, cientistas conseguiram detectar a força gravitacional entre duas pequenas esferas de ouro com 1 milímetro de diâmetro e massa de 92 miligramas, separadas por apenas 40 milímetros. O experimento, de altíssima precisão, confirmou mais uma vez a validade das previsões da Teoria da Relatividade Geral, mas colisores de partículas, como Large Hadron Collider, ainda não detectaram qualquer indício de que a gravidade atue entre partículas subatômicas, cujas interações continuam sendo explicadas pelas outras três forças fundamentais.
 
Esse descompasso entre o Modelo Padrão e a teoria de Einstein representa uma das questões mais intrigantes da física moderna: como unificar a teoria da gravidade com a mecânica quântica? Uma possível resposta seria a chamada gravidade quântica — que explicaria como a gravidade se comporta nas menores escalas possíveis —, e uma das propostas mais discutidas é a existência do gráviton — partícula hipotética responsável por transmitir a gravidade, assim como o fóton transmite o eletromagnetismo —, cuja existência nenhum experimento conseguiu comprovar (até agora).
 
Outra hipótese, mais ousada e matematicamente robusta, é a Teoria das Cordas — segundo a qual as partículas fundamentais são pequenas "cordas" vibrantes cuja frequência de vibração determina o tipo de partícula. Uma das primeiras versões dessa teoria exigia 26 dimensões para funcionar, o que a tornava impraticável para descrever a matéria comum. Com o tempo, surgiram versões mais sofisticadas, como a Teoria M, que propõe 11 dimensões, sendo quatro conhecidas (três espaciais e uma temporal) e sete adicionais, compactadas em escalas minúsculas.
 
Se essas dimensões extras realmente existem, por que não conseguimos detectá-las? A explicação mais bem aceita é que elas estão "enroladas" ou compactadas em uma escala da ordem da comprimento de Planck (~1,6 x 10³ metros), que é muito menor do que o diâmetro de um próton. O problema é que nenhum acelerador de partículas atual possui energia suficiente para investigar essa escala — o LHC, por exemplo, consegue sondar interações em torno de 10¹ metros, o que ainda está muito distante da escala de Planck.
 
Mesmo assim, os físicos tentam detectar sinais indiretos dessas dimensões extras buscando desvios no comportamento de forças conhecidas, como a eletromagnética, quando duas partículas são colocadas em proximidade extrema. Até agora, no entanto, todos os experimentos no LHC confirmaram com precisão as previsões do Modelo Padrão, sem nenhuma anomalia que exigisse dimensões adicionais para ser explicada.
 
Apesar disso, a Teoria das Cordas ainda é uma candidata promissora, pois oferece uma estrutura matemática consistente para descrever a gravidade quântica. Em algumas versões, a própria gravidade emergiria do comportamento das cordas em dimensões ocultas. Esse conceito levou ao desenvolvimento da hipótese do universo holográfico — segundo a qual toda a realidade tridimensional seria uma projeção de processos que ocorrem em dimensões superiores. É como se vivêssemos numa espécie de "superfície" em quatro dimensões, enquanto as verdadeiras leis da física estariam escritas em um plano de dimensões mais elevadas.
 
Essas ideias são fascinantes, sobretudo para os físicos teóricos que buscam a chamada Teoria de Tudo — uma formulação que unifique as quatro forças fundamentais da natureza. Não obstante, enquanto não surgirem evidências empíricas que sustentem essas hipóteses, resta aos cientistas continuar explorando alternativas mais facilmente testáveis, com a esperança de um dia desvendar a gravidade quântica e, com ela, completar o nosso entendimento do universo.

Continua...

quinta-feira, 15 de junho de 2023

MULTIVERSO E UNIVERSOS PARALELOS... CONTINUAÇÃO

O ESTUDO DA METAFÍSICA CONSISTE EM PROCURAR, NUM QUARTO ESCURO, UM GATO PRETO QUE NÃO ESTÁ LÁ.


Na cultura popular, "universos paralelos" são "outros mundos" que (supostamente) existem para além do universo convencional. À luz da ciência, porém, esse termo é usado pelos pesquisadores da Teoria das Cordas — segundo a qual vivemos em uma realidade onde tudo é formado por minúsculas "cordas vibrantes", menores que o núcleo atômico, que diferem entre si pela forma e pela frequência. Os modos vibracionais, também chamados de harmônicos, surgem quando duas ou mais ondas se encontram em um mesmo ponto, produzindo ondas estacionárias — da mesma forma que produzimos notas musicais quando tocarmos um violão). 

Observação: Em linhas (bem) gerais, podemos resumir a ópera dizendo que todas as partículas (quarks, elétrons e até mesmo os bósons) são produzidas por diferentes oscilações das cordas, e que o universo tem mais dimensões do que as quatro que conhecemos (altura, largura, profundidade e tempo). 
 
Durante a segunda revolução das cordas, em 1995, os físicos propuseram que cinco diferentes teorias das cordas seriam na verdade faces da Teoria-M, ou
 "teoria de tudo— a maioria dos físicos e cosmólogos são movidos sonha em encontrar uma descrição simples do universo que possa explicar tudo. 

A "teoria de tudo" propõe que cada partícula é um minúsculo laço de corda e que o universo tem onze dimensões (sete além das quatro conhecidas), chamadas de "brana" (abreviação para membrana), que podem se propagar através do espaço-tempo de acordo com as regras da mecânica quântica. Como nosso universo é uma membrana 3 + 1 dimensional (três dimensões de espaço +1 de tempo) e estamos "presos" dentro de um espaço 10 + 1 dimensional, não somos capazes de perceber as dimensões extras. 

Observação: Para entender melhor, imagine uma pilha de panquecas recheadas com mel. É como se nosso universo existisse em uma dessas panquecas, e as demais estivessem “por cima” da nossa. O mel nos impede de perceber a existência das outras panquecas, o que não quer dizer que elas não estejam lá. 

Outras branas quadrimensionais podem existir dentro de um espaço de onze dimensões, e o choque entre uma brana em dimensões superiores com a nossa seria uma maneira interessante de explicar o que motivou o Big Bang.
 
Tudo isso pode parecer coisa de filme de ficção científica, mas é bom lembrar que inúmeros cientistas foram alvo de zombaria por seus pares até que o tempo provou que eles estavam certos. Bons exemplos são o "pai da desinfecção", o criador da imunoterapia, o descobridor do sistema heliocêntrico e o proponente de deriva continental, entre tantos outros.
 
Continua...

segunda-feira, 28 de outubro de 2024

BIG BANG, BIG CRUNCH E TEORIA DAS CORDAS

SE AS PALAVRAS CAUSAM MAL ENTENDIDOS, IMAGINE O QUE O SILÊNCIO É CAPAZ DE FAZER.

A análise de dados do Sloan Digital Sky Survey revelou que a distribuição e a forma das galáxias contraria a ideia de que elas seriam dispostas aleatoriamente no espaço, e essa descoberta tem importantes implicações para o Modelo Cosmológico e a Teoria da Inflação Cósmica.


Uma das teorias mais fascinantes sobre a origem do nosso universo sugere que o Big Bang pode ter surgido da singularidade de um buraco negro, formado em um universo anterior que sofreu um colapso total (Big Crunch). Ainda é um mistério se esse universo predecessor era similar ao nosso ou fazia parte de um multiverso. Seguindo essa lógica, poderíamos estar vivendo em um ciclo infinito de expansões e contrações cósmicas.

Um aspecto preocupante da expansão atual do universo é que sua aceleração crescente poderia, teoricamente, desencadear um fenômeno conhecido como "estado de decaimento de vácuo falso", que, uma vez iniciado, poderia se propagar na velocidade da luz e alterar a estrutura fundamental do universo como o conhecemos.

O conceito de "vácuo metaestável" é fundamental para entender esse fenômeno. Tanto a matéria quanto os campos quânticos buscam estados de menor energia — uma forma de estabilidade. Nos campos quânticos, esse estado de menor energia é chamado de "estado de vácuo". O campo de Higgs, famoso por conferir massa às partículas elementares através da interação com o bóson de Higgs (popularmente conhecido como "partícula de Deus"), mantém esse vácuo em um estado metaestável.

Esta metaestabilidade nos apresenta dois cenários possíveis: ou nosso universo continuará existindo por bilhões de anos, ou o campo de Higgs já está iniciando seu processo de decaimento. No segundo caso, uma "bolha" de transformação se expandiria quase na velocidade da luz, provocando uma transição para um universo com características diferentes. As consequências poderiam variar desde uma mudança radical em tudo que conhecemos até uma alteração mais sutil, como uma modificação na massa dos neutrinos.

ObservaçãoOs neutrinos são sutis e difíceis de detectar. Até recentemente, achava-se que eles não tinham massa, mas novas detecções demonstraram que eles podem oscilar entre si conforme se movem — e se podem mudar enquanto viajam pelo espaço, é porque têm alguma massa.

CONTINUA DEPOIS DA POLÍTICA

O discurso lido por Lula para os outros líderes do Brics mostrou que sua viagem à Rússia, cancelada após a queda no banheiro do Alvorada, teria sido um desperdício de verbas públicas. Por tudo o que disse e também pelo que silenciou, os sete minutos de videoconferência pareceram de bom tamanho. 
Beneficiado pela ausência, o petista fritou Nicolás Maduro sem tocá-lo, transferindo ao profissionalismo do Itamaraty o manuseio da frigideira que deixou bem passada a pretensão do tirante de integrar a Venezuela ao bloco. Mesmo assim, a palavra palavra democracia não constou do discurso remoto — e nem poderia: além de fundadores como China e Rússia, incorporaram-se ao grupo em 2023 outras aberrações antidemocráticas como Irã e Arábia Saudita, e outras inconveniências estão por vir. 
No gogó, Lula restringiu-se às platitudes de sempre. Coisas como o pedido de paz na Ucrânia e na Faixa de Gaza, o apelo a favor da revitalização do multilateralismo, a defesa do uso de moedas alternativas ao dólar, a cobrança do calote ambiental de US$ 100 bilhões imposto pelos países ricos às nações pobres... Nada que não pudesse ser dito desde Brasília. 
Até bem pouco, o Brics era uma junção de países que surgiu do nada e rumava para lugar nenhum, mas se tornou uma associação de nações que, a pretexto de representar o chamado Sul Global, serve de fachada para a China, com o aval da Rússia, recorrer a todos os estratagemas para atingir os seus subterfúgios comerciais na briga particular que trava com União Europeia e, sobretudo, Estados Unidos. 
O Brasil assume a presidência rotativa do Brics no ano que vem, quando então Lula poderá tentar retirar do bloco a aparência de um puxadinho diplomático a serviço da China.

Há muito que se tenta conciliar o Big Crunch com o universo que conhecemos hoje. Segundo a Teoria das Cordas, tudo é formado por "cordas vibrantesmenores que o núcleo atômico, que diferem entre si pela forma e pela frequência. Os modos vibracionais surgem quando duas ou mais ondas se encontram num mesmo ponto, produzindo ondas estacionárias — da mesma forma como produzimos notas musicais quando dedilhamos as cordas de um violão. Essa teoria ainda não foi comprovada experimentalmente, mas já dizia Carl Sagan que "a ausência de evidências não é evidência de ausência".

Em 1995, foi proposto que cinco diferentes Teorias das Cordas seriam na faces da "Teoria de Tudo", que busca unificar todas as forças fundamentais da natureza num único modelo matemático. Assim, cada partícula seria um minúsculo laço de corda numa membrana 3 + 1 dimensional (três dimensões de espaço mais uma de tempo), mas, como estamos "presos" dentro de um espaço 10 + 1 dimensional, não percebemos as dimensões extras. 
 
ObservaçãoPara entender melhor, imagine uma pilha de panquecas recheadas com mel e que nosso universo esta numa dessas panquecas; o mel nos impede de perceber as outras panquecas, mas isso não significa que elas não estão lá. 

Outra teoria interessante é a do multiverso. Nesse contexto, um universo branco teria buracos bancos capazes de cuspir qualquer coisa, e o Big Bang seria na verdade um buraco branco que vomitou tudo que foi engolido por um buraco negro de um universo paralelo ao nosso. Assim, todos os universos existentes seriam semelhantes e teriam buracos negros e buracos brancos.

Talvez isso lhe pareça enredo de filme de ficção, mas vale lembrar que cientistas como o "pai da desinfecção", o criador da imunoterapia, descobridor do sistema heliocêntrico e o proponente de deriva continental foram tachados de "malucos", até que o tempo provou que eles estavam certos.

sexta-feira, 12 de agosto de 2022

A COMPUTAÇÃO QUÂNTICA E A VIAGEM NO TEMPO (FINAL)

A LINHA DO TEMPO É UM RIO; JOGUE UMA PEDRA E HAVERÁ ALTERAÇÕES, MAS O RIO RETOMARÁ SEU CURSO E TUDO VOLTR A SER COMO DEVE SER.

A teoria das "curvas de tempo fechadas” não orna com a conjectura de proteção cronológica, mas a simples existência dos paradoxos temporais não significa necessariamente que viagens no tempo sejam impossíveis. Nesse contexto, a única certeza que se tem — para além do fato de que o tempo se dilata, a massa dos corpos aumenta e espaço se contrai — é que não se tem certeza de nada. Mas é justamente a incerteza que instiga os cientistas a investigar incansavelmente o mundo que nos cerca. 
 
No âmbito da ciência, o que vale hoje pode não valer amanhã. No século XVI, Cabral e sua trupe levaram 44 dias para viajar de Lisboa a Pindorama; hoje, um jato comercial cruza o Atlântico em cerca de 9 horas. A inclinação da luz durante os eclipses comprova a possibilidade de deformação do espaço-tempo, reforçando a ideia de que essa deformação poderá ser usada para encurtar o caminho entre dois pontos do Universo. Pelo andar da carruagem, daqui a algumas décadas as viagens ao espaço serão corriqueiras, e talvez o mesmo se dê mais adiante com as com as viagens no tempo.

Para testar a possibilidade de voltar ao passado, Steven Hawking promoveu uma festa na Universidade de Cambridge e, ao final, enviou um convite com as coordenadas exatas de tempo e espaço. No ano seguinte, no capítulo "Viagem no tempo" da série Into the Universe with Stephen Hawking, ele comentou seu experimento: "Que lástima! Eu gosto de experiências simples e... champanhe. Então, combinei duas das minhas coisas favoritas para ver se a viagem no tempo do futuro para o passado é possívelMas ninguém apareceu". 
 
Talvez haja boas razões para ninguém ser imprudente a ponto de nos revelar o segredo das viagens no tempo, mas o avistamento de OVNIs (assunto sobre o qual falaremos em outra oportunidade) sugere que vimos sendo visitados por alienígenas — ou por terráqueos vindos do futuro. Claro que uma viagem ao passado esbarra nos paradoxos (mais detalhes no capítulo VI), conquanto a teoria dos universos paralelos relativize esse problema, até porque, na física quântica, as coisas podem ser verdadeiras mesmo quando aparentam não ser. 
 
A relatividade geral e a mecânica quântica funcionam bem individualmente, mas seria preciso que uma nova teoria — como a da “gravidade quântica” — fundisse ambas no mesmo cadinho. Ao substituir as partículas por "cordas" que vibram em até 11 dimensões, a teoria das cordas (sobre a qual a gente já conversou) poderia ser esse cadinho, desde que, para além de fornecer uma variedade de modelos que descrevem amplamente um Universo como o nosso, também propusesse soluções que, confirmadas experimentalmente, apontassem para o modelo correto. 
 
Segundo Hawking, um buraco negro supermassivo é capaz de produzir um buraco de minhoca, mas somente uma grande concentração de matéria exótica o manteria estável — e essa estabilidade seria perdida caso alguma porção de matéria ordinária o adentrasse. Ainda não se descobriu algum tipo de matéria cujas características permitam estabilizar a geometria de um buraco de minhoca, mas, de novo, manchetes do jornal de hoje serão matéria vencida na edição de amanhã. Depois que nossos antepassados desceram das árvores, aprenderam a usar o fogo e inventaram a roda (não necessariamente nessa ordem), tudo é possível, até mesmo as viagens no tempo e... a própria inexistência do tempo! 
 
Entre os anos 1980 e 1990, dissidentes da teoria das cordas criaram novas abordagens matemáticas, como a da gravidade quântica em loop, cujo proposta mais notável é eliminar completamente o tempo. E ela não está sozinha: várias outras abordagens tendem a remover o tempo do elenco de aspectos fundamentais da realidade. Se elas estão certas ou não, só o tempo dirá (sem trocadilho). No entanto, as teorias da física não se debruçam sobre a existência de pessoas e objetos, por exemplo, e nem por isso a existência desses elementos é questionada. 
 
Sabemos que todas as coisas são formadas por átomos, elétrons e outras partículas fundamentais, mas nem imaginamos como o tempo poderia ser “feito de” algo igualmente fundamental. Em tese, se não é possível explicar como o tempo surge, tampouco se pode afirmar que ele existe. O detalhe é que um mundo sem mesas e cadeiras é uma coisa, e um mundo sem tempo é outra bem diferente, até porque planejamos o futuro à luz do que sabemos sobre o passado. 

Admitir a "inexistência" do tempo levaria o mundo a um impasse, mas a física permite aceitar essa premissa sem revogar o "princípio da causalidade” — segundo o qual a toda ação corresponde uma reação de igual intensidade e em sentido contrário. Só que, nesse caso, a causalidade, e não o tempo, seria a característica básica de um universo que, para a Ciência, é um imenso quadro com perguntas, a partir do qual nós aprendemos, mistérios se tornam respostas e novas perguntas surgem à medida que acumulamos conhecimento
 
Resumo da ópera: a possibilidade de viajar no tempo como nos livros e filmes de ficção esbarra em dois problemas principais: 1) não há maneiras conhecidas de acelerar um corpo a velocidades próximas à velocidade da luz; 2) os efeitos relativísticos não afetam apenas o tempo, mas também o espaço e a massa — à velocidade da luz, a massa de um corpo aumentaria infinitamente e a energia necessária para acelerá-lo seria igualmente infinita. 

Enquanto nossa tecnologia não evolui a ponto de viabilizar uma viagem no tempo "comme il faut" , o jeito é nos contentarmos com a viagem que fazermos rumo ao futuro desde o dia em que nascemos, e "viajar ao passado" observando as estrelas, já que o que se vê no céu é a luz que elas emitiram décadas, séculos ou milênios atrás. Dito de outra maneira, tomar um cafezinho com os dinossauros fica para as próximas gerações. Sem embargo, há duas teorias que merecem menção: a eternalista e a presentista.

Segundo os eternalistas, todos os momentos do passado e do futuro existem simultaneamente numa grande linha do tempo, sendo o "presente" um dos vários frames do filme da realidade — aquele que acontece de estarmos vivendo naquele momento. Já os presentistas acreditam que só o presente é real, e que coisas como o Farol de Alexandria ou os Jardins da Babilônia não passam de meras lembranças. A experiência cotidiana não embasa a ideia de que o passado continua lá para sempre, e, se incluirmos o futuro nessa inequação, desaguaremos no fatalismo. A ideia de que o destino é imutável não incomoda só porque parece errada (nós nos sentimos claramente aptos a decidir o que faremos no futuro), mas também por sugerir que não temos controle nenhum sobre os acontecimentos.
 
As teorias de Einstein levam inevitavelmente à ideia de que o passado e o futuro são tão reais quanto o presente, favorecendo a ideia de um Universo eternalista. Por outro lado, o físico alemão propôs que o tempo é uma "dimensão" que se soma ao espaço tridimensional, e não anda no mesmo ritmo para todos. Na esteira desse raciocínio, cada pessoa tem um relógio particular, e uma pessoa "viaja no tempo" em relação a outra sempre que seus relógios saem de sincronia. Para que cada pessoa tenha seu tempo particular, todos os pontos do tempo precisam existir simultaneamente. Segundo a relatividade geral, passado e futuro são como lugares diferentes que diferentes pessoas ocupam. O que cada uma percebe como presente é apenas o lugar no tempo em que se encontra seu relógio específico.
 
A conversa está boa, mas outros assuntos requerem nossa atenção. Espero a leitura desta matéria tenha sido tão prazerosa para você, leitor, como escrevê-la foi para mim (a despeito da trabalheira insana).

Até a próxima.