sábado, 5 de agosto de 2017

DEU NO QUE DEU; AGORA, BOLA PRA FRENTE E SEJA O QUE DEUS QUISER

Até meados de julho, a impressão que se tinha era de que a Câmara dos Deputados autorizaria o prosseguimento do inquérito contra Michel Miguel Elias Temer Luria. Mas o cenário mudou depois que o presidente, com a expertise inata dos libaneses, forrou “o balcom do lojinha” com R$ 2 bilhões e comprou tanto o parecer favorável ao sepultamento da denúncia na CCJ quanto o apoio de uma penca de parlamentares que atuam no Congresso como marafonas na zona do baixo meretrício (com o devido respeito às meretrizes “de verdade”). Assim, na noite da última quarta-feira, por 263 votos a 227, nossos conspícuos deputados decidiram deixar o dito pelo não dito e autorizaram o atual inquilino do Palácio do Planalto a permanecer lá até a próxima denúncia ― e Janot prometeu apresentar mais duas antes de deixar o comando da PGR, em meados de setembro.

Temer comemorou a vitória com um sorrisinho idiota no rosto. Eram necessários 172 votos para varrer a denúncia para debaixo do tapete, e ele obteve um excedente de 91, enquanto oposição ficou distante 79 votos dos 342 que teriam de conseguir para autorizar o STF a investigar sua insolência. A conclusão que se tira disso é a seguinte: O PT e seus congêneres não tiveram força para derrubar “o melhor presidente que eles próprios fizeram eleger”, nem tampouco lograram êxito em robustecer suas fileiras com parlamentares que até estavam propensos a votar contra o governo, mas não o fizeram para evitar o constrangimento de ter sua imagem associada à patuleia radical, comandada por imprestáveis que pugnam pela volta de Lula ― um hexa-réu já sentenciado a 9 anos e 6 meses de prisão que afronta a sociedade de bem posando de candidato, talvez por achar que escapar da cadeia conte como projeto eleitoral.

Ainda que Rodrigo Maia tenha limitado a 5 segundos o tempo que cada deputado teria para declarar seu voto, quase todos se derramaram em justificativas estapafúrdias, como ocorreu na votação do impeachment de Dilma, quando alguns votaram “pela Pátria”, “por Deus”, “pela Democracia”, “pelos respectivos Estados de origem”, “por seus queridos eleitores”, “pela família”, “pela sogra”, “pelo papagaio”, e assim por diante. Desta feita, os deputados de esquerda juntaram a seu besteirol o indefectível “Fora Temer!” e relembraram a deposição daquela que, em sua visão míope, foi uma “presidanta honesta, competenta, e blá, blá, blá”. Outros afirmaram votar contra Temer por serem contra as “reformas” ― o que é um disparate, considerando que o que estava em discussão era autorizar ou não a investigação do presidente, pelo Supremo, por crime de corrupção passiva.

Também não faltaram desinformados que justificaram seus votos dizendo que “as provas eram insuficientes para condenar o presidente”, ainda que não lhes competia entrar nesse mérito ― o que lhes cabia, isso sim, era autorizar ou não o prosseguimento da investigação e deixar os ministros da nossa mais alta Corte decidirem se Temer é ou não culpado dos crimes que lhe foram atribuídos pela PGR. Houve até alguns abilolados que garantiram ter lido integralmente o libelo acusatório e a defesa, e por isso votavam assim ou assado, embora bastasse ouvi-los tartamudear seus discursos apedeutas para constatar seu grau de instrução jamais lhes permitiria tal proeza ― o que não chega a surpreender, considerando que o Brasil foi presidido durante oito 8 anos por um semianalfabeto confesso, e como a “qualidade” dos “representantes do povo” reflete o nível intelectual do eleitorado, a coisa não poderia mesmo ser diferente.

Alguns deputados justificaram seu apoio ao governo afirmando que a troca de mandatário resultaria em mais instabilidade política ― o que faz sentido ―, e que a investigação no Supremo acontecerá mais adiante, depois que o presidente deixar o cargo ― o que também faz sentido. O que não faz sentido é deixar o lobo tomando do rebanho enquanto o cão pastor não chega. São inegáveis os indícios de que existe, sim, algo de muito podre na conversa entre Temer e Joesley, e que fede ainda mais diante do flagrante de Rocha Loures arrastando pela rua uma mala com R$ 500 mil. “Ah, mas não ficou provado que o dinheiro era para o presidente”, disse o causídico contratado para defender sua insolência. Mas não é justamente para apurar os fatos e identificar a prática de atos ilícitos que os inquéritos são instaurados? Vá fazer pouco caso da inteligência alheia na PQP, doutor Mariz.

Barrada a primeira denúncia e até que a próxima seja apresentada, espera-se que Michel Temer dispa a fantasia de mascate do planalto e volte ao trabalho que é pago para fazer. Afinal, desde o momento em que sua conversa clandestina com Joesley Batista e o vídeo do homem da mala ― pessoa da mais estrita confiança do presidente, segundo o próprio presidente ― vieram a público, Temer deixou de governar e passou a cuidar de sua defesa em tempo integral.

Se a maneira como a coisa terminou foi a melhor possível, isso eu não sei dizer. Para alguns analistas, a derrota do governo agravaria ainda mais a crise, pois obstaria a aprovação das reformas em andamento, com destaque para a da Previdência, sem a qual logo faltarão recursos para pagar aposentados e pensionistas do INSS. Todavia, o número de votos para aprovar PECs como essa é de 308 ― bem além, portanto, dos 263 votos que livraram o rabo de Michel Temer na última quarta-feira. 

Enfim, com o arquivamento da denúncia, a ordem no Planalto é sacudir a poeira, seguir com a agenda e torcer para que a nação esqueça o episódio da mala milionária recebida pelo cupincha Rodrigo Loures. Mas Janot fez seu estoque de bambu e deve disparar novas flechas contra o Planalto, e o placar conquistado na Câmara, na última quarta-feira, pode não se repetir nas próximas vezes, a depender de inúmeras imponderáveis, como o conteúdo de possíveis acordos de colaboração, como os que estão sendo negociados por Eduardo Cunha e Lúcio Funaro.

Em seu discurso de comemoração, Temer tornou a dizer que “é preciso colocar o país nos trilhos do crescimento, da modernização e da Justiça”. Mas o que não disse é que a Justiça que a sociedade deseja não é exatamente a mesma Justiça que interessa a ele e a seus aliados. E que, se for preciso mandar a conta para o contribuinte, que assim seja ― haja vista o aumento imoral nos preços da gasolina, do diesel e do álcool, que ainda pode ser revertido pelo STF (a ministra Rosa Weber concedeu prazo de 5 dias para o presidente se manifestar sobre o aumento da alíquota do PIS/COFINS que incide sobre os combustíveis).

Enquanto isso, o PSDB continua em cima do muro, negando, inclusive, o racha no partido ― tucanos são tão indecisos que, se houver mais de um banheiro na casa, eles cagam no corredor. Mas não é de se desprezar o fato de 21 deputados do partido terem votado pelo prosseguimento da denúncia contra Temer. Aliás, alguns tucanos entendem que o partido deve desembarcar do governo, mas continuar apoiando as reformas (enquanto isso, eles comandam 4 ministérios; afinal, ninguém é de ferro). Já Rodrigo Maia ― presidente da Câmara, investigado na Lava-Jato e virtual presidente interino no caso de Temer ser afastado ― disse que a vitória de quarta-feira foi uma boa notícia para o governo, mas que os votos conquistados estão longe de ser suficientes para aprovar a reforma previdenciária (aliás, até um burro do meu tamanho foi capaz de chegar à mesma conclusão, conforme eu escrevi linhas atrás).

Falando rapidamente no Botafogo ― ou Bolinha, como queiram), tirar Temer da presidência para colocar em seu lugar o dito-cujo ou outro “gigante” da política tupiniquim é uma piada. Até porque, como ponderou J.R. Guzzo em sua coluna, “ninguém, em nenhum momento, conseguiu encontrar um único fato, por mais miserável que fosse, capaz de mostrar alguma diferença para melhor entre o cidadão que queriam enfiar no Palácio do Planalto e o cidadão que queriam despejar de lá”. Mas vamos deixar para tratar dessa questão numa próxima oportunidade, pois este texto ficou bem mais longo do que deveria.

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sexta-feira, 4 de agosto de 2017

UMA BOA NOTÍCIA PARA OS ÓRFÃOS DO MS PAINT

O FÍGADO FAZ MUITO MAL À BEBIDA.

Dias atrás, a Microsoft anunciou a aposentadoria compulsória do simpático Paint ― editor de imagens que acompanha o Windows desde sempre. Uma pena. Mesmo não sendo uma Brastemp ― ou melhor, um Photoshop ―, ele quebra o galho na hora de salvar imagens e fazer com facilidade uma série de edições despretensiosas (como redimensionar, girar, colorir, copiar, colar, salvar em outro formato, etc.). Em vista disso, eu sugeri (nesta postagem) algumas alternativas e salientei que serviços online de edição de imagens estão de bom tamanho para quem não precisa de recursos muito rebuscados, além de dispensarem instalação e, por rodarem a partir do navegador, sacrificam menos recursos do computador que as alternativas instaláveis. Sua grande desvantagem, por assim dizer, é depender de uma conexão com a internet, mas hoje em dia isso não chega a ser um problema. 

Volto agora ao assunto para acrescentar ao que foi dito alguns detalhes que certamente secarão as lágrimas dos que relutam em dar adeus ao simpático programinha: segundo a Microsoft, o Paint será descontinuado apenas na forma como o conhecemos ― ou seja, ele deixará de ser um componente nativo que acompanha o Windows desde a década de 80 ―, mas muitos dos seus recursos estarão disponíveis no Paint 3D, que foi acrescentado ao Windows 10 por ocasião de sua última atualização abrangente (Creators Update).

Apesar de ser mais adequado ao uso em dispositivos com telas sensíveis ao toque, o Paint 3D também funciona nos PCs convencionais e emula boa parte das funções de seu predecessor em edições de imagens bidimensionais. Confesso que ainda não explorei a fundo seus recursos, mas as poucas incursões que fiz me surpreenderam favoravelmente.

Outro detalhe digno de nota é que a mãe da criança promete colocar o Paint a que estamos todos acostumados em sua loja virtual (Windows Store). Em outras palavras, embora ele deixe de ser um componente nativo do Windows, os interessados poderão baixar e instalá-lo gratuitamente a qualquer momento, já que, mesmo querendo fomentar o uso do Paint 3D, a Microsoft não quer ver os órfãos do velho Paint correndo atrás de concorrentes para suprir a lacuna.

Mesmo assim, antes de dizer “não gosto, não quero, não vou usar”, reserve alguns minutos para explorar o Paint 3D. E não se acanhe: consulte a ajuda ― sem ela, será bem mais difícil compreender como fazer com ele boa parte do que você fazia com o Paint. Se você realmente não se acostumar, não sofra por antecipação. Deixe o barco correr até setembro ou outubro, e quando a nova atualização abrangente do Ten levar embora seu querido editor de imagens, veja se realmente será possível obtê-lo na Windows Store. Se não for, aí, sim, explore as alternativas que eu sugerir na postagem anterior (dentre outras tantas disponíveis na Web).

AVISO AOS NAVEGANTES: Eu pretendia incluir nesta postagem um texto sobre a novela da denúncia contra Temer, cuja primeira temporada terminou na noite da última quarta-feira (deverá haver uma segunda, ou mesmo uma terceira, pois Janot já disse que vai mandar flecha enquanto houver bambu). Como o artigo ficou muito extenso, achei melhor deixá-lo para amanhã, já que, nos finais de semana, eu não atualizo minhas postagens sobre informática aqui no Blog. Para quem quiser antecipar a leitura, basta seguir o link informado no final desta postagem para acessar minha comunidade CENÁRIO POLÍTICO TUPINIQUIM, onde a matéria será publicada hoje, nas primeiras horas da manhã.

O CIRCO DA INDIGNAÇÃO SELETIVA

Parceiros de Lula afetaram indignação com Temer. Parceiros de Temer afetaram indignação com Lula. Assim foi o circo da Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (2) de votação da denúncia da PGR contra o presidente.

Dois casos ilustrativos, um de cada lado, são os de Ivan Valente (PSOL-SP) e Mauro Pereira (PMDB-RS). Na votação do impeachment de Dilma, Valente, liderando a atuação de seu partido como linha auxiliar do PT, gritou no plenário: “Pela democracia, contra o golpe: PSOL [vota] não”. No dia em que Moro condenou Lula no caso do tríplex do Guarujá, Valente publicou um vídeo no qual diz: “Nós entendemos que neste caso faltam provas materiais robustas para qualquer condenação, não há materialidade nas provas, e também porque o juiz Sérgio Moro na verdade se descredenciou ao longo do período com uma visão muito política, politizada, incidente sobre os fatos políticos”. Nesta quarta, porém, o mesmo Valente que defendeu Dilma e Lula sentenciou: "Aqueles que querem manter Temer são coniventes com a corrupção”.

Mauro Pereira, na votação do impeachment de Dilma, gritou: “Pela dignidade, pela esperança do povo brasileiro, eu voto sim! E viva o Brasil! E viva o Sérgio Moro”. Nesta quarta, porém, alegou que quem votasse contra Temer estaria votando com Gleisi Hoffmann, PT e CUT: “Vamos colocar o Lula na cadeia, Sérgio Moro. O Lula tem de estar preso”.

Se Lula é rejeitado por 55,8% dos brasileiros e 65,5% aprovam sua condenação (Paraná Pesquisas), e Temer é reprovado por 70% e 81% são favoráveis à abertura de processo contra ele (Ibope), um dos poucos deputados a vocalizar o aparente sentimento do povo foi Major Olímpio (SD-SP), tirado pelo governo da CCJ porque votaria contra o presidente. Destaco trechos de seu discurso, no qual ressaltou que caberia à Câmara apenas dar autorização, em nome do povo brasileiro, para que o STF possa processar e julgar Temer com base em provas materiais e laudos periciais: “Ladrão é ladrão e tem que ser tratado como ladrão. Ladrão não tem partido, ladrão não tem ideologia, não tem ladrão de direita, de centro ou de esquerda. Comportamento do ladrão é comportamento do ladrão. E não adianta vir com essa conversa: Olha, o PT roubou lá. O PT roubou lá junto com o PMDB, com sete ministérios do PMDB [no governo petista]. Eu fui um dos 18 deputados trocados, porque o Temer escolheu os seus juízes lá [na CCJ]. E foi fazer a troca porque, senão, já saía derrotado. Agora vamos ver quem é que tem preço, quem é que está à venda por causa de emendinha, de cargo e eventualmente das malas [de dinheiro]”.

A denúncia pode até ser menos apodítica do que pregou Olímpio ― embora as orientações dos mandantes aos cúmplices (como mostrei neste vídeo) sejam geralmente sutis ―, mas, no circo do dia, seu discurso valeu a pipoca.

Por Felipe Moura Brasil.

E como hoje é sexta-feira:

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quinta-feira, 3 de agosto de 2017

DE VOLTA ÀS DICAS DE SEGURANÇA ― AFINAL, CAUTELA E CANJA DE GALINHA...

O QUE SE LEVA DESTA VIDA É A VIDA QUE A GENTE LEVA.

Se me repito, faço-o porque prefiro pecar por ação que por omissão. Afinal, se a cada minuto o Brasil registra 900 tentativas de golpe ― o que dá uma média de 15 por segundo ―, e boa parte desses golpes é aplicado pelo meio eletrônico, através de computadores, tablets e, principalmente, smartphones, segurança digital é um tema que deve estar sempre na nossa pauta.
Navegar na Web está mais para u safári selvagem do que para um bucólico passeio no parque. Mesmo assim, ainda é grande o número de internautas que não adotam as medidas preventivas necessárias ― talvez porque “ouviram dizer” que o malware é uma estratégia dos fabricantes de antivírus para vender seus produtos, que atualizar o Windows deixa o computador lento e/ou envia dados confidencias para a Microsoft, que Lula é a alma viva mais honesta do Brasil e  vai acabar com a corrupção se o deixarem concorrer em 2018 (queira Deus que até lá ele já esteja atrás das grades, que nosso eleitorado não é nada confiável), e outras bobagens que tais.
Boas soluções não são as mais complexas, mas as que funcionam ― e quanto mais simples elas forem, tanto melhor serão os resultados. Portanto:

Mantenha seu sistema e aplicativos atualizados.

Softwares são desenvolvidos por seres humanos, e seres humanos são falíveis. Os programas costumam ser testados exaustivamente antes de seu lançamento comercial, mas, com milhões e milhões de linhas de código, alguma coisa sempre pode acabar passando batida. Por isso, os desenvolvedores responsáveis disponibilizam correções e atualizações, que também podem incorporar novas funcionalidades a seus produtos, sendo recomendável, portanto, instalá-las o quanto antes. O Windows facilita esse trabalho com as atualizações automáticas (clique aqui para mais informações). Todavia, programas de terceiros precisam ser atualizados individualmente, e nem todos avisam quando há novas versões ou oferecem maneiras intuitivas de o usuário descobrir se existem atualizações disponíveis. Então, nada como automatizar esse processo com aplicativos como o freeware FileHippo App Manager, por exemplo, que compara as versões dos apps instalados no computador com seu banco de dados, apresenta uma lista do que está defasado e os links para as respectivas atualizações. Sem embargo, sugiro ao leitor instalar também o Glary Utilities, que eu já comentei e recomendei em diversas oportunidades. Trata-se de uma suíte de manutenção bem completa, um verdadeiro canivete suíço no qual a atualização de softwares é apenas uma de suas muitas lâminas.

Providencie um arsenal de defesa responsável.

Se você não quer ― ou não pode ― investir num pacote de segurança pago (como o Norton Internet Security, o Avast Premier e outros que tais), ative o Windows Firewall e o Windows Defender ou instale uma suíte gratuita (mais detalhes nesta postagem). Em último caso, monte seu próprio pacote com antivírus, firewall e antispyware gratuitos (freeware), lembrando sempre que essa solução propicia a ocorrência de conflitos entre ferramentas de fabricantes diferentes, daí ser preferível optar pelas suítes de segurança.

Amanhã a gente fala mais sobre esse assunto.

E VIVA A PETELÂNDIA

Vicente Cândido ― deputado petralha que atua como relator da reforma política na Câmara ― vai retirar da proposta a chamada "emenda Lula", que propunha aumentar de quinze dias para oito meses a proibição de os candidatos serem presos antes das eleições. O parlamentar já havia dito à Coluna do Estadão que a nova regra beneficiaria Lula e que fora pensada para "blindar" não só ele, mas todos os políticos investigados.

Veja o leitor o destino do suado dinheiro dos nossos impostos ― isso quando não é usado para comprar deputados venais visando barrar a instauração do inquérito contra um presidente que, em pronunciamento à nação, se disse “ansioso” pela investigação, que seria “o território onde surgiriam as provas de sua inocência”.

E como falar em Temer é falar no PT (até porque Temer é o melhor presidente eleito pelo PT até agora) e o PT não existiria sem Lula, o juiz Sérgio Moro (finalmente) acolheu mais uma denúncia do MPF contra o molusco eneadáctilo, que, depois de ser condenado a nove anos e seis meses de prisão, agora se torna hexa-réu.
  
Ao aceitar denúncia, o magistrado não faz juízo de valor sobre as provas, mas observa apenas se existe “justa causa”, isto é, se a acusação é embasada em substrato probatório razoável. E Moro lista 14 pontos e classifica como “expressivas” as provas reunidas pela Lava-Jato, entre as quais registros de que veículos do ex-presidente estiveram 270 vezes no Sítio Santa Bárbara, a proximidade da família do petista com Fernando Bittar e Jonas Suassuna, donos “oficiais” da propriedade, e documentos apreendidos no apartamento de Lula, referentes ao sítio, como notas fiscais de bens alocados e a minuta da escritura da compra de parte do terreno por Bittar.

No despacho que exarou para acolher mais esta denúncia, Moro atribuiu a demora ao fato de “ter andado ocupado com processos envolvendo acusados presos e por reputar relevante aguardar a posição do MPF em relação à absolvição de Paulo Roberto Valente Gordilho na ação penal conexa 5046512-94.2016.4.04.7000” (Gordilho era o executivo da OAS encarregado da aquisição e instalação das cozinhas no sítio de Atibaia e do apartamento 164-A, pode dispor de documentos que elucidem os fatos relativos a esses bens).

Vale lembrar que, com esta ação, Lula responde a três processos na 13ª Vara Federal de Curitiba, e que já foi condenado a 9 anos e 6 meses de prisão em regime fechado (na ação que trata do tríplex do Guarujá). A decisão de Moro foi objeto de recurso, tanto pela defesa dos réus quanto pelo MPF, e espera-se que o TRF4 julgue os apelos ainda no primeiro semestre do ano que vem.

Em outro processo que tramita na 13ª Vara Federal em Curitiba, o Lula é acusado dos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Os outros três processos contra ele correm na Justiça Federal do DF, sob a caneta dos juízes Vallisney Oliveira e Ricardo Leite. Neles, o petralha é acusado de obstruir a Justiça por meio da compra do silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró ― processo em que já depôs como réu; dos crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro, corrupção passiva e tráfico de influência em contratos do BNDES que teriam favorecido a Odebrecht ― um desdobramento da Operação Janus; e tráfico de influência, lavagem de dinheiro e organização criminosa ― processo decorrente da Operação Zelotes.

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quarta-feira, 2 de agosto de 2017

DÊ ADEUS AO MS PAINT

O CASAMENTO É UMA TRAGÉDIA EM DOIS ATOS: UM CIVIL E UM RELIGIOSO.

Embora jamais tenha sido um editor de imagens poderoso, pródigo em recursos e funções sofisticadas, o MS PAINT granjeou um fã-clube respeitável desde que foi integrado pela Microsoft à lista de componentes nativos do Windows 1.0, no início dos anos 1980, com o nome de Paintbrush. Mas tudo passa nesta vida (até uva-passa), e agora nos chega a notícia de que o simpático programinha será aposentado por ocasião da próxima atualização do Windows 10, a ser lançada em setembro ou outubro deste ano, conforme foi anunciado sem alarde em um artigo de suporte da Microsoft, que lista as funcionalidades removidas ou descontinuadas na próxima atualização do Windows 10 (Fall Creators).

Depois de 3 décadas e lá vai fumaça ajudando a desenhar casinhas, árvores e bonecos e a fazer edições simples em fotos e figuras, o Paint vai deixar saudades, mesmo que o Windows 10 integre o PAINT 3D, implementado pelo 10 Creators Update, que é amigável ao toque e oferece recursos superiores aos do homônimo veterano, mas que pouca gente se deu ao trabalho de explorar ― pelo menos até agora. Aliás, consta que a ideia da Microsoft era substituir o Paint tradicional pela versão 3D, mas, por alguma razão, a empresa voltou atrás e manteve os dois aplicativos (da mesma forma que fez com o Internet Explorer por ocasião do lançamento do Edge).

Para quem se limita a salvar imagens em formatos diferentes e/ou fazer edições despretensiosas (redimensionar, colorir, recortar, copiar, colar, etc.), programas sofisticados, caros e complexos ― como complexo Adobe Photoshop não são alternativas muito interessantes, mas a boa notícia é que não faltam opções gratuitas, tanto instaláveis quanto na nuvem, que são mais pródigas em recursos e tão fáceis de usar quanto o veterano MS Paint, conforme a gente já discutiu em pelo menos meia dúzia de oportunidades. Dentre as instaláveis, sugiro o Gimp, o Paint.net ou o Photo Pos Pro; para uso meramente eventual, serviços na nuvem como o Pixlr e o FotoFlexer são mais indicados, pois rodam diretamente do navegador e proporcionam excelentes resultados.

A Mesa Diretora da Câmara iniciou na tarde de ontem a leitura do parecer do deputado Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG), contrário à aceitação da denúncia contra o presidente Michel Temer por corrupção passiva. Antes do recesso parlamentar, essa etapa da tramitação da acusação contra o peemedebista foi adiada duas vezes, nos dias 14 e 17 de julho, porque não havia o quórum mínimo, de 51 deputados.

A leitura do parecer precede a abertura da sessão de votação no plenário da Casa, prevista para as 09h00 desta terça-feira. Caso haja quórum de 342 deputados depois das falas de Abi-Ackel, da defesa de Temer e dos deputados inscritos, os parlamentares serão chamados um a um ao microfone para dizer se concordam ou não com o relatório do tucano mineiro.

Como o resultado da votação ― se ela realmente acontecer ― deve sair no final da tarde, fiquem com o texto a seguir:

QUANDO ATÉ A INDIGNAÇÃO É CORROMPIDA

Um grupo de artistas liderados por Caetano Veloso criou o blog "342 Agora" e produziu um vídeo convocando a sociedade para mobilizar congressistas a aprovar a denúncia contra Michel Temer. Com estudada indignação, esses “intelectuais” proclamam frases como:

• Ele merece ser julgado pelos crimes que cometeu;
• Qualquer cidadão que está sob suspeita tem que ser investigado, por que teria que ser diferente com o presidente da República?
• Eu posso ser investigada, você pode ser investigado, ele tem que ser investigado;
• Um presidente ser acusado de corrupção passiva, formação de quadrilha e obstrução da justiça, não dá!
• Agora é deixar de lado nossas diferenças e se juntar por uma causa que é importante: o Brasil.
• O futuro do Brasil depende de você.


Tudo muito certo, mas não se ouve eles expressarem indignação com os bilhões de reais desviados para contas privadas, para operadores partidários, para dirigentes de estatais com rateios previstos entre partidos ― sempre cabendo ao PT a maior quota-parte.
Nem um murmúrio sequer que possa ser entendido como decepção com o Bolsa Magnatas, distribuída a figuras como Eike Batista e os irmãos Wesley e Joesley, com as contas-correntes nas grandes empreiteiras, com o conteúdo das delações que nominam pessoalmente dirigentes do PT, do PMDB, do PP (todos com 13 anos de serviços prestados ao governo petista).

Nem um pio quando a Petrobras, tendo Dilma Rousseff na presidência do Conselho, fez a negociata de Pasadena; Ou quando o BNDES enterrou bilhões de reais (nosso dinheiro) no poço sem fundo de comunistas cubanos e venezuelanos e de ditadores companheiros mundo afora.

Muito oportunista, portanto, essa empolgação moral, especialmente vinda de um grupo que mamou durante mais de uma década nas tetas do poder, época em que famílias inteiras, como a Da Silva, síram do subemprego para o mundo dos grandes negócios. Agora, quando a acusação recai sobre o odiado Michel Temer ― o “usurpador” da cadeira que tinham como sua para sempre ―, retomam o discurso golpista que grita "Fora!" a qualquer um que assente o traseiro onde eles querem sentar.

Que Temer responda por todos os crimes que tenha cometido, mas que não venham os irados do blog "342 Agora" com essa indignação hipócrita e corrompida, cuja exclusiva finalidade é atender a suposta conveniência de quem comandou o maior esquema de corrupção política da história nacional.

Com Percival Pugginamembro da Academia Rio-Grandense de Letras, arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país.

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terça-feira, 1 de agosto de 2017

O DRAGÃO DA INFLAÇÃO E O CÓDIGO DE BARRAS

MANTENHA A CABEÇA FRIA SE QUISER IDEIAS FRESCAS.

Dados da Fipe dão conta de que a inflação média no Brasil, que foi de 233,5% ao ano entre 1980 e 1989, subiu, na década seguinte, para 499,2%. Se você viveu naquela época, deve estar lembrado das famigeradas maquininhas de remarcar preços, que funcionavam a todo vapor nos supermercados, onde funcionários trocavam, duas ou mais vezes por dia, as etiquetas de preço das mercadorias nas gôndolas. Não raro, a mesma lata de óleo, caixa de leite ou outro produto qualquer tinha quatro ou cinco etiquetas sobrepostas, e os “espertinhos” removiam as mais recentes para escapara das remarcações. Valia tudo para economizar.

Os assalariados passaram a fazer “compras do mês” no dia do pagamento e lotar a despensa e a geladeira com artigos de primeira necessidade, ou não conseguiriam se abastecer. Com a hiperinflação na casa do 80%, o poder de compra do salário se deteriorava rapidamente, e os produtos chegavam a dobrar de preço de um mês para o outro. Era comum a venda de alguns artigos ser limitada a uma ou duas unidades por cliente, filas gigantescas se formarem nos caixas, produtos tabelados serem escondidos pelos comerciantes (visando forçar a liberação de aumentos) e postos de combustíveis fecharem antes do horário, alegando que seus estoques tinham acabado, no exato momento em que o governo anunciava novo reajuste nos preços. Enfim, era um descalabro.

O código de barras foi criado nos Estados Unidos em 1973 e adotado pelas grandes redes de supermercados tupiniquins em 1983. Com essa “nova” tecnologia, bastava alterar os preços no sistema para que eles entrassem automaticamente em vigor, já que os códigos eram lidos no caixa por um scanner a laser, e não mais registrados manualmente.

Observação: A adoção do código de barras facilitou sobremaneira a vida de comerciantes e consumidores. Com ele, em vez de digitar o preço a partir da etiqueta colada em cada item ― processo moroso e sujeito a falhas, já que era comum o funcionário digitar um algarismo a mais e o cliente acabar pagando, por exemplo e em valores atuais, R$ 39 por uma lata de óleo de R$ 3,90 ―, o caixa simplesmente escaneia o código impresso na embalagem e o valor correspondente é contabilizado. E o mesmo vale para contas de consumo, boletos bancários, e por aí afora, que, assim, podem ser pagos também nas máquinas de autoatendimento.

Infelizmente, maus comerciantes se habituaram a manter, nas gôndolas, etiquetas com preços que nem sempre correspondiam aos efetivamente cobrados. Essa “estratégia” continua sendo aplicada, e a discrepância quase sempre desfavorece os clientes. Por lei, havendo dois preços para o mesmo produto, paga-se o valor mais baixo, mas é difícil flagrar a sacanagem quando se chega no caixa com dezenas de mercadorias diferentes no carrinho. Recorrer às leitoras ópticas espalhadas pelos estabelecimentos ― que deveriam ser encontradas a cada quinze metros ― pode ajudar, mas elas nem sempre estão onde deveriam estar e, quando estão, nem sempre funcionam.

Para entender como a coisa funciona (a leitura do código, não a malandragem dos comerciantes), um scanner a laser direciona a luz sobre as barras e estas a refletem para um sensor, que as associa a um número, de acordo com a espessura de cada barra. Esses números podem ser catalogados de diversas formas, mas existem órgãos internacionais que definem o que cada um deles significa. Para facilitar, digamos que a terceira barra de um código remete ao fabricante do produto, e que, numa determinada mercadoria, seu valor seja “5”. Aí entram os órgãos de padronização, que especificam o que o valor 5 representa. Note, porém, que, para um produto fabricado nos EUA, por exemplo, ser vendido no Brasil, os dois países precisam observar a mesma relação entre números e características.

Os tipos de códigos de barras variam, mas os mais comuns são os UPC-A e os EAN-13, que têm 12 e 13 números, respectivamente. No UPC-A, o primeiro número identifica o local de fabricação do produto; o segundo ― que pode ser formado por vários dígitos ―, o fabricante; o terceiro, que também pode ser mais extenso, as características gerais da mercadoria (tais como nome, peso, etc.). O EAN-13 funciona basicamente do mesmo modo, mas a relação entre os números e as características são diferentes do UPC-A. Além disso, cada um desses modelos de código tem uma versão reduzida: a UPC-E suprime todos os zeros presentes nos códigos UPC-A, e a EAN-8 opera com apenas 8 dígitos.

A leitura desses códigos também pode ser feita por aplicativos disponíveis tanto para o sistema Android como para o iOS, que permitem usar o smartphone para decifrá-los (da mesma forma como os códigos QR, que funcionam mais ou menos da mesma maneira). No entanto, eles apenas traduzem os códigos em algarismos, o que não têm grande serventia: na maioria das embalagens, esse número é exibido logo abaixo das barras. Mesmo assim, a partir dele é possível recorrer ao banco de dados GTIN, mantido pelos mesmos órgãos reguladores retro citados, para identificar boa parte das informações que não sejam sigilosas.

Resumo da ópera: o código de barras nada mais é do que a representação gráfica da sequência de algarismos que vem impressa logo abaixo dele. Cada traço preto ou branco equivale a um bit (1 ou 0, respectivamente) e cada algarismo é sempre representado por sete bits. Uma barra escura mais grossa que as outras é, na verdade, a somatória de vários traços pretos, e o mesmo princípio vale para as barras brancas. Esse número funciona como uma espécie de RG do produto, ou seja, não existem dois produtos diferentes com o mesmo número. A vantagem é que as barras podem ser lidas mais rapidamente e sem risco de erros, ao contrário do que costuma acontecer quando digitamos a sequência numérica propriamente dita no teclado de um caixa eletrônico, por exemplo.

Na imagem que ilustra esta matéria ― reproduzida de um artigo publicado na revista Mundo Estranho ―, as três primeiras barras mais compridas (uma branca no meio de duas pretas) sinalizam que, a seguir, vem o código do produto. Note que as barras e seus respectivos algarismos não ficam alinhados ― por isso o número 7 vem antes das barras de sinalização. Esses três primeiros números (789) indicam que o produto foi cadastrado no Brasil, apesar de não necessariamente ter sido fabricado aqui. Cada país tem uma combinação própria. A da Argentina, por exemplo, é 779. A segunda sequência, que pode variar de quatro a sete algarismos, é a identificação da empresa fabricante. Esse número é fornecido por uma organização internacional (conforme já foi mencionado), de maneira a evitar possíveis repetições. A terceira sequência identifica o produto em si, e a numeração varia conforme o tipo, o tamanho, a quantidade, o peso e a embalagem do produto ― uma Coca-Cola em lata, por exemplo, tem uma sequência diferente da que se vê no produto em garrafa. O último número é um dígito verificador.

Ao ler todo o código do produto, o computador faz um cálculo complexo, somando, dividindo e multiplicando os dígitos anteriores. Se a leitura estiver correta, o resultado desse cálculo estranho é igual ao do dígito verificador.

LEITURA DO RELATÓRIO DE ABI-ACKEL NA CÂMARA ― SERÁ QUE VAI?

O Planalto moveu mundos e fundos (mais fundos do que mundos) para barrar a denúncia contra Temer na CCJ. Hoje, basta a presença de 51 parlamentares para que o deputado tucano Paulo Abi-Ackel leia seu parecer ― sem o que a denúncia contra o presidente não pode ser votada no Plenário.

O problema é que, para a votação ter início, é necessária a presença de 2/3 dos deputados. Então, embora governo precise de míseros 142 votos para enterrar a denúncia ― e os tem ―, a sessão de votação, prevista para amanhã, só pode ser iniciada quando 342 deputados estiverem presentes. O mesmo número de votos, aliás, de que precisa a oposição para reverter o resultado acochambrado na CCJ, onde o parecer do deputado Sérgio Zveiter foi descartado e o de Abi-Ackel, favorável a Temer, acabou sendo aprovado por 41 votos a 24 ― depois de uma escandalosa dança-das-cadeiras regada a quase R$ 2 bilhões em verbas parlamentares.

Nem o governo, nem a oposição tem condições de garantir o quórum de 2/3, e sem ele a votação não pode acontecer. Nesse entretempo, o PSDB não sabe se desembarca ou não do governo, Rodrigo Maia não sabe se conspira contra Temer ou se continua fingindo apoiá-lo, o Supremo não sabe se vai apreciar ou não a denúncia contra e, caso o faça, como seus ministros irão se posicionar a propósito ― dado o ineditismo da situação ― e a nação fica à deriva, ao Deus-dará.

Quanto à sociedade civil, de quem o governo espera apoio e compreensão, mais hora, menos hora o bicho vai pegar. Além do risco cada vez maior de ser assaltado em casa ou na rua, até quando o cidadão terá de se submeter aos achaques vergonhosos feitos por um Estado inchado, ineficiente e incapaz? Dados levantados pela ONG Avaaz dão conta de que 81% os entrevistados disse ser favorável à abertura de processo contra Michel Temer (para mais detalhes, clique aqui). E os deputados que votarem pelo sepultamento da denúncia precisarão de votos para se reelegerem no ano que vem.

Façam suas apostas.

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segunda-feira, 31 de julho de 2017

SMARTPHONE NA GELADEIRA? É FRIA!

POBRE, QUANDO METE A MÃO NO BOLSO, SÓ TIRA OS CINCO DEDOS. SE FOR O POBRE DE ARAQUE, A ALMA VIVA MAIS HONESTA DA GALÁXIA, TIRA SÓ QUATRO.

Houve tempos em que os computadores ocupavam salas inteiras e precisavam ser mantidos sob refrigeração forçada para funcionar. Hoje, bem mais leves e de dimensões bastante reduzidas, esses prodígios da tecnologia têm presença garantida em nossa mesa de trabalho (desktops e all-in-ones), mochila (notebooks), bolsa ou bolso (tablets e smartphones). Mas continuam sensíveis ao calor.

Em algumas regiões do Brasil, a temperatura pode facilmente passar dos 40ºC durante o verão e chegar ao dobro disso no interior do gabinete, daí ser importante manter desobstruídas as aletas (ranhuras) de ventilação dos desktops e notebooks e fazer uma limpeza interna de tempos em tempos). Nos modelos de mesa, qualquer pessoa minimamente experiente é capaz de abrir o gabinete para fazer a faxina (para mais detalhes, clique aqui e aqui), mas nos notebooks a história é outra (confira nesta postagem).

Se você costuma operar seu note no colo e o calor dissipado pelo aparelho chega a incomodar, colocar almofadas, mantas ou travesseiros sob ele é uma péssima ideia, pois isso pode bloquear a circulação do ar e elevar ainda mais a temperatura interna do portátil. Em ambientes fechados, nos dias de muito calor, vale até providenciar um suporte com cooler acoplado.

As consequências do superaquecimento podem ir de um simples travamento à fritura (literal) do processador ― ainda que os modelos de fabricação mais ou menos recente contam com chips que se desligam automaticamente quando a temperatura atinge o patamar pré-definido pelo fabricante. Para complicar, nem sempre é fácil diferenciar o aquecimento normal do superaquecimento, mas o zumbido do cooler girando na velocidade máxima durante muito tempo é um bom indicativo. E caso a tela escureça “do nada”, ou o computador travar quando você tenta abrir arquivos ou inicializar aplicativos mais pesados, ou ainda se ele reinicia sem mais aquela, fique esperto.

Como é sempre melhor prevenir do que remediar, vale a pena recorrer a um monitor dedicado, como o excelente Speccy ― que é oferecido gratuitamente pela Piriform (desenvolvedora do festejado CCleaner). Com esse programinha, basta um clique do mouse para conferir diversas informações sobre o hardware, dentre as quais a temperatura da CPU, da placa-mãe, do HD, e até mesmo da placa gráfica. Demais disso, evite sobrecarregar o processador e demais subsistemas da máquina executando e mantendo abertos muitos programas ao mesmo tempo ― ainda que o sistema seja multitarefa, você não é ―, sem falar que a maioria dos notebooks não é a melhor opção para jogar games radicais ou rodar aplicativos muito pesados (como os de editoração gráfica, por exemplo).

Nos smartphones e tablets, a exposição ao calor é agravada pelo fato de levarmos esse aparelho conosco a toda parte (inclusive à praia, onde o sol, potencializado pelo calor refletido pela areia, pode travar esse gadgets). Outro efeito do calor excessivo nesses aparelhos é reduzir a autonomia da bateria, que descarrega bem mais depressa quando exposta a altas temperaturas ― daí muita gente colocar o smartphone na geladeira por alguns minutos quando a bateria está “no osso” (funciona, mas não espere milagres e nem coloque o aparelho no freezer, pois a bateria não deve “congelar”).

Procure não esquecer o telefone dentro do carro quando estacionar sob o sol: além de potencializar o calor (que pode passar dos 60°C no interior do veículo), esse descuido costuma atrair a atenção dos amigos do alheio, além de causar problemas à bateria, danificar os displays de cristal líquido ou mesmo “enrugar” as partes plásticas do dispositivo.

Habitue-se a ativar recursos como Wi-Fi, 3G/4G e GPS somente se e quando você realmente os for utilizar. Mantê-los operantes o tempo todo aumenta o consumo de energia e sobrecarrega o processador, gerando ainda mais calor. Evite também rodar games ou outros app “pesados” quando o smartphone estiver exposto a altas temperaturas, e caso ele se torne instável, desligue-o imediatamente e deixe-o por alguns minutos num local onde a temperatura seja mais amena. Nesse caso, jamais coloque o aparelho na geladeira, pois o choque térmico só irá piorar a situação.

TEMER E SEU DIA “D”

O dia 6 de junho de 1944 ― data em que os aliados desembarcaram na costa da Normandia, dando início ao fim da Segunda Guerra Mundial ― ficou conhecido mundialmente como o “DIA D”. Já a versão tupiniquim será a próxima quarta-feira, dia 2 de agosto, quando o relatório do deputado Paulo Abi-Ackel, favorável a Michel Temer, deverá ser votado no plenário da Câmara.

Note que essa votação não condena nem absolve o presidente, apenas decide se a denúncia apresentada contra ele pelo procurador-geral Rodrigo Janot será ou não encaminhada ao STF. Para que seja, é preciso que 342 deputados (maioria qualificada de 2/3 dos 513 parlamentares) votem contra o parecer do relator. E para que Temer seja afastado (por 180 dias ou até a deliberação final), é necessário ainda que o Supremo acolha a denúncia. Do contrário, o assunto será encerrado ― ao menos até que Janot solte a próxima flecha, digo, a segunda das três denúncias que prometeu apresentar até 16 de setembro, quando será substituído no comando da PGR pelo hoje subprocuradora Raquel Dodge.

Observação: O deputado Sérgio Zveiter, relator da CCJ da Câmara, havia apresentado parecer favorável ao prosseguimento da investigação, mas aí a tropa de choque do Planalto entrou em ação, as torneiras do cofre foram abertas e os proxenetas da Casa cumpriram sua função. Segundo O GLOBO, nas duas semanas anteriores à votação na CCJ, o governo liberou R$ 15,3 bilhões, entre programas e emendas parlamentares. Com isso, o relator “hostil” foi trocado, boa parte dos membros da comissão foram substituídos por deputados alinhados com os interesses do presidente e o que era noite se fez dia, o que era água se vez vinho, o parecer de Zveiter foi para o lixo e o de Abi-Ackel foi aprovado por 41 votos a 24.

É nítida, portanto, a intenção de Temer de comprar o apoio de deputados venais como prostitutas nas zonas de baixo meretrício. Na CCJ, deu certo. Agora, haverá o enfrentamento decisivo. Quanto mais isso nos custará? Enquanto a equipe econômica peleja para manter o rombo orçamentário dentro da meta (com um déficit de R$ 139 bilhões) ― o que é uma missão quase impossível, devido à recessão, à pífia recuperação da economia, ao aumento das despesas e à redução das receitas ―, FrankensTemer reencarna Dilma, o Zumbi do Planalto, e faz “o diabo” para se manter no cargo, queimando os 5% de aprovação popular que lhe restam com o indecente aumento de impostos sobre os combustíveis. E não me venham dizer que não existe margem para corte nas despesas (se você não leu, leia o que eu escrevi nesta postagem).

Entrementes, especulações campeiam soltas: Janot vai fazer isso, o delator “x” vai contar aquilo, a tropa de choque do Planalto vai, a oposição não vai, o Supremo vai e não vai. Analistas políticos antecipam o fim do mundo várias vezes por dia, enquanto os congressistas gozam suas “merecidas férias de meio de ano”. Para suas excelências não há crise, desemprego ou preocupação com o preço dos combustíveis. Acho que esse povo nem imagina quanto custa o litro da gasolina, do álcool ou do diesel. Muito menos o preço da passagem do ônibus ou do metrô.

E assim la nave va, os cães ladram e a caravana passa. O atual governo mostrou o que sempre foi: a segunda parte da calamidade que foi o governo Dilma. Como bem ressaltou o jornalista J.R. Guzzo em sua coluna na edição de Veja desta semana, Temer continua sendo o ex-presidente que já é há tempos. Paga pelo que fez. Há quinze anos, ou sabe-se lá quantos, vive para servir o ex-presidente Lula e o PT, e para servir-se de ambos.

Os grandes amigos de ontem e inimigos de hoje deram de presente a Michel Temer tanto o cargo de vice quanto o desastre que vinham gestando desde que assumiram o comando do país, em 2003. A vida é dura. Não dá para ser vice de Dilma e acabar bem.

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domingo, 30 de julho de 2017

AINDA SOBRE MICHEL MIGUEL ELIAS TEMER LULIA



O presidente Michel Temer perdeu a primeira grande chance de fazer um favor ao Brasil em agosto do ano passado, quando Dilma foi definitivamente expelida da presidência. Mas não seria mesmo de se esperar a grandeza da renúncia de um vice que não só articulou o impeachment da titular, mas também foi seu maior beneficiário.

Num primeiro momento, a troca de comando pareceu alvissareira. O novo presidente sabia até falar ― um refrigério, considerando que passamos 13 anos ouvindo os garranchos verbais de um semianalfabeto e as frases desconexas de uma aculturada exótica que jamais foi capaz de juntar sujeito e predicado numa frase que fizesse sentido. Claro que seria impossível consertar o país da noite para o dia, dada a magnitude da crise parida pela anta vermelha. Mesmo assim, Temer conseguiu debelar a inflação (que rodava pelos 10% quando ele assumiu e agora está em torno dos 3%), reduzir de maneira “responsável” a taxa SELIC e aprovar a PEC dos gastos e a reforma trabalhista, apenas para citar os exemplos mais notórios.

Por outro lado, o prometido ministério de notáveis revelou-se uma notável agremiação de apaniguados corruptos ― que foram caindo à razão de um por mês, entre maio e dezembro do ano passado. No entanto, mesmo com a podridão aflorando no seu entorno, Michel seguia adiante, conduzindo a nau dos insensatos pelas águas revoltas da crise como um timoneiro experimentado. Sob seu comando, dizia, o Brasil chegaria são e salvo às próximas eleições e seria entregue fortalecido ao próximo dirigente. E a coisa até funcionou durante um tempo, a despeito da impopularidade outorgada ao peemedebista pela pecha da ilegitimidade ― o que é uma bobagem, pois quem queria Dilma presidente votou na Chapa Dilma-Temer, e como vice da anta, Michel era tanto seu substituto eventual quando o primeiro nome na linha sucessória presidencial ― o que ele fez para ser promovido a titular e o fato de seu governo ter degringolado já é outra conversa.

Dilma, sempre arrogante, intransigente e mouca à voz da razão, montou uma arapuca para si mesma, mas levou de roldão tanto os inconsequentes que a reconduziram ao Planalto, no pleito de 2014, quanto a parcela pensante dos brasileiros. Num monumental estelionato eleitoral, essa calamidade em forma de gente represou preços administrados, aumentou gastos com programas eminentemente eleitoreiros e “pedalou” a mais não poder. Seu apetite eleitoral, somado à irresponsabilidade fiscal, aumentou o inchaço da máquina pública e resultou na falência do Estado ― para se ter uma ideia, durante seu segundo mandato, enquanto a Casa Branca contava com 468 servidores, o Palácio do Planalto contabilizava 4 487 funcionários.

A nefelibata da mandioca repetiu na presidência o que fez com duas lojinhas de quinquilharias importadas, em meados da década de 90 (detalhes nesta postagem). Em setembro de 2015, nove meses depois do início de sua segunda gestão, o Orçamento já acumulava um rombo de R$ 30 bilhões ― algo nunca visto em toda a história deste país. Era o começo do fim: embora a justificativa oficial tenha sido as pedaladas fiscais, a deposição da petista foi resultado do conjunto da sua obra e da total falta de jogo de cintura no trato com o Congresso. E como desgraça pouca é bobagem, a cada dia que passa o governo de Michel Miguel Elias Temer Luria fica mais parecido com o de Dilma Vana Rousseff.

Quando a delação de Joesley Batista veio à lume, Temer perdeu a segunda grande chance de renunciar. Chegou a pensar seriamente em fazê-lo, mas foi demovido da ideia por Eliseu Padilha, Moreira Franco e outros assessores igualmente investigados ou suspeitos de práticas nada republicanas ― que perderiam os cargos e o foro privilegiado caso o presidente renunciasse. Assim, em seu primeiro pronunciamento à nação depois de o encontro clandestino com o moedor de carne bilionário ter sido revelado pelo jornalista Lauro Jardim, sua excelência afirmou enfaticamente que não renunciaria, e que o inquérito no STF seria o território onde surgiram as explicações e restaria provada sua inocência. E o que fez desde então? Mentiu descaradamente para justificar o injustificável, atacou seus acusadores e moveu mundos e fundos (especialmente fundos) para obstruir a denúncia. 

Agora, enquanto Michelle ma belle promove uma verdadeira liquidação de cargos e emendas para evitar evitar a instauração do inquérito contra sua real pessoa, diversos órgãos do governo ― dentre os quais a Câmara Federal ― estouram o teto de gastos. E não é para menos: sustentamos 30 ministérios com quase 100 mil cargos de confiança e comissionados ― cada senador tem direito a 70 assessores. Bancamos aluguéis, passagens, diárias, assistência médica, beleza e educação de ministros, parlamentares e seus familiares. O funcionamento do Congresso custa a “bagatela” de R$ 28 milhões por dia! Pagamos até as viagens de Dilma ― que só neste ano torrou R$ 520 mil em viagens para contestar o impeachment. E os demais ex-presidentes (Lula, Collor, FHC e Sarney) também têm suas viagens bancadas pelo Erário, além de contarem com um séquito de assessores e automóveis com motorista, combustível e manutenção bancados pelo suado dinheiro dos “contribuintes” (volto a essa questão mais adiante).

Dias atrás, o governo anunciou um Plano de Demissão Voluntária de servidores. Em teoria, faz sentido; basta circular pelos ministérios para ver que há pessoal em excesso. Na prática, porém, os resultados serão inexpressivos. E o pior é que, enquanto sobram afilhados de políticos ocupando cargos na estrutura pública, onde vagas são oferecidas em troca da fidelidade na votação da denúncia por corrupção, faltam servidores em áreas fundamentais ― como na Polícia Rodoviária Federal. Isso sem mencionar que políticos aliados que não conseguiram se eleger ganham polpudas remunerações nos altos escalões de estatais, de onde dão uma banana para o teto salarial e morrem de ri da crise e dos trouxas que sustentam suas mordomias.

Enquanto Michel Temer reedita os tempos sombrios em que Dilma agonizava ― só que com juros de agiota e correção monetária da era Sarney ―, a sociedade civil continua calada, pagando a conta de um governo que aumenta escandalosamente os impostos sobre os combustíveis para cobrir o rombo no Orçamento, mas torra R$ 2,5 bilhões com excesso de bagagem, carros oficiais e serviços de copa e cozinha. Só com despesas relacionadas com carros oficiais foram gastos mais de R$ 1,6 bi ― mais que o triplo da verba destinada ao Ministério do Meio Ambiente, por exemplo, que terá de se virar com cerca de R$ 440 milhões neste ano.

Mexer nesse vespeiro não bastaria para cobrir o rombo de R$ 139 bilhões nas contas públicas, mas seria uma alternativa ao aumento de impostos. Segundo o economista Gil Castelo Branco, do site Contas Abertas, o corte de despesa mostraria que o dinheiro público não está descendo pelo ralo. Mas o governo age como um obeso mórbido, que precisa fazer uma cirurgia bariátrica, mas opta por simplesmente tomar uma sauna ― e na saída, claro, festejar com uma cervejinha e uma travessa de batatas fritas. Afinal, ninguém é de ferro.

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sábado, 29 de julho de 2017

POPULARIDADE DE MICHEL TEMER CAI ABAIXO DO C* DO CACHORRO

CORRUPÇÃO NO BRASIL É COMO LENÇO DE PAPEL. VOCÊ PUXA UM E SAI UM MONTE.

A capital da República tupiniquim merece mesmo o epíteto de Brasilha da Fantasia. Fisicamente localizado no planalto central, o Distrito Federal mais parece um exoplaneta, de onde é impossível enxergar o que se passa no resto do país. Veja o leitor que nosso conspícuo presidente, em sua recente viagem à Alemanha, chegou a dizer que não existe crise econômica no Brasil (?!), a despeito dos quase 14 milhões de desempregados contabilizados nas últimas pesquisas.

Falando em pesquisas, a mais recente, realizada ANTES DO AUMENTO DOS COMBUSTÍVEIS, dá conta de que a avaliação do governo Temer vai de mal a pior. Seus índices de impopularidade superam os de Sarney no ápice da hiperinflação e rivalizam com os de Dilma às vésperas do julgamento do impeachment. Uma proeza invejável, mas que não surpreende, até porque, com os políticos que estão aí, não há nada tão ruim que não possa piorar.

Falando em Temer e sua desditosa antecessora, as semelhanças entre ambos estão cada vez mais evidentes. Quando estava cai-não-cai, a anta vermelha tentou comprar votos dos parlamentares para escapar da cassação ― na verdade, Lula montou um balcão de trocas de cargos e verbas por votos ― mas não funcionou, e ela levou um merecido pé na bunda. Temer se valeu do mesmo expediente no mês passado, quando liberou quase R$ 2 bilhões em emendas parlamentares, para comprar o apoio das marafonas da Câmara ― políticos que se vendem como damas da noite em zonas de baixo meretrício. É certo que conseguiu votos suficientes para mudar seu destino na CCJ, mas nada garante que conseguirá o mesmo resultado no próximo dia 2, quando o quórum necessário para iniciar a votação é de 342 deputados.

Observação: Nunca é demais lembrar que Michel Temer afirmou enfaticamente que o inquérito no STF seria o território onde ele provaria sua inocência, e que iria determinar agilidade nas apurações, e coisa e tal, mas o que vem fazendo desde então é mover mundos e fundos (principalmente fundos) para sepultar a denúncia.

Dilma chegou à presidência de carona com a popularidade de Lula, que a escolheu para manter o trono aquecido até poder se candidatar novamente. Isso porque José Dirceu e Antonio Palocci já não “estavam disponíveis” (por motivos que todos nós conhecemos), e Marina Silva dificilmente se deixaria manobrar como a anta vermelha.

Assim, Dilma, que sem saber atirar virou modelo de guerrilheira, sem ter sido vereadora virou secretária municipal, sem passar pela Assembleia Legislativa virou secretária de Estado, sem estagiar no Congresso virou ministra, sem ter inaugurado nada de relevante fez pose de gerente de país, sem saber juntar sujeito e predicado virou estrela de palanque, adicionou a seu invejável currículo o fato de, sem ter tido um único voto na vida, virar candidata a presidente da República e, pior, ser eleita em 2010 e reeleita em 2014 (isso é o que acontece quando um país não prioriza a educação).

Temer formou-se advogado, especializou-se em Direito Constitucional e iniciou a carreira política como secretário de Segurança Pública de São Paulo, em 1985. No ano seguinte, elegeu-se deputado constituinte pelo PMDB, foi reeleito deputado federal, presidiu a Câmara por três vezes e o partido durante mais de 15 anos. Foi escolhido por Lula para ser vice de Dilma quando Henrique Meirelles ― que era presidente do Banco Central e hoje, por uma dessas ironias do destino, comanda a pasta da Fazenda ― enfrentou forte resistência dentro do próprio PMDB. Permaneceu como vice ― um vice decorativo, como ele próprio costumava dizer ― durante os quase 2.000 dias em que a mulher sapiens ocupou a presidência, compactuando com todos os seus malfeitos e se beneficiando do dinheiro sujo que irrigou ambas as campanhas, notadamente a de 2014.

Com Eduardo Cunha ― então presidente da Câmara e hoje hóspede involuntário do complexo médico penal de Pinhais, em Curitiba ―, Temer articulou o impeachment da presidenta. Com o afastamento dela, em maio de 2016, assumiu interinamente o comando da nação. Foi efetivado cerca de 3 meses depois, quando a desinfeliz acabou sendo devida e definitivamente expelida do Planalto, e foi esse o momento em que  perdeu sua primeira grande chance de renunciar.

Amanhã eu conto o resto.

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sexta-feira, 28 de julho de 2017

POR QUE REINICIAR O COMPUTADOR? ― Conclusão.

DIGA-ME COM QUEM ANDAS E EU DIREI SE VOU CONTIGO.

Complementando o que foi explicado no post anterior, mas sem descer a detalhes técnicos que transcenderiam o escopo as possibilidades desta matéria ― e mais complicariam do que esclareceriam o assunto ―, vale dizer que:

Alguns dos principais arquivos do Windows (dentre os quais o Registro) ficam bloqueados quando o sistema está carregado, e uma vez que diversos procedimentos ― como a instalação de drivers ou as atualizações do próprio sistema operacional, apenas para ficar nos exemplos mais notórios ― precisam acessar esses arquivos, a reinicialização do computador é necessária para a validação das alterações.

Na hipótese de problemas meramente pontuais, reiniciar o aparelho é mais prático e rápido do que tentar descobrir as causas da anormalidade ― aliás, se o aborrecimento não se repetir, sua causa é irrelevante, embora erros recorrentes devam ser investigados a fundo, mas isso já outra história. 

Tanto o sistema quanto os aplicativos e arquivos que manipulamos quando operamos o computador, o smartphone, etc. são carregados na memória RAM, e mesmo que o Windows, em suas edições mais recentes e em determinadas versões, seja capaz de reconhecer e gerenciar centenas de gigabytes de memória RAM, a maioria dos PCs dispõe de algo entre 6 GB e 8 GB, e à medida que esse espaço vai sendo ocupado, a memória virtual entra em ação para evitar as aborrecidas mensagens de memória insuficiente (que eram recorrentes nas edições antigas do Windows). No entanto, a memória virtual é apenas um paliativo, e por ser baseada no disco rígido (que é muito mais lento que a RAM), ela reduz drasticamente o desempenho global do sistema. Então, para restabelecer o status quo ante, encerre os programas ociosos. Caso isso não resolva o problema, reinicie o computador, pois a RAM é volátil e os dados que armazena “evaporam” no instante em que o fornecimento energia é interrompido.

Observação: Todo programa em execução ocupa espaço na memória, mas alguns não liberam esse espaço quando são finalizados. Outros, ainda, tornam-se gulosos durante a sessão e vão se apoderando de mais e mais memória. O resultado é lentidão generalizada e, em situações extremas, travamentos, às vezes acompanhados de uma tela azul da morte. A boa notícia é que na maioria das vezes o computador volta ao normal após ser desligado e religado depois de um ou dois minutos.

Costuma-se dizer que reinicializações frequentes reduzem a vida útil do HD, o que não deixa de fazer sentido. No entanto, esse dispositivo é dimensionado para suportar milhares de ciclos liga/desliga. De modo geral, na improvável hipótese de você reiniciar sua máquina 20 vezes por dia, seu HD só deve dar os primeiros sinais de fadiga depois de uns cinco ou seis anos, ou seja, quando já estiver mais que na hora de você comprar um PC novo.

Observação: Ainda que deixar o computador em standby ou em hibernação seja vantajoso em determinadas circunstâncias, até porque a máquina "desperta" mais rapidamente do quando é religada depois de um desligamento total, prolongar uma sessão do Windows por dias a fio (mesmo que ela seja seccionada por suspensões e/ou hibernações) resultará fatalmente em lentidão ou instabilidades que acabarão levando a um crash total. Portanto, não se acanhe em reiniciar a máquina ao menor sinal de problemas iminentes.

Conforme foi dito em outras postagens, DLL é a sigla de Dynamic Link Library e remete a uma solução (desenvolvida pela Microsoft) mediante a qual as principais funções usadas pelos aplicativos são armazenadas em "bibliotecas" pré-compiladas e compartilhadas pelos executáveis. Assim, quando um programa é encerrado, os arquivos DLL que ele utilizou permanecem carregados na memória, dada a possibilidade de esse mesmo aplicativo voltar a ser aberto ou de o usuário executar outros programas que compartilham as mesmas bibliotecas. Mas isso acarreta um desperdício significativo de RAM e, consequentemente, aumenta o uso do swap-file (arquivo de troca da memória virtual). Como a RAM é volátil, a reinicialização “limpa” os chips de memória, fazendo com que o sistema ressurja lépido e fagueiro (ou nem tanto, dependendo do tempo de uso e da regularidade com que o usuário executa os indispensáveis procedimentos de manutenção).

Observação: Reiniciar um aparelho consiste basicamente em desligá-lo e tornar a ligá-lo logo em seguida. O termo reinicializar não significa exatamente a mesma coisa, mas o uso consagra a regra e eu não pretendo encompridar este texto discutindo questões semânticas. Interessa dizer é que desligar o computador interrompe o fornecimento da energia que alimenta os circuitos e capacitores da placa-mãe e demais componentes, propiciando o "esvaziamento" das memórias voláteis. Já quando recorremos à opção "Reiniciar" do menu de desligamento do Windows, o intervalo entre o encerramento do sistema e o boot subsequente pode não ser suficiente para o esgotamento total das reservas de energia, razão pela qual, para não errar, desligue o computador e torne a ligá-lo depois de alguns minutos sempre que uma reinicialização se fizer necessária.

O que foi dito nesta sequência de postagens se aplica ao PC, mas, guardadas as devidas proporções, vale também para smartphones, tablets e outros dispositivos eletroeletrônicos comandados por um sistema operativo, por mais simples que ele seja.

TEMER, O INCANSÁVEL TRABALHADOR

Desde maio do ano passado, quando assumiu o timão da nau dos insensatos, Michel Temer nunca trabalhou tanto como nas últimas semanas. Pena que esse afã não visasse aos interesses da nação, mas apenas a evitar a abertura do inquérito no supremo que pode torná-lo mais um candidato a hóspede do sistema penitenciário tupiniquim com escala no gabinete mais cobiçado do Palácio do Planalto. Afinal, Lula já está bem encaminhado nessa direção, Dilma deve segui-lo em breve e os atuais presidentes da Câmara e do Senado não tardam a seguir pela mesma trilha, já que ambos são investigados na Lava-Jato e ainda não se tornaram réus porque, no STF, as denúncias avançam a passo de cágado perneta.

E o pior é que, no Supremo, as coisas se arrastam mesmo depois da condenação. Prova disso é o fato de Paulo Maluf continuar livre, leve e solto, a despeito de ter sido condenado pela 1ª Turma a 7 anos, 9 meses e 10 dias de prisão por lavagem de dinheiro (com início da pena em regime fechado), além de pagamento de multa e perda do mandato de deputado federal. A decisão foi proferida em maio, mas até agora não surtiu qualquer efeito.

Talvez os ministros estejam confiantes de que Maluf seja preso pela Interpol ― vale lembrar que a Corte de Apelações de Paris condenou o conspícuo deputado a três anos de prisão e pagamento de multa de 200 mil euros, além de determinar o confisco de 1,84 milhão de euros. Sua esposa, Silvia Lutfalla Maluf, também foi condenada a três anos, com multa de 100 mil euros. Mas para isso o turco lalau terá de sair do país, já que o Brasil não extradita seus cidadãos. Muito conveniente, né?

Voltando a Michel ma belle: para comprar o voto das marafonas do parlamento, que se vendem como prostitutas em bordéis da boca-do-luxo, somente neste mês o presidente liberou cerca de R$ 2 bilhões em emendas (valor equivalente ao total de todo o primeiro semestre). Isso quando a previsão é de que as contas públicas fechem o ano com um rombo de R$ 140 bilhões ― ou um pouco menos, já que, para fazer caixa, sua insolência resolveu se espelhar em sua abilolada antecessora e tascar um tarifaço de impostos nos combustíveisA liminar do juiz federal Renato Borelli, que anulava o aumento, já foi derrubada pelo desembargador Hilton Queiroz, presidente do TRF1. Cabe recurso, naturalmente, mas aí a decisão final fica sabe lá Deus para quando, e mesmo que a medida presidencial seja cassada, o governo certamente encontrará maneiras de escorchar o contribuinte e forçá-lo a pagar a conta de sua incompetência, até porque, pelo visto, cortar gastos está fora de cogitação.

Da sociedade, Temer e seus comparsas esperam boa vontade, solidariedade e compreensão. Faz sentido: se o cidadão já é assaltado por bandidos cotidianamente, por que não ser assaltado também por um Estado inchado, ineficiente e incapaz?

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quinta-feira, 27 de julho de 2017

POR QUE REINICIAR O COMPUTADOR (OU O TABLET, OU O SMARTPHONE)?

TUDO É RELATIVO: O TEMPO QUE DURA UM MINUTO DEPENDE DE QUE LADO DA PORTA DO BANHEIRO VOCÊ ESTÁ.

Os computadores evoluíram muito desde o ábaco dos antigos egípcios, mas mais ainda e muito mais depressa nas últimas duas ou três décadas. Até o final dos anos 1960, a computação pessoal era apenas um sonho distante. Thomas Watson, presidente da gigante IBM, saiu-se, em meados dos anos 1940, com a seguinte pérola: “Eu acredito que há mercado para talvez cinco computadores”. Claro que naquela época essas máquinas maravilhosas ainda eram gigantescos mainframes, que jamais caberiam numa residência comum. Mas as previsões continuaram cambaias durante anos. Ken Olsen, presidente e fundador da Digital Equipment Corp., disse em 1977: “Não há nenhuma razão para alguém querer um computador em casa” ― e viveu tempo suficiente para se arrepender amargamente da sua falta de previsão.

O fato é que os PCs atuais (e não estou falando apenas em desktops e notebooks, mas também nos tão populares tablets e smartphones, que são os verdadeiros “microcomputadores”) já não ocupam salões enormes ou precisam ser mantidos sob forte refrigeração como os gigantescos computadores usados quase que exclusivamente por órgãos governamentais e grandes corporações até o início da década de 80. Mesmo assim, essas maravilhas da tecnologia ainda não atingiram a perfeição (e provavelmente jamais atingirão, embora venham chegando cada vez mais perto disso).

Computadores como os conhecemos, seja o tradicional modelo de mesa, seja um portátil ou um ultra portátil, são comandados por um sistema operacional e trabalham com aplicativos. Esses programas são criados e desenvolvidos por seres humanos, e se somos todos falíveis, o mesmo se aplica a eles, daí a necessidade de os mantermos atualizados, pois, durante seu ciclo de vida, os softwares costumam receber correções e atualizações que não só os deixam mais seguros, mas também lhes agregam novos recursos e funções.

Por outro lado, a maneira como tudo isso funciona, com o sistema e os programas sendo armazenados de forma persistente na memória de massa e de lá carregados para a memória física (RAM) pelo processador ― tido e havido como o cérebro do computador ― continua sendo basicamente a mesma do início da era PC, a despeito de o hardware ter evoluindo significativamente e se tornado mais poderoso e eficiente a cada nova versão. Do ponto de vista do sistema operativo, a substituição do Windows 9x/ME pelo XP, na virada do século, trouxe melhorias notáveis. Ainda assim, instabilidades, congelamentos e travamentos ainda podem ocorrer, mesmo que com uma frequência muito menor do que ocorriam nos anos 90.

Conforme eu já comentei em dezenas de postagens, o grande vilão dessa história nem sempre é o hardware ou o Windows, e sim o uso de drivers da placa-mãe, chipset e dispositivos problemáticos ou inadequados, aplicativos conflitantes com o sistema ou com outros aplicativos, e por aí vai. O lado bom da história é que uma saudável reinicialização geralmente repõe o bonde nos trilhos, seja no PC de mesa, seja nos notebooks, smartphones e tablets ― e, por que não dizer, nos modems, roteadores, impressoras, decoders de TV por assinatura e dispositivos eletrônicos assemelhados.

Observação: Reiniciar o computador também é uma etapa indispensável para a correta instalação de uma vasta gama de aplicativos, reconhecimento de novos componentes de hardware, validação de atualizações de software e diversas tarefas de manutenção.

Concluímos amanhã. Um ótimo dia a todos e até lá.


ESTÃO BRINCANDO COM FOGO. VÃO ACABAR SE QUEIMANDO.

Petistas, peemedebistas e maus políticos de outras agremiações preparam um golpe para outubro. No debate sobre o novo Código de Processo Penal na Câmara, numa clara mobilização para reprimir a Lava-Jato e salvar seus rabos sujos, suas insolências discutem mudanças nas regras de delação premiada, prisão preventiva e condução coercitiva, além da revogação do entendimento de que as penas podem começar a ser cumpridas após a condenação em segunda instância (matéria já pacificada pelo STF, mas se a alteração for votada, aprovada e inserida no novo CPP, fica o dito pelo não dito).

O deputado petista Vicente Cândido, relator do projeto da (eterna) reforma política, escamoteou em seu parecer uma regra que visa aumentar 16 vezes o período de imunidade temporária desfrutada por candidatos, que, atualmente, não podem ser presos ― a não ser em flagrante delito ― a partir do 15º dia que antecede ao da eleição. Por razões óbvias, essa proposta foi batizada de “Emenda Lula” ― o deputado e o deus pai da petralhada são amigos de longa data, desde antes da fundação do PT ―, mas Cândido garante que o filho do Brasil e alma viva mais honesta da galáxia não sabia de nada, que o apelido é pura maldade da mídia. Só faltou explicar como e por que resolveu incluir em seu relatório essa emenda estapafúrdia dois dias depois da condenação de Lula em primeira instância.

Outros participantes da comissão da reforma política dizem que não foram consultados sobre a mudança e classificam a proposta de indecente. “Daqui a pouco a candidatura vai ser um passe livre para bandido. (...) Não fui consultado e vou votar contra. É apenas uma tentativa de blindar bandido para se candidatar”, disse o deputado Espiridião Amin.

Na avaliação do deputado tucano Betinho Gomes, a proposta do colega petista é uma "provocação", e, assim como Amin, diz que votará contra. “Na condição de relator, ele pode apresentar qualquer coisa, inclusive esse abuso. Isso é um achincalhe, uma provocação. É um escárnio com a sociedade, algo que foge totalmente ao bom senso ―, afirmou o tucano.

A postura de nossos conspícuos parlamentares é estarrecedora. Se isto aqui fosse um país sério, nenhum deles receberia um voto sequer (além do próprio e de familiares, naturalmente) nas próximas eleições, quando, além do presidente da Banânia, serão eleitos (ou reeleitos, considerando os que tencionam continuar mamando nas tetas do Congresso) todos os 513 deputados federais e 2/3 dos 81 senadores. Brasília parece um mundo à parte, um planeta distante, de onde não se vê e nem se sabe o que se passa no restante do país.

Semanas atrás, para obstruir a votação da reforma trabalhista, a senadora petista Gleisi Hoffmann ― ré na Lava-Jato e atual presidente do PT ― e outras quatro colegas “de esquerda” se abancaram na mesa diretora do Senado por mais de 6 horas, numa cena de pura poesia revolucionária orquestrado à socapa pelo ex-guerrilheiro de festim e ora presidiário (temporariamente em prisão domiciliar, mas ainda assim presidiário) José Dirceu.

A reforma acabou passando, mas o mais estarrecedor foi saber que, durante todo o motim, as bravas senadoras lutavam pelos direitos da mulher trabalhadora obedecendo por telefone às instruções do presidente da CUT. Para um país que mal superou o trauma de ter como primeira presidente mulher uma besta teleguiada pelo padrinho ― aliás, Dilma também telefonou para prestar solidariedade às cumpanhêras senadoras ―, o protesto feminista com controle remoto masculino foi algo lamentável.

Basta por ora. O resto fica para uma próxima postagem. 

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