quarta-feira, 28 de março de 2018

A SUPREMA SAFADEZA E O MECANISMO


Devido a outros compromissos, não pude terminar o texto que pretendia publicar nesta quarta-feira (fica para amanhã). Em vez dele, segue o excerto de um artigo de Fernando Gabeira.

(...) O sistema de corrupção no Brasil tem sido apresentado como um mecanismo: envolve políticos que fraudam licitações, empresas que superfaturam, e devolve uma parte aos partidos políticos.

A decisão que o Supremo vai tomar [no próximo dia 4] pode agregar um novo elemento a esse mecanismo. É possível desviar dinheiro público, por exemplo, e seguir em liberdade com a esperança mais do que justificada da prescrição da pena. Isso mantém de pé um edifício moralmente arruinado, mas difícil de ser batido.

Uma outra engrenagem do mecanismo foi acionada com a reforma política, em que os partidos garantem sua continuidade através de farto dinheiro público. É um muro contra as mudanças.

Li que a impossibilidade de prender após segunda instância existe apenas no Brasil. É uma jabuticaba revestida de um discurso de proteção da liberdade do indivíduo.

O mecanismo, cujas rodas deslizam sobre a imensa jabuticaba, tornou-se um aparato de poder singular que sobrevive apesar das evidências de que a sociedade o rejeita. 

Com o muro construído em torno de mudanças, é impossível que saia alguma coisa do Congresso, pois grande parte dele depende de longos recursos judiciais para seguir em liberdade.

Aparentemente, a roda rodou. Mas ainda há algumas instituições funcionando, e o poder que a sociedade pode exercer por meio da transparência.

Do ponto de vista de um mecanismo que se desloca solidariamente, o sistema segue o mesmo. No entanto, a sociedade não é a mesma depois da Lava-Jato: cresceu a consciência de que a lei deve valer para todos.

Ainda preciso de um pouco de tempo para refletir sobre as consequências do que me parece um novo momento. Uma delas é uma possível radicalização, com frutos para os extremos.

Isso prenuncia eleições tensas, soluções simples. O Brasil teve 60 mil assassinatos em um ano. É um tema que deveria nos unir ou, pelo menos, nos aproximar. Infelizmente, não temos sabido achar um caminho de acordo sobre como reduzir essas mortes ou mesmo como puni-las adequadamente.

Sobreviver para combater a engrenagem é uma forma de viver, embora não a única. O abismo que separa o sistema da sociedade, e de algumas instituições que a respeitam, será rompido um dia, mesmo que não se saiba precisamente como nem quando vai se romper.

É uma necessidade histórica que acaba abrindo seu caminho. De qualquer forma, os anos difíceis que pareciam longos parecem ganhar agora um novo fôlego.

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O MALWARE E OS SMARTPHONES (CONCLUSÃO)


UMA PESSOA INTELIGENTE RESOLVE UM PROBLEMA, MAS O SÁBIO O PREVINE.


Vimos que (e porque) é importante proteger o smartphone com um app de segurança, mas só isso não basta. No mínimo, você deve instalar somente aplicativos fornecidos pelas lojas oficiais, como a Play Store e a App Store, já que a maioria das infecções decorre da instalação de apps “contaminados” (a rigor, existe a possibilidade de você instalar um software problemático mesmo que baixe da loja oficial da sua plataforma, mas as chances de isso acontecer são bem menores). Atente também para as permissões que esses programinhas solicitam durante a instalação; não faz sentido, por exemplo, um app de notícias que você esteja instalando pedir acesso à câmera do aparelho ou à sua lista de contatos.

Observação: Um levantamento feito pela empresa de segurança digital ESET em 2015 deu conta de que 24% dos malwares para smartphones eram “cavalos de troia”, e boa parte deles vinha escondida em apps baixados das lojas oficiais (o risco é maior para usuários do Android, conforme eu já comentei, mas você não está livre do perigo apenas por utilizar um iPhone). Isso sem mencionar que ransomwares ― pragas que “sequestram” os aparelhos e cobram resgates dos usuários ― também se propagam por SMS, email, redes sociais (com destaque para o popular WhatsApp) e até por Bluetooth.

Por essas e outras, com tantos relatos de ataques de vírus, malwares e roubo de dados, é preciso botar as barbichas de molho. Não existe solução mágica, a não ser, naturalmente, deixar de usar o smartphone. Mas é possível tomar algumas medidas para manter a segurança em patamares, digamos, aceitáveis. Dentre outras coisas:

― Mantenha o sistema operacional do aparelho atualizado. Quando a Apple ou o Google disponibilizarem atualizações para seu aparelho, instale-as o quanto antes. Muitas vezes, o propósito dessas atualizações não é adicionar recursos e funções ao sistema, mas sim corrigir bugs e brechas de segurança (vulnerabilidades).

― Explore as opções de acesso oferecidas pelo seu aparelho. Caso não haja soluções sofisticadas, como impressão digital ou reconhecimento facial, crie uma senha forte, mas que seja fácil de lembrar. Jamais use senhas óbvias, como aniversários, sequências numéricas (1234, por exemplo) ou letras que formem palavras, como o nome do seu time do coração ou de seu bichinho de estimação (mais informações nesta postagem). No Android, toque em Configurações (ícone de uma engrenagem) > Segurança > Bloqueio de Tela (dependendo da marca do aparelho e da versão do sistema, o caminho pode não ser exatamente esse, mas já dá para o leitor ter uma ideia) e defina se o desbloqueio deve ser feito através de um padrão, um código PIN ou uma senha alfanumérica. Em seguida, configure o tempo que o celular deve esperar até bloquear novamente o acesso.

Observação: Nunca divulgue sua senha, nem mesmo para parceiros, filhos ou amigos próximos. Em público, verifique se ninguém está “de butuca” quando você inserir sua senha, e evite fazê-lo perto de câmeras de circuito fechado, já que nunca se sabe quem está observando do outro lado (pode parecer paranoia, mas é apenas precaução).

― O Google é menos rígido em relação à segurança do que a Apple (permitindo a instalação a partir de sites externos, inclusive). Portanto, leia os comentários dos usuários na página do próprio aplicativo ― e de sites confiáveis, como o Tecmundo e o Techtudo ― antes de baixar programas de terceiros.

― Configurações ou apps permitem que você bloqueie seu aparelho e/ou apague os dados remotamente, o que pode ser útil em caso de perda ou roubo. Nos modelos mais recentes, é possível controlar o iPhone através do “Buscar iPhone”, no iCloud, e o Android, através da sua conta no Google.

― Usar conexões Wi-Fi públicas pode ser uma ideia atraente (pois você economiza seu plano de dados), mas elas são inseguras, pois geralmente dispensam senha ― quando não, basta perguntar ao funcionário da loja, do consultório, do restaurante, do food truck, etc. (por incrível que pareça, eu já vi caminhões de lanche com a plaquinha de Wi-Fi gratuita). Você pode reduzir o risco recorrendo a uma VPN (Virtual Private Network; mais detalhes nesta postagem), que direciona o tráfego para conexões criptografadas. Mesmo assim, evite fazer logins em geral e, em especial, realizar transações bancárias ou compras online se estiver conectado através de uma rede pública.

― Desabilite Wi-Fi, Bluetooth e GPS quando não for utilizá-los. Essas conexões não só consomem carga da bateria como também permitem que hackers localizem o celular através de um simples escaneamento (para saber como desativar os recursos, leia as instruções no manual do usuário ou consulte a ajuda do fabricante do aparelho).

― Não permita que seu navegador faça login automático em sites que exigem essa medida de segurança. Por mais prático que seja, sempre existe o risco de facilitar a vida dos ladrões de dados, já que qualquer pessoa que tiver acesso ao aparelho poderá abrir o navegador e utilizar ou coletar essas informações. Se tiver dificuldade em memorizar as senhas, instale um gerenciador ― como o Avast Passwords, que cria palavras-chave complexas e as sincroniza e em todos os seus dispositivos (Windows, Android e Mac, etc.); na versão paga, ele informa ainda se alguma de suas senhas vazou na internet.

― Não deixe seu aparelho “dando sopa” no escritório, no restaurante, enfim... Aliás, habitue-se a fazer backups de dados confidenciais/importantes/comprometedores, armazená-los no computador, num HD externo, pendrive ou mesmo na nuvem, e depois apaga-los da memória do smartphone (fotos, por exemplo, podem revelar muitas coisas sobre você). E não deixe de reverter o telefoninho às configurações de fábrica quando for vendê-lo, doá-lo ou passá-lo adiante de alguma outra maneira (para mais detalhes, acesse esta postagem).

Era isso, pessoal Espero ter ajudado.

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terça-feira, 27 de março de 2018

O JULGAMENTO DOS EMBARGOS DECLARATÓRIOS DE LULA



No comecinho da tarde de ontem, enquanto o céu desabava na zona sul de Sampa, a 8.ª Turma do TRF-4 julgava em Porto Alegre os embargos de declaração interpostos pela defesa de Lula contra a condenação envolvendo o célebre tríplex no Guarujá. Como era esperado, os desembargadores rejeitaram o recurso por unanimidade, e Lula só não está na cadeia devido à liminar (estapafúrdia e vergonhosa) concedida pela banda podre do STF no último dia 22.

Os magistrados concordaram em ajustar pontos específicos de alguns trechos do acórdão, como o nome da OAS, da OAS Empreendimentos e do Instituto Lula. Ainda assim, preso ou solto, Lula não poderá disputar eleições pelos próximos 8 anos.

Antes de recorrer aos tribunais superiores (STJ e STF), a defesa do molusco pode ingressar com os chamados “embargos dos embargos”. Não obstante, ficaria evidente que seus objetivos são nitidamente protelatórios, o que reduzira a zero as chances de o apelo ser acolhido. Enfim, no dia 4 de abril o plenário do Supremo voltará a se reunir para julgar o mérito do habeas corpus do petista ― ou pelo menos é o que se espera ―, e aí então teremos uma definição.

Vale lembrar que Lula é réu em mais 6 ações criminais, sendo que 2 delas tramitam na 13.ª Vara Federal de Curitiba. Terminada a novela dos embargos no TRF-4 ― e do bendito habeas corpus preventivo no STF ―, é possível que pelo menos um desses processos venha a ser julgado no mês de abril.

Na mesma sessão em que rejeitou os embargos de Lula, a 8.ª Turma do TRF-4 rejeitou também um recurso semelhante interposto pela defesa do ex-deputado Eduardo Cunha, que está preso preventivamente desde outubro de 2016 e ainda tem outro recurso pendente de julgamento na segunda instância ― um embargo infringente, que, diferentemente do declaratório, tem possibilidades reais de alterar o resultado de um julgamento, mas ainda não há data marcada para sua apreciação.

Cunha foi condenado pelo juiz Sérgio Moro a 15 anos e quatro meses de prisão, por participação em um esquema de corrupção na compra de um campo de petróleo em Benin, na África, pela Petrobras. Em novembro do ano passado, a condenação foi confirmada pelo TRF-4, que, no entanto, reduziu a pena para 14 anos e seis meses de prisão.

Volto amanhã com outras considerações, inclusive sobre as famigeradas ADCs 43 e 44, que estão sob a relatoria de certo ministro que parece desconhecer prioridades e agora reclama de ter sido “crucificado” pelo adiamento do julgamento do HC de Lula.

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O MALWARE E OS SMARTPHONES (PARTE 4)


A VIDA É UMA TRAGÉDIA QUANDO VISTA DE PERTO, MAS UMA COMÉDIA QUANDO VISTA DE LONGE.

Prosseguindo com as sugestões de antivírus para smartphones (e tablets, que não são objeto desta postagem, mas também estão sujeitos à ação de malwares, já que são comandados pelos sistemas móveis do Google e da Apple), seguem mais algumas dicas para você proteger seu aparelho. Antes, porém, um esclarecimento que me parece oportuno: no alvorecer da computação pessoal, o Windows era o alvo preferido dos criadores de pragas (devido à sua enorme popularidade), o que levou muita gente a dizer que os computadores da Apple eram imunes a vírus. Mas existem, sim, malwares desenvolvidos especificamente para MacOS, iOS e até para o Linux, embora em número menor do que os que atacam PCs com Windows e dispositivos móveis com Android (que são muito mais populares).

Há diversas opções de apps de segurança para o iPhone, dentre as quais eu sugiro o McAfee Mobile Security ― clique aqui para saber mais e baixar a versão de testes, que pode ser usada gratuitamente por 30 dias. O programa não é exatamente um antivírus, mas uma espécie de “cofre” protegido por senha, com recursos adicionais que, em caso de perda, ajudam a localizar o iPhone, além de uma ferramenta para fazer backup (no iCloud) dos arquivos guardados no tal cofre.

Observação: Na App Store, o McAfee Mobile Security é classificado como gratuito e pode ser compartilhado por até 6 usuários com o Compartilhamento Familiar ativado, mas exige o iOS 9 ou posterior (clique aqui para mais detalhes). Como os produtos da empresa da Maçã não são a minha praia, sugiro que você obtenha mais informações, caso se interesse em baixar esse app no seu iPhone.

Já o Avira Free Antivírus para iPhone monitora o e-mail do usuário em busca de links e anexos potencialmente perigosos, além de manter uma base de dados de alertas de invasão a servidores e avisar se a caixa de correio de algum contato foi comprometida. Sua interface é simples e inclui um gestor de memória e um localizador de dispositivo, que pode trabalhar em conjunto com o Find My iPhone. O programa é gratuito, tanto no site do fabricante quanto na App Store.

O Lookout, gratuito tanto para iOS quanto para Android, é tido como um dos melhores apps de segurança para dispositivos móveis. Ele previne que as informações e a privacidade do usuário sejam invadidas, protege o sistema contra vírus, spyware e malware, ajuda a fazer backups de informações e rastreia o smartphone com uma precisão extraordinária (além de disparar um alarme tipo sirene). No que à proteção contra pragas, o programinha verifica também aplicativos novos à medida que o usuário os instala. Para mais detalhes e download da versão para iOS, clique aqui; se seu sistema for Android, clique aqui.

Por último, mas não menos importante, o TrendMicro Mobile Security é um verdadeiro canivete suíço, tanto para iOS quanto para Android. A versão gratuita é limitada, mas cumpre o que promete. Na modalidade paga, você tem proteção contra links de phishing, navegador seguro, bloqueador de anúncios, controle parental e muito mais. Para fazer o download da versão para iOS, clique aqui; se o seu smartphone é baseado no Android, clique aqui.

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segunda-feira, 26 de março de 2018

AINDA SOBRE A SUPREMA PALHAÇADA E OS EMBARGOS DE LULA NO TRF-4



Tudo leva a crer que o fiel da balança no julgamento do habeas corpus de Lula será a ministra Rosa Weber. A despeito de ter concordado com a concessão da absurda liminar ― por entender que o adiamento da decisão não poderia prejudicar o réu ―, a ministra tende a “privilegiar o princípio da colegialidade”, ou pelo menos é o que vem fazendo na 1.ª Turma, e assim...  Enfim, o fato é que estamos diante de uma incógnita, e não me refiro somente ao voto da ministra, mas também a suas falas, que costumam ser enigmáticas como vaticínios de oráculos gregos.

Observação: Rosa Weber formou-se em direito no Rio Grande do Sul, onde começou sua carreira jurídica. Foi a primeira juíza do trabalho e a terceira mulher a se tornar ministra na história do STF. Seu perfil mais técnico e menos político pesou na escolha da ex-presidanta Dilma, em 2011, quando a então ministra Ellen Gracie se aposentou. Atualmente ela integra também o TSE ― que presidirá a partir de agosto, com a saída de Luiz Fux.

Não sei bem se bem se foi de Rosa Weber a ideia de suspender a sessão da última quinta-feira e, ao mesmo tempo, acolher parcialmente o pedido do advogado José Roberto Batochio, mas a decisão agradou a todos, embora um ou outro dissesse estar disposto a seguir adiante, mesmo que a sessão avançasse madrugada adentro. Marco Aurélio foi o primeiro a comunicar que teria de se ausentar, chegando mesmo a exibir um cartão de embarque para o Rio de Janeiro (pelo visto, sua palavra não seria suficiente), onde discursaria no 15.º Colóquio da Academia Brasileira do Trabalho. Um compromisso inadiável, disse Mello, mandando às favas a urgência do julgamento do HC de Lula. Agora o “sem-noção” reclama de estar sendo crucificado por ser “um cumpridor de compromissos”.

Observação: Parece que esse ministro "sem-noção" não sabe o que é prioridade. Afinal, o que é mais importante para ele? Sua atuação no STF, pela qual ele recebe mais de R$ 33 mil por mês, ou uma palestra num colóquio qualquer, pouco importando quanto lhe pagarão ou que o "compromisso" tenha sido agendado dois meses atrás? O gajo é de um cinismo de dar inveja ao próprio Lula

Ricardo Lewandowski também tinha um compromisso qualquer, e ponderou que, se cada voto levasse 20 minutos, o julgamento só terminaria depois da meia-noite, quando então o rendimento de todos teria caído brutalmente e ninguém se faria mais entender. Em outras palavras, o eminente jurista entende não ser razoável trabalhar uma vez na vida até depois da meia-noite, mas não vê problema em aproveitar a Páscoa para inventar um feriadão de 13 dias.

Enfim, fala-se que esse adiamento foi combinado durante o intervalo da sessão ― que normalmente dura 10 minutos, mas naquela tarde levou mais de meia hora ― e que os ministros decidiram não julgar o mérito do habeas corpus para ganhar tempo e avaliar a reação da sociedade e da classe política. É possível que a estupefação inicial da população se transforme em indignação e gere manifestações populares, notadamente se na tarde de hoje a 8.ª Turma do TRF-4 rejeitar, por unanimidade, os embargos de declaração de Lula, e o juiz Moro decretar sua prisão preventiva. Isso passaria para a população a mensagem de que “as instâncias inferiores fizeram seu trabalho, e que agora a bola está com o STF”. Eu, particularmente, acho pouco provável, já que o povo cansou de sair às ruas para protestar. Prova disso é o reduzido número de gatos pingados, tanto contra quanto a favor à prisão de Lula, que se reuniram no entorno do STF na última quinta-feira.

O xis da questão é que o tal salvo-conduto (inédito, pelo menos que eu saiba), mesmo ferindo o princípio republicano da aplicação igualitária da lei entre todos, impede o cumprimento do mandato de prisão até que o julgamento de mérito seja concluído. A procuradora-geral Raquel Dodge se manifestou contrária a maracutaia, que foi igualmente rechaçada pelos ministros Alexandre de Moraes, Edson Fachin, Luís Roberto Barroso, Luiz Fux e Cármen Lúcia. Só que a banda podre formou maioria, a despeito do entendimento firmado em 2016, que continuará valendo enquanto o tema não tornar a ser votado (volto a essa questão mais adiante).

Para alguns analistas, Cármen Lúcia, que vinha se mostrando contrária a pautar tanto o julgamento do habeas corpus quanto das ADCs 43 e 44, escolheu a primeira opção para forçar seus pares a “mostrarem a cara”. E foi o que aconteceu quando, por 6 votos a 5, o os ministros concederam o estapafúrdio salvo-conduto, deixando claro quais deles acham que “todos mundo é igual perante a Lei, mas Lula é mais igual do que os outros”.

Cármen Lúcia não pode evitar indefinidamente a discussão “abstrata” da prisão após a condenação por um juízo colegiado, pois a todo momento o ministro Marco Aurélio, relator das tais ADCs, insiste em levar o assunto a julgamento. E aí, conforme a decisão do plenário, a jurisprudência estabelecida em 2016 pode ser novamente alterada, com consequências desastrosas para a Lava-Jato e um tsunami de pedidos de habeas corpus de condenados que aguardam na cadeia o resultado de recursos impetrados perante o STJ e o STF. A título de exemplo cito o caso de Geddel Vieira Lima ― aquele do bunker com R$ 51 milhões ―, que já pediu ao ministro Edson Fachin a revogação de sua prisão preventiva, argumentando que seu agravo regimental, protocolado em outubro do ano passado, ainda não foi pautado para julgamento. É o que já vem sendo chamado de “efeito-Lula”.

Para encurtar a conversa, resta dizer que o adiamento da sessão para o próximo dia 4 apenas retardou o inevitável, já que mais hora menos hora o Supremo terá de se posicionar. Some-se a essa desgraceira toda o fato de que, com o molusco lazarento fora da cadeia, o PT continuará pressionando o TSE a rasgar a Lei da Ficha-Limpa e registrar a candidatura ilegal de seu amado líder.

Merdas como essa, a gente sabe como começam, mas não como terminam.

Para não encompridar ainda mais este texto, a conclusão fica para o próximo capítulo. Até lá.

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O MALWARE E OS SMARTPHONES (PARTE 3)


SE VOCÊ USAR UMA CHAVE DE FENDA PARA PREGAR UM PREGO E NÃO CONSEGUIR, NÃO CULPE A CHAVE DE FENDA, PORQUE O PROBLEMA É VOCÊ.

Prosseguindo do ponto onde paramos no post anterior, diante de suspeitas de infecção no smartphone, a primeira coisa a fazer é instalar uma ferramenta antivírus capaz de identificar e, se possível, neutralizar ou remover a praga, além de prover proteção proativa ao aparelho dali em diante. 

Alternativamente, você pode conectar seu dispositivo móvel ao computador ― que o exibirá como uma unidade autônoma na janela do Explorador de Arquivos ― e fazer uma varredura com seu antivírus residente, mas tenha em mente que essa solução é paliativa: mesmo que o antivírus do PC identifique e neutralize a ameaça, seu dispositivo móvel continuará desprotegido e sujeito a novas infecções. A melhor solução, portanto, é instalar uma ferramenta de proteção no próprio smartphone, atualizá-la regularmente e realizar varreduras completas a cada dois ou três dias (ou semanalmente, caso você não adicione novos apps com frequência nem mantenha a conexão móvel ativada durante todo o tempo).

Observação: Semanas atrás eu publiquei uma sequência de 3 postagens sobre as vantagens e desvantagens de se fazer o root em smartphones (para acessar a primeira delas, clique aqui), mas volto a ressaltar que essa prática facilita a ação das pragas digitais, pois remove boa parte das proteções nativas dos aparelhinhos.

A oferta de antivírus para smartphones é bem menor do que para PCs, mas o crescimento exponencial das pragas que infectam os telefoninhos tem levado as principais empresas de segurança digital a criar versões de seus produtos voltadas ao Android e ao iOS. Segundo uma avaliação realizada pelo AV Test com as principais opções disponíveis no mercado (para a plataforma Android), o McAfee Mobile Security se destacou por sua capacidade de barrar pragas em tempo real (99,8%), pela ausência de falsos positivos e pelos recursos extras ― como navegador seguro, antirroubo, bloqueador de chamadas e sistema de backup para cartão SD.

Outro app que se saiu muito bem nos testes foi o V3 Mobile Security (que eu uso e recomendo, a despeito de ser pouco conhecido no Brasil), mas você não deve tomar sua decisão antes de avaliar também o Norton Mobile Security e o Kaspersky Internet Security. Todos eles são gratuitos, embora bombardeiem o usuário com anúncios e ofertas de apps para download, e podem ser baixados diretamente do Google Play, o que não elimina, mas reduz significativamente os riscos de o app vir infectado.

Observação: O Bitdefender Mobile Security seria minha primeira indicação, não fosse pelo fato de ele ser gratuito por apenas 14 dias (período de avaliação). Para manter a proteção após esse prazo, é preciso adquirir uma licença (que custa R$ 39,90).

Na próxima postagem veremos algumas sugestões para iPhone. Até lá.

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domingo, 25 de março de 2018

AINDA SOBRE O HABEAS CORPUS DE LULA E A SUPREMA PALHAÇADA



Dois dias depois da suprema palhaçada, a decisão dos ministros ― de decidir e nada resolver ― continua repercutindo e dando margem a toda sorte de especulações. Mas especulações não mudam os fatos, e o fato é que o julgamento do mérito do habeas corpus do molusco indigesto ficou para a primeira quarta-feira do mês que vem, já que, na sessão da última quinta, suas excelências discutiram durante horas se deveriam decidir e, depois de decidirem que deveriam, decidiram adiar a decisão.

Costumo dizer que a atual composição do STF é a pior desde que a corte se reuniu em sessão plenária pela primeira vez, no último dia de fevereiro de 1891 (que, por sorte, não era ano bissexto; se fosse, é possível que o horário de trabalho dos magistrados fosse ainda mais esdrúxulo).

Juízes devem julgar à luz das normas jurídicas, mas não devem se ater somente à letra fria da lei, sob pena de distribuírem mais injustiças do que Justiça. Ademais, na condição de seres humanos, eles, como qualquer um de nós, estão sujeitos a paixões e ideologias. Considerando que, na composição atual, 7 dos 11 ministros foram nomeados pelo ex-presidente ora condenado e por sua sucessora impichada, outros 3 são fruto dos governos SarneyCollor e FHC, e 1 foi nomeado por Temer, o que poderíamos esperar do STF

Está mais que na hora de modificar a maneira como são preenchidas as vagas no Supremo, ou pelo menos atentar para o que dispõe o artigo 101 da Constituição, que determina em seu parágrafo único: “Os Ministros do Supremo Tribunal Federal serão nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal”.

Observação: Esse parágrafo deixa claro que cabe ao presidente da República nomear o magistrado após sua aprovação pela maioria absoluta do Senado, mas não explicita quem indica o candidato à vaga. Salvo melhor juízo, o ato do presidente é o último, não o primeiro ― de três, que são a indicação, a escolha [pelo Senado] e a nomeação [pelo presidente] ―, já que não se nomeia para escolher, mas escolhe-se para nomear. Portanto, a indicação do candidato pelo presidente da República é de praxe, mas não é uma imposição legal.

O Direito está longe de ser uma ciência exata, mas é incontestável que o sistema de escolha atual não atende aos anseios e necessidades do povo brasileiro, já que um postulante com boa articulação política no governo leva vantagem em relação a outro mais apto ou com maiores conhecimentos jurídicos. Em vista disso, a Associação de Juízes para a Democracia encaminhou em 2014 (à então presidanta Dilma) uma proposta para a nomeação dos ministros à luz do Decreto 222, expedido pela presidência da República Argentina no ano de 2003, que visa estimular a participação popular no processo de escolha (clique aqui para ler a íntegra da proposta).

Como bem assinalou o jornalista J.R. Guzzo (vide a íntegra do texto no post anterior), “o STF, no fundo, é uma legítima história de superação. Por mais que tenha se degenerado ao longo do tempo, a corte número 1 da justiça brasileira está conseguindo tornar-se pior a cada dia que passa e a cada decisão que toma. Ninguém sabe onde os seus ocupantes pretendem chegar. Vão nomear o ex-presidente Lula para o cargo de Imperador Vitalício do Brasil? Vão dar indulgência plenária a todos os corruptos que conseguirem comprovar atos de ladroagem superiores a 1 milhão de reais? Vão criar a regra segundo a qual as sentenças de seus amigos, e os amigos dos amigos, só ‘transitam em julgado’ depois de condenação no Dia do Juízo Universal? (...) O presente que acabam de dar a Lula é apenas a prova mais recente da degradação que impõem ao sistema de justiça neste país. Foi uma decisão tomada unicamente para beneficiar o ex-presidente ― chegaram a mudar o que eles próprios já tinham resolvido a respeito, um ano e meio atrás, quando declararam que o sujeito pode ir para a cadeia depois de condenado na segunda instância. Para servir a Lula, estabeleceram que cadeia só pode vir depois que eles decidirem, no Dia de São Nunca, se vale ou não vale prender criminoso que já foi condenado em primeira e segunda instâncias (no caso de Lula, por nove juízes diferentes até agora), ou se é preciso esperar uma terceira, ou quarta, ou décima condenação para a lei ser enfim obedecida. Falam que a decisão foi ‘adiada’, possivelmente para o começo de abril. Mentira. Já resolveram que Lula está acima da lei ― como, por sinal, o próprio Lula diz o tempo todo que está. (...) É fazer de palhaço o cidadão que lhes paga o salário. (...) À certa altura, no esforço de salvar Lula, chegaram a falar em ‘teratologia’ (termo que, no meio jurídico, é usado para apontar uma decisão monstruosa, absurda). Será que eles acham que falando desse jeito as pessoas dirão: ‘Ah, bom, se é um caso de teratologia…’ Aí fica tudo claríssimo, não é mesmo? Aliás, depois que um ministro assume a palavra e diz ‘boa tarde’, adeus: ninguém entende mais uma única palavra que lhe sai da boca. Como seria humanamente possível alguém compreender qualquer coisa dita pela ministra Rosa Weber? Ou, então, pelos ministros Celso de Mello, ou Marco Aurélio?”.

Como se não bastasse o adiamento da sessão (que poderia ter prosseguido com apenas 6 ministros), a facção pró-Lula, por 6 votos a 5, concedeu ao petralha um salvo-conduto sem precedentes naquela Corte, mandando às favas (mais uma vez) a segurança jurídica, já que o TRF-4 não pretende adiar o julgamento dos embargos de declaração do petralha, que está marcado para a próxima segunda, 26.

Observação: A liminar que impede a prisão de Lula antes do julgamento de mérito do habeas corpus foi deferida com os votos de Rosa Weber, Marco Aurélio, Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes e Celso de Mello.

Se os desembargadores rejeitarem os embargos declaratórios por unanimidade ― e é bem possível que isso venha a acontecer ― o juiz Sérgio Moro poderá determinar de imediato a prisão do molusco. Só que o tal salvo-conduto impede a prisão do condenado até que o mérito do seu habeas corpus seja julgado. Como se trata de um HC preventivo, uma vez expedido o mandado de prisão esse instrumento deixará de ser o remédio legal para garantir a liberdade do réu. E agora, José?

Durante o julgamento que não julgou, um ministro pró-Lula chegou a dizer que a imensa quantidade de habeas corpus concedidos pelo tribunal sinaliza que os juízes das instâncias inferiores erram muito (?!). Luiz Fux rebateu de pronto: “Isso não seria muita arrogância? Todos erram o tempo todo e só o STF está certo sempre? Talvez seja o caso de concluir o contrário: só o STF está errado! É a instância preferida dos bandidos de colarinho branco, afinal, dos que têm ‘foro privilegiado’. Por que será?

Não vou discorrer (outra vez) sobre as "virtudes" de Dias Toffoli ― ex-advogado do PT e ex-assessor do então ministro José Dirceu ― e Ricardo Lewandowski ― que foi nomeado ministro por obra e graça da finada ex-primeira-dama Marisa Letícia. Ou de Gilmar Mendes, classificado pelo jornalista J.R. Guzzo como “fotografia ambulante do subdesenvolvimento brasileiro, mais um na multidão de altas autoridades que constroem todos os dias o fracasso do país”. Mas não posso deixar de mencionar que o fato de indivíduos dessa catadura comporem nossa mais alta corte de Justiça é, no mínimo, um escárnio! A propósito, disse Rodrigo Constantino: “Sujeitos pequenos, vaidosos, suspeitos, disputando egos, lutando para legislar de forma indevida ou preservar a impunidade dos corruptos, manchando a reputação do STF, seres liliputianos em cargos para gigantes!” (para ler a íntegra da matéria, clique aqui).

Quem acompanhou a sessão da última quinta-feira ― e boa parte do país parou para assistir ao julgamento ― ficou perplexo ao ver quanto tempo os ministros levaram para decidir se deveriam ou não decidir. E isso porque a decisão era “urgente”. Tão “urgente” que, como Marco Aurélio e Ricardo Lewandowski tinham voos marcados e outros ministros estavam cansados, a sessão simplesmente foi adiada para o próximo dia 4 (até lá o plenário não ser reunirá, porque há um feriado da Justiça Federal convenientemente justaposto ao da Sexta-Feira Santa).

Observação: “Eu aqui estava tentando fazer um cálculo com o eminente ministro Marco Aurélio sobre o tempo que nós levaríamos para concluir este julgamento. Se cada um levasse vinte minutos para proferir o seu voto, nós com certeza, considerados os 11 votos, ultrapassaríamos meia-noite. Isso não é razoável. O rendimento da Corte cairia brutalmente, e nós a partir de um determinado horário não nos faríamos mais entender”. (Ricardo Lewandowski, durante a sessão que decidiu que a corte poderia decidir o pedido de habeas corpus de Lula, mas em seguida decidiu não decidir, achando pouco razoável trabalhar um dia até depois da meia-noite, mas completamente aceitável que time da toga aproveite a Páscoa para inventar de um feriadão de 13 dias).

Resta saber se o julgamento vai mesmo acontecer, já que o ministro-deus Gilmar Mendes participará de um evento jurídico em Lisboa, como revelado pela coluna de Lauro Jardim. Cármen Lúcia não parece disposta a adiar novamente o julgamento, e José Roberto Batochio, advogado de Lula, exige que todos os 11 ministros estejam presentes. Pois é, manda quem pode e obedece quem tem juízo.

Observação: Parece que Gilmar vai antecipar seu retorno de Portugal para participar da sessão do próximo dia 4 ― e isso porque, segundo ele próprio, “ninguém pode lhe imputar simpatia pelo PT”.

A grande incógnita é o voto da ministra Rosa Weber: mesmo tendo sido favorável à concessão da liminar a Lula e contrária à execução provisória da pena, especula-se a possibilidade de ela negar o HC por contrariar a jurisprudência da Corte firmada em três julgamentos e que tem repercussão geral.

Pra concluir: Em março de 2016, Moro perdeu a chance de prender Lula, embora pudesse tê-lo feito à luz do artigo 312 do Código de Processo Penal. Para evitar uma suposta “convulsão social”, o magistrado preferiu determinar a condução coercitiva do molusco para depor na PF do Aeroporto de Congonhas. Talvez agora ele se arrependa disso.

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sábado, 24 de março de 2018

STF- AINDA SOBRE A PALHAÇADA DE QUINTA-FEIRA



 Depois que a ministra Cármen Lúcia sucumbiu à pressão e pautou o julgamento do pedido de habeas corpus preventivo de Lula, o plenário resolveu suspender a sessão e retomá-la somente no dia 4 de março (eles não trabalham durante a Semana Santa), e isso se o divino, todo poderoso e onisciente ministro Gilmar Mendes se dignar de desmarcar seus compromissos em Portugal, onde deve permanecer até o final da primeira semana de março (a propósito, o julgamento da chapa Dilma-Temer foi adiado pelo mesmo motivo, em junho do ano passado, quando o mesmo Gilmar Mendes era presidente do TSE).  

O engraçado (de estranho, não de gozado) é que o HC foi pautado para a última quinta-feira por motivo de “urgência”, ou, nas palavras da presidente da Corte: “Pela urgência, será apregoado na pauta de amanhã [quinta, 22] por não haver possibilidade de pauta anterior, até porque o prazo é curto e na semana que vem teremos a Semana Santa”. No entanto, depois de 4 horas de debates, os ministros rejeitaram (por 7 votos a 4) a questão preliminar levantada pelo relator, Edson Fachin, e decidiram julgar mérito da ação. Ato contínuo, concordaram em adiar a sessão ― Marco Aurélio tinha um avião para pegar, outros tinham lá seus compromissos, um ou outro disse estar disposto a prosseguir madrugada adentro (mas ninguém deu bola) ― e, agora a cereja do bolo: concederam a toque de caixa, por 6 votos a 5, uma esdrúxula liminar (salvo-conduto provisório) que assegura a Lula a especial deferência de não ser preso enquanto o mérito do habeas não for julgado.

Em entrevista gravada após a sessão, Cármen Lúcia disse que o adiamento]se deu “devido a uma circunstância que se impôs diante de um horário e das condições dos juízes para que, se houvesse uma continuidade e se alongassem demasiadamente, isso sobrecarregaria provavelmente com consequências até pela capacidade física, e teria que ter continuidade na próxima sessão para que o julgamento seja justo, sereno, tranquilo, como tem de ser”. Ainda segundo a presidente, Lula não pode ser destratado nem ter privilégios, mas merece o tratamento “digno e respeitoso” devido a qualquer cidadão, e que um tratamento diferenciado “seria a quebra da ideia de Justiça, mas principalmente a quebra da ideia de igualdade”. Então tá, ministra.

A quem interessar possa, estou redigindo um texto circunstanciado sobre toda essa celeuma e devo postá-lo no domingo ou na segunda-feira. Até lá, fiquem com a coluna (sempre inspirada) do mestre J.R. Guzzo:

O Supremo Tribunal Federal já deixou, há muito tempo, de ter alguma relação com o ato de prestar justiça a alguém. O que se pode esperar da conduta de sete ministros, entre os onze lá presentes, que foram nomeados por um ex-presidente condenado a doze anos de cadeia e uma ex-presidente que conseguiu ser deposta do cargo por mais de 70% dos votos do Congresso Nacional? Outros três foram indicados, acredite quem quiser, por José Sarney, Fernando Collor e Michel Temer. Sobra um, nomeado por Fernando Henrique Cardoso ― mas ele é Gilmar Mendes, justamente, ninguém menos que Gilmar Mendes.
Deixem do lado de fora qualquer esperança, portanto, todos os que passarem pela porta do STF em busca da proteção da lei. Quer dizer, todos não ― ao contrário, o STF é o melhor lugar do mundo para você ir hoje em dia, caso seja um delinquente cinco estrelas e com recursos financeiros sem limites para contratar advogados milionários. O STF, no fundo, é uma legítima história de superação. Por mais que tenha se degenerado ao longo do tempo, a corte número 1 da justiça brasileira está conseguindo tornar-se pior a cada dia que passa e a cada decisão que toma. Ninguém sabe onde os seus ocupantes pretendem chegar. Vão nomear o ex-presidente Lula para o cargo de Imperador Vitalício do Brasil? Vão dar indulgência plenária a todos os corruptos que conseguirem comprovar atos de ladroagem superiores a 1 milhão de reais? Vão criar a regra segundo a qual as sentenças de seus amigos, e os amigos dos amigos, só “transitam em julgado” depois de condenação no Dia do Juízo Universal?

Os ministros do STF, com as maiorias que conseguem formar hoje em dia lá dentro, podem fazer qualquer coisa dessas, ou pior. Por que não? Eles vêm sistematicamente matando a democracia no Brasil, com doses crescentes de veneno, ao se colocarem acima das leis, dos outros poderes e da moral comum. Mandam, sozinhos, num país com 200 milhões de habitantes, e ninguém pode tirá-los dos seus cargos pelo resto da vida. O presente que acabam de dar a Lula é apenas a prova mais recente da degradação que impõem ao sistema de justiça neste país. Foi uma decisão tomada unicamente para beneficiar o ex-presidente ― chegaram a mudar o que eles próprios já tinham resolvido a respeito, um ano e meio atrás, quando declararam que o sujeito pode ir para a cadeia depois de condenado na segunda instância. É assim que se faz em qualquer lugar do mundo onde há justiça de verdade ― afinal, as penas de prisão precisam começar a ser cumpridas em algum momento da vida. Para servir a Lula, porém, o STF estabeleceu que cadeia só pode vir depois que esse mesmo STF decidir, no Dia de São Nunca, se vale ou não vale prender criminoso que já foi condenado em primeira e segunda instâncias (no caso de Lula, por nove juízes diferentes até agora), ou se é preciso esperar uma terceira, ou quarta, ou décima condenação para a lei ser enfim obedecida. Falam que a decisão foi “adiada”, possivelmente para o começo de abril. Mentira. Já resolveram que Lula está acima da lei ― como, por sinal, o próprio Lula diz o tempo todo que está.

O STF atende de maneira oficial, assim, não apenas a Lula, mas aos interesses daquilo que poderia ser chamado de “Conselho Nacional da Ladroagem” ― essa mistura de empreiteiras de obras públicas que roubam no preço, políticos ladrões, fornecedores corruptos das estatais e toda a manada de escroques que cerca o Tesouro Nacional dia e noite. Para proteger essa gente o “plenário” está disposto a qualquer coisa. Ministros se dizem “garantistas”, como Dias Toffoli e Marco Aurélio Mello, e juram que seu único propósito é garantir o “direito de defesa”. Quem pode levar a sério uma piada dessas? A única coisa que garantem é a impunidade. No julgamento do recurso de Lula, o ministro Ricardo Lewandowski teve a coragem de dizer que a decisão não era para favorecer o ex-presidente, mas sim “milhares de mulheres lactantes” e “crianças” que poderiam estar “atrás das grades” se o STF não mandasse soltar quem pede para ser solto.

É realmente fazer de palhaço o cidadão que lhes paga o salário. O que uma coisa tem a ver com a outra? Porque raios não se poderia soltar as pobres mulheres lactantes que furtaram uma caixinha de chicletes e mandar para a cadeia um magnata que tem a seu serviço todos os advogados que quer? Tem até a OAB inteira, se fizer questão. À certa altura, no esforço de salvar Lula, chegaram a falar em “teratologia”. Teratologia? Será que eles acham que falando desse jeito as pessoas dirão: “Ah, bom, se é um caso de teratologia…” Aí fica tudo claríssimo, não é mesmo? É um mistério, na verdade, para o que servem essas sessões do STF abertas ao “público”. Depois que um ministro assume a palavra e diz “boa tarde”, adeus: ninguém entende mais uma única palavra que lhe sai da boca; talvez seja mais fácil entender o moço que fica no cantinho de baixo da tela, à direita, e que fala a linguagem dos surdos-mudos. Sem má vontade: como seria humanamente possível alguém compreender qualquer coisa dita pela ministra Rosa Weber? Ou, então, pelos ministros Celso de Mello, ou Marco Aurélio? É chinês puro.

O espetáculo de prestação de serviço a Lula veio um dia depois, justamente, de uma briga de sarjeta, na frente de todo o mundo, entre os ministros Luis Roberto Barroso e Gilmar Mendes. Entre outras coisas, chamaram-se um ao outro de “psicopata” ou de facilitador para operações de aborto. Por que não resolvem suas rixas em particular? É um insulto ao cidadão brasileiro. Por que precisam punir o público pela televisão (aliás, paga pelo mesmo público) com a exibição de sua valentia sem risco? Os ministros dão a qualquer um, depois disso, o direito de chamá-los de psicopatas ou advogados de abortos clandestinos – por que não, se fizeram exatamente isso e continuam sendo ministros da “Corte Suprema”? Dias ruins, com certeza, quando pessoas desse tipo têm a última palavra em alguma coisa ― no caso, nas questões mais cruciais da justiça e, por consequência, da democracia. É o mato sem nenhuma esperança de cachorro, realmente. A televisão nos mostra umas figuras de capa preta, fazendo cara de Suprema Corte da Inglaterra e dizendo frases incompreensíveis. O que temos, na vida real, é um tribunal de Idi Amin, ou qualquer outra figura de pesadelo saída de alguma ditadura africana.



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sexta-feira, 23 de março de 2018

LULA ― TUDO ACERTADO, NADA RESOLVIDO



Não publiquei meu post de política no horário habitual (por volta da meia-noite) porque, depois de horas decidindo se deveria ou não decidir a questão do habeas corpus preventivo de Lula, o plenário do STF resolveu adiar o julgamento para o próximo dia 4, mas não sem antes acolher o pedido da defesa e conceder um inusitado salvo-conduto ao criminoso.

Ao ver que o ambiente estava receptivo, o doutor batráquio resolveu pleitear a suspensão do julgamento dos embargos declaratórios no TRF-4 (que está marcado para próxima segunda-feira; é, lá os desembargadores trabalham às segundas-feiras), mas a ministra Cármen Lúcia não concordou: “Coma o que está no prato e dê-se por feliz, disse ela, claro que que não com essas palavras, e então, por decisão da maioria, suspendeu a sessão, já que alguns ministros tinham compromissos importantes (?!), e pelo andar da carruagem o julgamento, se a ele se desse prosseguimento, certamente entraria pela madrugada (algo inconcebível, até porque os ministros não ganham hora extra quando extrapolam o horário de trabalho regimental).

Resumo da palhaçada: o plenário decidiu conhecer do recurso por 7 votos a 4 e conceder o salvo-conduto por 6 votos a 5. Com isso, Lula Lalau não será preso até que o julgamento de mérito do HC seja concluído ― o que não necessariamente ocorrerá no próximo dia 4. 

Observação: Hoje ainda é dia 23, mas o plenário do Supremo não se reunirá durante a Semana Santa ― embora o feriado seja na sexta-feira ―, de modo que a próxima sessão será na quarta feira após a Páscoa. Demais disso, agora que o petralha lazarento está blindado, algum ministro simpatizante da causa petista pode cismar de pedir vista do processo e trancar a pauta pelo tempo que puder.

Volto amanhã ― ou talvez mais tarde ― com outras considerações, já que, como bem disse Rodrigo Constantino, a prudência recomenda não escrever com o fígado ― ou, pelo menos, não publicar nada que se tenha escrito com a bílis na garganta ―, porque o tom pode ultrapassar os decibéis aceitáveis, e agitar as massas, incitar o ódio e mobilizar a militância é coisa que a gente deve deixar para a patuleia ignara.

Até a próxima.

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O MALWARE E O SMARTPHONE (PARTE 2)


ONDE PASSA UM BOI, PASSA UMA BOIADA.

Vimos que smartphones são computadores em miniatura, e que, por nos permitirem acessar a Internet e realizar a maioria das tarefas que até algum tempo atrás a gente dependia do computador de casa ou do trabalho para executar, também estão sujeitos à ação de malwares e cibervigaristas, sendo fundamental protegê-los com apps Antimalware e Anti-Theft.

A maioria das suítes “Internet Security” comerciais para Windows costuma estender a proteção para dispositivos móveis, mas é possível encontrar boas opções gratuitas na Apple Store e Google Play (voltarei a isso mais adiante).

A maioria das pragas atuais age “na surdina”, já que, diferentemente dos vírus de antigamente, seu objetivo é roubar dados pessoais/confidenciais da vítima repassá-los aos cibercriminosos. Por isso, o usuário nem sempre percebe que seu aparelho está infectado, mas alguns sintomas são clássicos. Confira:

Se você abre o navegador e é direcionado automaticamente para um site suspeito, por exemplo, ou se banners e/ou janelinhas pop-up com anúncios de cassinos e conteúdo adulto pipocam de maneira recorrente e se recusam a fechar quando você toca no “x” vermelho, pode colocar as barbichas de molho.

Fique de olho no tráfego de dados; se o consumo for alto, mesmo quando você usa pouco a internet, alguma praga pode estar se servindo da sua conexão para mandar ou receber informações. E o mesmo vale para cobranças por serviços de SMS ou ligações que você não realizou.

É comum o smartphone esquentar durante uma chamada prolongada ou quando você joga ou assiste a vídeos, por exemplo. Mas desconfie se e quando ele aquecer sem estar executando nenhuma atividade que exija a fundo o processador.

Desconfie também de travamentos constantes, lentidão anormal na inicialização de aplicativos, consumo exagerado de memória (RAM), de espaço na memória interna do aparelho ou no SD Card. Redobre a atenção tem no caso de a carga da bateria se esgotar mais rapidamente do que de costuma, ou diante de mudanças da configuração que você não implementou no aparelho.

Programinhas mal-intencionados podem ser capazes de baixar apps sub-repticiamente. Portanto, fique de olho na sua bandeja de aplicativos; caso surjam itens que você não baixou, remova-os imediatamente.

Se chegar à conclusão (ou tiver motivos para suspeitar) de que seu smartphone foi infectado, a primeira coisa a fazer é instalar um aplicativo antivírus (ou antimalware, já que o vírus é apenas um dos muitos tipos de malware; para saber mais, acesse a sequência de 6 postagens iniciada por esta aqui). Mas isso já é assunto para o próximo post. Até lá.

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quinta-feira, 22 de março de 2018

SOBRE O JULGAMENTO DO HC DE LULA ― ATUALIZAÇÃO



O voto de Rosa Weber pode ser decisivo não só no julgamento de hoje, que trata especificamente do habeas corpus preventivo de Lula, mas também na questão da prisão após condenação em segunda instância. Dos 6 ministros que se dizem contrários à execução provisória da pena, ela é a única que vem se mantendo fiel ao atual entendimento da Corte.

Cármen Lúcia, que é favorável à prisão em segunda instância, resolveu finalmente pautar o habeas corpus porque a alternativa seria enfrentar a questão de ordem do Marco Aurélio, que a obrigaria a pautar as ADCs, levando o plenário a reanalisar a matéria como um todo, e com chances de derrota bem mais expressivas. Por outro lado, como a decisão sobre o HC de Lula diz respeito única e exclusivamente a ele, a ministra Rosa poderia manter a coerência com o que tem argumentado, ou seja, como o caso não tem repercussão geral, seguir o entendimento firmado pela Corte.

Observação: Vale lembrar que o STJ rejeitou pedido semelhante por 5 votos a 0, e mais de um ministro argumentou que, como os embargos não foram julgados, não é possível falar em “risco iminente de prisão”, pré-condição necessária para um habeas corpus preventivo.

Vale lembrar também que são 11 ministros a votar, e a maioria é prolixa a mais não poder. Por isso, a conclusão pode não sair nesta sessão ou na próxima. Sem mencionar que qualquer ministro pode pedir vista, adiando a decisão para depois da próxima segunda-feira, quando o TRF-4 já terá julgado os embargos declaratórios do petralha ― se o recurso for rejeitado por unanimidade, Moro poderá expedir o mandado de prisão na própria segunda-feira, antes mesmo da publicação do acórdão. 

Claro que aí a defesa de Lula poderá ingressar com um recurso no STJ para impedir o tribunal de Porto Alegre de julgar os embargos enquanto o habeas corpus estiver sub judice, mas tudo isso não passa de mero exercício de futurologia. O jogo só termina depois do apito final, com a bola fora de campo. Só então se sabe quem ganhou a partida.

Sobrando tempo e dando jeito, assista ao vídeo a seguir, com o bate-boca entre Barroso e Mendes na sessão de ontem do plenário do STF. Barroso disse o que muitos de nós gostaríamos de dizer ao ministro-deus, embora nem por isso o episódio deixe de ser lamentável.


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MAIS UM CAPÍTULO NA NOVELA DA PRISÃO DE LULA



Depois de muita articulação, pressão de todos os lados e joguinhos de gato e rato em seu próprio quintal, o STF resolveu finalmente pautar o julgamento do habeas corpus de Lula. A reunião a portas fechadas era para ter acontecido anteontem e depois ficou para ontem acabou não acontecendo, mas circulou um boato de que Cármen Lúcia, emparedada por Celso de Mello, Marco AurélioGilmar Mendes, Toffoli e Lewandowski, teria cogitado de renunciar (detalhes neste vídeo). Agora, parece que as coisas serenaram, mas só Deus sabe até quando ― aliás, a sessão de ontem foi suspensa duas horas depois de iniciada, devido a uma troca de acusações entre os ministros Luiz Roberto Barroso e Gilmar Mendes (para mais detalhes, clique aqui).

Fatos e boatos somados e subtraídos, o que se tem de concreto (?!) é que o TRF-4 deverá julgar na próxima segunda-feira os embargos declaratórios de Lula, e que essa modalidade de recurso não tem o condão de anular a condenação ou reduzir a pena imposta ao réu. Na verdade, a defesa se valeu desse artifício para ganhar tempo e evitar que o molusco fosse preso ainda em janeiro. Segundo a assessoria do TRF-4, o julgamento de embargos declaratórios é rápido e sem sustentações orais; se a decisão for novamente unânime, Lula poderá ser preso na própria segunda-feira ou no dia seguinte, pois o juiz Moro poderá expedir o mandado a partir da própria ata da sessão, sem esperar a publicação dos votos e do acórdão.

Tanto o STJ quanto o ministro Fachin, relator dos processos da Lava-Jato no STF, rejeitaram liminarmente os pedidos de habeas corpus preventivos apresentados pela defesa de Lula, daí seus advogados resolverem apostar suas fichas no julgamento do mérito ― ou, melhor ainda, numa eventual mudança no entendimento do Supremo quanto à prisão após decisão condenatória em segunda instância. Pressionada a mais não poder, Cármen Lúcia marcou o julgamento para hoje ― mas é bom deixar claro que, qualquer que seja o resultado, não haverá reflexos na jurisprudência da Corte. Diante desse comunicado, o ministro Marco Aurélio ― relator das duas ADCs (ações declaratórias de constitucionalidade) envolvendo a questão da prisão após condenação em segunda instância ― desistiu de levantar uma “questão de ordem” para obrigar Cármen Lúcia a pautar o assunto, mas disse que "é preciso resolver de uma vez por todas o descompasso de gradação que está havendo no Supremo, que o desgasta como instituição". 

Vê-se, portanto, que a “mineirice” de Cármen Lúcia evitou a questão de ordem e protelou a decisão definitiva sobre as duas ações relatadas por Mello. O que estará na pauta do STF na tarde de hoje não é a execução provisória da pena como um todo, mas o caso específico de Lula ― cujas chances de o plenário decidir a favor do réu são menores, considerando que habeas corpus preventivos (isto é, antes da prisão em si) são instrumentos jurídicos pouco comuns e que dificilmente são acolhidos por nossos nossos tribunais. Ademais, diferentemente de seus pares contrários à prisão após decisão em segunda instância, a ministra Rosa Weber tem seguido o atual entendimento, favorável, quando decide em casos relativos. Se não mudar a atual tendência, pode ser dela o voto que resultará no indeferimento do pedido de habeas corpus do molusco.

Enfim, os próximos capítulos dessa novela prometem fortes emoções. Vamos continuar acompanhando.

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